MARCO DE GESTÃO SOCIOAMBIENTAL




Projeto: PAISAGENS SUSTENT�?VEIS DA AMAZÔNIA - BRASIL
    [Amazon Sustainable Landscapes Child Project – P158000]




               Brasília, 23 de agosto de 2017




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                                         SUM�?RIO

SIGLAS                                                                     4
1. PROJETO “PAISAGENS SUSTENT�?VEIS DA AMAZÔNIA - BRASIL�?                   6
2. OBJETIVOS DO MARCO DE GESTÃO SOCIOAMBIENTAL                             8
3. DIAGNÓSTICO SOCIOAMBIENTAL                                               8
   3.1. Contexto Socioeconômico e Ambiental                                 8
   3.2. Arcabouço Legal                                                    11
        3.2.1. Leis e decretos federais                                    11
        3.2.2. Políticas e Conselhos Nacionais                             14
        3.2.3. Leis estaduais                                              16
        3.2.4. Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC)          18
        3.2.5. Metas Nacionais de Biodiversidade                           18
   3.3. Beneficiários                                                      18
   3.4. Avaliação dos Impactos do Projeto                                  19
        3.4.1. Definição e categorização dos impactos                      19
        3.4.2. Identificação e análise dos potenciais impactos positivos   20
        3.4.3. Identificação e análise dos potenciais impactos negativos   25
4. POL�?TICAS DE SALVAGUARDAS SOCIOAMBIENTAIS                               30
   4.1. Avaliação Ambiental                                                31
   4.2. Habitats Naturais                                                  31
   4.3. Manejo de Pragas                                                   32
   4.4. Patrimônio Físico-Cultural                                         32
   4.5. Gênero e Desenvolvimento                                           33
   4.6. Povos Indígenas                                                    33
   4.7. Reassentamento Involuntário                                        34
   4.8. Florestas                                                          35
        4.8.1. Florestas Nacionais                                         36
        4.8.2. Manejo Florestal Comunitário e Familiar                     37
        4.8.3. Manejo de Produtos Florestais Não Madeireiros               38
        4.8.4. Sistemas Agroflorestais                                     38
   4.9. Hidrovias Internacionais                                           39
   4.10. Gestão de riscos socioambientais                                  39
5. PROCESSO DE CONSULTA PÚBLICA                                            40
                                     ANEXOS
1. LISTA DE VERIFICAÇÃO SOCIOAMBIENTAL                                     42
2. PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA HABITATS NATURAIS                       48
3. PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA MANEJO DE PRAGAS                        54
4. PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA RECURSOS CULTURAIS F�?SICOS              65
5. PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA REASSENTAMENTO                          73
    INVOLUNT�?RIO
6. METODOLOGIA UTILIZADA                                                   86


                                              2
7. LISTA DE ENTREVISTADOS                                                     87
8. DOCUMENTOS REFERENTES AO PROCESSO DE CONSULTA PÚBLICA                      88
     Apêndice 1 – Convite da Consulta Pública de Manaus, maio 2017
      Apêndice 2 – Lista de Instituições Convidadas: Consulta Pública de
                   Manaus, maio 2017
      Apêndice 3 – Ata da Consulta Pública de Manaus, maio 2017
      Apêndice 4 – Convite da Consulta Pública de Rio Branco, agosto 2017
      Apêndice 5 – Ata da Consulta Pública de Rio Branco, agosto 2017
      Apêndice 6 – Contribuições Consolidadas: Consultas Públicas de maio a
                   agosto 2017

                                     QUADROS
1.   Leis e decretos federais de relevância para o projeto                    12
2.   Políticas e Conselhos Nacionais em temáticas socioambientais             15
3.   Leis estaduais de relevância para o projeto                              17
4.   Potenciais impactos positivos com medidas de intensificação              21
5.   Potenciais impactos negativos com medidas de prevenção/mitigação         26
6.   Políticas de salvaguardas acionadas para o projeto                       30




                                               3
                                            SIGLAS
APP         �?rea de Proteção Permanente
ARPA        �?reas Protegidas da Amazônia
ASL         Amazon Sustainable Landscapes Program
ATER        Assistência técnica e extensão rural
BNDES       Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CAR         Cadastro Ambiental Rural
CI-Brasil   Conservation International - Brasil
CNFP        Cadastro Nacional de Florestas Públicas
CONABIO Comissão Nacional de Biodiversidade
CONAMA      Conselho Nacional do Meio Ambiente
DAP         Departamento de �?reas Protegidas
DECO        Departamento de Conservação de Ecossistemas
DISAT       Diretoria de Ações Socioambientais e Consolidação Territorial em Unidades de
            Conservação
FAO         Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura
FLONA       Floresta Nacional
FNDF        Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal
FT          Fundo de Transição
FUNBIO      Fundo Brasileiro para a Biodiversidade
GEF         Global Environmental Facility
IBAMA       Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis e do Meio Ambiente
ICMBio      Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
ISP         Plano de Apoio de Implementação
MDA         Ministério do Desenvolvimento Agrário
MMA         Ministério do Meio Ambiente
NGI         Núcleo de Gestão Integrada
OEMA        Órgão Estadual do Meio Ambiente
ONG         Organização Não Governamental
PADS        Plano de Ações de Desenvolvimento Sustentável
PAOF        Plano Anual de Outorga Florestal
PAS         Plano Amazônia Sustentável
PFNM        Produtos Florestais Não Madeireiros
PGTA        Plano de Gestão Territorial e Ambiental das Terras Indígenas

                                               4
PMCF     Programa Federal de Manejo Florestal Comunitário e Familiar
PNAP     Plano Nacional de �?reas Protegidas
PNB      Política Nacional da Biodiversidade
PNMC     Plano Nacional sobre a Mudança do Clima
PPA      Plano Plurianual
PPCDAM   Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia
         Legal
PPI      Plano de Ação dos Povos Indígenas
PRA      Programa de Regularização Ambiental
PRADA    Planos de Recuperação de �?reas Degradadas e Alteradas
PRONAF   Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
PROVEG   Política Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa
PSAM-    Paisagens Sustentáveis da Amazônia – Brasil
Brasil
SAF      Sistema Agroflorestal
SFB      Serviço Florestal Brasileiro
SICAR    Sistema de Cadastro Ambiental Rural
SISBIO   Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade
SNUC     Sistema Nacional de Unidades de Conservação
UC       Unidade de Conservação
UCP      Unidade de Coordenação do Projeto




                                          5
1. PROJETO “PAISAGENS SUSTENT�?VEIS DA AMAZÔNIA - BRASIL�?

O projeto “Paisagens Sustentáveis da Amazônia – Brasil�? (PSAM-Brasil) é parte do Programa
“Amazon Sustainable Landscapes�? (ASL) do Global Environmental Facility (GEF) que consiste
de quatro projetos nacionais (denominados “child projects�?) – Brasil (1), Colômbia (1) e Peru
(2) – e um quinto projeto desenhado para fomentar colaborações regionais na pan-
Amazônia.
O projeto PSAM-Brasil congrega mais que uma década de trabalhos de fortalecimento das
ações de conservação da biodiversidade, redução das taxas de desmatamento e melhoria
dos modos de vida das comunidades amazônicas locais. Este projeto será o terceiro a ser
apoiado pelo GEF/Banco Mundial e outras agências, começando com o Projeto �?reas
Protegidas da Amazônia – ARPA I (P058503) de 1998 e seguido por uma segunda fase, ARPA
II (P114810), em 2012. No ARPA II, o tema da sustentabilidade financeira começou a ser
tratado mediante o estabelecimento e capitalização inicial de um Fundo de Transição (FT)
com a meta de transferir gradativamente o financiamento do sistema das áreas protegidas
ao governo brasileiro.
Durante seus quinze anos de execução, o Programa ARPA elaborou e implementou uma
série de políticas de salvaguardas que ainda são vigentes e que serão, em grande medida,
incorporadas no presente projeto. As políticas de salvaguardas vigentes de (i) Habitats
Naturais; (ii) Manejo de Pragas; (iii) Recursos Culturais Físicos; e (iv) Reassentamento
Involuntário encontram-se nos Anexos 2-5, respetivamente, deste documento.

O Objetivo Global do projeto é: expandir a área sob proteção legal e melhorar o manejo de
Unidades de Conservação, e aumentar a área sob restauração e manejo sustentável na
Amazônia brasileira. Os principais indicadores e metas para esse objetivo global são:
      Novas Unidades de Conservação apoiadas pelo projeto (Meta: 3 milhões de
       hectares);
      Unidades de Conservação existentes apoiadas pelo projeto com (i) baixa; (ii) média;
       ou (iii) alta efetividade de manejo segundo critérios pré-definidos (Meta: 60 milhões
       de hectares);
      Restauração ou reflorestamento de áreas apoiadas pelo projeto (desagregadas por
       (i) restauração ativa; e (ii) regeneração natural assistida) segundo critérios pré-
       definidos (Meta: 28,000 hectares);
      Expandir a área sob Planos de Manejo Sustentável (Meta: 1.4 milhões de hectares).

Para cumprir com os seus objetivos, o projeto está estruturado em quatro componentes:
   (1) �?reas Protegidas da Amazônia (ARPA), cujo principal objetivo é consolidar um
       sistema de 60 milhões de hectares de áreas protegidas e garantir seu financiamento
       no longo prazo.




                                             6
    (2) Gestão Integrada de Paisagens1 visando Conectividade, que tem como objetivo o
        fortalecimento do manejo de florestas em paisagens agrícolas mediante ações de
        produção sustentável, recuperação de áreas degradadas e promoção de mecanismos
        inovadores de financiamento.
    (3) Políticas e Planos voltados à Proteção e Recuperação da Vegetação Nativa, no qual
        ênfase será dada ao Programa de Regularização Ambiental (PRA) e à implementação
        e validação do Cadastro Ambiental Rural (CAR).
    (4) Capacitação, Cooperação Regional e Gestão do Projeto, que dará apoio à
        capacitação de diversos atores sociais procedentes de diferentes setores e
        fortalecerá o gerenciamento global do projeto. Esse componente manterá um
        vínculo direto com o projeto de coordenação regional do Programa ASL (P159233).

O projeto também herda um complexo arranjo interinstitucional de governança que inclui
parcerias público-privadas. Este projeto fez algumas modificações e acréscimos a esse
arranjo para que possa funcionar com maior eficácia.
A operação do projeto está dividida em quatro níveis administrativos, com suas respetivas
instituições executoras:
       Nível de implementação: Unidades de Conservação e Unidades Operacionais
       Nível de supervisão: ICMBio; SFB; OEMAS; Fórum Técnico; Conselho de Gestores
       Nível de coordenação: Funbio; UCP/MMA; CI-Brasil
       Nível deliberativo: Comitê do Programa ARPA; Comitê Operacional do Projeto

O organograma abaixo mostra o arranjo institucional e administrativo do projeto:




1
  Para fins do projeto, o termo paisagem define-se como um conjunto de ecossistemas naturais e/ou
produtivos contíguos dentro de uma determinada região da Amazônia.

                                               7
8
2. OBJETIVOS DO MARCO DE GESTÃO SOCIOAMBIENTAL

   (i) Identificar os principais impactos potenciais das ações previstas no projeto e
       categorizá-los em positivos e negativos;
   (ii) Delinear medidas de intensificação para ampliar o efeito dos impactos positivos e
        medidas de prevenção e/ou mitigação dos impactos negativos;
   (iii) Detalhar os procedimentos a serem seguidos pelo projeto para assegurar a
         sustentabilidade ambiental e social das ações apoiadas;
   (iv) Detalhar os procedimentos a serem seguidos pelo projeto em referência aos povos
        indígenas para assegurar o estabelecimento de relações justas e equitativas de
        colaboração.

3. DIAGNÓSTICO SOCIOAMBIENTAL

3.1. Contexto Socioeconômico e Ambiental
O projeto vai ser lançado dentro de um contexto socioeconômico e ambiental na Amazônia
brasileira de desmatamento, degradação ambiental e perda de habitats. As principais
pressões e ameaças atuais à integridade ambiental da Amazônia brasileira são:
   (i) Expansão agropecuária: Vastas áreas da Amazônia estão sendo desmatadas para a
       instalação de monocultivos de soja, cana de açúcar e dendezeiro e para a pastagem
       extensiva de gado, provocando a liberação de milhões de toneladas de carbono na
       atmosfera cada ano;
   (ii) Construção de vias de transporte: Várias estadas, ferrovias e hidrovias estão sendo
        construídas ou planejadas na Amazônia, sendo que algumas são de alcance
        interoceânico. Cada via de transporte facilita a chegada de milhares de colonos em
        procura de terras agrícolas, provocando aumentos nas taxas de desmatamento e
        perda de biodiversidade;
   (iii) Construção de usinas hidrelétricas: Várias usinas hidrelétricas de grande escala
         foram instaladas nos grandes rios amazônicos, barrando rios que antes fluíram
         livremente, com impactos negativos sobre a várzea, as migrações de peixes e as
         dinâmicas socioculturais dos ribeirinhos. Cada nova hidrelétrica leva consigo a
         entrada de dezenas de milhares de operários com o subsequente crescimento das
         cidades amazônicas em forma desordenada;
   (iv) Mineração: A mineração industrial funciona em grande escala em áreas dispersas da
        Amazônia na extração de bauxita, ferro, manganês, zinco, cobre, caulim, níquel,
        entre outros, com enormes impactos de contaminação de solos e águas e
        degradação ambiental. A garimpagem ilegal de ouro na Amazônia acontece em
        centenas de lugares isolados, provocando a contaminação do ambiente pelo
        mercúrio;
   (v) Comércio ilegal de madeira: A maior parte da madeira comercializada na Amazônia é
       de fontes ilegais, com correspondentes impactos negativos na flora, na fauna e na
       integridade dos ecossistemas. O grande tamanho do mercado de madeira ilegal
       compromete a viabilidade das práticas legais e sustentáveis de manejo florestal,
       sejam elas de tipo comunitário ou de concessões florestais comerciais;
                                            9
   (vi) Pesca predatória: Existem várias atividades de pesca industrial na Amazônia que
        carecem de um sistema adequado de fiscalização, o que tem provocado o
        esgotamento dos estoques pesqueiros em distintas regiões;
   (vii)   Falta de ordenamento territorial: A grilagem de terras na Amazônia continua
           sendo um problema muito sério, já que estimula a ocupação ilegal da floresta e a
           implantação de atividades que destroem os seus ciclos ecológicos.
Em resposta, o projeto propõe uma teoria de mudança fundamentada em quatro noções
básicas: (a) a conservação de amplas áreas florestadas mediante vários regimes de
proteção; (b) o manejo sustentável da agricultura e áreas degradadas com zero
desmatamento ilegal e reflorestamento; (c) a implantação de políticas públicas e estratégias
nacionais que apoiam práticas sustentáveis; e (d) a melhoria das capacidades de atores
sociais locais e regionais mediante ações de treinamento e cooperação.
Outra estratégia a ser implementada pelo projeto para gerar impactos positivos consiste na
coordenação entre o projeto e as outras políticas públicas brasileiras para o meio ambiente,
tais como (a) Plano Amazônia Sustentável (PAS); (b) Plano de Ação para a Prevenção e
Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAM); (c) Plano Nacional de �?reas
Protegidas (PNAP); (d) Plano Nacional sobre a Mudança do Clima (PNMC); (e) os Programas
Ambientais constantes no Planejamento Plurianual (PPA) federal; e (f) os Programas
Ambientais constantes nos Planos Plurianuais (PPA) estaduais.
Sem a implementação do projeto (o cenário zero), o risco de um agravamento do quadro de
destruição e degradação ambiental na Amazônia brasileira é alto. Os trabalhos do projeto
estão desenhados para aumentar a quantidade de áreas florestadas sob proteção e
qualificar o manejo delas; recuperar áreas degradadas pelo desmatamento e práticas
agrícolas mediante processos de reflorestamento; melhorar a organização e colaboração na
gestão da floresta; e ter atores sociais (stakeholders) com mais capacidades de conservar e
utilizar sustentavelmente a floresta.
O projeto também pretende fazer contribuições para a mitigação e adaptação dos impactos
das mudanças climáticas com trabalhos que aumentam significativamente a quantidade de
carbono sequestrado e que fomentam a substituição de práticas agrícolas que provocam
desmatamentos por práticas produtivas sustentáveis que geram benefícios para as
populações locais e para a sociedade brasileira no seu conjunto.
Um dos mecanismos mais eficazes de promover essas ações socioambientais é a construção
de laços de colaboração e cooperação entre, por um lado, as agências ambientais e as
organizações ambientalistas e, por outro lado, os múltiplos povos indígenas e comunidades
tradicionais amazônicos que advogam para a proteção ambiental e o desenvolvimento
sustentável dos seus respectivos territórios. Todavia, uma aliança conservacionista entre
esses dois conjuntos de atores sociais não é um fato dado, apesar da existência de
interesses conservacionistas em comum. É necessária a construção de entendimentos e
acordos entre as unidades de conservação específicas e os grupos sociais que moram nos
seus respectivos entornos, sempre respeitando os direitos adquiridos de cada grupo social.
Podemos identificar quatro tipos principais de grupos sociais tradicionais que interagem
diretamente com as unidades de conservação e que podem ser parceiros na construção de



                                            10
uma ampla conservation constituency, isto é, uma relação colaborativa entre as unidades de
conservação e os povos e comunidades tradicionais em prol da proteção da floresta.
(1) Povos Indígenas: Os direitos dos povos indígenas no Brasil foram garantidos na
Constituição Federal do Brasil de 1988, que no seu artigo 231 diz: “São reconhecidos aos
índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários
sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e
fazer respeitar todos os seus bens�?. Atualmente, existem 419 terras indígenas na Amazônia
Legal em diferentes fases de processo demarcatório, que ocupam 115.342.101 hectares, ou
23% da superfície da Amazônia brasileira. Enquanto 20% da floresta amazônica já foi
desmatada, as terras indígenas, tomadas no seu conjunto, perderam apenas 1,9% de suas
florestas originais, demonstrando claramente sua eficácia para a proteção ambiental.
(2) Quilombolas: O reconhecimento fundiário formal das comunidades quilombolas foi
incorporado na Constituição Federal no Artigo 68 das Disposições Transitórias que afirma:
“Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é
reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos�?.
Comunidades quilombolas existem em todos os estados amazônicos, mas com uma notável
concentração territorial nas regiões da bacia do rio Trombetas no Pará e da faixa ocidental
do estado do Maranhão.
(3) Agroextrativistas: A emergência dos agroextrativistas da Amazônia como atores políticos
no plano nacional foi liderada pelo movimento dos seringueiros. Os seringueiros
estabeleceram uma aliança com diferentes grupos ambientalistas e, juntos, elaboraram uma
plataforma de reivindicações que pleiteou o reconhecimento de seus direitos coletivos
sobre a terra, reivindicação que foi posta em prática por meio da modalidade das Reservas
Extrativistas. Posteriormente, outros grupos agroextrativistas, tais como os castanheiros e
as quebradeiras de côco de babaçu, se organizaram para promover seus direitos culturais e
territoriais. Nesse processo, os agroextrativistas se tornaram um exemplo importante para o
estabelecimento de práticas de desenvolvimento sustentável da Amazônia.
(4) Ribeirinhos: Os ribeirinhos da Amazônia constituem um grupo social numeroso que é
geograficamente disperso e mantém um grau relativamente baixo de organização política.
Os ribeirinhos têm desenvolvido complexos sistemas coletivos de adaptação que combinam
práticas tradicionais de pesca e agricultura baseados no seu conhecimento profundo dos
ciclos aquáticos dos rios e no uso especializado da várzea e dos lagos. Em muitos casos, os
ribeirinhos não gozam de títulos formais sobre as terras e águas que ocupam e, portanto,
são vulneráveis a invasões de seus territórios por grupos econômicos externos.
Apesar das múltiplas diferenças entre esses quatro tipos de grupos amazônicos, eles
demonstram semelhanças sociopolíticas e ambientais significativas. Em geral, esses grupos
mantêm modos de vida fundamentados em práticas coletivas orientadas por
conhecimentos tradicionais sintonizados com os fluxos ecossistêmicos, o que os coloca na
vanguarda dos esforços para criar novos modelos de desenvolvimento sustentável. É
importante notar que os moradores nas UCs e nos seus entornos podem se enquadrar em
mais de um grupo social, dada a complexidade de seu modo de adaptação e as forças
históricas que atuaram na região.




                                              11
Todos esses grupos tradicionais são vulneráveis às atividades predatórias de desmatamento
e degradação ambiental procedentes de poderosas forças econômicas externas –
construção de grandes barragens; mineração industrial; exploração ilegal de madeira;
expansão da pecuária extensiva; garimpagem de ouro; grilagem de terras; pesca predatória
etc. – e tendem a ser marginalizados dentro dos quadros político-econômicos da região.
Há um quinto grupo social que merece menção aqui.
(5) Pequenos Agricultores dos Assentamentos Agrários: O incremento no número de
assentamentos agrários na Amazônia produziu resultados contraditórios. Por um lado,
existem muitos casos de desmatamento acelerado por parte dos agricultores na instalação
de suas práticas produtivas, o que representa mais um vetor de desmatamento. Por outro
lado, há casos de assentamentos onde os agricultores utilizam práticas agroflorestais
sustentáveis, transformando-se em colaboradores com a conservation constituency.
Portanto, esses distintos grupos oferecem ao projeto grandes oportunidades de
colaboração e cooperação socioambiental. A chave para forjar boas relações e alianças
entre o projeto e esses grupos é garantir foros adequados para sua ativa participação nos
processos decisórios sobre as práticas de conservação ambiental e uso sustentável dos
recursos naturais. Esses esforços podem servir também para a consolidação de mosaicos e
corredores ambientais que garantam a conectividade entre ecossistemas diversos.


3.2. Arcabouço Legal

3.2.1. Leis e decretos federais
O Quadro no 1 apresenta as principais leis, decretos e portarias na área socioambiental com
implicações para o projeto e que devem orientar os distintos âmbitos da sua atuação.




                                            12
                                                                QUADRO 1:
                                       LEIS E DECRETOS FEDERAIS DE RELEVÂNCIA PARA O PROJETO
                                                          (em ordem decrescente)
Ano     Data      Instrumento /No                             Título/Função                                    Implicações para o projeto
2015   20/mai    Lei no 13.123      Lei da Biodiversidade/Patrimônio Genético (Dispõe sobre o acesso    Aplicável para ações que acessam o
                                    ao patrimônio genético, sobre a proteção e acesso ao                patrimônio genético e ao conhecimento
                                    conhecimento tradicional associado e sobre a repartição de          tradicional associado
                                    benefícios)
2012    17/out   Lei no 12.727      Altera a recomposição de �?reas de Proteção Permanente nas           Serve como referência para as ações que
                                    áreas rurais consolidadas                                           incidem nas APPs
2012    17/out   Decreto no 7.830   Sistema de Cadastro Ambiental Rural – Sicar;                        Deve orientar as ações do Componente 3
                                    Programa de Regularização Ambiental - PRA
2012    25/jun   Lei no 12.678      Reestruturação do IBAMA; Redemarcação dos limites de algumas        Oferece normas relevantes para a
                                    Unidades de Conservação federais                                    administração do projeto
2012   25/mai    Lei no 12.651      Código Florestal/Proteção da Vegetação Nativa                       Guia mestre em temas de recuperação e
                                    (Revogou as Leis nos 4.771/65 e 7.754/89)                           manejo florestal
2012    11/abr   Decreto no 7.719   Estabelece o processo administrativo federal para a apuração das    Deve orientar os processos que tratam de
                                    infrações ao meio ambiente                                          infrações nas UCs do projeto
2011    08/dez   Lei no 140         Trata das competências comuns entre a União, os Estados, o          Oferece normas relevantes para a
                 (Complementar)     Distrito Federal e os Municípios em material ambiental              administração do projeto
2009   25/junho Lei no 11.952       Regularização fundiária das ocupações incidentes em terras          Aplicável em pequenas propriedades do
                                    situadas em áreas da União, no âmbito da Amazônia Legal             entorno das UCs, facilitando projetos de
                                                                                                        uso sustentável dos recursos naturais
2008    22/jul   Decreto no 6.514   Dispõe sobre as infrações administrativas ao meio ambiente          Oferece normas relevantes para a
                                                                                                        administração do projeto
2007   31/maio   Lei no 11.481      Regularização fundiária de interesse social em terras situadas em   Aplicável em pequenas propriedades do
                                    áreas da União, no âmbito da Amazônia Legal                         entorno das UCs, facilitando projetos de
                                                                                                        uso sustentável dos recursos naturais

                                                                     13
2007   21/mar   Lei no 11.460   Permite atividades de liberação planejada e cultivo de organismos      Aplicável para atividades nos entornos das
                                geneticamente modificados nas �?reas de Proteção Ambiental e            UCs
                                nas zonas de amortecimento das demais categorias de unidade de
                                conservação
2006   18/abr   Decreto no 70   Ratifica o Tratado Internacional sobre os Recursos Fitogenéticos       Aplicável para variedades fitogenéticas
                (Legislativo)   para a Alimentação e a Agricultura (Promulgado pelo Decreto no         comercializadas pelos moradores das UCs
                                6.476 de 05 de junho de 2008)                                          de uso sustentável
2006   02/mar   Lei no 11.284   Gestão de florestas públicas para a produção sustentável; institui o   Deve orientar todos os processos de
                                Serviço Florestal Brasileiro - SFB; cria o Fundo Nacional de           manejo florestal
                                Desenvolvimento Florestal - FNDF
2005   24/mar   Lei no 11.105   Lei da Biossegurança (Revogou a Lei nº 8.974/95)                       Deve orientar o uso de organismos
                                                                                                       geneticamente modificados nas UCs
2000   18/jul   Lei no 9.985    Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Regulamentado             Deve orientar todos os processos de
                                pelo Decreto no 4.340 de 18 de julho de 2002)                          criação, implantação e gestão de UCs
1998   12/fev   Lei no 9.605    Lei de Crimes Ambientais                                               Relevante para ações de fiscalização nas
                                                                                                       UCs e seus entornos
1994   03/fev   Decreto no 2    Ratifica a Convenção sobre Diversidade Biológica (Promulgada           Deve guiar as ações de conservação e uso
                (Legislativo)   pelo Decreto no 2.519 de 16 de março de 1998)                          sustentável da biodiversidade




                                                                 14
3.2.2. Políticas e Conselhos Nacionais
O Brasil tem uma série de Políticas Nacionais – estabelecidas por decreto federal – contendo
diretrizes que devem orientar as ações do projeto nos seus respetivos temas. Algumas
políticas nacionais contam com Conselhos Nacionais compostos por membros de distintos
setores da sociedade. O Quadro no 2 apresenta as principais políticas e conselhos nacionais
que têm aplicabilidade para o projeto.




                                            15
                                                                   QUADRO 2:
                              POL�?TICAS E CONSELHOS NACIONAIS EM TEM�?TICAS SOCIOAMBIENTAIS (em ordem decrescente)
Ano    Data     Instrumento /No                            Título/Função                                        Implicações para o projeto
                          o
2017   23/jan   Decreto n 8.972       Política Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa     O projeto pode ser pioneiro na implementação desta nova
                                                                                               política
2016   9/mai    Decreto 8.750         Cria o Conselho Nacional dos Povos e Comunidades         Importante interlocutor para o projeto no plano nacional
                                      Tradicionais
2014   11/dez   Decreto no 8.375      Política Agrícola para Florestas Plantadas               Aplicável para as ações de reflorestamento
                          o
2012   05/jun   Decreto n 7.747       Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de   Planos de Gestão Territorial e Ambiental das Terras Indígenas
                                      Terras Indígenas                                         (PGTAs) podem ser incorporados na gestão regional integrada
2012   20/ago   Decreto no 7.794      Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica    Aplicável para a implantação dos Sistemas Agroflorestais
                    o
2009   29/dez   Lei n 12.187          Política Nacional sobre Mudança do Clima                 Arcabouço geral para guiar a interface do projeto com o tema
                                      (Regulamentada pelo Decreto no 7.390 de 09 de            das mudanças climáticas
                                      dezembro de 2010)
2009   05/jun   Decreto no 6.874      Institui o Programa Federal de Manejo Florestal          Orienta as atividades de manejo florestal comunitário e
                                      Comunitário e Familiar                                   familiar
2007   07/dez   Decreto no 6.040      Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos     Contém diretrizes de alta relevância para os processos
                                      Povos e Comunidades Tradicionais                         produtivos em UCs de uso sustentável
2006 21/dez Resolução no 3            Estabelece as Metas Nacionais para Biodiversidade        Orienta a seleção das novas UCs a serem criadas e das áreas a
                da CONABIO                                                                     serem reflorestadas
2006   11/out   Instrução norma-      Institui o Sistema de Autorização e Informação em        Aplicável para atividades de pesquisa e monitoramento em
                tiva IBAMA no 119     Biodiversidade (Sisbio)                                  UCs
2006   13/abr   Decreto no 5.758      Plano Estratégico Nacional de �?reas Protegidas           Guia mestre para o Componente 1
                          o
2004   21/mai   Decreto n 5.092       �?reas Prioritárias para Conservação da Biodiversidade    Guia mestre para determinar a localização de UCs a serem
                                                                                               criadas pelo projeto
2003   20/nov   Decreto no 4.887      Regulamenta o procedimento de titulação das terras       Aplicável para UCs com quilombos no seu entorno
                                      ocupadas por populações quilombolas
1997   08/jan   Lei no 9.433          Política Nacional de Recursos Hídricos                   Aplicável para as atividades de gestão integrada de bacias
                                                                                               hidrográficas

                                                                               16
3.2.3. Leis estaduais
As Unidades de Conservação de oito estados amazónicos participarão no projeto. Em geral,
cada Estado da União tem uma lei matriz de meio ambiente que estabelece a Política
Ambiental para o estado e estrutura os distintos órgãos ambientais necessários para
implementar essa política. Muitas dessas leis-matriz foram promulgadas na década dos
1990. Legislação mais recente aborda temas como mudanças climáticas, serviços ambientais
e licenciamento ambiental. O Quadro 3 apresenta as principais leis estaduais dos oito
estados amazônicos que tenham relevância para o projeto.




                                          17
                                                      QUADRO 3:
                                    LEIS ESTADUAIS DE RELEVÂNCIA PARA O PROJETO


   Estado     Ano       Data              Instrumento /No                           Título/Função
ACRE          1994    26/janeiro    Lei Estadual no 1.117         Política Estadual de Meio Ambiente
AMAP�?         1994    18/agosto     Lei Complementar no 0005      Código de Proteção Ambiental do Meio Ambiente
                                                                  do Estado do Amapá
AMAZONAS      2015   01/dezembro    Lei Estadual no 337           Lei Estadual de Serviços Ambientais
              2012     24/julho     Lei Estadual no 3.785         Licenciamento Ambiental no Estado do Amazonas
                                                  o
              2007    05/junho      Lei Ordinária n 3.135         Política Estadual sobre Mudanças Climáticas,
                                                                  Conservação Ambiental e Desenvolvimento
                                                                  Sustentável
MATO GROSSO   1995   12/novembro    Lei Complementar no 38        Código Estadual do Meio Ambiente
PAR�?          1995     09/maio      Lei Estadual no 5.887         Política Estadual do Meio Ambiente
RONDÔNIA      2015   08/dezembro    Lei Estadual no 3.686         Sistema de Licenciamento Ambiental
              2002   12/dezembro    Lei Estadual no 1.114         Sistema Estadual de Unidades de Conservação
RORAIMA       1994    26/agosto     Lei Complementar no 7         Política Ambiental do Estado de Roraima
TOCANTINS     1991   20/fevereiro   Lei Estadual no 261           Política Ambiental do Estado do Tocantins




                                                            18
3.2.4. Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC)
O projeto vai trabalhar em 164 unidades de conservação que abarcam mais de 74 milhões
de hectares, de tal forma que a Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC)
serve como guia fundamental para o componente 1. O SNUC e suas regulamentações
estabelecem o marco legal para as áreas protegidas no Brasil, que são classificadas em duas
categorias: (i) Unidades de Proteção Integral, com a finalidade de preservar a natureza,
sendo admitido apenas o uso indireto de seus recursos naturais; e (ii) Unidades de
Conservação de Uso Sustentável, que podem abrigar populações humanas com o uso
sustentável de seus recursos naturais. O Capítulo IV da Lei do SNUC (Artigos 22-36)
estabelece as normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação e
delineia os elementos que devem constar nos seus respectivos Planos de Manejo (Artigo
27).

3.2.5. Metas Nacionais de Biodiversidade
O Decreto 5.092, de 21 de maio de 2004, definiu que o Ministério do Meio Ambiente
deveria definir as regras para identificação de áreas prioritárias para a para a conservação,
utilização sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade. Por meio da Portaria
126, de 27 de maio de 2004, o Ministério do Meio Ambiente estabeleceu que as áreas
prioritárias são as apresentadas no mapa "�?reas Prioritárias para a Conservação, Utilização
Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira". Esse mapa está em
processo de atualização e sua nova versão, quando publicada, orientará a seleção das novas
unidades de conservação a serem criadas pelo projeto. A implementação do projeto
também será orientada pelas Metas Nacionais de Biodiversidade, estabelecidas pela
Resolução no 3, de 21 de dezembro de 2006, da Comissão Nacional de Biodiversidade
(CONABIO), instância colegiada de caráter deliberativo e consultivo que coordena a
implementação dos compromissos assumidos pelo país no âmbito da Convenção sobre
Diversidade Biológica (CDB) bem como dos princípios e diretrizes da Política Nacional da
Biodiversidade (PNB).

3.3. Beneficiários
O bioma da Amazônia cumpre múltiplas funções climáticas e ambientais. A ampliação e
consolidação das unidades de conservação está prevista no Componente 1. Na medida em
que o projeto protege para a posteridade esse rico acervo do patrimônio ambiental do país
e, ao mesmo tempo, assegura sua contínua provisão de múltiplos serviços ecossistêmicos,
todos os cidadãos brasileiros podem ser considerados como beneficiários do projeto.
As ações de produção sustentável que o projeto vai promover no Componente 2 gerará
alimentos e renda para as populações residentes nas unidades de conservação de uso
sustentável. A recuperação de áreas degradadas por meio de práticas de reflorestamento
fará uma contribuição às metas brasileiras frente ao Acordo de Paris sobre Mudanças
Climáticas. Os beneficiários das ações do Componente 3 incluem os proprietários que vão
ter suas terras regularizadas e cadastradas, o que lhes abrirá novas oportunidades para
receberem crédito agrícola. As atividades de capacitação previstas no Componente 4


                                             19
beneficiarão uma ampla gama de atores sociais de distintos setores e permitirão sua
participação qualificada na elaboração e implementação de políticas ambientais.


3.4. Avaliação dos Impactos do Projeto

3.4.1. Definição e categorização dos impactos
Neste diagnóstico foi adotada a definição de impacto ambiental segundo a resolução
CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986, em seu artigo 1º, como:
        qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente,
        causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades
        humanas que, direta ou indiretamente, afetam:
                I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
                II - as atividades sociais e econômicas;
                III - a biota;
                IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
                V - a qualidade dos recursos ambientais.

A categorização desses impactos como positivos ou negativos implica um juízo de valor
fundamentado em critérios específicos. Para os fins deste diagnóstico, os “impactos
positivos�? são definidos como aqueles que fomentam a proteção ambiental e/ou o bem -
estar das comunidades amazônicas residentes nas unidades de conservação ou nos seus
entornos. Os “impactos negativos�? são definidos como aqueles que causam danos ou
destruição ambiental e/ou prejudicam a sustentabilidade do modo de vida dessas mesmas
comunidades. Ambos os tipos de impactos identificados são classificados aqui como
“potenciais�?, sendo que sua realização ou não vai depender da efetividade da
implementação do projeto. Dada a grande abrangência geográfica do projeto – 164
unidades de conservação abarcando mais de 74 milhões de hectares – os impactos
identificados são de caráter geral.
Espera-se que a quase totalidade dos impactos ambientais do projeto sejam positivos, uma
vez que todas as atividades previstas visam a conservação e restauração2 de ecossistemas e
biodiversidade. A expectativa é de que o projeto gere resultados sociais positivos
associados, por exemplo, ao aumento do bem-estar e à segurança dos meios de
subsistência das populações que vivem em unidades de conservação de uso sustentável, à
melhoria das condições ambientais e de proteção aos recursos naturais e à promoção de
benefícios econômicos para as populações locais em decorrência da promoção do turismo,
do engajamento nos processos de gestão das unidades de conservação e outras
oportunidades econômicas.
Para várias atividades propostas – capacitação, estudos, gerenciamento, cooperação – não
se prevê impactos socioambientais negativos. Ao contrário, prevê-se que tais atividades


2
  Para fins do projeto, o termo restauração define-se como a inversão do processo de perda dos serviços
ecossistêmicos dentro de paisagens florestais degradadas, particularmente mediante a regeneração natural do
meio ambiente.

                                                    20
gerem impactos ambientais positivos no meio físico, biótico e social, os quais deverão ser
analisados e avaliados.
Para as demais atividades, os potenciais impactos negativos identificados foram
classificados como de baixo impacto, isto é, impactos específicos do local, reversíveis e
passíveis de mitigação pela adoção de medidas já existentes ou que podem ser definidas
com facilidade. Não se prevê que as atividades do projeto gerarão impactos socioambientais
negativos significativos, isto é, impactos negativos irreversíveis de grande magnitude e
alcance geográfico.


3.4.2. Identificação e análise dos potenciais impactos positivos
O Quadro no 4 identifica os principais impactos positivos que as ações do projeto podem
gerar. Para cada impacto identificado, delineiam-se medidas desenhadas a multiplicar e/ou
intensificar seus efeitos positivos. Quando se agregam os impactos de todas as ações do
projeto, a soma de impactos positivos projeta ter uma grande envergadura com respeito a
seu alcance geográfico, a quantidade de distintas espécies biológicas protegidas e a sua
representatividade da biodiversidade amazônica.




                                             21
                                                                        QUADRO 4:
                                       POTENCIAIS IMPACTOS POSITIVOS COM MEDIDAS DE INTENSIFICAÇÃO


 No             Tema                                Ações                             Potenciais impactos positivos        Medidas de intensificação
Componente 1 – �?reas Protegidas da Amazônia (ARPA)
1.1   Criação de novas            Criação de três milhões de ha de                   Aumento da área nacional sob     Criação de UCs que contêm
      Unidades de Conservação     Unidades de Conservação                             proteção ambiental                habitats sensíveis e hotspots da
                                                                                                                        biodiversidade
1.2   Consolidação de �?reas       Manejo efetivo consolidado para 60                 Melhoria na proteção da          Gestão integrada das UCs dentro
      Protegidas                  milhões de ha de UCs do ARPA                        biodiversidade                    de uma mesma região
1.3   Manutenção de �?reas         Apoio à elaboração e implantação dos               Maior número de UCs com          Capacitação em torno dos Planos
      Protegidas                  Planos de Manejo das UCs                            Planos de Manejo implantados      de Manejo
                                                                                     Atividades de turismo geram      Capacitação na área de turismo
                                                                                      renda para a manutenção da        ecológico
                                                                                      UC
1.4   Coordenação e               Gerenciamento e comunicação                        Aumento da eficiência das        Ampliação do escopo das metas
      gerenciamento do ARPA       fortalecidos para o ARPA                            ações do ARPA                     do ARPA
1.5   Sustentabilidade de longo   Assegurar a sustentabilidade financeira            Patrimônio biológico nacional    Fomentar a opinião pública a favor
      prazo para UCs do ARPA      do ARPA                                             protegido no longo prazo          das Unidades de Conservação
Componente 2 – Gestão integrada de paisagens visando conectividade
2.1   Desenvolvimento de          Qualificação de técnicos na área de                Aumento na produtividade         Multiplicação dos cursos de
      sistemas produtivos         sistemas produtivos sustentáveis                    agrícola e silvícola              capacitação e treinamento
      sustentáveis                Apoio à utilização de sistemas                     Maior proteção da floresta       Ampla disseminação dos
                                  agroflorestais (SAFs) e práticas agrícolas         Segurança alimentar da            resultados dos SAFs exitosos
                                  sustentáveis                                        população local
2.2   Apoio à consolidação de     Elaboração e implantação de Planos de              Melhoria no valor agregado e     Replicação de casos de sucesso
      cadeias produtivas          Negócio para cadeias produtivas                     no escoamento da produção
                                  incipientes

                                                                               22
                                   Estabelecimento e implementação de               Aumento dos estoques              Regulamentação dos Acordos
                                   Acordos Comunitários de Pesca                     pesqueiros                          de Pesca por meio de Portarias
                                                                                    Garantia de direitos de pesca       Normativas do Órgão
                                                                                    Fortalecimento da segurança         Ambiental
                                                                                     alimentar
                                   Aumentar a produtividade das cadeias             Aumento na renda da               Fomento de sistemas de
                                   produtivas consolidadas                           população local                    microcrédito
2.3    Estruturação da cadeia de   Capacitação de agricultores e técnicos           Setor de assistência técnica e    Ampliação do escopo das ações de
       recuperação da vegetação    em práticas de recuperação                        extensão rural fortalecido         capacitação
       nativa
                                   Consolidação da cadeia de recuperação            Expansão da área reflorestada     Desenvolver um sistema e
                                   da vegetação nativa (coleta de                   Valorização das espécies           ferramentas para monitoramento
                                   sementes; estruturação de viveiros etc.)          nativas                            do reflorestamento
                                   Recuperação de áreas degradadas com              Maior conectividade biológica     Favorecer áreas que criem
                                   vegetação nativa (incluindo as áreas              de alta qualidade entre �?reas      corredores entre florestas
                                   alagáveis e margens de rios)                      Protegidas                         preservadas
2.4    Fortalecimento da gestão    Estruturação dos Núcleos de Gestão               Superação dos efeitos nocivos     Estabelecimento de marcos
       integrada de �?reas          Integrada (NGI)                                   da fragmentação de habitats        administrativos apropriados para
       Protegidas                                                                                                       os mosaicos
                                   Estruturação dos Arranjos de Apoio               Melhor eficiência e               Disseminação de arranjos
                                   Mútuo (APM)                                       maximização de recursos para       inovadores de gestão
                                                                                     a conservação ambiental
Componente 3 – Políticas e Planos voltados à proteção e recuperação da vegetação nativa
3.1 Fortalecimento da implementação de instrumentos legais
      3.1.1   Fortalecimento da    Implementação do Programa de                     Aumento no número das             Incrementar a fiscalização de
              implementação do     Regularização Ambiental (PRA)                     propriedades rurais com            terras sem regularização
              Código Florestal                                                       regularização ambiental            ambiental
                                   Implementação e validação do Cadastro            Dados do CAR ajudam no            Divulgação estratégica dos dados
                                   Rural Ambiental (CAR)                             planejamento e fiscalização        do CAR
                                                                                     ambiental

                                                                              23
                                Planos de Recuperação de �?reas                 Maior número de agricultores       Identificação e replicação das
                                Degradadas e Alteradas (PRADA)                  fazendo ações de recuperação        técnicas de recuperação mais
                                                                                e com acesso ao crédito             efetivas
 3.1.2   Fortalecimento da      Apoio à estruturação da “Aliança pela          Escala da restauração florestal    Criação de uma rede ambiental de
         implementação da       Restauração na Amazônia�?                        qualificada e ampliada              proprietários em áreas privadas
         Política Nacional de   Subsidiar processos de implementação,          Implantação acelerada das          Desenvolver um sistema e
         Recuperação da         monitoramento, avaliação e revisão da           espécies arbóreas utilizadas no     ferramentas para monitoramento
         Vegetação Nativa       Proveg                                          manejo florestal                    do reflorestamento
         (Proveg)
 3.1.3   Fortalecimento da      Elaboração de Planos de Manejo das             Planejamento resulta em            Sistematização dos resultados
         implementação da       Florestas Nacionais                             melhor eficiência na                obtidos
         Gestão de Florestas                                                    exploração florestal
         Públicas               Estudos que subsidiam a elaboração dos         Inventários identificam            Uso dos resultados para a
                                Editais de Concessão Florestal                  melhores espécies arbóreas          definição de quantidades e
                                                                                para exploração                     cronologias sustentáveis
                                Modelos elaborados para concessões             Aperfeiçoamento do sistema         Sistema integrado de
                                florestais para reflorestamento em              de concessões gera novas            monitoramento das concessões
                                florestas públicas degradadas e/ou              alternativas de renda               florestais
                                desmatadas
 3.1.4   Fortalecimento da      Apoio às políticas ambientais e                Políticas incentivam práticas      Incorporação das novas políticas
         implementação das      instrumentos de ordenamento                     mais sustentáveis no uso dos        no nível municipal
         Políticas Estaduais    territorial em quatro estados                   recursos naturais
3.2      Monitoramento da      Aperfeiçoamento da metodologia da               Informações e mapas sobre          Dados do monitoramento
         restauração florestal TerraClass Amazônia                              recuperação vegetal                 alimentam outras bases de dados
                                                                                amplamente disponíveis              ambientais
                                Desenho e implementação de uma                 Informações da plataforma são      Integração da Plataforma no
                                plataforma nacional de planejamento             utilizadas no planejamento          Programa de Monitoramento
                                espacial e monitoramento                        territorial                         Ambiental dos Biomas Brasileiros
3.3      Incentivos             Adaptação do Plano ABC, Pronaf, BNDES          Maior acesso dos agricultores      Ampla divulgação dos programas
         financeiros para       Florestal e outros programas                    aos mecanismos financeiros          aos produtores

                                                                         24
            restauração no       Promover novos mecanismos
            longo prazo          financeiros
Componente 4 – Capacitação, Cooperação Regional e Gestão do Projeto
4.1   Capacitação e Cooperação   Capacitação intersetorial e inter-         Maior integração entre ações    Redes estabelecidas promovem
                                 stakeholder                                 institucionais e cooperação      políticas públicas regionais
                                                                             entre agentes
                                 Cooperação Regional                        Redes de cooperação regional    Elaboração de projetos de alcance
                                                                             incrementam a eficiência das     pan-amazônico
                                                                             ações de conservação
4.2   Gerenciamento do Projeto   Coordenação interinstitucional no          Melhoria da competência         Melhores práticas gerenciais são
                                 gerenciamento do projeto                    gerencial contribui para o       adotadas para o gerenciamento de
                                                                             alcance das metas de             outros projetos
                                                                             conservação ambiental do
                                                                             projeto




                                                                      25
3.4.3. Identificação e análise dos potenciais impactos negativos
O Quadro no 5 identifica os principais impactos negativos que as ações do projeto podem
gerar, todos eles classificados como de “baixo impacto�?. Para cada impacto identificado,
delineiam-se medidas desenhadas a prevenir e/ou mitigar seus efeitos negativos. O projeto
não contempla a geração de impactos negativos cumulativos.




                                            26
                                                                   QUADRO 5:
                                 POTENCIAIS IMPACTOS NEGATIVOS COM MEDIDAS DE PREVENÇÃO/MITIGAÇÃO


 No          Tema                           Ações                    Potenciais impactos negativos             Medidas de prevenção/mitigação
Componente 1 – �?REAS PROTEGIDAS DA AMAZÔNIA (ARPA)
1.1   Criação de novas       Criação de três milhões de ha de       Novas UCs podem restringir            Participação da população local nos
      Unidades de            Unidades de Conservação                 práticas de produção, coleta,          processos da criação para atenuar e
      Conservação                                                    caça e pesca da população local        resolver os conflitos mediante o uso da
                                                                                                            Matriz de Processos
1.2   Consolidação de �?reas Manejo efetivo consolidado para 60      Abertura de trilhas provoca           Capacitação de técnicos para a abertura
      Protegidas            milhões de ha de UCs do ARPA             supressão da vegetação                 de ramais com baixo impacto
1.3   Manutenção de �?reas    Apoio à elaboração e implantação       Construção de infraestrutura          Reciclar os resíduos e materiais utilizados
      Protegidas             dos Planos de Manejo das UCs            para sedes da UC, postos de           Respeitar as normas técnicas da
                                                                     vigilância, centros de visitação e     construção civil e as diretrizes e da Lei
                                                                     ações de turismo                       9.985/2000 e do ICMBio
                                                                    Lixo produzido na realização das      Evitar interferências em ambientes
                                                                     ações de manejo, vigilância e          frágeis e corpos d’água
                                                                     visitação
                                                                                                           Incluir projetos de drenagem e
                                                                    Aumento na utilização de
                                                                                                            saneamento sempre que relevante
                                                                     combustível para voadeiras
                                                                                                           Otimizar a quantidade de deslocamentos
                                                                                                            necessários
1.4   Coordenação e          Gerenciamento e comunicação            Não identificado
      gerenciamento do       fortalecidos para o ARPA
      ARPA
1.5   Sustentabilidade de    Assegurar a sustentabilidade
      longo prazo para UCs   financeira do sistema de UCs
      do ARPA
Componente 2 – Gestão integrada de paisagens visando conectividade
2.1   Desenvolvimento de     Qualificação de técnicos na área de    Falhas nas cadeias de valor           Plano de manejo para a coleta de
      sistemas produtivos    sistemas produtivos sustentáveis        podem produzir perdas para os          recursos florestais não madeireiros

                                                                        27
      sustentáveis            Apoio à utilização de sistemas          produtores                       Sistema de monitoramento dos estoques
                              agroflorestais (SAFs) e práticas       Esgotamento dos estoques          ambientais
                              agrícolas sustentáveis                  ambientais pela superprodução    Processos transparentes e inclusivos na
2.2   Apoio à consolidação    Elaboração e implantação de Planos     Acordos de Pesca podem            tomada de decisões que levem em conta
      de cadeias produtivas   de Negócio para cadeias produtivas      restringir acesso a recursos      as necessidades dos mais vulneráveis
                              incipientes                             pesqueiros pelos grupos mais     Reciclar os resíduos ou retirar e depositá-
                                                                      vulneráveis                       los em locais apropriados
                              Estabelecimento e implementação
                                                                     Máquinas de beneficiamento       Estudos de mercado levem em
                              de Acordos Comunitários de Pesca
                                                                      podem gerar resíduos              consideração os impactos cumulativos na
                              Aumentar a produtividade das                                              região para a manutenção de corredores
                              cadeias produtivas consolidadas
2.3   Estruturação da         Capacitação de agricultores e          Resíduos de construção e         Reciclar os resíduos ou retirar e depositá-
      cadeia de               técnicos em práticas de recuperação     reforma                           los em locais apropriados
      recuperação da          Consolidação da cadeia de              Pragas e parasitos não           Sistema de controle de pragas e parasitos
      vegetação nativa        recuperação da vegetação nativa         controlados ameaçam a             instalado em consonância com as
                              (coleta de sementes; estruturação       vegetação nativa                  salvaguardas do projeto
                              de viveiros etc.)                      Uso indevido de substâncias      Diretrizes de sustentabilidade para uso e
                                                                      químicas contamina o ambiente     gestão de produtos químicos, gestão de
                              Recuperação de áreas degradadas
                                                                     Falta de treinamento dos          resíduos e gestão de recursos hídricos
                              com vegetação nativa (incluindo as
                                                                      técnicos de ATER em práticas     Treinamento para técnicos agrícolas e
                              áreas alagáveis e margens de rios)
                                                                      produtivas ecológicas pode        florestais em temas da sustentabilidade e
                                                                      comprometer a                     controle de pragas com base
                                                                      sustentabilidade das ações        agroecológica
2.4   Fortalecimento da       Estruturação dos Núcleos de Gestão     Desmatamento nas áreas do        Eliminação das redundâncias no sistema
      gestão integrada de     Integrada (NGI)                         entorno das UCs rompe a           de gestão integrada de UCs
      �?reas Protegidas        Estruturação dos Arranjos de Apoio      conectividade biológica          Apoio a atividades de reflorestamento,
                              Mútuo (APM)                            Falta de colaboração              combinadas com agrofloresta, para os
                                                                      interinstitucional compromete     proprietários de terras privadas
                                                                      as ações de gestão               Capacitação de produtores e/ou
                                                                                                        assistentes técnicos rurais em
                                                                                                        metodologias produtivas sustentáveis



                                                                        28
Componente 3 – Políticas e Planos voltados à proteção e recuperação da vegetação nativa
3.1 Fortalecimento da implementação de instrumentos legais
     3.1.1   Fortalecimento    Implementação do Programa de          Resistência dos proprietários ao    Todas as concessões florestais seguirão
             da                Regularização Ambiental (PRA)          cadastramento e regularização        os procedimentos estabelecidos em OP
             implementação     Implementação e validação do           ambiental pode aumentar as           4.36 do Banco Mundial com um enfoque
             do Código         Cadastro Rural Ambiental (CAR)         tensões na região                    especial na certificação independente
             Florestal                                               Falta de dados fidedignos sobre     Técnicos capacitados sobre os
                               Planos de Recuperação de �?reas
                                                                      as áreas florestadas e as APPs       procedimentos do OP 4.36 do Banco
                               Degradadas e Alteradas (PRADA)
                                                                      em propriedades privadas             Mundial
     3.1.2   Fortalecimento    Apoio à estruturação da “Aliança       podem comprometer a validade        Técnicos capacitados devem ressaltar os
             da                pela Restauração na Amazônia�?          do CAR                               benefícios do PRA, CAR e PRADA para os
             implementação     Subsidiar processos de                Falta de dados fidedignos sobre      proprietários
             da Política                                              a sustentabilidade da
                               implementação, monitoramento,                                              Sistematização dos dados do CAR pode
             Nacional de       avaliação e revisão da Proveg          exploração de espécies alvo          aumentar a eficiência e eficácia da
             Recuperação da                                           pode comprometer a                   implementação dos programas
             Vegetação                                                sustentabilidade de planos de
                                                                                                          As medidas de mitigação devem
             Nativa (Proveg)                                          manejo das Florestas Nacionais
                                                                                                           incentivar o uso de espécies nativas e o
     3.1.3   Fortalecimento    Elaboração de Planos de Manejo das     e editais de concessão florestal
                                                                                                           não-uso de espécies potencialmente
             da                Florestas Nacionais                                                         invasoras
             implementação     Estudos que subsidiam a elaboração                                         Assegurar que os planos de manejo e as
             da Gestão de      dos Editais de Concessão Florestal                                          concessões incorporam os princípios de
             Florestas                                                                                     sustentabilidade ecológica na exploração
             Públicas          Modelos elaborados para
                               concessões florestais para                                                  florestal
                               reflorestamento em florestas
                               públicas degradadas e/ou
                               desmatadas
     3.1.4   Fortalecimento    Apoio às políticas ambientais e
             das Políticas     instrumentos de ordenamento
             Estaduais         territorial em quatro estados
   3.2       Monitoramento     Aperfeiçoamento da metodologia da     Não identificado
             da restauração    TerraClass Amazônia
             florestal         Desenho e implementação de uma
                                                                        29
                                 plataforma nacional de
                                 planejamento espacial e
                                 monitoramento
      3.3     Incentivos         Adaptação do Plano ABC, Pronaf,       Mal manejo financeiro pelos    Treinamento de produtores na gestão de
              financeiros para   BNDES Florestal e outros programas     produtores pode incentivar      crédito e outras formas de financiamento
              restauração no     Promover novos mecanismos              práticas não sustentáveis      Um sistema robusto de monitoramento
              longo prazo        financeiros                                                            do uso dos mecanismos financeiros
Componente 4 – Capacitação, Cooperação Regional e Gestão do Projeto
4.1     Capacitação e            Capacitação intersetorial e inter-    Não identificado
        Cooperação               stakeholder
                                 Cooperação Regional

4.2     Gerenciamento do         Coordenação interinstitucional no
        Projeto                  gerenciamento do Projeto




                                                                          30
4. POL�?TICAS DE SALVAGUARDAS SOCIOAMBIENTAIS
O projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia-Brasil dá continuidade e amplia o Programa
ARPA que vem funcionando desde 1998. Nesse tempo, o ARPA elaborou e consolidou um
conjunto robusto de salvaguardas socioambientais que formam parte dos procedimentos
operativos do FUNBIO, instituição administradora deste projeto. O projeto incorpora vários
elementos dessas políticas de salvaguardas e atualiza outros elementos para atender às
suas novas esferas de atuação. Cada política de salvaguarda tem um conjunto de diretrizes
que deve orientar as ações a serem realizadas pelo projeto.
O Quadro no 6 lista as principais políticas de salvaguardas e indica sua aplicabilidade ou não
para o Projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia-Brasil.
               Quadro 6: Políticas de salvaguardas acionadas para o Projeto

                      Políticas de salvaguardas                            Sim         Não
Avaliação Ambiental (OP/BP 4.01)                                            X
Habitats Naturais (OP/BP 4.04)                                              X
Manejo Integrado de Pragas (OP 4.09)                                        X
Povos Indígenas (OP/BP 4.10)                                                X
Patrimônio Físico-Cultural (OP/BP 4.11)                                     X
Reassentamento Involuntário (OP/BP 4.12)                                    X
Gênero e Desenvolvimento (OP/BP 4.20)                                       X
Florestas (OP/BP 4.36)                                                      X
Segurança de Barragens (OP/BP 4.37)                                                     X
Projetos em Hidrovias Internacionais (OP/BP 7.50)                           X
Projetos em �?reas Disputadas (OP/BP 7.60)                                               X

A responsabilidade para a implementação e monitoramento das Políticas de Salvaguardas é
compartilhada entre os distintos níveis administrativos do projeto, sendo que os gestores
das Unidades de Conservação, que estão mais próximos à execução na ponta das atividades,
junto com seus respetivos Conselhos Gestores, representam um primeiro nível de controle.
Um segundo nível de responsabilidade corresponde às distintas entidades implementadoras
do projeto: ICMBio; Órgãos Estaduais do Meio Ambiente; Serviço Florestal Brasileiro. Um
terceiro nível de responsabilidade para garantir a adequada implementação das políticas de
salvaguardas são as três organizações administrativas do projeto: Funbio; Unidade de
Coordenação do Projeto do MMA; e Conservação Internacional-Brasil. Finalmente, um
quarto nível de controle consiste do Comitê do Programa, instância deliberativa do projeto,
que é constituído mediante Decreto Federal e composto por 12 membros do governo, da
sociedade civil e do setor privado (veja organograma acima).

Apresenta-se a seguir uma relação das Políticas de Salvaguardas a serem adotadas pelo
projeto.

                                             31
4.1. Avaliação Ambiental (OP/BP 4.01)
Um Diagnóstico Socioambiental foi realizado para o projeto. O Diagnóstico compreendeu
um estudo independente e analisou o contexto e a solidez socioambiental do projeto,
identificando os potenciais impactos positivos e delineando medidas de intensificação (veja
Quadro 4). O Diagnóstico detalhou os potenciais efeitos adversos, razoavelmente
previsíveis, das ações propostas ao meio ambiente, e foi usado como base para a definição
dos cursos de ação para prevenir, minimizar, mitigar e monitorar impactos adversos. Todos
os impactos negativos previstos foram classificados como de “baixo impacto�? (veja Quadro
5).
O detalhamento dos impactos e das suas respectivas medidas somente pode ser
determinado caso por caso mediante uma análise da situação socioambiental específica de
cada UC ou região onde as atividades serão realizadas. O Anexo 1 apresenta o formulário
“Lista de Verificação Socioambiental�? que deve ser preenchida e avaliada pelos gestores do
projeto antes da implementação das atividades de cada componente. Uma vez identificados
os potenciais impactos, os gestores devem elaborar propostas de medidas para a
intensificação dos impactos positivos e a prevenção ou mitigação dos impactos negativos
conforme orientação dos Quadros 3 e 4 e diretrizes das salvaguardas.

4.2. Habitats Naturais (OP/BP 4.04)
O projeto compromete-se a assegurar que o desenvolvimento ambientalmente sustentável
seja promovido através do apoio à gestão sustentável, proteção, conservação, manutenção
e reabilitação de habitats naturais, bem como das funções ecossistêmicas e de
biodiversidade a estes associadas. O projeto realizará ações de vigilância das áreas
protegidas como parte das suas tarefas rotineiras de conservação. O projeto não participará
em ações de fiscalização ambiental ou de cobrança de multas, já que isto corresponde aos
agentes ambientais do IBAMA ou à Polícia Federal.
Diretrizes:
   • Através do uso do Diagnóstico Socioambiental, o projeto emprega uma abordagem de
      precaução e ecossistêmica para a conservação dos recursos naturais, bem como para
      a gestão do desenho do projeto, ponderando os benefícios esperados do projeto
      contra os potenciais custos ambientais.
   • A metodologia de Diagnóstico Socioambiental e a aplicação do formulário da Lista de
      Verificação Socioambiental são utilizadas para rastrear, o quanto antes, possíveis
      impactos sobre a saúde e a qualidade do ecossistema, bem como sobre os direitos e
      bem-estar de populações dependentes da floresta.
   • O projeto divulga esboços de planos de mitigação para as principais partes
      interessadas em tempo hábil, envolvendo-os da melhor forma possível na concepção
      do projeto, implementação, monitoramento e avaliação, incluindo o acesso anterior
      aos planos de mitigação.
   • Em nenhuma circunstância o projeto se envolve ou financia atividades que levam à
      conversão ou degradação de habitats naturais críticos, incluindo áreas de floresta.


                                            32
   • Nos casos raros em que o projeto considerar apoiar uma atividade que afete
      negativamente habitats naturais não críticos, o resultado do preenchimento da Lista
      de Verificação Socioambiental ajuda a ponderar ações alternativas e a orientar
      medidas de mitigação.
   • A preferência no desenho do projeto é dada para locações de infraestrutura física em
       terras que já tenham sido convertidas para outros usos.

O texto integral desta política de salvaguarda vigente - “Procedimentos Operacionais para
Proteção de Habitats Naturais�? (Funbio PO-04) – consta no Anexo 2.

4.3. Manejo de Pragas (OP 4.09)
As políticas e práticas do projeto asseguram que os riscos ambientais e de saúde associados
ao uso de pesticidas sejam minimizados e geridos através da adoção de práticas de gestão
de pragas seguras, eficazes e ambientalmente adequadas.
Diretrizes:
   • O projeto promove práticas e mecanismos para controle de pragas que utilizam
      métodos de gestão biológica e ambiental ecológicos, reduzindo a dependência de
      pesticidas químicos sintéticos.
   • A análise da possível necessidade de práticas de manejo de pragas é parte integrante
      da metodologia da Lista de Verificação Socioambiental.
   • O projeto promove o desenvolvimento da capacidade institucional de seus parceiros
      para a utilização do Manejo Integrado de Pragas e do Manejo Integrado de Vetores.
   • O projeto divulga esboços de planos de mitigação sobre manejo de pragas para os
      principais stakeholders, em tempo hábil, antes do início da análise do projeto.
   • O projeto segue as recomendações e orientações descritas no Código Internacional de
      Conduta para a Distribuição e Utilização de Pesticidas (Roma, 2003), da Organização
      das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), no que concerne a
      aquisição, manipulação e aplicação de pesticidas em projetos que envolvem o
      controle de pragas.
O texto integral desta política de salvaguarda vigente - “Procedimentos Operacionais para
Manejo de Pragas�? (Funbio PO-07) – consta no Anexo 3.

4.4. Patrimônio Físico-Cultural (OP/BP 4.11)
As políticas do projeto asseguram a preservação de recursos culturais físicos, evitando a sua
destruição ou dano, incluindo sítios arqueológicos, paleontológicos, históricos,
arquitetônicos e sagrados, em plena conformidade com os padrões brasileiros de
preservação histórica.
Diretrizes:
   • O projeto consulta as populações locais e os principais stakeholders para documentar a
      presença e a importância de recursos culturais físicos.



                                               33
   • Se possível, o projeto evita implementar atividades que podem causar danos
      significativos a recursos culturais físicos utilizando, quando apropriado, pesquisas de
      campo com especialistas qualificados.
   • O projeto promove a análise de alternativas viáveis de projeto para evitar, minimizar
      ou compensar impactos adversos e estimular impactos positivos sobre recursos
      culturais físicos, através do desenho das atividades e escolha do local da sua
      implementação.
   • O projeto exige planos de gestão e conservação prévios, por parte dos executores do
      projeto em campo, para lidar adequadamente com ocasionais achados de recursos
      culturais físicos.
   • Em caso de um achado de recursos culturais físicos, o projeto exige a divulgação de um
      esboço de planos de mitigação aos principais stakeholders, em tempo hábil.

O texto integral desta política de salvaguarda vigente - “Procedimentos Operacionais para
Recursos Culturais Físicos�? (Funbio PO-05) – consta no Anexo 4.

4.5. Gênero e Desenvolvimento (OP/BP 4.20)
O projeto busca integrar os avanços na igualdade de gênero e fornecer oportunidades para
a participação plena das mulheres e dos homens na realização das suas atividades.
Mulheres e homens serão encorajados a participar em forma igualitária nos diálogos e nas
consultas públicas do projeto e na conformação dos Conselhos Gestores das Unidades de
Conservação. O projeto conta com estruturas internas para o monitoramento de questões
de gênero dentro de cada componente e vai elaborar políticas de ação proativa para
alcançar maior igualdade de gênero em suas atividades.
Diretrizes:
      O projeto rejeita todas as formas de preconceito de gênero e discriminação em suas
       operações.
      O projeto promove uma política proativa de integração de gênero na concepção e
       implementação das atividades a serem realizadas, usando uma variedade de
       métodos.
      O projeto pretende ajudar a construir uma maior compreensão entre os seus
       funcionários e parceiros sobre as dimensões essenciais de gênero envolvidas na
       promoção de sustentabilidade ambiental.
      O projeto repudia remunerações desiguais para trabalhos equivalentes entre
       homens e mulheres.
      O projeto segue as diretrizes da Declaração Universal de Direitos Humanos das
       Nações Unidas (1948) e da Convenção das Nações Unidas sobre a Eliminação de
       Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (1979).

4.6. Povos Indígenas (OP/BP 4.10)
O projeto irá trabalhar em colaboração com povos indígenas na realização de seus
objetivos, sempre que apropriado. Em adição das diretrizes indicadas a seguir, o projeto

                                            34
elaborou um Marco de Políticas com Povos Indígenas que orientará todas as ações que
envolvem relacionamentos com povos indígenas.




                                        35
Diretrizes:
      O projeto reconhece a importância dos povos indígenas para o desenvolvimento
       social e cultural, bem como para a sustentabilidade ambiental, da sociedade
       brasileira como um todo.
      O projeto promove o respeito aos seus direitos e modos de vida com base na
       dignidade, aspirações e cultura dos grupos afetados.
      Todas as atividades do projeto que envolvem ou impactam povos indígenas devem
       receber o apoio formal da sua organização representativa, obtido mediante um
       processo de consulta culturalmente apropriada.
      O projeto reconhece a importância dos saberes e técnicas tradicionais na gestão de
       recursos naturais e estimulará seu uso no cumprimento das metas do projeto.
      Os processos de capacitação do projeto envolvendo povos indígenas devem levar em
       conta suas práticas ambientais tradicionais.
      O projeto deve antecipar e evitar os impactos negativos sobre as comunidades
       indígenas. Quando os impactos negativos forem inevitáveis, o projeto deve indicar
       como vai minimizar, restaurar e/ou compensar esses impactos em proporção à
       natureza e escala de tais impactos, considerando a vulnerabilidade das comunidades
       afetadas e de uma maneira culturalmente apropriada.
      Se for determinado que exista um potencial de benefícios diretos resultantes do
       projeto para os Povos Indígenas, então mecanismos específicos para a geração e
       distribuição equitativa dos benefícios sociais e econômicos de uma maneira
       culturalmente apropriada devem ser desenvolvidos de forma colaborativa entre o
       implementador do projeto e as instituições que representam os povos indígenas.
      O projeto apoia a participação ativa de homens e mulheres e de pessoas de
       diferentes faixas etárias quando se trabalha com povos indígenas, de maneira a
       respeitar as tradições culturais e sociais da comunidade indígena.

4.7. Reassentamento Involuntário (OP/BP 4.12)
O projeto evita o reassentamento involuntário em virtude da tomada involuntária de terras.
O projeto evita o deslocamento de pessoas. O projeto minimiza os impactos adversos
decorrentes da restrição ao acesso a recursos naturais em virtude da criação e consolidação
de áreas protegidas.
Diretrizes:
   • Todas as alternativas viáveis de desenho do projeto são consideradas para evitar o
      reassentamento involuntário.
   • Através do acesso ao censo e ao levantamento de dados socioeconômicos, utilizando a
       metodologia de Diagnóstico Socioambiental, o projeto avalia os impactos
       econômicos e sociais potenciais que podem ser causados pela restrição involuntária
       ao acesso a parques ou áreas protegidas legalmente estabelecidas.
   • Para ações que envolvem a restrição involuntária de acesso a recursos em parques ou
      áreas protegidas legalmente estabelecidas, o projeto realiza consultas com as

                                            36
       comunidades locais e os stakeholders afetados, para discutir como substituir de
       forma satisfatória esses recursos.
   • Em casos de criação de Unidades de Conservação que tenham populações humanas
      em seu território, o projeto deve priorizar a criação de UCs de Uso Sustentável.
   • Para casos de divergências sobre o acesso e uso de recursos pesqueiros, o projeto
      estimulará os diálogos e negociações necessários para a confecção e aprovação de
      Acordos Comunitários de Pesca. As normas a serem adotados para firmar os acordos de
       pesca constam no Matriz de Processo.
O texto integral desta política de salvaguarda vigente - “Procedimentos Operacionais para
Reassentamento Involuntário�? (Funbio PO-06) – consta no Anexo 5.

4.8. Florestas (OP/BP 4.36)
As atividades florestais têm como metas gerar benefícios socioeconômicos coletivos e
ambientais para as comunidades amazônicas e contribuir para a conservação ambiental dos
ecossistemas florestais. O projeto beneficiará da longa e rica experiência de manejo florestal
no Brasil e será implementado dentro das políticas e programas de recuperação da
vegetação nativa e de manejo florestal comunitário e familiar recentemente promulgados
no plano federal (veja Quadro no 2).
No setor florestal, o projeto privilegiará ações de manejo florestal comunitário e familiar
(incluindo o manejo dos produtos florestais não madeireiros), a implantação de sistemas
agroflorestais e o reflorestamento de áreas degradas.
Diretrizes:
      Promover o desenvolvimento sustentável, por meio do uso múltiplo dos recursos
       naturais, bens e serviços das florestas.
      A floresta é considerada um investimento, assumindo que o planejamento adequado
       das atividades garante maiores chances da floresta se recuperar até o próximo ciclo
       de corte.
      A atividade florestal deve contribuir com a pesquisa científica relacionada ao manejo
       florestal sustentável de florestas tropicais da Amazônia.
      As atividades exploratórias visam diminuir os danos à vegetação remanescente,
       usando máquinas e equipamentos apropriados, além de trabalhadores treinados
       para o corte, arraste e monitoramento da exploração.
Restrições:
      É vedado o corte e comercialização de espécies ameaçadas de extinção ou com
       algum tipo de regulamentação sobre sua exploração para a Amazônia, apresentada
       na Instrução Normativa nº 6, de 23 de setembro de 2008, do MMA.
      Além das espécies protegidas por lei, serão protegidos os indivíduos de qualquer
       espécie que forem identificados como hospedeiros fixos de fauna, como por
       exemplo, gaviões, araras, e outros. Essas árvores não serão objeto de exploração.
      Em nenhuma instância o trabalho infantil será utilizado no processo de produção e
       comercialização florestal.

                                              37
      O uso do trabalho forçado em qualquer instância da cadeia de produção e
       comercialização de produtos florestais é vedado. Além do mais, o projeto colaborará
       com a legislação dedicada à eliminação do trabalho forçado tal como indicado no
       Artigo 149 do Código Penal, atualizado por meio da Lei 10.803/2003, e com o Grupo
       Executivo de Repressão ao Trabalho Forçado, estabelecido pelo Decreto 1.538/1995.

4.8.1. Florestas Nacionais
A Floresta Nacional (FLONA) é categorizada pelo SNUC como Unidade de Conservação de
Uso Sustentável. A Floresta Nacional compreende área com cobertura florestal de espécies
predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos
recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração
sustentável de florestas nativas.
O processo de concessões florestais nas Florestas Nacionais é incipiente ainda, sendo que
essa situação oferece grandes oportunidades para a experimentação e construção de novas
modalidades sustentáveis de exploração florestal. Uma modalidade inovadora e promissora
deste projeto é o desenvolvimento de modelos de concessões de reflorestamento para
florestas públicas degradadas e/ou desmatadas. Nesses casos, a outorga da concessão serve
tanto para a recuperação da floresta nativa quanto para a geração de renda.
O projeto não vai apoiar a exploração comercial de madeira em grande escala. As ações do
projeto no referente às FLONAS e outras florestas públicas concentram-se nas múltiplas
fases preparatórias a serem cumpridas antes de começar a exploração madeireira com a
meta de preparar as FLONAs para uma fase de exploração florestal no futuro.
As principais atividades previstas no projeto para as florestas nacionais são: (i) a elaboração
de planos de manejo para florestas com potencial para concessões; (ii) estudos de
viabilidade econômica e produtiva; (iii) treinamento de para-botânicos para o
melhoramento dos inventários florestais; e (iv) o estabelecimento de mecanismos para o
monitoramento e rastreamento da madeira mediante chips e códigos de barra. Todos os
planos e protocolos a serem elaborados pelo projeto seguirão os procedimentos
estabelecidos pelo OP 4.36 do Banco Mundial, inclusive os distintos processos da
certificação florestal.
Diretrizes:
    As concessões florestais somente serão outorgadas a Florestas Nacionais que tenham
     um plano de manejo aprovado e em implementação.
    As concessões florestais devem ser cadastradas no Cadastro Nacional de Florestas
     Públicas (CNFP).
    As concessões florestais devem ser habilitadas no Plano Anual de Outorga Florestal
     (PAOF).
    O planejamento da atividade florestal deve incluir estudos de mercado para produtos
     e serviços gerados pelas florestas.
    As atividades florestais de geração de renda devem ter um plano de monitoramento e
     de sustentabilidade.



                                              38
    Apoiar ações de treinamento, capacitação, pesquisa e assistência técnica para a
     implementação de atividades florestais, com ênfase no manejo florestal.
    Promover a modalidade de concessões de reflorestamento como prática de
     recuperação florestal.

4.8.2. Manejo Florestal Comunitário e Familiar
Para os efeitos deste projeto, considera-se Manejo Florestal Comunitário e Familiar a
execução de planos de manejo realizada pelos povos e comunidades tradicionais ou, em
conformidade com a nomenclatura adotada no Decreto no 4.340, de 22 de agosto de 2002,
pela população tradicional, para obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais,
respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema. No intuito de reduzir os
riscos socioambientais, as atividades de manejo florestal comunitário e familiar do projeto
serão: (i) apoiadas em Reservas Extrativistas, Florestas Nacionais e Assentamentos Rurais
onde existam normas estabelecidas de exploração florestal nos seus respectivos planos de
manejo ou utilização; e (ii) realizadas em sintonia com o Programa Federal de Manejo
Florestal Comunitário e Familiar (PMCF) que é administrado conjuntamente pelos
Ministérios do Meio Ambiente (MMA) e do Desenvolvimento Agrário (MDA).
Diretrizes:
      Contribuir para a melhoria da qualidade de vida da comunidade, por meio do
       incremento de renda financeira das famílias e investimentos em benefícios coletivos
       para a comunidade.
      Estimular a diversificação produtiva e a agregação de valor à produção florestal de
       base comunitária e familiar.
      Identificar e valorizar as diversas formas de organização social, cultural e produtiva
       das comunidades, visando o respeito às especificidades dos beneficiários e dos
       ecossistemas.
      Contribuir para a capacitação e autonomia para gestão do empreendimento florestal
       comunitário em todas as etapas do manejo florestal, desde o planejamento até a
       comercialização.
      Promover o acesso das comunidades aos institutos jurídicos que permitam a
       regularização da posse e do uso das áreas ocupadas nas florestas da União, quando
       este uso for permitido pela legislação em vigor.
Técnicas:
      Fomentar a elaboração e implementação de planos de manejo como instrumentos
       aptos a orientar os manejadores na gestão adequada da produção sustentável.
      Promover a assistência técnica e extensão rural adaptadas ao manejo florestal
       comunitário e familiar.
      Promover a certificação ambiental e de procedência da madeira e dos produtos
       florestais não madeireiros.




                                             39
      Promover a educação ambiental como instrumento de capacitação e orientação da
       juventude rural, visando estimular a sua permanência na produção familiar, de modo
       a assegurar o processo de sucessão.
      Fomentar a pesquisa, ao desenvolvimento e a apropriação de tecnologias pelos
       beneficiários.
      Gerar informações para políticas públicas relacionadas ao manejo florestal
       comunitário em florestas públicas brasileiras.

4.8.3. Manejo de Produtos Florestais Não Madeireiros
A extração ou coleta de Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNM) é uma prática
tradicional para muitas comunidades amazônicas. A coleta dos PFNM faz parte de seu
calendário produtivo e contribui para sua segurança alimentar e a geração de renda. Essas
atividades são consideradas, segundo a Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, de baixo
impacto ambiental e de interesse social, pois não descaracterizam a cobertura vegetal
nativa existente nem prejudicam a função ambiental da área. Excetuando a fauna, os PFNM
são recursos/produtos biológicos que não a madeira que podem ser obtidos das florestas
para subsistência e/ou para comercialização. PFNMs descrevem uma ampla gama de
produtos incluindo plantas medicinais, fibras, resinas, tipos de látex, óleos, gomas, frutas,
castanhas, alimentos, temperos, tinturas, materiais para construção, rattan e bambu.
Estudos de mercado para os produtos de maior interesse devem ser realizados antes da
tomada de decisão sobre quais PFNMs a comunidade deseja manejar e comercializar.

Todas as atividades a serem realizadas com PFNM e com produtos pesqueiros dentro do
marco do projeto acontecerão em pequena escala no nível da comunidade e não
contemplam o processamento semi-industrial ou industrial de produtos. Caso o apoio do
projeto inclua a construção de galpão ou alguma outra estrutura de armazenamento ou
processamento, a planta da estrutura deve considerar a saúde e segurança do trabalhador e
as condições sanitárias regulamentárias, e o processo de construção deve seguir boas
práticas de sustentabilidade, bem como as normas do ICMBio para construção em Unidades
de Conservação. Caso o apoio do projeto inclua a aquisição de algum equipamento,
máquina ou veículo para a atividade de extrativismo ou processamento de produtos
florestais não madeireiros, esta deve ser acompanhada (i) do fornecimento do EPI
necessário para operação do equipamento, máquina ou veículo; (ii) de capacitação para sua
operação adequada, incluindo manutenção e descarte adequado de embalagens de óleo e
similares; e (iii) quando de operação comunitária, sua entrega deve ser acompanhada da
assinatura de acordo de uso e manutenção pelos beneficiários.

4.8.4. Sistemas Agroflorestais
Os Sistemas Agroflorestais (SAFs) são sistemas baseados na dinâmica, na ecologia e na
gestão dos recursos naturais que, por meio da integração de árvores na propriedade e na
paisagem agrícola, diversificam e sustentam a produção com maiores benefícios sociais,
econômicos e ambientais para todos aqueles quem usam o solo em diversas escalas. O uso
de sistemas agroflorestais está previsto no novo Código Florestal para a proteção da
vegetação nativa em áreas de preservação permanente (APPs), reserva legal e para
recuperação da cobertura vegetal nativa e de suas funções ecossistêmicas, com programas

                                             40
e linhas de financiamento específicos. Os SAFs oferecem uma alternativa ambientalmente
positiva quando comparados a outras formas de uso da terra da Amazônia: diminuem as
taxas de conversão de habitats naturais para outras atividades agropecuárias; criam
distintas camadas de vegetação entre remanescentes de habitats, que promovem a
conectividade entre fragmentos da floresta; e provêm habitats para espécies que são
tolerantes a certo nível de perturbação ambiental.

4.9. Hidrovias Internacionais (OP/BP 7.50)
Numerosos corpos d’água presentes na região onde o projeto atuará são considerados
águas internacionais conforme a definição da salvaguarda de Projetos em Hidrovias
Internacionais (OP/BP 7.50), que trata da prevenção de impactos sobre corpos d’água trans-
fronteiriços. As ações do projeto trarão grandes benefícios para os ambientes aquáticos em
sua área de influência por meio da proteção das florestas que os rodeiam e nenhum
impacto negativo é esperado como resultado do projeto sobre a qualidade ou quantidade
da água ou sobre a biodiversidade aquática.
Entretanto, essa salvaguarda foi acionada porque algumas ações que serão apoiadas pelo
projeto poderão utilizar quantidades limitadas de água (rega de mudas) ou atuar em
ambientes aquáticos (manejo sustentável de estoques pesqueiros) que são considerados
águas internacionais.
Como parte das atividades de reflorestamento, o projeto apoiará a produção de mudas em
viveiros comunitários. Embora essa produção possa depender da chuva durante a maior
parte do ano, é possível que nos períodos secos seja necessário regar as mudas, utilizando
para isso quantidades limitadas da água amplamente disponível nos cursos d’água da
região.
O manejo de recursos pesqueiros ocorrerá dentro de Unidades de Conservação de uso
sustentável (RESEX e RDS), envolvendo o levantamento de estoques existentes de espécies
nativas e limites permitidos para extração, definição de direitos e articulação de pescadores
tradicionais com o propósito de estabelecer acordos comunitários de pesca, visando
assegurar a sustentabilidade da atividade pesqueira dentro dessas áreas protegidas. Esse
manejo configura manejo tradicional e não aquicultura, pois não envolverá a introdução de
espécies exóticas, nem alimentação artificial ou instalação de tanques-rede.
Diretrizes:
      Utilizar água captada em corpos d’água naturais que compõem a Bacia Amazônica
       somente quando necessário e de forma e em volumes que não afetem
       negativamente a quantidade ou qualidade da água nessas fontes.
      As atividades de manejo sustentável comunitário de recursos pesqueiros devem
       necessariamente incluir o levantamento dos estoques existentes, o estabelecimento
       de Acordos de Pesca e a preparação de um Plano de Manejo Sustentável e
       Monitoramento para assegurar o baixo impacto das atividades apoiadas.

4.10. Gestão de riscos socioambientais
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) terá a responsabilidade global para o
acompanhamento, supervisão e monitoramento dos processos de gestão dos riscos

                                             41
socioambientais do projeto. O MMA tem demonstrado sua capacidade nessa área em
projetos anteriores financiados pelo GEF e servirá como mentor para as outras entidades
executores do projeto, tais como o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), o
Serviço Florestal Brasileiro (SBF), o Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio) e a Conservation International – Brazil (CI-Brasil), no cumprimento
das ações de gestão de riscos socioambientais. Adicionalmente, o projeto terá um Plano de
Apoio de Implementação (ISP) no qual o Banco Mundial, entidades públicas e outros
parceiros darão o apoio técnico necessário para cumprir os objetivos do projeto numa
maneira que minimiza os riscos socioambientais.

5. PROCESSO DE CONSULTA PÚBLICA
Partindo dos resultados obtidos pelo diagnóstico socioambiental realizado no âmbito do
PSAM-Brasil, foi elaborada proposta do Marco de Gestão Socioambiental (MGSA). No intuito
de incentivar a sociedade e todas as partes interessadas a contribuir para a construção da
proposta do MGSA, foram realizadas três instâncias de consulta pública:
   (1) Uma consulta pública em formato virtual, com a disponibilização dos documentos e
       formulário na página do MMA e de parceiros do projeto paisagens (FUNBIO e
       Conservação Internacional-Brasil) e instituição de prazo para envio de contribuições.
       Esta consulta pública ficou aberta online por três semanas entre 12 de maio e 05 de
       junho de 2017.
   (2) Uma primeira consulta pública presencial, realizada em Manaus, Amazonas, no dia
       30 de maio de 2017 no anexo da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas,
       com objetivo de delinear os principais procedimentos a serem seguidos pelo projeto
       bem como identificar as medidas preventivas e mitigadoras dos potenciais impactos
       negativos e elaborar as medidas para potencializar ou intensificar os impactos
       positivos. Adicionalmente à disponibilização de informações sobre a realização da
       consulta presencial nos sítios eletrônicos do Ministério do Meio Ambiente, do Fundo
       Brasileiro para Biodiversidade e da Conservação Internacional, foram também
       enviados convites por meio do ofício circular nº 01/2017/SBio/MMA (veja Anexo 8 –
       Apêndice 1) e por correio eletrônico a 34 instituições (veja Anexo 8 – Apêndice 2),
       incluindo instituições governamentais, da sociedade civil e de representantes de
       povos indígenas. A consulta contou com 57 participantes representando entidades
       dos governos federal e estaduais, ONGs e representantes de comunitários. A Ata da
       Consulta, indicando os principais temas abordados e os comentários acolhidos,
       consta no Anexo 8 – Apêndice 3.
   (3) Uma segunda consulta pública presencial foi realizada em Rio Branco, Acre, no dia 01
       de agosto de 2017 no Auditório da Procuradoria Geral do Estado, com objetivo de
       delinear os principais procedimentos a serem seguidos pelo projeto bem como
       identificar as medidas preventivas e mitigadoras dos potenciais impactos negativos e
       elaborar as medidas para potencializar ou intensificar os impactos positivos. A
       ênfase nessa consulta foi dada ao Marco de Políticas com Povos Indígenas, já que
       houve uma presença majoritária de participantes indígenas no evento.
       Adicionalmente à disponibilização de informações sobre a realização da consulta
                                            42
        presencial nos sítios eletrônicos do Ministério do Meio Ambiente, do Fundo
        Brasileiro para Biodiversidade e da Conservação Internacional, foram também
        enviados convites por meio do ofício circular nº 50017-MMA (veja Anexo 8 –
        Apêndice 4) e por correio eletrônico. A consulta contou com 32 participantes, sendo
        18 indígenas, provenientes de 6 etnias e 10 terras indígenas distintas. A Ata da
        Consulta, indicando os principais temas abordados e os comentários acolhidos,
        consta no Anexo 8 – Apêndice 5.
Com base nestas consultas, várias modificações foram feitas ao Marco de Gestão
Socioambiental: a descrição dos grupos sociais tradicionais foi aprimorada para melhor
expressar a complexidade sociocultural da Amazônia; um item sobre turismo nas Unidades
de Conservação foi adicionado à tabela de impactos positivos; a seção sobre
reflorestamento foi modificada para explicar melhor essa nova modalidade de concessão
florestal; definições dos termos “restauração�? e “paisagem�? foram incluídas no texto; outras
ameaças à integridade da floresta amazônica foram incluídas no texto; um parágrafo foi
acrescentado indicando como o projeto pretende coordenar os seus esforços com as outras
políticas públicas para o meio ambiente; uma diretriz foi acrescentada sobre as prioridades
na criação de Unidades de Conservação de Uso Sustentável. Uma tabela das contribuições
consolidadas das três instâncias de consulta pública consta no Anexo 8 – Apêndice 6.
Todos os três Marcos de salvaguarda do projeto (Marco de Gestão Socioambiental, Marco
de Políticas com Povos Indígenas e Matriz de Processo) são documentos públicos e estão
disponíveis na página eletrônica do Programa ARPA (http://programaarpa.gov.br/documentos-
fase-iii-do-arpa/) e na página eletrônica do FUNBIO (https://www.funbio.org.br/projeto-
paisagens-sustentaveis-amazonicas/). Cópias eletrônicas dos documentos podem ser obtidas a
partir dessas páginas. Documentos específicos (Planos de Gestão Socioambiental ou Planos
com Povos Indígenas) que venham a ser preparados durante a implementação do projeto
serão também disponibilizados nessas páginas.

           Documento                                  Forma de publicação
Marco de Gestão Socioambiental    Documento final nas páginas eletrônicas do ARPA e FUNBIO.
Marco de Políticas com Povos      Documento final nas páginas eletrônicas do ARPA e FUNBIO.
Indígenas
Matriz de Processo                Documento final nas páginas eletrônicas do ARPA e FUNBIO.
Plano de Gestão Socioambiental    Versão preliminar para consulta e discussão, em linguagem oficial,
                                  apresentada durante consultas e construção participativa,
                                  publicada eletronicamente nas páginas do ARPA e FUNBIO, e
                                  distribuída para atores chave.
Plano de Gestão Socioambiental    Documento final nas páginas eletrônicas do ARPA e FUNBIO
Plano com Povos Indígenas         Versão preliminar para consulta e discussão, em linguagem
                                  apropriada, apresentada durante consultas e construção
                                  participativa, e distribuída para os povos indígenas diretamente
                                  envolvidos e atores chave.
Plano com Povos Indígenas         Documento final nas páginas eletrônicas do ARPA e FUNBIO e
                                  distribuído em forma eletrônica e/ou impressa para os povos
                                  indígenas diretamente envolvidos e atores chave.




                                              43
                                        ANEXO 1
                   Projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia - Brasil
                        LISTA DE VERIFICAÇÃO SOCIOAMBIENTAL
Este formulário será preenchido antes da implementação das principais atividades do
projeto. O preenchimento do formulário também é requerimento para as propostas
candidatas para apoio no âmbito dos Planos de Ação dos Povos Indígenas (PPI) e dos Planos
de Ações de Desenvolvimento Sustentável (PADS).
Ademais, a aplicação deste formulário serve como filtragem para as atividades do projeto,
tais como os impactos da criação de UCs e das atividades de apoio ao manejo sustentável de
paisagens (veja Quadro 5), para verificar se deve acionar ou não as salvaguardas para: (i)
Povos Indígenas, no caso de presença de povos indígenas no entorno das UCs; (ii)
Reassentamento Involuntário, caso ação resulte na restrição do acesso a recursos para
populações locais; (iii) Patrimônio Físico-Cultural, caso ocorra interferência com recursos
culturais; (iv) Manejo de Pragas; e (v) Habitats Naturais.
As propostas que apresentarem atividades com previsão de impactos ambientais pontuais
de intensidade baixa ou moderada, podendo ser mitigados, deverão apresentar uma
descrição das medidas mitigadoras incorporadas ao plano de execução das atividades.
O projeto não prevê financiamento de atividades com previsão de impactos ambientais
difusos, abrangentes e/ou de intensidade forte.

1. INFORMAÇÕES GERAIS:
  1.1 UC Proponente:
  1.2 Órgão responsável pela UC:
  1.3 Gestor da UC:
  1.4 Comunidade envolvida:
  1.5 Município:
  1.6 Bacia hidrográfica:
  1.7 Unidade fundiária para implementação das ações propostas (marcar todas as opções
  relevantes):
     ( ) Unidade de Conservação de Proteção Integral
     ( ) Unidade de Conservação de Uso Sustentável
     ( ) Entorno da UC proponente
     ( ) Terra Indígena
     ( ) Projeto de Assentamento
     ( ) Outro ______________________________________________________________
  1.8 Principais objetivos da proposta:-__________________________________________
  ________________________________________________________________________

2. CARACTERIZAÇÃO DA �?REA DE IMPLANTAÇÃO:
  2.1 A área onde será implantada a ação proposta é considerada de Preservação
  Permanente?
     ( ) Não
     ( ) Sim (nesse caso só serão permitidas ações de reflorestamento com autorização do
     OEMA)

                                            44
  2.2 Na área da proposta existem recursos hídricos? (rio, igarapé, córrego, lagos, represas,
  nascente)?
     ( ) Não
     ( ) Sim, especificar:_____________________________________________________
     Situação atual de conservação:
     ( ) Conservado
     ( ) Medianamente conservado
     ( ) Degradado, tipo de degradação:________________________________________
  2.3 A área onde se insere a ação proposta é considerada prioritária para a conservação
  da biodiversidade? (consultar lista do MMA de áreas prioritárias)
     ( ) Não
     ( ) Sim (deverão ser verificadas as restrições para o uso da área)
  2.4 Uso atual da área onde será implantada a ação proposta (marcar todas as opções
  relevantes):
     ( ) Conservação
     ( ) Agricultura de ciclo curto
     ( ) Cultura perene
     ( ) Floresta plantada
     ( ) Pecuária
     ( ) Piscicultura
     ( ) Extrativismo
     ( ) �?rea abandonada
     ( ) Floresta nativa
     ( ) Outra_____________________________________________________________
  2.5 A área onde se insere a ação proposta contém locais sagrados ou outro tipo de
  patrimônio físico-cultural?
     ( ) Não
     ( ) Sim, descrever:______________________________________________________

3. CARACTER�?STICAS DA VEGETAÇÃO:
  3.1 Existe vegetação nativa no local de implantação da ação proposta?
     ( ) Não
     ( ) Sim, descrever:______________________________________________________
  3.2 Existem espécies da flora nativa ameaçadas de extinção na área de influência da ação
  proposta?
     ( ) Não
     ( ) Sim, especificar:_____________________________________________________
  3.3 A ação proposta prevê supressão de vegetação?
     ( ) Não
     ( ) Sim, especificar (tipo e área)___________________________________________
  3.4 A ação proposta prevê o uso ou coleta de algum produto ou subproduto florestal?
     ( ) Não
     ( ) Sim, especificar: _____________________________________________________
     (se positivo, existe necessidade de autorização do OEMA)
  3.5 A ação proposta prevê a introdução de espécie exótica com risco de se tornar espécie
  invasora?
     ( ) Não
                                            45
     ( ) Sim, especificar ___________________________________________________
     ___________________________________________________________________
  3.6 A implementação da ação proposta terá influência na adequação das propriedades ao
  passivo ambiental (Reserva Legal e �?rea de Preservação Permanente)?
     ( ) Não
     ( ) Sim, especificar ___________________________________________________
     ___________________________________________________________________

4. SOLO
  4.1 Existem evidências de erosão na área de implementação da ação proposta ou na sua
  área de influência?
     ( ) Não
     ( ) Sim
  4.2 A ação proposta prevê alguma atividade que possa contribuir para o controle da
  perda de solo por erosão?
     ( ) Não
     ( ) Sim, especificar ___________________________________________________
  4.3 A ação proposta poderá gerar degradação de terras cultiváveis?
     ( ) Não
     ( ) Sim, especificar e indicar se tem proposta de mitigação____________________
     ___________________________________________________________________
  4.4 A ação proposta contribuirá para melhorar as condições físicas, químicas e biológicas
  do solo?
     ( ) Não
     ( ) Sim, especificar ___________________________________________________

5. RECURSOS H�?DRICOS
  5.1 Há disponibilidade de água para atender as necessidades da ação proposta durante a
  sua implementação?
     ( ) Sim
     ( ) Não, como pretende suprir :__________________________________________
  5.2 A ação proposta prevê a construção de barragem em igarapé, captação, derivações
  ou interceptação em curso d’água para qualquer finalidade?
     ( ) Não
     ( ) Sim, há a necessidade da obtenção de outorga do OEMA. Se houver intervenções
     em APP há a necessidade de autorização do OEMA.
  5.3 A ação proposta prevê alguma atividade que possa contribuir com a recuperação de
  mata ciliar?
     ( ) Não
     ( ) Sim, especificar ____________________________________________________
  5.4 A ação proposta prevê a necessidade de controle de pragas e parasitas?
     ( ) Não
     ( ) Sim, especificar o método que será empregado _____________________________
     ______________________________________________________________________
  5.5 A ação proposta prevê a utilização de agrotóxicos?
     ( ) Não

                                            46
     ( ) Sim, descrever o tipo, metodologia de uso e mecanismo de monitoramento desse
     uso____________________
     ______________________________________________________________________

6. POLUIÇÕES E RES�?DUOS
  6.1 A ação proposta prevê a geração resíduos sólidos, efluentes líquidos ou gases,
  resultantes de algum processo ou beneficiamento ou industrialização de qualquer
  matéria-prima?
     ( ) Não
     ( ) Sim, especificar e indicar proposta de mitigação____________________________
     ______________________________________________________________________
     (verificar se há necessidade de autorização do OEMA)

7. POPULAÇÕES HUMANAS:
  7.1 Qual é o tipo de grupo social com que a ação proposta vai colaborar (se tiver)?
     ( ) Povo Indígena
     ( ) Comunidade Quilombola
     ( ) Comunidade agroextrativista
     ( ) Comunidade ribeirinha
     ( ) Pequenos agricultores
     ( ) Outro ______________________________________________________________
  7.2 Descreva o tipo de ocupação territorial e a situação fundiária do grupo social (Terra
  Indígena: demarcada, homologada etc.; Assentamento rural: federal, estadual etc.; Posse
  da terra; entre outros).
  Descrição:________________________________________________________________
  _________________________________________________________________________
  7.3 Descreva o relacionamento existente entre a UC e o grupo social (conflito;
  colaboração; desconhecimento mútuo; entre outros).
  Descrição:________________________________________________________________
  _________________________________________________________________________
  7.4 Identifique as limitações que o grupo social experimenta em torno do acesso e uso
  dos recursos naturais devido à existência da unidade de conservação (caça; pesca; coleta;
  agricultura; entre outros).
  Relacione:________________________________________________________________
  _________________________________________________________________________
  7.5 Identifique quaisquer atividades que podem ter um impacto significativo sobre o
  patrimônio cultural essencial à identidade e/ou aspectos culturais, cerimoniais ou
  espirituais do grupo social.
  Relacione:________________________________________________________________
  _________________________________________________________________________
  7.6 Os impactos potenciais, identificados nos itens anteriores, são suficientemente altos
  com respeito a sua escala geográfica ou grau de impacto sociocultural para requerer a
  realização de uma Avaliação Social e Ambiental com trabalho de campo?
     ( ) Não
     ( ) Sim



                                           47
     Justifique sua resposta: __________________________________________________
     ______________________________________________________________________

8. RELAÇÕES DE TRABALHO
  8.1 Verificar se a ação proposta respeita a legislação trabalhista.
  Identificação da principal legislação trabalhista aplicável à ação:_____________________
  _________________________________________________________________________
  _________________________________________________________________________
  8.2 Verificar se a ação proposta não utilizará trabalho infantil.
  Descrição do mecanismo de monitoramento de cumprimento desse item: ____________
  _________________________________________________________________________
  _________________________________________________________________________
  8.3 Verificar se a ação proposta não utilizará trabalho forçado.
  Descrição do mecanismo de monitoramento de cumprimento desse item: ____________
  _________________________________________________________________________
  _________________________________________________________________________

9. OUTROS RECURSOS NATURAIS
  9.1 Verificar se a ação proposta vai interferir em algum outro recurso natural não
  relacionado nesta lista de verificação.
  Relacione:________________________________________________________________
  _________________________________________________________________________
  _________________________________________________________________________

10. CONCLUSÕES E ENCAMINHAMENTOS
  10.1 Resumo dos impactos positivos e negativos da ação proposta considerando as
  respostas apuradas por esta lista de verificação, caracterizando a intensidade (baixa,
  moderada ou alta) e a ocorrência (direta ou indireta). Indicar as medidas de controle
  indicadas para os impactos negativos (preventivas ou mitigadoras).

      Atividade proposta             Possível impacto            Prevenção ou mitigação
                                      socioambiental




  10.2 Aprovação da ação proposta
     ( ) Sim
     ( ) Não

11. RESPONS�?VEIS:
  11.1 Responsável pelo preenchimento:

                                           48
  Nome:                            Data:
  Assinatura:

11.2 Responsável pela aprovação:
   Nome:                           Data:
   Assinatura:

11.3 Observações e recomendação:




                                    49
                               ANEXO 2
     PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA PROTEÇÃO DE HABITATS NATURAIS




 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA PROTEÇÃO DE
                          HABITATS NATURAIS
                                       PO-04/2013

                Unidade responsável: Coordenação de Programas




    OBJETIVO:
    Fornecer a metodologia e as ferramentas necessárias para implementar a Política
    de Salvaguardas Ambientais e Sociais do Funbio no que diz respeito à proteção
    dos habitats naturais.




    ESCOPO ORGANIZACIONAL:
    Estes procedimentos aplicam-se a projetos financiados pelo GEF.
VALIDAÇÃO
Versão atual      Ação                                         Data

                  Aprovação                                    27 Mar 2014

       2          Início da vigência                           27 Mar 2014

                  Próxima revisão                              Fev 2016




                                           50
CONTROLE DE VERSÃO
Versão                       Data                        Responsável                                      Situação

0.1                          22 Nov 2013                 Alexandre Ferrazoli Camargo                      Minuta

0.2                          25 Nov 2013                 Fernanda F. C. Marques                           Revisado

1                            06 Dec 2013                 Governing Council                                Aprovado

1.1                          18 Mar 2014                 Fernanda F. C. Marques                           Revisado
2                            27 Mar 2014                 Rosa Lemos                                       Aprovado




DOCUMENTOS RELACIONADOS:
     •            P-21 Política de Análise (appraisal) e Seleção de Projetos;
     •            P-24 Política de Salvaguardas Ambientais e Sociais;
     •            PO-02 Procedimentos Operacionais para Povos Indígenas;
     •            PO-03 Procedimentos Operacionais de Avaliação de Impacto Ambiental e Social;
     •            PO-05 Procedimentos Operacionais para Recursos Culturais Físicos;
     •            PO-06 Procedimentos Operacionais de Reassentamento Involuntário;
     •            PO-07 Procedimentos Operacionais para Manejo de Pragas;
     •            PO-08 Procedimentos Operacionais para Sistema de Denúncias e Responsabilização.


Privacidade:
Esse documento é publico e está disponível no website do Funbio. Não deve ser editado
ou alterado sem consentimento prévio.

SUM�?RIO


1        Introdução .............................................................................................................. 51
2        declaração de princípios ........................................................................................ 52
3        estrutura institucional............................................................................................. 52
4        preparação e implementação do Projeto ............................................................... 53
    4.1        Definição .......................................................................................................... 53
    4.2        Triagem............................................................................................................. 53
    4.3        Divulgação........................................................................................................ 55
    4.4        Monitoramento e avaliação ............................................................................ 55



1. INTRODUÇÃO
                                                                      51
  1. O FUNBIO reconhece a importância da conservação dos habitats naturais e sua fauna e
     flora nativas associadas, e apoia estratégias para promover a sua conservação e proteção.
     Isso se reflete na política de salvaguardas ambientais e sociais do Funbio, que visa garantir
     a preservação ou restauração de habitats naturais de importância nacional e global.
  2. Para abordar adequadamente a proteção dos habitats naturais dentro do seu quadro
     institucional, o Funbio criou esta política específica contendo (a) um conjunto de
     princípios para orientar o seu trabalho; (b) as estruturas internas para a seleção, consulta
     e avaliação de projetos; e (c) as normas para a concepção, implementação,
     monitoramento e avaliação de projetos que impactam habitats naturais.


2. DECLARAÇÃO DE PRINC�?PIOS
  3. O Funbio reconhece o valor biológico, social, econômico e a importância da existência dos
     habitats naturais, e os serviços ambientais de valor inestimável que eles provêm, incluindo
     a purificação do ar e da água, do ciclo de nutrientes, a regulação do ciclo hidrológico, e a
     conservação da biodiversidade, bem como seu papel fundamental para a mitigação e
     adaptação às mudanças climáticas.
  4. O Funbio apoia iniciativas que promovam a conservação e o uso sustentável da
     biodiversidade, de acordo com as diretrizes da Convenção sobre Diversidade Biológica
     (CDB).
  5. O Funbio incentiva e apoia, sempre que possível, projetos localizados em terras já
     convertidas, com foco na adaptação ambiental e fortalecimento das atividades
     produtivas, recuperação de áreas degradadas, planejamento estratégico ambiental,
     promoção da conectividade de fragmentos florestais e a restauração dos serviços
     ecossistêmicos.
  6. O Funbio pode apoiar projetos de gestão florestal sustentável, incluindo produtos
     florestais não-madeireiros, bem como projetos de base comunitária. No entanto, o Funbio
     não apoia projetos que envolvam exploração florestal que cause a conversão ou
     degradação de habitats naturais críticos, incluindo áreas de floresta.
  7. O Funbio exige que todos os beneficiários do projeto estejam em conformidade com a
     legislação nacional, bem como com outras obrigações decorrentes de tratados ambientais
     internacionais e acordos com relação à proteção dos habitats naturais, uso da terra,
     utilização da água e ocupação da zona costeira, visando promover a conservação e o uso
     ambientalmente adequado dos habitats naturais.
  8. O Funbio incentiva e promove o envolvimento das comunidades locais e povos indígenas
     em todo o processo de planejamento, implementação e monitoramento dos projetos,
     bem como na identificação de habitats naturais críticos, para garantir o acesso e uso dos
     recursos naturais dos quais dependem para seu desenvolvimento físico, econômico, e
     para o bem-estar social, cultural ou espiritual.

3. ESTRUTURA INSTITUCIONAL
  9. O Funbio designou uma pessoa da equipe como Ponto Focal institucional para
     Salvaguardas Ambientais. Este funcionário é responsável pela coordenação,
     implementação e supervisão da Política de Salvaguardas Ambientais e Sociais para
     proteção dos habitats naturais.
  10. O Funbio manterá um cadastro de especialistas ad hoc na área de proteção dos habitats
      naturais, com formação em áreas como biologia, ecologia, engenharia florestal, gestão

                                               52
        ambiental, agronomia, oceanografia e disciplinas afins, que irão executar funções
        específicas na implementação da Política de Salvaguardas Ambientais e Sociais para
        proteção dos habitats naturais.


4. PREPARAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO
4.1 DEFINIÇÃO
    11. Habitats naturais são zonas terrestres ou aquáticas, não expostas a intervenções humanas
        que afetem a manutenção e continuidade do seu estado natural. Se distinguem por
        características geográficas, abióticas e bióticas, onde um complexo dinâmico de
        comunidades vegetais, animais e de microrganismos, bem como seu meio inorgânico,
        interagem como uma unidade funcional. Todos os habitats naturais têm valor biológico,
        social, econômico e existencial importante porque fornecem inestimáveis serviços
        ecossistêmicos, incluindo a purificação do ar e da água, ciclagem de nutrientes,
        polinização, regulação do ciclo hidrológico e proteção da biodiversidade, sendo também
        fundamentais para a mitigação e adaptação às alterações climáticas.
    12. Habitats Naturais críticos são3:
    13. áreas protegidas existentes e áreas protegidas oficialmente criadas pelos governos como
        tal (ex.: reservas que atendem aos critérios da União Internacional para a Conservação da
        Natureza (IUCN), áreas inicialmente reconhecidas como protegidas pelas comunidades
        locais tradicionais (ex.: bosques sagrados), e locais que mantém condições vitais para a
        viabilidade destas áreas protegidas (como determinado pelo processo de avaliação
        ambiental); ou
    14. áreas identificadas em listas complementares preparadas pelo Funbio ou por uma fonte
        oficial reconhecida pelo Funbio. Essas áreas podem incluir sítios reconhecidos pelas
        comunidades tradicionais locais (por exemplo, bosques sagrados); áreas com elevada
        adequação para a conservação da biodiversidade; e locais que são críticos para espécies
        raras, vulneráveis, migratórias ou ameaçadas de extinção. Essas listas são baseadas em
        avaliações sistemáticas de fatores como riqueza de espécies; o grau de endemismo,
        raridade e vulnerabilidade das espécies componentes; representatividade; e integridade
        dos processos dos ecossistemas.

4.2 TRIAGEM
    15. Os proponentes do projeto precisam explicar se o projeto proposto envolve, ou pode vir a
        causar, impactos para habitats naturais. Esta informação será utilizada pelo Ponto Focal
        institucional para Salvaguardas Ambientais para determinar se a Política de Salvaguardas
        Ambientais e Sociais para proteção dos habitats naturais deve ou não ser acionada.
    16. O Funbio adotará uma abordagem ecossiêmica e baseada no princípio da precaução na
        sua avaliação dos riscos do projeto para a conservação dos habitats naturais, bem como
        na concepção do projeto, exigindo que o proponente analise os benefícios esperados do
        projeto em contrapartida à potenciais custos ambientais.
    17. Ao analisar um projeto que envolva habitats naturais, o Funbio avaliará a capacidade do
        marco regulatório e das instituições envolvidas no projeto, em promover e apoiar a
        concepção de um projeto seguro, eficaz e ambientalmente saudável, com implementação
        e gestão que respeitem a proteção dos habitats naturais. O Funbio exigirá a incorporação

3
 Definitions taken from Operational Policy OP 4.04 – Natural Habitats, Annex A - Definitions, from June 2001
and available from www.worldbank.org.

                                                     53
        de componentes no projeto para fortalecer essa capacidade, conforme necessário.
    18. O Funbio pode apoiar projetos com foco no manejo sustentável das florestas e de
        produtos florestais não-madeireiros em habitats naturais não-críticos, ou em ambientes
        críticos onde a legislação permita tais atividades, desde que acompanhados por seus
        respectivos planos de manejo, que devem contemplar técnicas de baixo impacto -
        conforme definido pela legislação nacional e pelos regulamentos emitidos pelas
        instituições a cargo de pesquisa de manejo florestal e apoio técnico. Deve ser considerada
        a dependência das comunidades locais em relação ao uso dos recursos florestais no
        projeto e áreas adjacentes para a sua subsistência.
    19. Projetos de recuperação florestal apoiados pelo Funbio devem ser elaborados com o
        objetivo de manter ou melhorar a biodiversidade e a função do ecossistema, por meio de
        ações complementares que sejam ambientalmente adequadas, socialmente benéficas e
        economicamente viáveis.
    20. Os potenciais impactos das ações do projeto proposto em relação aos requisitos mínimos
        da Política de Salvaguardas Ambientais e Sociais para proteção dos habitats naturais
        devem ser atribuídos a uma das três categorias de salvaguarda4:
    a) Sem Impacto: classes de ações pré-determinadas sem impacto sobre o meio ambiente;
    b) Baixo Impacto: classes de ações com menor impacto, abordados com medidas de
       mitigação apropriadas. Trata-se de impactos localizados, a grande maioria são reversíveis,
       e na maioria dos casos as medidas de mitigação podem ser concebidas mais facilmente do
       que para projetos de impacto significativo. É necessário uma avaliação ambiental e um
       Plano de Gestão Ambiental e Social.
    c) Impacto Significativo: impactos ambientais significativos exigindo Avaliação
       Socioambiental e reformulação do projeto. Trata-se de impactos ambientais adversos
       irreversíveis, diversos e sem precedentes. Esses impactos podem afetar uma área maior
       do que os locais ou instalações sujeitos a obras, construções, etc. Uma Avaliação de
       Impacto Ambiental e Social deve ser realizada e um Plano de Gestão Ambiental e Social
       deve ser elaborado.
    21. Se a avaliação inicial indicar que habitats naturais não são afetados pelas atividades
        propostas pelo projeto (Sem Impacto), o restante desta política não será aplicável.
    22. Uma classificação de “Baixo Impacto�? indica que as ações propostas deverão ter um
        pequeno impacto em habitats naturais. Ações relacionadas ao Projeto estão autorizadas a
        começar mediante a aprovação de um Plano de Gestão Ambiental e Social, detalhando
        alternativas técnicas, econômicas e sociais para minimizar, mitigar, compensar e
        monitorar os possíveis impactos negativos da implementação do projeto sobre os habitats
        naturais.
    23. Projetos classificados como “Impacto Significativo�? convertem ou degradam
        significativamente habitats naturais, e precisam de uma Avaliação de Impacto Ambiental e
        Social (AIAS) completa, que deve ser aplicada a todas as áreas que sofrem grande impacto
        para evitar, minimizar, mitigar e compensar esses efeitos negativos de forma adequada e
        eficaz. Envolve a coleta e análise de dados adicionais, participação pública e consulta a
        agências governamentais apropriadas para verificar o cumprimento das normas legais
        brasileiras. A AIAS deve considerar os impactos ambientais e sociais com e sem o projeto,
        e recomendar ações para prevenir, minimizar, mitigar ou compensar os impactos

4
 The operational definitions of the safeguard categories were based on the World Bank’s classification of
projects. See Operational Policy OP 4.01 – Environmental Assessment, revised on April 2013 and available from
www.worldbank.org.

                                                     54
      negativos nos habitats naturais e melhorar o desempenho ambiental. Além disso, todos os
      requisitos para um projeto de “Baixo Impacto�? devem ser abordados, incluindo um Plano
      de Gestão Ambiental e Social contemplando medidas mitigadoras.
  24. Após a conclusão da Avaliação de Impacto Ambiental e Social completa por profissionais
      qualificados, o Ponto Focal para Salvaguardas Ambientais determinará se os recursos
      financeiros e técnicos disponíveis são suficientes para minimizar, mitigar, compensar e
      monitorar os possíveis impactos adversos, ou se as ações do projeto proposto devem ser
      revistas.

4.3 DIVULGAÇÃO
  25. Os potenciais impactos identificados na avaliação ambiental e social, a Avaliação de
      Impacto Ambiental e Social (AIAS) completa, o conteúdo dos planos de mitigação
      necessários/exigidos, bem como os requisitos legais de gestão para os habitats naturais
      (planos de manejo florestal, por exemplo), juntamente com a documentação do processo
      de consulta, devem estar facilmente acessíveis, em forma e linguagem apropriadas, para
      todos os envolvidos e afetados, direta ou indiretamente, antes da avaliação do projeto. Os
      meios para essa divulgação devem incluir a publicação do material no site do Funbio e no
      site do proponente do projeto, bem como em versão impressa disponibilizada na
      localidade onde o projeto apoiado pelo GEF será implementado. Métodos de divulgação
      adicionais podem incluir reuniões com grupos da comunidade afetada, oficinas regionais,
      anúncios de rádio, folhetos e outros documentos escritos e mídias eletrônicas.

4.4 MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO
  26. Além do processo de monitoramento de projetos realizado regularmente pelo Funbio,
      para projetos que impactem habitats naturais o monitoramento dos itens aplicáveis
      constantes do Plano de Gestão Ambiental e Social será efetuado. Este aspecto do
      processo de monitoramento será realizado pelo proponente do projeto, com supervisão
      do Ponto Focal para Salvaguardas Ambientais, que pode exigir a contratação de
      consultores para realizar esta tarefa, e deve envolver a participação das comunidades de
      forma colaborativa. Os resultados de cada ciclo de monitoramento devem ser
      comunicados em tempo hábil para as comunidades afetadas.
  27. O monitoramento e a avaliação devem focar especialmente os impactos negativos;
      resultados das medidas de mitigação/compensação; benefícios gerados pelo projeto; e
      como tais benefícios foram partilhados.




                                              55
                                  ANEXO 3
              PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA MANEJO DE PRAGAS




    PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA MANEJO DE
                    PRAGAS
                                      PO-07/2013

                      Unidade Responsável: Gestão de Programas




OBJETIVO
Fornecer a metodologia e ferramentas para implementação da Política de
Salvaguardas Ambientais e Sociais do Funbio no âmbito do manejo de pragas.




ÂMBITO ORGANIZACIONAL:
Estes procedimentos aplicam-se a projetos financiados pelo GEF.




                                           56
VALIDAÇÃO
Versão Atual          Ação                                             Data
                      Aprovação                                        27 Abr 2014
         2            Início da vigência                               27 Abr 2014
                      Próxima Revisão                                  Fev 2016


CONTROLE DE VERSÃO
Versão             Data                    Responsável              Situação
0.1                25 Nov 2013             Erika Farias             Minuta
0.2                27 Nov 2013             Fernanda F C Marques     Revisado
1                  06 Dez 2013             Conselho Deliberativo    Aprovado
1.1                18 Mar 2014             Fernanda F C Marques     Revisado
2                  27 Mar 2014             Rosa Lemos               Aprovado


DOCUMENTOS RELACIONADOS:
    •        P-21 Política de Análise (appraisal) e Seleção de Projetos;
    •        P-24 Política de Salvaguardas Ambientais e Sociais;
    •        P0-02 Procedimentos Operacionais para Povos Indígenas;
    •        PO-03 Procedimentos Operacionais de Avaliação de Impacto Ambiental e Social;
    •        PO-04 Procedimentos Operacionais para Proteção de Habitats Naturais;
    •        PO-05 Procedimentos Operacionais para Recursos Culturais Físicos;
    •        PO-06 Procedimentos Operacionais para Reassentamento Involuntário; e
    •        PO-08 Procedimentos Operacionais para Sistema de Queixas, Controle             e
             Responsabilidades.




Privacidade:
Esse documento é público e está disponível no website do Funbio. Não deve ser editado ou
alterado sem consentimento prévio.




                                                     57
SUM�?RIO
1     Introdução .............................................................................................................. 51
2     declaração de princípios ........................................................................................ 52
3     estrutura institucional............................................................................................. 52
4     preparação e implementação do Projeto ............................................................... 53
    4.1     Definição .......................................................................................................... 53
    4.2     Triagem............................................................................................................. 53
    4.3     Divulgação........................................................................................................ 55
    4.4     Monitoramento e avaliação ............................................................................ 55
5     Introdução............................................................................................................... 59
6     Declaração de Princípios ......................................................................................... 59
7     Estrutura Institucional ............................................................................................ 60
8     Preparação e Implementação de Projeto ............................................................... 60
    8.1     Definições ......................................................................................................... 60
    8.2     Análise Prévia ................................................................................................... 60
    8.3     Consulta............................................................................................................ 63
    8.4     Divulgação ........................................................................................................ 64
    8.5     Monitoramento e Avaliação ............................................................................ 64




                                                                   58
1. INTRODUÇÃO
1. Agricultores brasileiros estão usando cada vez mais pesticidas5 em suas produções. Apesar do
   aumento considerável da área cultivada com sementes transgênicas (uma tecnologia que
   supostamente reduz o uso de pesticidas na produção), entre 2006 e 2012 a comercialização de
   pesticidas aumentou em mais de 72% – de 480,1 mil para 826,7 mil toneladas.6 No mesmo
   período, a área plantada com grãos, fibras, café e cana de açúcar cresceu menos de 19%, de 68,8
   milhões para 81,7 milhões de hectares, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento
   – CONAB. Isso significa que o consumo médio de pesticidas, que era aproximadamente 7
   quilogramas por hectare em 2005, cresceu para 10.1 quilogramas em 2011 – um aumento de
   43.2%.7
2. Para lidar de forma adequada com questões de Manejo de Pragas dentro do seu quadro
   institucional, o Funbio estabeleceu os Procedimentos Operacionais apresentados neste
   documento. Esses Procedimentos contêm: (a) um conjunto de princípios para orientar os
   trabalhos da instituição com Manejo de Pragas; (b) estruturas internas para a triagem, consulta e
   avaliação de projetos; e (c) regras para a concepção, implementação, monitoramento e
   avaliação de projetos envolvendo Manejo de Pragas.


2. DECLARAÇÃO DE PRINC�?PIOS
3.    O Funbio apoiará o uso de métodos de controle biológico e ambiental para manejar pragas, e
     fornecerá os critérios de orientação para seleção e uso de pesticidas a fim de minimizar os riscos
     para a saúde, ao meio ambiente e a subsistência.
4. O Funbio segue as recomendações e padrões mínimos descritos no Código Internacional de
   Conduta para a Distribuição e Utilização de Pesticidas (Roma, 2003)8, da Organização das Nações
   Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), assim como os critérios técnicos associados a esse
   Código.
5. O Funbio não permitirá a compra ou uso, pelos beneficiários dos projetos, de pesticidas e outros
   poluentes orgânicos persistentes listados no Anexo A, B ou C da Convenção de Estocolmo.
6. O Funbio exige de todos os beneficiários de projetos (i.e. proponentes e todos aqueles
   envolvidos na implementação do projeto) que cumpram com a legislação nacional (por exemplo,
   Lei nº 7.802/89) e regulamentos expedidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
   (ANVISA).
7. Será dado apoio para ações voltadas a políticas públicas, caso solicitado pelo proponente, e ao
   desenvolvimento de capacitação institucional para aumentar a implementação de Manejo
   Integrado de Pragas e para regulamentar e monitorar a distribuição e o uso de pesticidas.

5
  “Pesticida�? neste documento é usado como sinônimo de agrotóxico.
6
  Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola – SINDAG, organização que representa os
produtores de agrotóxicos no Brasil.
7
   �?Uso de defensivos é intensificado no Brasil�?, por Gerson Freitas Jr., São Paulo, Valor Econômico, 30 de julho
de 2012, disponível em http://www.ihu.unisinos.br/noticias/511948-uso-de-defensivos-e-intensificado-no-
brasil
8
  International Code of Conduct on Pesticide Management – Disponível em
http://www.fao.org/fileadmin/templates/agphome/documents/Pests_Pesticides/Code/Code2013.pdf

                                                       59
3. ESTRUTURA INSTITUCIONAL
8. O Funbio designou uma pessoa da equipe como Ponto Focal institucional para Salvaguardas
   Ambientais. Essa pessoa será responsável pela coordenação, implementação e supervisão da
   Política de Salvaguardas de Manejo de Pragas.
9. O Funbio manterá um cadastro de especialistas ad hoc para lidar com a questão de Manejo de
   Pragas, com formação nas áreas da agronomia, engenharia florestal, gestão ambiental,
   engenharia química e disciplinas correlatas. Esses especialistas realizarão funções específicas
   para implementação da Política de Salvaguardas de Manejo de Pragas.


4. PREPARAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETO

4.1 DEFINIÇÕES9
10. Manejo Integrado de Pragas (MIP) - É um processo decisório baseado na gestão de ecossistemas
    para prevenir problemas com pragas e no uso de uma combinação de tratamentos para controle
    de pragas. O MIP se refere a uma série de práticas ecológicas de controle de pragas direcionadas
    a agricultores e que visam reduzir a dependência de pesticidas químicos. O MIP envolve (a) o
    manejo de pragas (mantendo-as em níveis que não causem danos econômicos), ao invés de
    tentar erradicá-las; (b) a utilização, até onde possível, de medidas não químicas para manter
    populações de pragas em níveis baixos; e (c) a seleção e aplicação de pesticidas, quando sua
    utilização for necessária, de forma que reduza os impactos adversos em organismos benéficos,
    nos seres humanos, e no meio ambiente (ver Anexo I).
11. Plano de Manejo de Pragas (PMP) – O objetivo principal do PMP é garantir que pesticidas sejam
    usados apenas no âmbito de um programa de Manejo Integrado de Pragas (MIP). O Funbio não
    financiará produtos formulados que se enquadrem nas Classes IA e IB da Organização Mundial
    de Saúde (OMS), nem formulações de produtos que se enquadrem na Classe II, quando (a) o país
    não possuir restrições quanto ao uso e distribuição do produto; ou (b) existir a possibilidade do
    produto ser usado por, ou for acessível a, agricultores que não possuam o conhecimento
    adequado sobre sua utilização, ou outras pessoas sem o devido treinamento, equipamentos, e
    instalações para lidar, estocar, e aplicar esses produtos da forma correta. Para atingir esse
    objetivo, o PMP deve abordar10 (i) Enfoque no manejo de pragas; (ii) Manejo de pesticidas; (iii)
    Política, quadro regulatório e capacidade institucional; e (iv) Monitoramento e avaliação. O nível
    de detalhamento do PMP depende da natureza do projeto e das circunstâncias do local.

4.2 AN�?LISE PRÉVIA
12. Os proponentes de projetos precisam explicar se os projetos propostos envolvem manejo de
    pragas, ou se têm o potencial de causar impactos resultantes desse manejo. Essa informação



9
  Definições retiradas do documento “OP-4.09 – Pest Management�? (Manejo de Pragas), revisado em
dezembro de 1998 e disponível em inglês na página do Banco Mundial em
http://go.worldbank.org/QNORFLUFR0
10
   Conteúdo retirado do Plano Esquemático de Manejo de Pragas, OP 4.09 e BP 4.01 Anexo C, disponível em
www.worldbank.org.

                                                   60
     será usada pelo Ponto Focal institucional para Salvaguardas Ambientais para definir se é
     necessário ou não acionar a salvaguarda de Manejo de Pragas para o projeto proposto.
13. A proposta do projeto deve indicar e justificar não só a necessidade de se usar pesticidas, como
    também medidas de Manejo Integrado de Pragas (MIP) a serem adotadas. Quando o uso de
    pesticidas for justificado, deve ser feita uma análise dos potenciais impactos negativos
    resultantes desse uso, bem como os riscos associados com o manuseio ou estocagem
    inapropriados das embalagens. O Projeto deve incluir medidas para reduzir tais riscos, conforme
    as regras da Lei Federal nº 7.802/89 e dos regulamentos expedidos pela ANVISA.
14. Caso seja concluído que existe a possibilidade de ocorrer efeitos adversos, mecanismos de
    mitigação e/ou compensação devem ser desenvolvidos de forma colaborativa entre o
    beneficiário do projeto e as instituições envolvidas com a regulação e controle de Manejo de
    Pragas. Esses mecanismos devem ser incorporados ao desenho do projeto.
15. Os critérios para a seleção e uso de pesticidas devem considerar a natureza e extensão dos
    riscos associados ao uso dos produtos, levando em conta o uso proposto e os usuários a que se
    destinam. Essa avaliação deve ser incluída na Avaliação Ambiental e Social do projeto, e deve
    conter uma lista de pesticidas autorizados para uso no âmbito do projeto.
16. O plano de controle de pragas e uso de pesticidas exige a estrita observância de leis estaduais e
    federais que regulamentam o uso desses produtos, bem como aprovação dos órgãos
    competentes. Os planos de controle devem incluir produtos e técnicas de mínimo impacto,
    como definido em lei e acordos internacionais, e devem envolver as instituições responsáveis
    pela pesquisa e pelo apoio à saúde pública e aos produtos agrícolas.
17. Ao avaliar um projeto que envolva manejo de pragas, o Funbio analisará a capacidade do quadro
    regulatório do projeto e das suas instituições em promover e apoiar um manejo de pragas
    seguro, efetivo e sustentável ambientalmente. Conforme necessidade, o Funbio recomendará a
    inclusão de componentes no projeto para fortalecer essa capacidade.
18. Os impactos potencias advindos das ações do projeto proposto em relação aos requisitos do
    Padrão Mínimo 5 (ver item V.5 da Política de Salvaguardas Ambientais e Sociais): Manejo de
    Pragas deve ser identificado e atribuído, em princípio, a uma das três categorias de salvaguardas
    a seguir:11
        1) Sem Impacto: Classes de ações pré-determinadas sem impacto no meio ambiente;
        2) Baixo Impacto: Classes de ações com impacto pouco significativo, tratadas com medidas
           apropriadas de mitigação. Essas ações consistem em impactos que são localizados, e
           alguns desses impactos, se existirem, são irreversíveis. Na maioria dos casos, medidas
           mitigatórias podem ser concebidas de forma mais eficiente se comparadas com projetos
           com Impacto Significativo. Uma Avaliação Ambiental e Social e um Plano de Manejo de
           Pragas são exigidos; e
        3) Impacto Significativo: Classes de ações com impacto significativo no meio ambiente que
           requerem Avaliação de Impacto Ambiental e Social e replanejamento do projeto. Essa

11
  As definições operacionais das categorias de salvaguarda foram baseadas na classificação de projeto do
Banco Mundial. Ver Política Operacional PO 4.01 – Análise Ambiental, revisada em abril de 2013 e disponível
em www.worldbank.org.br.

                                                     61
             categoria de impacto se caracteriza pelo dano irreversível, diversificado ou sem
             precedentes. Tais impactos podem afetar uma área maior do que os locais ou
             instalações em que se realizam os trabalhos propriamente ditos. Uma Avaliação de
             Impacto Ambiental e Social deve ser feita e um Plano de Gestão Socioambiental deve ser
             elaborado.
19. A classificação Sem Impacto ocorre quando o projeto proposto não envolve nem financia
    produtos de controle de pragas. Nesta hipótese, o restante deste Documento não é aplicável.
20. Um projeto classificado como de Baixo Impacto indica que as ações propostas são possíveis de
    causar impactos adversos pouco significativos no meio ambiente. É permitido que as ações dos
    projetos se iniciem mesmo quando o Plano de Manejo de Pragas esteja pendente de aprovação.
    Esse Plano de Manejo detalha as alternativas técnicas, econômicas e sociais para minimizar,
    mitigar, compensar e monitorar possíveis impactos adversos da implementação do projeto.
21. O conteúdo mínimo da estratégia do Plano de Manejo de Pragas deve abordar o uso seguro,
    efetivo e ambientalmente benigno de pesticidas. O objetivo disso é minimizar os efeitos
    adversos em organismos benéficos, em seres humanos e no meio ambiente. O PMP deve seguir
    a Classificação Recomendada de Pesticidas por Grau de Perigo, no documento da Organização
    Mundial de Saúde (OMS), e os seus Critérios para Classificação (Genebra; WHO 2009)12.
22. O Plano de Manejo de Pragas pode não ser exigido para ações que não causem impacto no meio
    ambiente físico e natural, ou para atividades de pesquisa que tenham um efeito limitado no
    meio ambiente físico e natural. No entanto, quando ocorrerem essas hipóteses, todas as
    condições abaixo são exigidas:13
        (i) Quantidades esperadas de produtos para controle de pragas não são significativas do
            ponto de vista ambiental ou da saúde;
        (ii) Não é necessário lidar com questões ambientais ou de saúde significativas relacionadas
             com controle de pragas;
        (iii) O projeto não inclui o uso de pesticidas ou outro controle biológico exótico em alguma
              área, ou não aumenta significativamente o nível de uso de pesticidas; e
        (iv) Produtos perigosos14 não são financiados.
23. Como dito no item 18.3, uma classificação de Impacto Significativo indica que as ações
    propostas pelo projeto são capazes de causar impacto significativo no meio ambiente, fazendo
    com que seja necessária uma Avaliação de Impacto Ambiental e Social completa. Ademais,
    tornam-se necessárias coleta e análise de dados adicionais, participação pública, e consulta aos

12
   Documento original disponível em http://apps.who.int/iris/handle/10665/44271
13
   BP 4.01, Anexo B – Formulário da EA para Projetos Envolvendo Manejo de Pragas, revisado em maio de 2011
e disponível em www.worldbank.org.
14
   Produtos perigosos incluem pesticidas listados na Classe Ia e Ib da Classificação Recomendada de Pesticidas
em Função do Perigo e Normas para Classificação da OMS (Genebra: WHO, 1994-1995); materiais listados na
Lista Consolidada das Nações Unidas de Produtos cujo Consumo e/ou Venda foram Banidos, Retirados do
Mercado, tiveram sua circulação “Severamente Restrita", ou não foram aprovados por Órgãos
Governamentais (Nova Iorque: ONU, 1994); e outros materiais que são banidos ou severamente restritos no
país mutuário por causa de perigos a saúde e ao meio ambiente (ver, caso exista, o registro nacional de
pesticidas do país). Definições retiradas da BP 4.01, Anexo C, disponível na página do Banco Mundial em
http://go.worldbank.org/OPCWLOST60.

                                                     62
     órgãos governamentais competentes para garantir a devida observância das normas legais
     brasileiras. A Avaliação de Impacto Ambiental e Social deve considerar os impactos
     socioambientais com ou sem o projeto, e recomendar ações para prevenir, minimizar, mitigar,
     ou compensar impactos adversos e para melhorar o desempenho ambiental.
24. Após a conclusão de uma completa Avaliação de Impacto Ambiental e Social por profissionais
    qualificados, o Ponto Focal institucional para Salvaguardas Ambientais determinará se existem
    recursos técnicos e financeiros suficientes para minimizar, mitigar, compensar e monitorar
    possíveis impactos adversos, ou se as ações propostas pelo projeto devem ser redefinidas.
25. O uso de pesticidas em um projeto deve observar os seguintes critérios:

           Ter efeitos adversos mínimos na saúde humana;

           Comprovação da efetividade desse uso no combate a espécies alvo;
           Ter efeitos mínimos no meio ambiente e em espécies que não são alvo;
           Os métodos, tempo e frequência da aplicação de pesticidas devem minimizar o dano a
            inimigos naturais da espécie alvo;

           Comprovação de que os pesticidas usados em programas de saúde humana são seguros
            para habitantes e animais domésticos das áreas tratadas, bem como para pessoas que
            aplicam esses produtos;

           O uso dos pesticidas deve considerar a necessidade de se prevenir o desenvolvimento
            de resistência em parasitas; e
           Os pesticidas devem ser fabricados, embalados, rotulados, manuseados, estocados,
            descartados e aplicados de acordo com padrões nacionais e internacionais.
26. Para promover o Manejo Integrado de Pragas (MIP) e garantir o uso seguro de pesticidas, as
    Ferramentas de Políticas do Banco Mundial para apoiar as tecnologias do MIP devem ser
    adotadas15 permitindo uma análise do contexto da política e capacidade institucional, e a
    identificação de ações potenciais a serem apoiadas.

4.3 CONSULTA
27. Para projetos de Baixo Impacto e Impacto Significativo, consultas a grupos impactados e
    organizações não governamentais (ONGs) sobre os aspectos ambientais do projeto devem ser
    conduzidas antes da avaliação do projeto. A visão dos consultados deve ser levada em conta
    quando da preparação do projeto. Esboços dos relatórios de Avaliação Ambiental e Social e de
    Avaliação de Impacto Ambiental e Social também devem ser submetidos a processos de
    consulta. Além disso, consultas aos grupos impactados devem ser conduzidas, quando
    necessário, durante toda a fase de implementação do projeto, com objetivo de abordar
    questões da Avaliação Ambiental e Social relacionadas a esses grupos.




15
 Guia de Manejo de Pragas do Banco Mundial – Ferramentas de Políticas, disponível na página do Banco
Mundial em http://go.worldbank.org/176NN01JC0

                                                   63
4.4 DIVULGAÇÃO
28. O conteúdo do Plano de Manejo de Pragas, junto com a documentação do processo de
    consulta, deve estar prontamente disponível na forma e em linguagem apropriadas para
    comunidades locais em momento anterior à avaliação do projeto. Os meios para a divulgação
    devem incluir publicação do material nos websites do Funbio e do proponente, bem como em
    versão impressa disponibilizada na localidade onde o projeto apoiado pelo GEF será
    implementado. Métodos adicionais de divulgação podem incluir reuniões com grupos das
    comunidades envolvidas, workshops em locais específicos, anúncios em rádio, panfletos,
    cartazes, e outros documentos físicos e mídias eletrônicas.

4.5 MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO
29. Além do processo de monitoramento de projetos realizado regularmente pelo Funbio, também
    será feito o monitoramento dos itens listados no Plano de Manejo de Pragas para os projetos
    que envolvam manejo de pragas. Esse processo de monitoramento específico dos itens do PMP
    será feito pelo proponente do projeto, com supervisão do Ponto Focal institucional para
    Salvaguardas Ambientais (que pode decidir contratar consultor externo para desempenhar essa
    função). O proponente do projeto deve envolver a participação das comunidades atingidas de
    forma colaborativa. Os resultados de cada ciclo de monitoramento devem ser comunicados em
    tempo hábil às comunidades atingidas.
30. As ações para manter e aumentar relações sólidas e eficientes com as comunidades atingidas
    devem incluir comunicação clara e expressa dos objetivos sociais envolvidos, bem como
    informação sobre os procedimentos a serem seguidos no uso e aplicação dos produtos.
31. O monitoramento e análise dos impactos advindos da aplicação de pesticidas para controlar
    pragas e parasitas devem ser analisados e comunicados.




                                              64
ANEXO I – PROGRAMA DE MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS16
1.   O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é uma abordagem efetiva e ambientalmente sensível para
     o manejo de pragas, que dispõe de uma combinação de práticas de senso comum. Programas
     de MIP utilizam informação atual e compreensível sobre o ciclo de vida de pragas e suas
     interações com o meio ambiente. Essa informação, combinada com métodos disponíveis de
     controle de pragas, é utilizada para manejar danos causados por pragas da forma mais
     econômica possível, e com a menor possibilidade de perigo para as pessoas, propriedades, e o
     meio ambiente.
2.   O MIP se aproveita de todas as opções apropriadas de manejo de pragas, incluindo, entre
     outras, o uso controlado de pesticidas. Cabe ressaltar que a produção de alimentos orgânicos
     aplica muitos dos conceitos de MIP, mas se limita a usar pesticidas que são produzidos de
     fontes naturais, se opondo a químicos sintéticos.
3.   O MIP não é um método único de controle de pragas, mas, sim, uma série de análises de
     manejo de pragas, decisões e controles. Ao aplicar o MIP, produtores que estão cientes do
     potencial de infestação de pragas seguem uma abordagem em quatro fases:
Estabelecer Limites de Ação
4.   Antes de tomar qualquer atitude para controle de pragas, o MIP estabelece primeiro um limite
     de ação, que é o ponto no qual populações de pragas ou condições ambientais indicam que
     uma ação para controle de pragas deve ser tomada. Avistar uma única praga não significa
     necessariamente que é preciso controle. O nível que demonstra que pragas irão se tornar uma
     ameaça econômica é crucial para guiar decisões futuras de controle de pragas.
Monitorar e Identificar Pragas
5.   Não são todos os insetos, ervas, e outros organismos vivos que requerem controle. Muitos
     organismos são inofensivos, e alguns são até mesmo benéficos. Os programas de MIP
     trabalham para monitorar pragas e identificá-las com rigor, para que, assim, decisões
     adequadas de controle sejam tomadas juntamente com limites de ação. Esse monitoramento e
     identificação retira a possibilidade do uso de pesticidas quando os mesmos não são realmente
     necessários ou de que o tipo errado de pesticida será usado.


Prevenir
6.   Como uma primeira linha de controle de pragas, os programas de MIP trabalham para gerenciar
     as plantações, áreas compostas por gramíneas ou na área interna do cultivo. O objetivo desse
     gerenciamento é evitar que pragas se tornem uma ameaça. Em um cultivo agrícola, isso pode
     significar o uso de métodos agrícolas como rotação entre diferentes culturas, seleção de
     variedades resistentes a pragas, e plantação de porta-enxertos livres de pragas. Esses métodos
     de controle podem ser muito eficazes, com custo eficiente e apresentar pouco ou quase
     nenhum risco às pessoas e ao meio ambiente.
Controlar

16
  Princípios obtidos no website da Agência de Proteção Ambiental dos EUA e disponível em
http://www.epa.gov/opp00001/factsheets/ipm.htm

                                                    65
7.   Se o monitoramento, a identificação e os limites de ação indicarem que o controle de pragas é
     exigido e que métodos preventivos não funcionam mais, ou estão indisponíveis, o programa de
     MIP então analisa o método de controle adequado para eficácia e risco. Os controles de pragas
     eficazes e menos arriscados são escolhidos primeiro. Nesta primeira escolha incluem-se
     químicos com poder de alvo elevado, tais como feromônios para interromper o acasalamento
     de pragas, e controles mecânicos, tais como armadilhas ou capina. Caso monitoramentos,
     identificações e limites de ação mais aprofundados indiquem que os controles menos arriscados
     não estão funcionando, métodos adicionais de controle de pragas devem ser empregados, tais
     como pulverização com pesticidas em alvos específicos. A última solução será o uso de
     pulverização geral com pesticidas não específicos.




                                               66
                                 ANEXO 4
          PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA RECURSOS CULTURAIS F�?SICOS




    PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA RECURSOS
               CULTURAIS F�?SICOS
                                       PO-05/2013

                       Unidade Responsável: Gestão de Programas




OBJETIVO:
Fornecer a metodologia e ferramentas para implementação da Política de
Salvaguardas Ambientais e Sociais no âmbito de Recursos Culturais Físicos.




ÂMBITO ORGANIZACIONAL:
Os procedimentos estabelecidos neste documento aplicam-se a projetos financiados
pelo GEF.




                                            67
VALIDAÇÃO
Versão Atual          Ação                                             Data
                      Aprovação                                        27 Mar2014
         2            Início da Vigência                               27 Mar 2014
                      Próxima revisão                                  Fev 2016


CONTROLE DE VERSÃO
Versão             Data                    Responsável              Situação
0.1                25 Nov 2013             Daniela Leite            Minuta
0.2                27 Nov 2013             Fernanda F. C. Marques   Revisado
1                  06 Dez 2013             Conselho Deliberativo    Aprovado
1.1                25 Fev 2014             Daniela Leite            Revisado
2                  27 Mar 2014             Rosa Lemos               Aprovado


DOCUMENTOS RELACIONADOS:
    •        P-21 Política de Análise (appraisal) e Seleção de Projetos;
    •        P-24 Política de Salvaguardas Ambientais e Sociais;
    •        PO-02 Procedimentos Operacionais para Povos Indígenas;
    •        PO-03 Procedimentos Operacionais de Avaliação de Impacto Ambiental e Social;
    •        PO-04 Procedimentos Operacionais para Proteção de Habitats Naturais;
    •        PO-06 Procedimentos Operacionais para Reassentamento Involuntário;
    •        PO-07 Procedimentos Operacionais para Manejo de Pragas; e
    •        PO-08 Procedimentos Operacionais para Sistema de Queixas, Controle             e
             Responsabilidade.




Privacidade
Este documento é público e está disponível no website do Funbio. Não pode ser editado ou
alterado sem consentimento prévio.




                                                    68
SUM�?RIO
1      Introdução .............................................................................................................. 51
2      declaração de princípios ........................................................................................ 52
3      estrutura institucional............................................................................................. 52
4      preparação e implementação do Projeto ............................................................... 53
    4.1      Definição .......................................................................................................... 53
    4.2      Triagem............................................................................................................. 53
    4.3      Divulgação........................................................................................................ 55
    4.4      Monitoramento e avaliação ............................................................................ 55
5      Introdução............................................................................................................... 59
6      Declaração de Princípios ......................................................................................... 59
7      Estrutura Institucional ............................................................................................ 60
8      Preparação e Implementação de Projeto ............................................................... 60
    8.1      Definições ......................................................................................................... 60
    8.2      Análise Prévia ................................................................................................... 60
    8.3      Consulta............................................................................................................ 63
    8.4      Divulgação ........................................................................................................ 64
    8.5      Monitoramento e Avaliação ............................................................................ 64
9      Introdução............................................................................................................... 70
10 Declaração de Princípios ......................................................................................... 70
11 Estrutura Institucional ............................................................................................ 70
12 Preparação e Implementação de Projeto ............................................................... 71
    12.1 Definições ......................................................................................................... 71
    12.2 Análise Prévia ................................................................................................... 71
    12.3 Consulta............................................................................................................ 73
    12.4 Divulgação ........................................................................................................ 73
    12.5 Monitoramento e Avaliação ............................................................................ 74




                                                                    69
1. INTRODUÇÃO
32. Este documento trata de Recursos Culturais Físicos – RCF, que são fundamentais para a memória
    e identidade da sociedade brasileira e para o desenvolvimento socioeconômico do país.
33. O Funbio reconhece a importância de se ter na casa políticas e práticas de salvaguarda de RCF,
    como parte integrante dos esforços envidados pela instituição para o desenvolvimento
    sustentável. Mesmo que o Funbio, por natureza, não apoie projetos que envolvam impactos
    significativos em recursos culturais físicos, é importante a identificação, da maneira mais clara
    possível, de possíveis impactos adversos causados pelos projetos. O objetivo é prevenir ou
    minimizar qualquer impacto adverso nestes recursos proveniente de projetos a serem apoiados,
    bem como minimizar riscos operacionais e à imagem do Funbio.
34. Para lidar apropriadamente com questões referentes a Recursos Culturais Físicos dentro de seu
    quadro institucional, o Funbio estabeleceu esta política específica, contendo (a) um conjunto de
    princípios para orientar seus trabalhos nesta matéria; (b) estruturas internas para fazer análise
    prévia, consulta e avaliação de projetos; e (c) regras para a concepção, implementação,
    monitoramento e avaliação de projetos envolvendo Recursos Culturais Físicos.


2. DECLARAÇÃO DE PRINC�?PIOS
35. O Funbio evita financiar projetos que possam causar danos diretos significativos aos Recursos
    Culturais Físicos, buscando ações alternativas para evitar, minimizar, ou compensar riscos de
    impactos.
36. O Funbio segue as recomendações e diretrizes da Convenção da Organização das Nações Unidas
    para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) que trata da Proteção do Patrimônio Mundial,
    Cultural e Natural (1972), bem como da Convenção para Proteção do Patrimônio Cultural
    Subaquático (2001).
37. O Funbio exige que todos os projetos apoiados cumpram com a legislação nacional, incluindo (a)
    o Art. 216 da Constituição Federal do Brasil de 1988 que trata do “patrimônio cultural
    brasileiro�?; (b) os Arts. 24, parágrafo VII, e 30, parágrafo IX, também da Constituição Federal,
    que estabelecem as competências da União, dos Estados e Municípios no que se refere à
    proteção, dentre outros, do patrimônio cultural brasileiro; e (c) normas expedidas pelo Instituto
    do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), órgão vinculado ao Ministério da Cultura
    (MinC).
38. Impactos em Recursos Culturais Físicos resultantes de atividades de projetos, incluindo medidas
    mitigadoras, não poderão infringir a legislação nacional ou outras obrigações aplicáveis
    provenientes de acordos e tratados internacionais.


3. ESTRUTURA INSTITUCIONAL
39. O Funbio terá uma pessoa da equipe designada como o Ponto Focal para as Salvaguardas
    Sociais. Essa pessoa é responsável pela coordenação, implementação e supervisão da Política de
    Salvaguardas dos Recursos Culturais Físicos.



                                                 70
40. O Funbio manterá um conjunto de especialistas ad hoc para lidar com Recursos Culturais Físicos,
    provenientes das áreas da antropologia, arqueologia, paleontologia, história, arquitetura,
    biologia e disciplinas correlatas. Esses especialistas desempenharão funções específicas para
    implementação da Política de Salvaguardas dos Recursos Culturais Físicos.


4. PREPARAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETO

4.1 DEFINIÇÕES17
41. Recursos Culturais Físicos (RCF): RCF são objetos móveis ou imóveis, sítios, estruturas, grupos de
    estruturas e características naturais e paisagens que têm significância arqueológica,
    paleontológica, histórica, arquitetônica, religiosa, estética, ou outra significância cultural.
    Recursos Culturais Físicos podem estar localizados em áreas urbanas ou rurais, e podem estar
    abaixo ou acima do nível do solo, ou submersos. O interesse cultural pode ser de nível local,
    regional, nacional, ou internacional.
42. Recursos Culturais Físicos são importantes como fontes de valor científico e informação
    histórica, como bens para o desenvolvimento socioeconômico, e como parte integrante da
    identidade e práticas da cultura das pessoas.
43. RCF são também conhecidos como “herança cultural�?, “patrimônio cultural�?, “bens culturais�?
    ou “propriedade cultural�?.

4.2 AN�?LISE PRÉVIA
44. Os proponentes de projetos precisam explicar se suas propostas envolvem, ou potencialmente
    impactam, Recursos Culturais Físicos. Essa informação será usada pelo Ponto Focal em
    Salvaguardas Sociais do Funbio para determinar se RCFs estão envolvidos, direta ou
    indiretamente, na proposta do projeto.
45. Ações propostas pelo projeto em relação aos requisitos mínimos do Padrão Mínimo 6 (ver item
    V.6 da Política de Salvaguardas Ambientais e Sociais): Recursos Culturais Físicos devem ser
    identificados e provisoriamente inseridos em uma das três categorias18:
         4)    Sem Impacto: Tipos de ações pré-determinadas que não têm impacto em recursos
              culturais físicos;
         5)    Baixo Impacto: Tipos de ações que têm impacto pouco significativo e que podem ser
              tratadas com as devidas medidas mitigatórias.           Impactos desse tipo afetam áreas
              específicas, e alguns deles, se existirem, são irreversíveis. Na maioria dos casos, medidas
              mitigatórias podem ser concebidas de forma mais eficiente se comparadas com projetos
              que tenham impactos significativos. Na hipótese de ações que geram baixo impacto,
              tornam-se necessários a Avaliação Socioambiental e o Plano de Gestão de RCF; e


17
   As definições foram retiradas da Política Operacional OP 4.11 – Recursos Culturais Físicos, revisado em abril
de 2013 e disponível em www.worldbank.org.
18
   As definições operacionais das categorias de salvaguardas foram baseadas na classificação de projetos do
Banco Mundial. Ver Política Operacional OP 4.01 – Análise Ambiental, revisada em abril de 2013 e disponível
em www.worldbank.org.

                                                       71
         6)     Impacto Significativo: Ações que geram impactos significativos em recursos culturais
               físicos são aquelas que requerem Avaliação Socioambiental e replanejamento do
               projeto. Impactos significativos consistem em impactos adversos (i.e. irreversíveis,
               diversificados ou sem precedentes) em recursos culturais físicos. Tais impactos podem
               afetar uma área maior do que os locais ou instalações em que se realizam os trabalhos
               propriamente ditos. Uma Avaliação completa de Impacto Socioambiental deve ser feita
               e um Plano de Gestão de RCF deve ser elaborado.
46. Se análises iniciais indicarem que Recursos Culturais Físicos não estão envolvidos no projeto
    proposto (Sem Impacto), o restante da política estabelecida neste documento não é aplicável.
47. Cabe ressaltar que projetos classificados como Sem Impacto são aqueles em que não se espera
    encontrar ou impactar Recursos Culturais Físicos. No entanto, em caso de “Descoberta
    Fortuita19�?, o proponente do projeto deve parar imediatamente os trabalhos que estão sendo
    conduzidos e notificar o Ponto Focal do Funbio para Salvaguardas Sociais. O Ponto Focal para
    Salvaguardas Sociais, ou o profissional contratado pelo Funbio para essa finalidade, deverá
    notificar o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) que, por sua vez,
    fornecerá as instruções cabíveis. Se necessário, o Funbio deverá preparar e executar atividades
    de salvamento e documentação. O proponente do projeto deve aguardar a resposta do IPHAN
    no sentido de dar prosseguimento ao projeto ou ter que fazer as modificações necessárias.
    Somente após a manifestação do IPHAN é que o proponente poderá preparar uma nova
    avaliação dos impactos do projeto, incluindo qualquer ajuste exigido (por exemplo, realocação
    do projeto, ou ajuste das atividades planejadas) e indicando em que categoria de impacto o
    novo projeto se enquadra. Posteriormente a essas mudanças, o proponente irá seguir as
    determinações da nova categoria de impacto na qual seu projeto se enquadra.
48. Projetos localizados dentro de, ou próximos a, locais com recursos culturais físicos - que
    envolvam escavações significantes, demolição, movimento na terra, alagamento, ou outra
    mudança ambiental; ou designados especificamente para fazer a gestão ou conservação de
    recursos culturais físicos - são revisados individualmente e devem ser classificados como de
    Baixo Impacto 20.
49. Projetos classificados como de Baixo Impacto requerem:
         (i)    Identificação de instituições públicas ou privadas, além do IPHAN, cujas finalidades
               sejam relacionadas com a preservação ou manutenção de RCF; e a definição, conforme
               exigência de cada caso, de uma estratégia a ser adotada para participação das partes
               envolvidas, levando-se em conta o papel específico de cada instituição.
         (ii) Plano de Gestão de Recursos Culturais Físicos, de acordo com os procedimentos
              estabelecidos pelo IPHAN, o qual inclui uma investigação e inventário dos recursos
              culturais físicos possíveis de serem afetados pelo projeto; documentação da importância
              de tais recursos culturais físicos; uma análise da natureza e extensão dos potenciais
              impactos nesses recursos, identificando ações cabíveis de prevenção, mitigação ou


19
   “Descoberta Fortuita�? é quando recursos culturais físicos são encontrados posteriormente ao início do
projeto.
20
    Critério de análise prévia retirado do BP 4.11 – Recursos Culturais Físicos, revisado em abril de 2013 e
disponível em www.worldbank.org.

                                                        72
           compensação de qualquer desses impactos, levando-se em consideração a preservação
           e conservação da herança cultural e buscando a adequação das ações planejadas do
           projeto; e um sistema de monitoramento; e
       (iii) Plano de Comunicações Sociais, para disseminar informações para comunidades locais,
             incluindo ações planejadas de mitigação ou compensação dos potenciais impactos do
             projeto.
50. Projetos classificados como de Impacto Significativo têm a possibilidade a priori de gerar
    impactos em recursos culturais físicos. Assim, todos os requisitos para um projeto de Baixo
    Impacto devem ser levados em conta, incluindo um Plano de Gestão de Recursos Culturais
    Físicos que contemple os procedimentos gerais exigidos pelo IPHAN, e, pelo menos, os seguintes
    critérios: Coleta de dados de base, indicação dos possíveis recursos culturais físicos a serem
    afetados pelo projeto e uma análise dos potenciais impactos do projeto nestes recursos, bem
    como elaboração de medidas mitigadoras. Medidas compensatórias também devem ser
    detalhadas. O custo estimado para implementação do Plano de Gestão dos Recursos Culturais
    Físicos deve ser incluído no orçamento do projeto.
51. Após a conclusão da Avaliação completa de Impacto Socioambiental, o Ponto Focal para
    Salvaguardas Sociais do Funbio determinará se existem recursos técnicos e financeiros
    suficientes para minimizar, mitigar, compensar e monitorar possíveis impactos adversos, ou se
    as ações propostas pelo projeto devem ser redefinidas.

4.3 CONSULTA
52. As consultas exigidas quando da Avaliação Socioambiental no âmbito dos Recursos Culturais
    Físicos devem envolver um projeto relevante que contemple grupos de interesse, autoridades
    governamentais ligadas ao contexto do projeto, e organizações não governamentais. O objetivo
    dessas consultas é documentar a presença e importância de recursos culturais físicos, avaliando
    os potenciais impactos e explorando opções de mitigação e prevenção. Métodos específicos de
    consulta podem variar dependendo da natureza e escopo do projeto proposto.

4.4 DIVULGAÇÃO
53. O conteúdo do Plano de Gestão dos Recursos Culturais Físicos deve seguir as orientações
    estabelecidas na política de salvaguardas do Funbio, e deve ser disponibilizada na forma e em
    linguagem apropriadas para comunidades locais em momento anterior à análise do projeto. Os
    meios para a divulgação devem incluir publicação do material nos websites do Funbio e do
    proponente, bem como em papel impresso na localidade onde o projeto financiado pelo GEF
    será implementado. Métodos adicionais de divulgação podem incluir reuniões com grupos das
    comunidades envolvidas, workshops em locais específicos, anúncios na rádio, panfletos,
    cartazes, e outros documentos físicos e eletrônicos.
54. Restrições na divulgação devem ser levadas em conta no caso de risco para a segurança ou
    integridade dos recursos culturais físicos envolvidos.




                                                73
4.5 MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO
55. Além do processo regular de monitoramento conduzido pelo Funbio para todos os projetos,
    também será feito o monitoramento dos itens listados no Plano de Gestão dos Recursos
    Culturais Físicos para os projetos que envolvam esses recursos. Esse processo de monitoramento
    específico dos itens do Plano de Gestão será feito pelo proponente do projeto, com supervisão
    do Ponto Focal em Salvaguardas Sociais do Funbio (que pode decidir contratar consultor externo
    para desempenhar essa função). O proponente do projeto deve envolver a participação das
    comunidades atingidas de forma colaborativa. Os resultados de cada ciclo de monitoramento
    devem ser comunicados tempestivamente às comunidades atingidas.
56. As ações para manter e aumentar relações sólidas e eficientes com as comunidades atingidas
    devem incluir comunicação clara e expressa dos objetivos sociais envolvidos, bem como
    informação sobre os procedimentos a serem seguidos para evitar, minimizar ou compensar
    impactos adversos em recursos culturais físicos.
57. O monitoramento e análise dos impactos adversos que o projeto pode ter em recursos culturais
    físicos devem ser avaliados e comunicados, e a efetividade das medidas de prevenção, mitigação
    e compensação deve ser estudada.




                                               74
                                  ANEXO 5
        PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA REASSENTAMENTO INVOLUNT�?RIO




       PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PARA
        REASSENTAMENTO INVOLUNT�?RIO
                                         PO 06/2013

                      Unidade Responsável: Gestão de Programas




OBJETIVO:
Estes procedimentos operacionais apresentam a metodologia e ferramentas
necessárias para a abordagem de questões de Deslocamento Involuntário e
Reassentamento Involuntário nos projetos do Funbio.




ESCOPO ORGANIZACIONAL:
Estes procedimentos aplicam-se aos projetos financiados pelo GEF.



VALIDAÇÃO
Versão Atual        Ação                                            Data
                    Aprovação                                       17 Abr 2014
         2          Início de vigência                              17 Abr 2014
                    Próxima revisão                                 Mar 2016




                                             75
CONTROLE DE VERSÕES
Versão                               Data                      Responsável                               Situação
0.1                                  22 Nov 2013               Daniela Leite                             Minuta
0.2                                  25 Nov 2013               Fernanda F. C. Marques                    Revisado
1                                    29 Nov 2013               Rosa Lemos                                Aprovado
1.1                                  11 Abr 2014               Daniel R. Gross                           Revisado
2                                    17 Abr 2014               Rosa Lemos                                Aprovado


DOCUMENTOS RELACIONADOS:
                   P-21 Política de Análise (appraisal) e Seleção de Projetos;
                   P-24 Política de Salvaguardas Ambientais e Sociais;

                   PO-03 Procedimentos Operacionais de Avaliação de Impacto Ambiental e Social;
                   PO-08 Procedimentos Operacionais para Sistema de Queixas, Controle                                                      e
                    Responsabilidades.


Privacidade:
Esse documento é publico e está disponível no website do Funbio. Não pode ser editado ou
alterado sem consentimento prévio.




SUM�?RIO
Sumário ........................................................................................................................... 76
I.      Introdução............................................................................................................... 77
II.     Declaração de princípios ......................................................................................... 77
III. Estruturas Institucionais ......................................................................................... 78
IV. Elaboração e implementação do projeto ............................................................... 78
      IV.1       Definições ......................................................................................................... 78
      IV.2       Seleção ............................................................................................................. 78
      IV.3       Desenho do Projeto.......................................................................................... 79
V.      Passo-a-passo no desenvolvimento de um plano de reassentamento ................. 82
VI. Divulgação ............................................................................................................... 83
VII. Monitoramento e Avaliação ................................................................................... 84
Anexo A: Termos de Referência para a preparação do PAR........................................... 85




                                                                        76
1. INTRODUÇÃO
     1. O Reassentamento Involuntário21, principalmente de populações de baixa-renda e demais
        populações vulneráveis, pode causar mudanças repentinas nos processos produtivos,
        culturais, econômicos e sociais adotados por esses grupos, com potenciais impactos que
        podem perdurar por gerações. O reassentamento afeta não apenas aqueles que são
        fisicamente removidos de uma área, como consequência de uma decisão externa que lhes
        foi imposta, mas também o restante da população, que pode vir a perder vizinhos e acesso a
        recursos, além dos moradores das regiões em que as populações removidas serão
        realocadas. A restrição ao acesso aos recursos naturais pode causar impactos adversos na
        subsistência das pessoas afetadas. O reassentamento é considerado involuntário em todos
        os casos onde pessoas afetadas não têm a opção de permanecer no local com o mesmo
        acesso aos recursos que tinham antes do projeto.

     2. O Funbio evitará apoiar projetos que implicam reassentamento involuntário significativo, e
        encoraja o redesenho do projeto sempre que possível, a fim de prevenir tais situações. Dos
        proponentes de projetos em que o reassentamento involuntário não pode ser evitado, será
        exigida a apresentação de um plano detalhado para a mitigação e/ou compensação dos
        impactos decorrentes, para curto e longo prazos.

     3. A fim de abordar de maneira adequada as questões de reassentamento involuntário dentro
        de seu quadro institucional, o Funbio definiu uma política específica sobre o tema,
        abrangendo (a) um conjunto de princípios para orientação do seu trabalho com a temática;
        (b) estruturas internas para a seleção, consulta e avaliação de projetos; e (c) normas para o
        desenho, implementação, monitoramento e avaliação de projetos envolvendo
        deslocamento involuntário e reassentamento.


2. DECLARAÇÃO DE PRINC�?PIOS
     4. Todo esforço deve ser empreendido a fim de evitar o reassentamento involuntário em
        projetos, e se inevitável, minimizar os seus impactos por meio de alternativas viáveis social,
        ambiental e tecnicamente. Perdas causadas por reassentamento involuntário devem ser
        compensadas de maneira a fornecer às pessoas afetadas a oportunidade de restaurar ou
        melhorar seus padrões de vida de antes do início do projeto.

     5. Projetos cujas atividades geram impactos nas populações locais, e exigem reassentamento
        involuntário ou medidas mitigatórias devido a restrição de acesso aos recursos naturais, não
        podem violar a legislação nacional ou outras obrigações no âmbito de relevantes tratados e
        acordos internacionais.

     6. O Funbio exige que todos os beneficiários dos projetos cumpram a legislação nacional,
        incluindo o Decreto 6.040/2007 – Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos
        Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT) e a resolução 001/86 do Conselho Nacional do
        Meio Ambiente – CONAMA. Lei 9985/2000 estabelecendo o Sistema Nacional de �?reas

21
  Conforme utilizado por agências de desenvolvimento internacionais, o termo “reassentamento involuntário�?
se refere a qualquer remoção de pessoas de suas terras ou restrição a acesso a recursos, para propósitos de
desenvolvimento.

                                                    77
        Protegidas – SNUC. Exceto em casos raros e extraordinários, povos indígenas não devem ser
        submetidos à reassentamentos involuntários.


3. ESTRUTURAS INSTITUCIONAIS
     7. O Funbio designou um membro da equipe como Ponto Focal para Salvaguardas Sociais. Esse
        membro é responsável pela coordenação, implementação e supervisão da Política de
        Salvaguardas para Reassentamento Involuntário da instituição.

     8. O Funbio manterá e recorrerá a uma equipe de especialistas na área de Reassentamento
        Involuntário. Tais profissionais serão dos ramos da antropologia, sociologia e disciplinas
        relacionadas, e proverão aconselhamento na implementação da Política de Salvaguardas
        para Reassentamento Involuntário.


4. ELABORAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO

4.1 DEFINIÇÕES
     9. O reassentamento involuntário ocorre quando a decisão de deslocar uma dada população
        de seu local de residência ou trabalho é tomada e imposta por um agente externo e quando
        não há possibilidade desta população permanecer no local. O termo é também usado para
        abranger aquisição de terras afetando a subsistência das populações, mesmo quando o
        deslocamento não ocorre22. O reassentamento involuntário pode ser causado por projetos
        de desenvolvimento cujo objetivo é a melhoria da saúde, renda, educação, conservação ou
        proteção do meio ambiente. O reassentamento é frequentemente associado com a perda de
        abrigo, terra, subsistência e acesso a recursos e serviços, entre outros.

     10. O reassentamento também se refere a um processo de mitigação dos impactos adversos e
        assistência às pessoas afetadas a fim de repor habitação e outros bens, e restaurar sua
        subsistência e acesso aos recursos e serviços a um padrão semelhante ou melhor do que as
        condições predominantes antes do projeto.

4.2 SELEÇÃO
     11. Os proponentes do projeto deverão divulgar claramente se quaisquer recursos alocados no
        Projeto, independentemente da fonte, poderão causar o reassentamento involuntário da
        forma descrita acima. Essa informação será usada pelo Ponto Focal do Funbio para as
        Salvaguardas Sociais, ou por consultores especialistas, independentes e qualificados, a fim
        de determinar se a Política de Salvaguardas para Reassentamento Involuntário é ameaçada
        pelo projeto proposto.

     12. Durante a seleção do projeto, a localização e o tamanho aproximado da população afetada
        devem ser identificados e a natureza de quaisquer impactos sobre a população
        determinados. A seleção deve determinar se uma comunidade afetada ocupa ou é adjacente


22
  Isso ajuda a explicar por que o relevante Padrão de Desempenho 5 do IFC, é intitulado "Reassentamento
Involuntário e Aquisição de Terras�?.

                                                    78
        a uma área protegida, terra indígena, terrenos públicos, terreno privado ou se os ocupantes
        da area possuem a posse consuetudinária não reconhecida ou aceita por um documento
        legal. Ocupantes informais (posseiros) devem ser identificados.

     13. Caso essa análise indique que o reassentamento involuntário não está envolvido no projeto
        proposto ou que este pode ser evitado, então o restante dessa política não será aplicável.

     14. Caso a seleção indique que o reassentamento involuntário ocorrerá de fato, ou muito
        provavelmente, o proponente deve elaborar um Plano de Ação de Reassentamento (PAR)
        ou, se o número de pessoas afetadas for menor do que 200, um Plano de Ação de
        Reassentamento Abreviado (PARA) deve ser apresentado antes de decisão final em relação a
        proposta de projeto. Caso o PAR não siga as diretrizes descritas neste documento, a
        proposta pode ser recusada ou adiada para uma deliberação posterior.

4.3 DESENHO DO PROJETO
     15. Os procedimentos salientados abaixo se aplicarão a todos os projetos que resultam em
        reassentamento involuntário, independentemente da fonte de financiamento, e mesmo se
        as ações específicas causadoras de deslocamentos involuntários são financiadas por fontes
        além do Funbio.

     16. O PAR ou o PARA deve ser preparado de acordo com as diretrizes abaixo e submetidas a
        revisão antes da avaliação final do projeto. O financiamento de um projeto envolvendo
        reassentamento involuntário não deve ser feito até que um PAR satisfatório seja entregue
        ao Funbio. Em alguns casos, onde claramente justificado, a implementação efetiva do PAR
        pode ser adiada para um momento mais apropriado, mas a apresentação de um PAR não
        pode ser adiada para o período de implementação23. Se necessário, um PAR que estiver
        atrasado ou adiado pode ser revisado segundo as condições alteradas, mas deve ser revisto
        e apurado pelo Funbio antes da implementação.

     17. Um consultor qualificado (empresa ou instituição), independente do proponente, elaborará
        um PAR. Enquanto um engenheiro ou outro especialista técnico podem ser capazes de
        elaborar um PAR, em geral, as qualificações do consultor devem incluir uma formação e
        experiência na área de ciências sociais24, além de especialistas – muito relevante – em
        agrimensura, legislação sobre terras, agricultura, ecologia, etc. As atividades básicas que
        apontam para a elaboração do PAR estão delineadas no Anexo A. Projetos com o objetivo de
        criar ou fortalecer áreas protegidas podem ser submetidos a procedimentos especiais a fim
        de garantir que não causarão grandes dificuldades às pessoas afetadas(verificar Anexo A).

     18. Projetos que envolvam retirar terras de pessoas dependentes das mesmas para a sua
        subsistência (p.e. fazendeiros, pastores, caçadores) serão preferivelmente desenhados de
        forma a fornecer um terreno apropriado em substituição à terra que foi retirada. Caso uma


23
   É reconhecidamente inconveniente preparar um PAR vários anos antes da sua implementação. No entanto,
é essencial que a população sujeita à política seja totalmente engajada e avisada da iminência de
reassentamento e aquisição de terras antes da aprovação do projeto. Se um período substancial de tempo
passar entre o censo e a implementação, pode ser necessário repetir o censo e levantamento sócio-
econômico. Não é aceitável adiar este compromisso por qualquer motivo.
24
   Sociologia, antropologia, sociologia rural e serviço social.

                                                  79
        solução de “terreno por terreno�? não seja possível para todos os casos, o PAR pode
        apresentar alternativas tais como o desenvolvimento de acordos de subsistência alternativa.
        Por exemplo, uma subsistência da pesca pode ser substituída por uma aquicultura; a
        agricultura dependente de água da chuva pode ser substituída pela agricultura irrigada em
        propriedades menores.

     19. A compensação em dinheiro pela terra apropriada pelo projeto pode ser considerada, mas
        deve ser abordada com cautela quando as pessoas afetadas têm pouca ou nenhuma
        experiência com administração de grandes quantias de dinheiro e podem não ser capazes de
        usar o recurso para a restauração de um sistema de subsistência viável. Em particular, a
        segurança alimentar pode ser ameaçada. Em tais casos, a compensação em dinheiro deve
        ser adotada apenas junto com uma medida de assistência aos beneficiários no planejamento
        do uso de sua compensação e após uma consulta apropriada às comunidades afetadas.

     20. Além da subsistência, o desenho do projeto deve considerar a organização social das
        comunidades afetadas. Comunidades mais desfavorecidas e tradicionais, geralmente são
        baseadas fortemente em recursos compartilhados, redes de apoio mútuo e laços baseados
        em parentesco, religião e outras instituições. Romper tais redes pode causar sérios
        problemas para uma comunidade. Por essa razão, é necessário que o especialista em
        reassentamento busque maneiras de evitar romper as redes sociais e, quando impossível,
        buscar a restauração de tais redes.

     21. Se não for viável evitar o reassentamento, medidas mitigatórias devem ser adotadas a fim
        de garantir que pessoas afetadas partilhem os benefícios do projeto. Projetos de
        Reassentamento devem ser concebidos como projetos de desenvolvimento, que contribuam
        para a redução da pobreza e a melhoria das condições de vida da população afetada. Estes
        grupos devem ser significativamente consultados25 antes da implementação do projeto e
        devem ter oportunidades de participar no planejamento e implementação dos programas de
        reassentamento.

     22. Projetos que acionam a salvaguarda de Reassentamento Involuntário requerem:
          (i)    A elaboração de um Plano de Ação de Reassentamento (PAR). O PAR possui as
                 informações necessárias para compreender as necessidades e preocupações das
                 populações afetadas e um desenho que garanta que esta população seja
                 compensada por suas perdas de forma rápida e justa , tais como: (a) que elas
                 tenham a oportunidade de retomar seus meios de subsistência aos mesmos níveis
                 ou a níves melhores em relação àqueles anteriores a implementação do projeto; (b)
                 que elas sejam assistidas durante a transição; e (c) que elas possam manter
                 relacionamentos, empregos e oportunidades de produção, bem como acesso a
                 serviços e recursos.
          (ii)   Uma revisão da legislação pertinente ao reassentamento e aquisição de terra. No
                 Brasil, a aquisição de terras privadas pelo Estado requer uma Declaração de

25
   Consulta significativa "refere-se a discussões culturalmente apropriadas com todos os segmentos das
comunidades afetadas (líderes, anciãos, jovens, mulheres, etc) e que oferecem a oportunidade de ouvir
diversas opiniões da população sobre o projeto. Significa também conduzir as discussões de forma que seja
culturalmente apropriada para a sociedade em questão.

                                                   80
            Utilidade Pública, geralmente pelo poder executivo, a partir da qual o Estado pode
            entrar em negociação com o proprietário da terra a fim de adquirir a mesma por
            meio de negociação ou expropriação. Se o projeto proposto não for executado pelo
            Estado, então pode não ser possível assegurar a Declaração de Utilidade Pública. Em
            tais casos, será necessário negociar com as partes afetadas a fim de adquirir ou
            ganhar acesso à terra que eles ocupam ou possuem. O Funbio não apoiará ou se
            associará a qualquer projeto que envolva a aquisição ou apreensão ilegal da terra.
            No caso de projetos envolvendo terras indígenas legalmente sancionadas pelo
            Governo Brasileiro, o proponente deverá obter a autorização da FUNAI e da
            população indigena afetada e obedecer às disposições da PO-02 Procedimentos
            Operacionais para Povos Indígenas do Funbio.
    (iii)   A participação da(s) comunidade(s) afetada(s) na formulação da PAR incluindo, na
            medida do possível, a oportunidade de escolher dentre as soluções alternativas para
            moradia, subsistência e localização.
    (iv)    Um plano para o monitoramento e avaliação da implementação do PAR, incluindo
            uma avaliação ex-post a ser desenvolvida quando o projeto tenha razoavelmente
            alcançado os seus objetivos.

23. No desenho dos projetos de reassentamento, o reassentamento temporário deve ser
   geralmente evitado, mas pode ser permitido quando for necessário que uma comunidade se
   afaste por um periodo limitado durante a implementação do projeto, e depois tenha a
   possibilidade de retornar ao lugar original quando essa etapa tiver sido finalizada.

24. Os projetos relacionados às �?reas Protegidas com restrições nos usos dos recursos, como
   estabelecido pela legislação nacional (Lei 9985/2000, Sistema Nacional de �?reas Protegidas
   – SNUC), devem basear-se nos processos participativos para planejamento e implementação
   e devem engajar as comunidades afetadas. Nos casos onde as pessoas serão privadas de um
   recurso do qual elas dependem para grande parte de sua subsistência, discussões devem
   focar em como substituir de maneira satisfatória aquele recurso na dieta ou repertório
   cultural da comunidade. Por exemplo, se os objetivos de conservação exigem que pessoas
   que      anteriormente pescavam em            uma área protegida recentemente criada
   interrompessem essa prática, estas poderiam ser treinadas e assistidas para criar peixes. O
   resultado das discussões com as comunidades privadas do acesso aos recursos é chamado
   de Estrutura/Quadro do Processo (E/QP). A EP descreverá as medidas acordadas com as
   comunidades que devem ser executadas para compensar de maneira sustentável as perdas
   de acesso aos recursos naturais. A EP incluirá o fornecimento de recursos necessários para a
   implementação do plano incluindo treinamento e equipamento. O desenho deverá ser
   robusto e sustentável em um futuro próximo. Caso seja apropriado, o EP será formalmente
   acordado entre a comunidade afetada e o proponente do projeto por meio da assinatura de
   um Memorando de Entendimento (MoU, em ingles).




                                            81
5. PASSO-A-PASSO NO DESENVOLVIMENTO DE UM PLANO DE
   REASSENTAMENTO
  25. Quando o reassentameno involuntário é inevitável, um censo das famílias afetadas e
     proprietários das terras deve ser conduzido a fim de descrever a composição familiar, fonte
     de subsistência e identificar suas respectivas características socioeconomicas, nível de
     educação, acesso a serviços básicos como saúde e educação, inventários de recursos
     naturais, bens e infra-estrutura disponíveis nas propriedades.

  26. Em paralelo ao censo, o inventário de bens deve ser conduzido incluindo medições
     relevantes para avaliar o valor da reposição de tais bens. Quando um domicílio ou outra
     infraestrutura funciona como um local de produção, loja de varejo ou provedor de serviços,
     é necessário estimar as receitas provenientes do negócio a fim de calcular a perda de lucro
     (os lucros cessantes) do negócio.

  27. A situação das areas para as quais as famílias serão realocadas e a “população anfitriã�?,
     também devem ser avaliadas, através de estudos e medidas de mitigação de impacto. Pode
     ser necessário, por exemplo, aprimorar ou expandir serviços como escolas que serão usadas
     pela população reassentada.

  28. Avaliações socioeconomicas devem indicar a metodologia a ser adotada, a fim de assegurar
     que as pessoas sendo reassentadas tenham a oportunidade de participar em todas as etapas
     do processo, especialmente na definição de benefícios compensatórios para os grupos mais
     vulneráveis. O critério utilizado para determinar tais benefícios deve ser claramente
     definido.

  29. Os Termos de Referência para a contratação do consultor para Reassentamento Involuntário
     estão detalhados no Anexo A.

  30. Uma análise do quadro legal deve ser também realizado, abrangendo os seguintes itens:
       (i)    O âmbito/escopo do poder de domínio eminente e a natureza da compensação a ela
              associados, em termos tanto da metodologia de avaliação como do prazo de
              pagamento;
       (ii)   Os procedimentos legais e administrativos, incluindo uma descrição das medidas
              disponíveis para pessoas deslocadas no processo judicial e o prazo normal para tais
              procedimentos, e quaisquer mecanismos de resolução de conflitos disponíveis que
              possam ser relevantes para o reassentamento no escopo do projeto;
      (iii)   o direito relevante (incluindo o direito costumeiro e tradicional) que rege a posse da
              terra, avaliação de ativos e perdas, compensação e os direitos de uso de recursos
              naturais; o direito pessoal/privado costumeiro relacionado ao deslocamento; as leis
              ambientais e a legislação de direito social;
      (iv)    leis e regulações relacionadas às agências responsáveis pela implementação das
              atividades de reassentamento;




                                               82
       (v)   lacunas, caso existam, entre as legislações locais abrangendo o domínio eminente e
             o reassentamento e a política de reassentamento do agente financeiro, e os
             mecanismos para preencher tais lacunas; e
      (vi)   quaisquer etapas legais necessárias para garantir a eficácia da implementação das
             atividades de reassentamento no âmbito do projeto, incluindo, conforme
             apropriado, um processo de reconhecimento de reivindicações de direitos legais à
             terra - incluindo alegações que decorrem do direito consuetudinário e do uso
             tradicional.

  31. O Plano de Ação de Reassentamento (PAR) deve considerar a complexidade e a extensão
     dos impactos do projeto na relação com as famílias envolvidas, e deve conter ao menos a
     informação indicada nos termos 25-30 deste documento.

  32. O PAR deve contemplar medidas mitigatórias e compensatórias que considerem o
     reassentamento como uma oportunidade para o desenvolvimento sustentável, garantindo
     condições de vida adequadas e acesso à serviços básicos, bem como a um ambiente
     equilibrado e saudável para as comunidades envolvidas, e identificar oportunidades que
     poderíam ser criadas para assegurar melhorias na renda e nas condições de ocupação das
     famílias reassentadas.

  33. Medidas para avaliar os impactos do reassentamento nas famílias afetadas devem
     considerar as suas características socioculturais e economicas. A metodologia empregada
     deve incluir todas as partes interessadas no planejamento das ações.

  34. Instituções governamentais e não-governamentais trabalhando com as comunidades
     afetadas devem ser identificadas e envolvidas no planejamento e na implementação do PAR.

  35. Uma avaliação ambiental deve ser conduzida nos locais onde as famílias serão reassentadas,
     indicando as medidas necessárias para a mitigação dos impactos nas áreas.

  36. Os projetos que causam restrições no acesso aos recursos naturais, tais como em parques e
     areas protegidas legalmente designados, devem seguir os mesmos procedimentos descritos
     acima. Em tais casos, onde a população afetada é privada de acesso a algum recurso do qual
     dependiam significativamente, o consultor responsável pelo desenho do projeto deve
     participar de negociações com as comunidades afetadas a fim de encontrar substitutos para
     o recurso em questão (ver parágrafo 24 acima do trecho sobre a formulação da Estrutura do
     Processo).


6. DIVULGAÇÃO
  37. O conteúdo do Plano de Ação de Reassentamento (PAR) deve seguir as diretrizes
     determinadas na Política de Salvaguardas Ambientais e Sociais do Funbio, e deve ser
     disponibilizado no formato e no idioma apropriados para as comunidades locais antes da
     análise do projeto. Os meios para tal divulgação devem incluir a publicação do material no
     website do Funbio e no website do proponente, bem como impresso (em papel) no local
     onde o projeto GEF será implementado. Outros métodos de divulgação podem incluir
     reuniões com os grupos das comunidades afetadas, workshops regionais, anúncios em rádio,


                                             83
     folhetos e outros documentos escritos e mídia eletrônica. Atender somente um único
     público-alvo geralmente não é suficiente para a divulgação.


7. MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO
  38. Além do processo regular de monitoramento de projetos realizado pelo Funbio para todos
     os seus projetos, para aqueles envolvendo Reassentamento Involuntário o monitoramento
     dos itens listados no Plano de Ação de Reassentamento também deverá ser conduzido. Esse
     aspecto do processo de monitoramento será executado pelo proponente do projeto com a
     supervisão do Ponto Focal de Salvaguardas Sociais do Funbio, que poderá também engajar
     consultores para acompanhar essa tarefa, e deve envolver a participação das comunidades
     de maneira colaborativa. Os resultados de cada ciclo de monitoramento devem ser
     comunicados em tempo hábil às comunidades afetadas.

  39. As ações para manter e aperfeiçoar a comunicação efetiva com a comunidade devem
     envolver uma expressão clara dos objetivos sociais implicados, assim como da informação
     sobre os procedimentos a serem seguidos, a fim de evitar, minimizar ou compensar os
     impactos decorrentes do Reassentamento Involuntário.

  40. O monitoramento e avaliação de impactos adversos das ações dos projetos gerados a partir
     do Reassentamento Involuntário devem ser acessados e comunicados, e a eficácia das
     medidas de prevenção, mitigação e compensação devem ser avaliadas.

  41. Nesse momento em que se espera que os objetivos do plano de reassentamento tenham
     sido alcançados, uma avaliação ex-post do projeto deve ser realizada. O principal foco dessa
     avaliação será na medida em que os meios de vida e da coesão social da população afetada
     tenham sido restaurados ou melhorados.




                                             84
           ANEXO A: TERMOS DE REFERÊNCIA PARA A PREPARAÇÃO DO PAR

 1.    Revisar a estrutura ou o contexto legal para a aquisição de terra por expropriação ou compra;
 2.    Tornar-se familiarizado com o projeto que exigirá o reassentamento ou a aquisição de terra;
       consulta ampla aos responsáveis pelo desenho do projeto proposto;
 3.    Delinear o polígono dentro do qual o projeto proposto impactará as pessoas;
 4.    Consultar amplamente e repetidamente as pessoas afetadas 26, a fim de explicar o projeto, e
       também entender suas preocupações e incorporar as suas preferências no PAR na medida do
       possível; é importante que os oficiais oriundos da agência proponente estejam presentes em
       tais consultas a fim de responderem com autoridade às questões e inquietudes. Todas as
       reuniões devem ser documentadas de acordo com o horário, local, frequência, tópicos
       discutidos e consensos alcançados ou questões deixadas em aberto;
 5.    Realizar um censo detalhado da linha de base da população afetada, incluindo o tamanho da
       família e composição, nível de renda e fontes, escolaridade, atividades econômicas, a
       participação em organizações religiosas e outros locais, tempo de residência na área, forma
       preferida de compensação; acesso aos principais serviços e instalações;
 6.    Compor um perfil padronizado e um banco de dados de cada família afetada, armazenado em um
       banco de dados pesquisável;
 7.    Preparar um inventário de ativos (móveis e imóveis) das áreas afetadas, incluindo informações de
       posse e uma descrição da casa ou outro ativo, fotografias de cada domicílio e outros edifícios,
       tipo de construção, tamanho, número de quartos, material de cobertura, etc;
 8.    Realizar um levantamento socioeconômico da área do projeto abordando os meios de vida
       (análise de fluxo de renda - renda anual de várias fontes), a identidade étnica, a estrutura
       familiar, organização das famílias e da comunidade, padrões de liderança, as organizações locais
       ativas na área, atividades religiosas, étnicas ou rivalidades religiosas, os conflitos existentes ou
       potenciais e estratégias planejadas para lidar com a perda e impacto esperado em decorrência do
       reassentamento;
 9.    Avaliar a Propriedade Comum e os recursos públicos utilizados pela comunidade afetada, tais
       como fontes de água, terras comuns nas comunidades, terras de pastagem, instalações de
       armazenamento, áreas de pesca, escolas, centros de saúde, cemitérios, centros comunitários,
       locais de cultos, transportes públicos, bancos, cooperativas, sistemas de água, estradas de
       aldeias, etc;
10.    Avaliar a disponibilidade de terras substitutas que sejam adequadas para compra ou aluguel




  26
    O termo "Pessoas afetadas " inclui a população de acolhimento, no caso em que uma área é designada para
  receber as famílias reassentadas. As preocupações das populações de acolhimento devem ser registradas e as
  medidas para atenuar as suas preocupações, como por exemplo, a superlotação das instalações escolares,
  devem ser projetadas.

                                                      85
11.    Fornecer uma explicação detalhada da metodologia de avaliação de ativos e taxas de
       compensação específicas, a descrição dos potenciais locais de reassentamento, caso relevantes, e
       possível infra-estrutura necessária no novo local (por exemplo, escolas, postos de saúde, etc)27;
12.    Após a conclusão do levantamento e do inventário de ativos, em conjunto com o gerenciamento
       de projetos, declarar uma data de corte após a qual os ativos adicionais e as melhorias aos ativos
       existentes não serão compensados;
13.    Criar uma matriz de elegibilidade, uma tabela mostrando as formas de compensação disponíveis
       para bens perdidos e os critérios de elegibilidade para cada benefício;
14.    Apresentar e debater a proposta do Plano de Reassentamento com a população afetada e outras
       partes interessadas e fazer os ajustes que venham a ser exigidos pelos participantes;
15.    Preparar um plano de implementação, levando em consideração todas as questões desta lista,
       incluindo uma lista detalhada das responsabilidades e obrigações e um cronograma para a
       realização da desapropriação. O calendário deve ser correlacionado com o calendário do projeto
       subjacente;
16.    Apresentar alternativas atuais para a restauração das atividades de subsistência da comunidade
       afetada com base na consulta às partes interessadas, dando atenção à igualdade de gênero e ao
       alojamento das necessidades especiais das pessoas vulneráveis na área do projeto (por exemplo,
       idosos, mães de crianças pequenas, pessoas com deficiência física ou mental);
17.    Fornecer uma tabela detalhada de arranjos institucionais para todos os passos necessários para
       implementar o plano de reassentamento, indicando a função de cada agência, arranjos legais e
       fonte de financiamento;
18.    Descrever quaisquer custos de transição necessários para cobrir os custos em movimento (se
       houver), apoio à segurança alimentar, treinamento de novos métodos de subsistência, assistência
       médica de emergência, etc;
19.    Desenvolver um mecanismo de denúncia adequado e que permita o julgamento de reclamações
       decorrentes da aquisição de terras e reassentamento; o mecanismo de denúncias deve ser bem
       divulgado e descrever as responsabilidades para o recebimento, registro, adjudicação, decisões
       implementadas, análise de recursos e atualização periódica do próprio mecanismo de denúncias;
20.    Apresentar uma estimativa de custo detalhada e a justificativa do orçamento para o
       reassentamento, a restauração das formas de subsistência utilizadas pelas comunidades
       afetadas, custos de transição, Monitoramento e Avaliação, incluindo custos administrativos28;
21.    Apresentar um plano de financiamento em concordância com o gerenciamento do projeto,
       indicando a fonte de financiamento para os custos do plano de reassentamento;

  27
     Tabelas oficiais são muitas vezes utilizadas por órgãos estaduais que atribuem valores a ativos específicos
  em casos de desapropriação para a construção de rodovias, etc. Essas tabelas são freqüentemente compiladas
  numa base regional ou estadual e não levam em conta os valores dos ativos conforme definido por mercados
  locais. Além disso, frequentemente estão desatualizadas. A metodologia de avaliação baseia-se em pesquisas
  de transações de compra e venda recentes na área do projeto proposto (se disponível) ou, se não estiver
  disponível, outro método adequado, que reflete o valor dos ativos de substituição, sem considerar a
  depreciação.
  28
     Nota: Os custos de implementação do plano de reassentamento devem ser incluídos na tabela de custo total
  do projeto e levadas em consideração na análise de viabilidade.

                                                       86
22.   Preparar um plano de monitoramento e avaliação que pode ser implementado pelo proponente
      para acompanhar o impacto e avaliar o resultado final do processo de desapropriação para as
      famílias afetadas com especial ênfase na restauração dos meios de subsistência originais.




                                                87
                                           ANEXO 6:
                                  METODOLOGIA UTILIZADA

Metodologia de pesquisa utilizada
O presente documento é fruto de vários meses de pesquisa realizada entre dezembro de
2016 e maio de 2017. As seguintes técnicas de pesquisa foram utilizadas na sua confecção:
(1) Revisão documental; (2) Análise legislativa; (3) Consultas cartográficas; e (4) Entrevistas e
visitas técnicas.
(1) Revisão documental: Foram revisados os documentos referentes aos temas de
salvaguardas, conservação da natureza, recursos florestais, povos indígenas e
desenvolvimento sustentável da: Fundação Nacional do �?ndio; Fundo Brasileiro para a
Biodiversidade; Ministério do Meio Ambiente; Global Environmental Facility; e Banco
Mundial. Consideração especial foi dada aos Procedimentos Operacionais do Programa
ARPA (fase II) e do Banco Mundial.
(2) Análise legislativa: Os principais decretos e leis das últimas duas décadas de relevância
para o projeto foram compilados. Isto foi seguido por uma compilação das políticas
nacionais em temáticas socioambientais com relevância para o projeto. A Lei do Sistema
Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) ocupou um lugar privilegiado na análise
legislativa por ser normativo para os processos de criação e gestão das distintas categorias
de áreas protegidas no país. A legislação sobre manejo florestal foi incorporada na análise
com ênfase na exploração e uso sustentável de produtos madeireiros e não madeireiros.
Normas e instrumentos internacionais – Convenção RAMSAR sobre as Zonas Húmidas de
Importância Internacional; Convenção CITES sobre o Comércio Internacional das Espécies da
Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção; Convenção 169 sobre os Povos
Indígenas e Tribais da OIT; e o Protocolo de Nagoya sobre Acesso a Recursos Genéticos e
Repartição Justa e Equitativa dos Benefícios Decorrentes de sua Utilização – foram
analisados.
(3) Consultas cartográficas: Um mapa orientador consultado foi o mapa de “�?reas
Prioritárias para a Conservação, Utilização Sustentável e Repartição de Benefícios da
Biodiversidade Brasileira�? do Ministério do Meio Ambiente. Outros mapas que subsidiaram
a confecção do documento foram: os mapas de “Terras Indígenas no Brasil�?
(https://ti.socioambiental.org); os mapas de “Unidades de Conservação no Brasil�?
(https://uc.socioambiental.org) e o Atlas Amazônia Sob Pressão.
(4) Entrevistas e visitas técnicas: Especialistas e técnicos de agências governamentais e de
organizações da sociedade civil com atuação na área foram visitados e entrevistados no
levantamento das informações. Outros especialistas procedentes do âmbito acadêmico e
das instituições de pesquisa referentes a temas relacionados às Unidades de Conservação e
às Terras Indígenas foram consultados para subsidiar e aprimorar o texto.

                                               88
                                         ANEXO 7
                                 LISTA DE ENTREVISTADOS


        Nome                                      Cargo                      Instituição
Adriana Moreira          Especialista Ambiental Sênior                     Banco Mundial
Adriana Ramos            Coordenadora – Programa de Política e Direito        Instituto
                         Socioambiental                                    Socioambiental
Agnes Velloso            Especialista (Ambiental)                          Banco Mundial
Alberto Costa            Especialista (Social)                             Banco Mundial
Carlos Alberto de        Diretor – Departamento de Conservação de              MMA
Mattos Scaramuzza        Ecossistemas (DECO); Secretaria de
                         Biodiversidade e Florestas
Fernanda Marques         Doações nacionais e internacionais                   Funbio
Fernanda Santos          Técnico Administrativo – Coordenação de              ICMBio
                         Projetos Especiais
Ilana Nina de Oliveira   Doações nacionais e internacionais                   Funbio
Leonardo Queiroz         Analista Ambiental (DECO)                             MMA
Marcelo Cavallini        Coordenador de Gestão de Conflitos Territoriais      ICMBio
                         – Coordenação-Geral de Gestão Socioambiental
Otávio Gadiani           Analista Ambiental (DECO)                             MMA
Raquel Almeida           Consultora                                        Banco Mundial
Campos
Rodrigo Vieira           Gerente - Conservação de Ecossistemas (DECO)          MMA
Thiago Barros            Coordenador de Fomento ao SNUC –                      MMA
                         Departamento de �?reas Protegidas (DAP)
Tiago Eli de Lima        Analista Administrativo – Diretoria de Ações         ICMBio
Passos                   Socioambientais e Consolidação Territorial em
                         Unidades de Conservação (DISAT)




                                                 89
                                  ANEXO 8
            DOCUMENTOS REFERENTES AO PROCESSO DE CONSULTA PÚBLICA

Apêndice 1 – Convite da Consulta Pública de Manaus, maio 2017
Apêndice 2 – Lista de Instituições Convidadas: Consulta Pública de Manaus, maio 2017
Apêndice 3 – Ata da Consulta Pública de Manaus, maio 2017
Apêndice 4 – Convite da Consulta Pública de Rio Branco, agosto 2017
Apêndice 5 – Ata da Consulta Pública de Rio Branco, agosto 2017
Apêndice 6 – Contribuições Consolidadas: Consultas Públicas de maio a agosto 2017




                                           90
Apêndice 1 – Convite da Consulta Pública de Manaus, maio 2017




                             91
  Apêndice 2 – Lista de Instituições Convidadas: Consulta Pública de Manaus, maio 2017

 UF/Sigla                                      INSTITUIÇÃO
AC          Secretaria de Estado de Meio Ambiente – SEMA/AC
AM          Secretaria de Estado do Meio Ambiente – SEMA/AM
AP          Secretaria de Estado do Meio Ambiente – SEMA/AP
MA          Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais – SEMA/MA
MT          Secretaria de Estado de Meio Ambiente – SEMA/MT
PA          Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade – SEMAS/PA
PA          Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade – Ideflor-bio
RO          Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental – SEDAM/RO
RR          Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento – SEPLAN
TO          Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos – SEMARH/TO
TO          Instituto Natureza do Tocantins – NATURATINS
ICMBio      Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio
CI          Conservação Internacional
            Comissão de gestores ARPA
            Pontos Focais do ARPA nos Órgãos Gestores
APIB        Articulação dos Povos Indígenas do Brasil
CIMI        Conselho Indigenista Missionário
FOIRN/AM    Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro
GTA         Grupo de Trabalho Amazônico
IEPE        Instituto de Pesquisa e Formação em Educação Indígena
IIEB-DF     Instituto Internacional de Educação no Brasil
IMAZON      Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia
ISA         Instituto Socioambiental
OPAN        Operação Amazônia Nativa
WWF         WWF - Brasil
CIR         Conselho Indígena de Roraima
COIAB/AM    Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira
CTI         Centro de Trabalho Indigenista
FUNAI       Fundação Nacional do �?ndio
TNC         The Nature Conservancy
OPAN        Operação Amazônia Nativa
IPAM        Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia




                                                 92
                Apêndice 3 – Ata da Consulta Pública de Manaus, maio 2017

                   CONSULTA PUBLICA - Projeto GEF PSAm – Salvaguardas
                                Manaus, Amazonas, dia 30/05/2017
   Auditório Senador João Bosco, Av. Mário Ypiranga, 3950, Parque Dez de Novembro, Manaus, anexo à
                       Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas – ALEAM.


O projeto “Paisagens Sustentáveis da Amazônia – Brasil�? (PSAM-Brasil) é parte do Programa
“Amazon Sustainable Landscapes�? (ASL) do Global Environmental Facility (GEF) que consiste de três
projetos nacionais (denominados “child projects�?) – Brasil (1), Colômbia (1) e Peru (2) – e um quarto
projeto desenhado para fomentar colaborações regionais na pan-Amazônia.
Alinhado com os objetivos estratégicos do GEF, o Projeto Paisagens Sustentáveis na Amazônia busca
melhorar a sustentabilidade dos sistemas de �?reas Protegidas, reduzir as ameaças à biodiversidade,
recuperar áreas degradadas, aumentar o estoque de carbono, desenvolver boas práticas de manejo
florestal e fortalecer políticas e planos voltados à conservação e recuperação. Partindo dos
resultados obtidos pelo diagnóstico socioambiental realizado no âmbito do PSAM-Brasil, foi
elaborada proposta de Marco de Gestão Socioambiental (MGSA) do Projeto, Marco de Políticas para
Povos Indígenas (MPPI), e Matriz de Processo.
No intuito de incentivar a sociedade e todas as partes interessadas a contribuir para a construção da
proposta de MGSA, MPPI e Matriz de Processo, foi realizada consulta pública presencial com
objetivo de delinear os principais procedimentos a serem seguidos pelo projeto bem como
identificar as medidas preventivas e mitigadoras dos potenciais impactos negativos e elaborar as
medidas para potencializar ou intensificar os impactos positivos. Foi realizada consulta pública em
formato virtual, com a disponibilização dos documentos e formulário na página do MMA e de
parceiros do projeto paisagens (CI, FUNBIO) e instituição de prazo para envio de contribuições. No
dia 30 de maio de 2017 foi realizada audiência pública presencial no anexo da Assembleia Legislativa
do Estado do Amazonas, em Manaus, que contou com 57 participantes representando entidades dos
governos federal e estaduais, ONGs e representantes de comunitários.
A Consulta Pública presencial teve seu início às 9h20. Na abertura foi realizada uma breve explicação
sobre a metodologia da consulta pública. Na sequência foi feita a apresentação do Thiago Barros
(DAP/SBio/MMA) sobre o projeto. A apresentação teve como foco explicar o Projeto PSAm em seu
contexto geral, seu arranjo, seus componentes e principais ações. Foi dado foco ao programa ARPA
como marco de execução do componente 1 do projeto, e apresentação dos componentes 2, 3, e 4.
Após a apresentação a palavra foi concedida aos participantes que fizeram os seguintes comentários
e sugestões:
Francisco de Souza (Peba) – FOPEC - comunitário, extrativista, membro do conselho da
biodiversidade e representante da FOPEC (Fórum Permanente de Defesa das Comunidades
Ribeirinhas de Manaus): Não viu nada claro para consolidar a gestão compartilhada entre os entes
governamentais e a população local. E também acha importante que esse projeto se preocupe com
ações em longo prazo para elaboração política e não seja modificado com as mudanças de gestão.
NESTOR LOURENÇO – Embrapa Amazônia Oriental - Não viu relação com outras políticas públicas.
PNATER e PLANAPO por exemplo não são citadas nada no projeto, e o MMA faz parte do conselho
do PLANAPO. O tema da agricultura sustentável por exemplo é desarticulado das outras políticas.
Existe um processo histórico que não pode ser esquecido. Não sabe se foi falta de articulação ou se
foi intencional esse esquecimento.

                                                 93
Em resposta Thiago Barros relatou que no documento tem citação das políticas relacionadas
(PLANAPO) e estamos em diálogo com a SEDR/MMA (Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento
Rural Sustentável) também para estreitar esses laços.
Luizinho -SEMA -AM - acrescentou que no estado do Amazonas por exemplo vão trabalhar bem
nesse sentido de continuidade das ações.
Na sequência foi realizada a apresentação específica das políticas de Salvaguardas do Projeto, pelo
consultor Paul Little.
O consultor apresentou o que são as salvaguardas de modo geral, porque é importante desenvolver
esses marcos. Em essência o objetivo é identificar os impactos positivos e negativos do projeto e
construir mecanismos de responsabilização por esses impactos. A seguir apresentou em linhas gerais
os documentos elaborados para as Salvaguardas que foram o principal objeto de análise nessa
consulta pública.
Sobre o Marco de Gestão Socioambiental apresentou os seus objetivos (diagnóstico socioambiental,
identificação de impactos positivos, identificação de potenciais impactos negativos, medidas de
prevenção e mitigação, delineamento de medidas de salvaguardas e consulta pública) e ao tratar do
seu arcabouço legal abordou as políticas nacionais socioambientais, os impactos positivos previstos,
os potenciais impactos negativos, a lista de verificação socioambiental e as políticas de salvaguardas.
Em Relação ao Marco de Políticas para os Povos Indígenas abordou os seus objetivos, o arcabouço
legal, os procedimentos para consulta aos povos indígenas, os planos de ação para povos indígenas e
a sobreposição de Terra Indígena (TI) e Unidade de Conservação (UC).
No que diz respeito à Matriz de Processos, foram apresentados os Planos de Ações de
Desenvolvimento Sustentável (PADS) e os Acordos Comunitários de Pesca.
Após a apresentação a palavra foi concedida aos participantes que fizeram os seguintes comentários
e sugestões:
Enio Botelho - IPAAM – Não viu diretamente à pesquisa dentro de UC, nem de incentivo à pesquisa
em UC. Nem apoio às políticas de ordenamento territorial. Queria saber se o fortalecimento
institucional dos órgãos estaduais está incluído o estado do Amazonas.
Thiago Barros respondeu que há apoio principalmente em relação à implementação do código
florestal. Que a pesquisa está prevista no marco referencial do ARPA, que permite e estimula
pesquisa em UCs que visem ganhos para a gestão da UC. Existem procedimentos específicos que são
seguidos pelo ICMBio e órgãos gestores. A pesquisa não é destacada como um possível impacto mas
pode ser integrado caso exista interesse.
Luizinho -SEMA -AM - respondeu que no Amazonas a parte do CAR dentro do projeto está forte e
visa o fortalecimento institucional dos órgãos. Estão prevendo também ações de recuperação com
SAFs.
Vitor Soviete FAS – No item 3.5 da matriz de processo fala dos indicadores, mas não os apresenta.
No 3.6 no registro de queixas pensar que telefone e internet é muito pouco acessado no interior do
estado. Por isso pensar em outros mecanismos como cartas e 0800 para facilitar isso. Outro item é
na questão das políticas públicas e outros níveis de subsídios que possam existir nas UCs para evitar
sobreposição.
Rafael – FUNAI Manaus – Esse programa é uma readequação ao ARPA? Qual é a modalidade de
execução do projeto? Qual o papel das ações para povos indígenas? Qual nível de participação dos
indígenas?
Thiago em resposta retomou o contexto do projeto apresentado e falou que as ações com povos
indígenas só ocorrerão quando estiverem em áreas com sobreposição ou onde as TI forem entorno

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de UC. Os PPI têm função de melhorar a gestão territorial local que articule TI e UC para ações de
cooperação para melhorar gestão territorial e ambiental. Projetos do PPI em torno de R$200 mil. A
complementariedade entre FUNAI e MMA em Brasília está acontecendo através de um projeto da
USAID (US$ 10 milhões). A participação dos indígenas nas ações do projeto é dentro dos conselhos
gestores das UCs de uso sustentável onde os indígenas têm assento. Na revisão das cadeias de
resultados vamos envolver mais atores (indígenas, CR da FUNAI) para estar juntos.
NESTOR – Embrapa Amazônia Oriental – A questão do manejo de praga é muito pontual. Alterar o
manejo de pragas para o manejo de agroecossistemas. O problema da agricultura é o manejo dos
agroecossistemas de modo integrado não só as pragas. Por exemplo, perigo com a contaminação
com transgênicos em UCs e Tis em áreas que estão próximas das grandes plantações. Sentiu falta do
TIRFA (Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos para Alimentação e para a Agricultura),
pois é uma coisa importante de ser integrada nas salvaguardas. UCs tem que ser livre de
transgênicos.
Além disso sugeriu mudar a redação do imperativo em partes dos documentos. O MMA está se
responsabilizando por coisas que ele não tem governança (principalmente nas questões indígenas,
nos estudos prévios de possíveis impactos). Como será tratada a questão da sobreposição UC e TI?
Thiago respondeu que essa nomenclatura de manejo de pragas é do Banco Mundial para
salvaguardas em todos os países por isso foi usado. Sobre o papel do Ministério, como o MMA é o
responsável pelo projeto ele é responsável pelos impactos deste, seu dever é identificar essas
questões e direcionar para que as medidas necessárias sejam endereçadas aos órgãos responsáveis
caso os impactos venham a se consumar (FUNAI, IPHAN, etc.). Sobre a questão da sobreposição isso
era deixado de lado pelo ARPA e agora estamos querendo solucionar as questões de modo
cooperativo e integrado. Ainda não sabemos o que isso vai refletir futuramente (se em redução de
área de UC, de TI, ou outro ajuste de gestão como gestão conjunta, etc). Isso tudo vai ser decidido
caso a caso com os atores responsáveis (FUNAI, SPU, MMA, ICMBio, estados, etc.). É um ponto de
partida que o projeto está se propondo a dar. Mas talvez seja mais interessante a gestão
comunitária pois o cenário político pode entender a desafetação de áreas como uma porta de
entrada para continuarem fazendo isso.
Luizinho -SEMA -AM - destacou que temos que sentar juntos e dialogar mesmo. Por exemplo no
estado do Amazonas o parque da Serra do Aracá está passando por esse conflito de território que
precisa ser equacionado. Por isso o projeto é interessante pois pode fornecer apoio para solucionar
esse tipo de conflito.
Francisco de Souza (Peba) – comunitário, extrativista, membro do conselho da biodiversidade e
representante da FOPEC (Fórum Permanente de Defesa das Comunidades Ribeirinhas de Manaus):
Sentiram contemplado a maior parte das questões afetas às comunidades ribeirinhas. Uma coisa
que ficou insatisfeito é o pouco tempo de 5 dias para poderem discutir no local e depois trazer as
contribuições. Eles agradecem o ARPA mas querem mais apoio e sentem faltam de estarem mais
atuantes e participativos na definição das atividades do projeto e também nessa versão das
salvaguardas.
Thiago respondeu que o prazo se encerra, mas havendo contribuições da comunidade e da RDS nós
nos prontificamos a incorporar possíveis ajustes e contribuições que vierem depois do prazo. O
documento é vivo e poderá ser ajustado com o tempo.
Lorenza – WWF – Sentiu falta no contexto de falar da pesca predatória que é uma grande ameaça.
Também é preciso diferenciar a dinâmicas de agropecuárias na região (grande e pequeno) pois são
estratégias muito distintas. Focar também no entorno das UCs para evitar esse avanço agropecuário.

                                                95
O Ordenamento territorial deve ser melhorado como estratégia para evitar grilagem e conversão de
uso da terra. Também é preciso caracterizar o conceito de paisagens que estamos trabalhando. As
partes de mecanismos financeiros, participação está interessante, mas a parte de governança está
muito oculta no documento. É preciso destacar a governança do projeto e como ela deve refletir na
perenidade das ações do projeto em longo prazo. Além disso o projeto fala de SAF mas não fala de
sistema agrosilvopastoril também para responder a estratégia de avanço da pecuária.
Thiago respondeu que o arranjo de gestão do projeto já existe e está definido em documentos do
projeto, mas não nesses documentos das salvaguardas. O arranjo do ARPA já visa essa perenidade
das ações, existindo várias camadas de governança (conselho, comitê de gestores, fórum técnico,
painel científico) e esse projeto vai continuar focando nisso.
Miqueias – SEMA – Não viu ações focadas em queimada e em eventos extremos (como as cheias),
que são eventos muito importantes na região. Documento deve tratar isso de alguma forma. Como
trata de paisagem isso deve ser considerado.
Thiago respondeu que a ideia do documento do projeto é ser bem generalista e por isso de fato não
temos nada disso escrito (estratégia para não fechar demais as possibilidades de ação), mas que na
matriz lógica do projeto essa questão aparece. O detalhamento do Plano de Trabalho pode chegar
em ações como essas de manejo do fogo caso isso apareça nas regiões de implantação do projeto.
Luizinho - SEMA-AM - destacou que incialmente o estado do Amazonas tinha previsto ações de
agricultura sem queima mais na área do Rio Negro que é fora da área do projeto e por isso não
entrou. Mas realmente essas questões são um desafio que deve ser enfrentado, reduzir a
degradação por meio das queimadas. O estado tem intenção de submeter para o Fundo Amazonas
uma estratégia para queimadas por isso não está nesse projeto GEF. Acrescentou que o Estado do
Amazonas possui um plano estadual de combate à queimada, contando com um conselho bastante
atuante.
Alexandra – IPAAM – tem acompanhado a um tempo as políticas que o governo federal tem
executado junto com o estadual e parabeniza o fato de o federal estar atuando com o estado para
definir essas ações. Não viu muito o componente econômico na apresentação, só o socioambiental.
O fomento à produção sustentável tem que ser trabalhado. Tem que incluir o fator econômico nas
propostas. O governo do estado está trabalhando a matriz econômica de desenvolvimento
sustentável e precisa ser melhorado e fortalecido. Também tem o ZEE que dá diretrizes para o
desenvolvimento regional.
Thiago respondeu que estamos fazendo essa construção com os parceiros de execução para
conseguir ter essa visão mais local que não conseguimos ter no nível federal e isso será feito
continuamente durante a execução do projeto. O Foco do projeto é garantir ações estratégicas para
a gestão da paisagem e que sejam estruturantes e permanentes os impactos dessa ação.
Luizinho – SEMA – AM – disse que a SEMA ainda não socializou com outros atores estaduais as
atividades que foram desenhadas. Agora com o refinamento da oficina de julho pensam em depois
compartilhar isso. Mas de modo geral o componente da matriz econômica está presente nas ações
previstas (cadeias de fitofármacos, biocosméticos, não madeireiros, concessão florestal, manejo
comunitário, cadeias pesca, açaí, etc.). A Alexandra coordenou o ProreSAF e pode ser um apoio
nosso.
Bosco – SEMA – o Projeto vai ser só dentro de UC? Trabalhar zonas de amortecimento? E como vai
atuar nas áreas de interstício de UCS? Na questão dos acordos de pesca existem regulamentações
estaduais e eles sempre pactuam as regras consensuais entre todos, mas sempre tem um respaldo
com legislação (federal e estadual) que tem ações de comando e controle. De fato, isso não está no

                                               96
acordo de pesca, mas este deve fazer referências às leis que devem ser seguidas. Também nos
acordos atuais tem manuais que tratam dessas infrações e penalidades.
Thiago respondeu que o importante no documento sobre o acordo de pesca é destacar que o poder
de polícia e fiscalização é do estado e que os acordos não podem sobrepor isso. Sobre a previsão de
trabalhar fora de UCs ela também existe. Estamos vendo no componente 2 como trabalhar dessa
forma nas cadeias e nas áreas privadas (apoio a regularização ambiental, recuperação, capacitações,
etc.).
Roberto Vizentin – Consultor CI – Falou que serviu o MMA em épocas que não tinham equipe
técnica (analistas servidores) e fica feliz de ver que hoje a equipe existe e é qualificada. Sugestão de
que é necessário ampliar as consultas públicas para os atores que estão envolvidos nas questões
dessa consulta (documentos de salvaguardas). Os indígenas e povos tradicionais não estão presentes
aqui na consulta e eles precisam saber disso. Além disso, essa consulta é regional e não está
cumprindo esse papel pois está só praticamente atores do estado do Amazonas. Principalmente
para dar voz de fato aos atores sociais mais afetos a esse tema. Precisa inclusive mudar o formato
dessa consulta para que ela funcione mesmo. Sobre aspectos referentes ao texto, na pg. 4 e 5 do
documento marco socioambiental que fala das ameaças (diversas) e depois fala da estratégia do
projeto, a aliança é com comunidades tradicionais, ongs, etc. Ou seja, os setores mais importantes
na geração de impactos na Amazônia (agropecuária, mineração, energia, etc) estão só na
contextualização, mas não são envolvidos como atores econômicos na estratégia do projeto. Com
isso a possibilidade de o programa não atingir de fato os fatores hegemônicos de causa da
degradação da Amazônia são grandes e pode acontecer do projeto atingir de forma marginal esses
vetores de degradação.
Thiago respondeu que de fato nesse primeiro momento não temos ações mais focadas nesses
setores econômicos vetores da degradação. Estamos prevendo melhorar isso nas ações das cadeias
de resultados e modelo conceitual do projeto (oficinas nos estados). Entendemos que precisamos
ter esse nível de ação, até mais político, com esses setores e precisamos ver qual a melhor forma.
Aqui no Amazonas a oficina será realizada no começo de Julho. Sobre a realização de consultas em
outras áreas vamos levar isso para análise e ver se conseguimos.
Francisco de Souza (Peba) – comunitário, extrativista, membro do conselho da biodiversidade e
representante da FOPEC (Fórum Permanente de Defesa das Comunidades Ribeirinhas de Manaus):
Solicitou a participação das comunidades na execução do ARPA, nas reuniões do Plano Operacional.
Thiago indicou que este ano a elaboração do Plano Operacional será realizada localmente com a
participação dos atores locais.

Com isso as 12h foi encerrada a consulta pública reforçando a importância da participação dos
atores para garantir a boa execução do projeto e o fortalecimento das políticas ambientais na
região. Foi destacado que o documento ainda se encontrava aberto pra contribuições e é um
documento que deve ser continuamente melhorado. Foram repassados os prazos estabelecidos para
as contribuições. Foi feito o agradecimento final a todos os participantes.




                                                  97
Apêndice 4 – Convite da Consulta Pública de Rio Branco, agosto 2017




                                98
              Apêndice 5 – Ata da Consulta Pública de Rio Branco, agosto 2017

                Ata da 2ª Consulta Pública aos Documentos de Salvaguardas do
                          Projeto Paisagens Sustentáveis na Amazônia
 Rio Branco, AC, 01 de agosto de 2017. Auditório da Procuradoria Geral do Estado, Av. Getúlio Vargas, 2852,
                                         Bosque, CEP: 69.900-589


Em 01/08/2017, foi realizada a 2ª consulta pública ao Marco de Gestão Socioambiental e ao Marco
de Políticas para Povos Indígenas no âmbito das salvaguardas do Projeto Paisagens Sustentáveis
da Amazônia, no Auditório da Procuradoria Geral do Estado, Av. Getúlio Vargas, 2852, Bosque,
CEP: 69.900-589 - Rio Branco, AC. Nesta ocasião, a Unidade de Coordenação do Projeto desenvolveu
esforço adicional de modo a garantir a mobilização e participação de representação de populações
indígenas, um dos grupos sociais potencialmente beneficiários do Projeto, e cuja participação não se
concretizou durante a 1º consulta pública, realizada em 30 de maio de 2017, em Manaus/AM. A
Consulta Pública foi conduzida pelo Coordenador de Geral do Departamento de Recursos Externos
da Secretaria Executiva, Thiago Barros, e pelo analista ambiental Leonardo Correia, do
Departamento de Ecossistemas da Secretaria de Biodiversidade.
         Na consulta Pública foram registrados 32 presentes (ver lista de presença anexo), sendo 18
indígenas, provenientes de 06 etnias e 10 povos indígenas distintos. Diferentes instituições que
representam os interesses dos povos indígenas também se fizeram representar, sendo elas:
Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), Associação Dos
Produtores Kaxinawa Da Aldeia Paroa (APROKAP), Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB),
Comissão Pró-�?ndio do Acre (CPI/AC), Associação Do Movimento Dos Agentes Agroflorestais
Indígenas Do Acre (AMAAIAC), Organização Dos Agricultores Kaxinawa Na Terra Indígena Colonia 27
de Tarauacá (OAKATI27), Organização dos Povos Indígenas do Rio Tarauacá (OPITAR), Organización
Nacional de los Pueblos Indígenas de la Amazonia Colombiana (OPIAC).
         A reunião teve início às 14:00 hs, sendo inicialmente apresentados os antecedentes e o
escopo do projeto, os seus componentes, os principais eixos de atuação e as regiões onde o projeto
irá atuar. Em seguida foi feita apresentação com os principais pontos dos documentos em consulta
pública: Marco de Políticas para Povos Indígenas, Marco de Gestão Socioambiental e Matriz de
Processo. As apresentações serviram de base para as discussões que ocorreram até as 17:30 horas.
         A percepção geral dos presentes é de que o Projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia é
uma iniciativa importante para o desenvolvimento sustentável da região e que já existem algumas
iniciativas relacionadas ocorrendo. Nesse sentido, o projeto tem potencial para somar aos esforços
já existentes e ampliar ainda mais as boas experiências. Inclusive, as iniciativas já existentes podem
servir como referência para orientar as ações a serem executadas pelo projeto. Foi destacado
também que projeto pode servir como articulador para promover e fortalecer o intercâmbio das
experiências entre os diversos atores envolvidos.
         Foi exposto também que um dos gargalos ainda existentes para os indígenas na Amazônia é
a formação de técnicos para qualificar a sua atuação junto às próprias comunidades e em face às
situações verificadas em seu território, uma vez que isso vem ocorrendo em muito pequena escala.
Solicitou-se, portanto, o apoio do projeto para apoiar a formação de técnicos, possibilitando a troca
de conhecimentos e uma atuação compartilhada.
         Um ponto questionado pelos representantes indígenas foi a ausência de representantes do
ICMBio, dos gestores das UCs e da Funai na consulta Pública, atores fundamentais para a discussão

                                                    99
mais ampla. Em resposta, foi explicado que tanto o ICMBio quanto a Funai haviam sido convidados,
porém como já houvera a participação dessas instituições na primeira consulta em Manaus, tais
instituições podem ter se sentido já contempladas com as discussões anteriores.
         Outro ponto criticado pelos indígenas foi o curto prazo que eles tiveram para analisar os
documentos e oferecer contribuições. Foi colocado que o ideal seria cada representante indígena
levar a discussão para seus grupos e depois aportar as sugestões e contribuições. Além disso, foi
colocado que o documento traz linhas muito gerais, o que dificulta a visualização de sua aplicação no
território. A este respeito, foi esclarecido pela organização da reunião que os documentos em
consulta definem as bases para que a implementação do Projeto ocorra com o menor impacto
negativo possível sobre o meio ambiente e comunidades envolvidas, sendo naquele momento
identificar se os possíveis impactos foram identificados, e se as medidas de prevenção e mitigação
propostas são satisfatórias. Foi informado ainda que os documentos em consulta são passíveis de
serem atualizados ao longo da execução do projeto, sendo solicitado esforço dos presentes para
levar a discussão para os demais interessados e enviar a coordenação do projeto assim que possível
reflexões e contribuições adicionais às já apresentadas na reunião de consulta presencial.
         Apesar do Projeto Paisagens Sustentáveis na Amazônia ser voltado para a conservação e uso
sustentável da biodiversidade, as Terras Indígenas não estão entre as áreas prioritárias de atuação
do projeto. Foi comentado pelos indígenas que é muito pouco contar apenas com as salvaguardas
do projeto, seria necessário um componente no projeto voltado especificamente para a
implementação de PGTAs (Planos de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas) em Terras
Indígenas. Em resposta, foi comentado que de fato o PSAM não tem como foco de atuação, e que
estas serão inseridas mediante avaliação estratégica por parte dos beneficiários diretos do Projeto
quanto a forma de alcance dos resultados descritos na matriz de resultados do Projeto. Porém, foi
lembrado que existe a possibilidade de se elaborar projeto específico para a questão indígena, além
de outros projetos já em execução que desenvolvem ações diretamente relacionadas a políticas para
povos indígenas, como o caso do Projeto Recursos Biológicos da Amazônia, em cooperação com a
USAID, que destina um componente inteiro para o desenvolvimento de ações relacionadas a
implementação da PNGATI e desenvolvimento de ações produtivas em Terras Indígenas.
         Outro ponto que foi abordado foi a necessidade de se trabalhar as questões relacionadas a
equidade de gênero. Foi verificado que na própria Consulta Pública havia uma grande maioria de
representantes do sexo masculino. Assim, foi solicitado que houvesse uma preocupação com a
equidade de gênero nas atividades a serem realizadas pelo projeto, assim como nas consultas
públicas que vierem a acontecer.
         Um comentário geral que foi feito com relação ao documento “Marco de Políticas para
Povos Indígenas�? diz respeito ao próprio título do documento. Como o projeto não teria o objetivo
de trabalhar em territórios indígenas e a consulta está relacionada apenas às salvaguardas aos povos
indígenas e não a políticas específicas para eles, foi comentado que não é coerente ter no título o
termo “políticas para povos indígenas�?. A sugestão dada é que se usasse o termo “políticas com
povos indígenas�?.
         Por fim, foi comentado pelos indígenas que eles têm interesse em divulgar o trabalho que
vem sendo desenvolvido em suas comunidades e que iniciativas complementares, a exemplo desse
projeto, são muito bem-vindas pois facilitam o intercâmbio de informações e a formação de uma
rede voltada ao uso sustentável da biodiversidade e a utilização de práticas sustentáveis.
         A reunião encerrou-se às 17:30 hs, e a presente Ata foi lavrada por Leonardo Correia, e
revisada por Thiago Barros.

                                                100
   Apêndice 6 – Contribuições Consolidadas: Consultas Públicas de maio a agosto 2017

Documento     Número do         Proposta de novo        Justificativa para a     Avaliação UCP         Reflexo no
            subitem/página    texto para o subitem        modificação ou                               MGSA, MP e
                                                           exclusão do                                   MPPI
                                                              subitem
MGSA        Quadro 3; p.16    Uso público - Turismo                            * verificar no        Foi acrescentado
                             está como "potenciais                             documento,            texto na tabela
                             impactos negativos",                              avaliar contexto,     de impactos
                             no entanto, este pode                             eventualmente         positivos sobre
                             ser o trabalhado como                             ajustar.              geração de renda
                             fortalecimento para a                                                   pelas atividades
                             conservação.                                                            de turismo
MGSA        3.4.1; p.14      Concessão de               Terminologia           Verificar emprego     O texto foi
                             reflorestamento: Onde     inconsistente.          dos termos            modificado para
                             estão essas floras                                reflorestamento e     explicar melhor a
                             degradas e qual área                              restauração ao        nova modalidade
                             ocupam? Floresta                                  longo do              de concessões de
                             degradada significa                               documento e           reflorestamento
                             que ainda resta                                   substituir.           e seu uso. Uma
                             vegetação florestal em                            Não existe            definição do
                             pé, então aqui não                                experiências de       termo
                             cabe o termo                                      concessão para        restauração foi
                             reflorestamento se                                restauração. As       incluída em nota
                             aplicaria nas áreas                               ações iniciais do     de rodapé.
                             desmatadas. Seriam                                Projeto buscaram
                             então aplicáveis                                  identificar as
                                                                               informações e
                                                                               modelar arranjo
                                                                               possível,
                                                                               considerando
MGSA        3.1; pp.4-5      Incluir/detalhar no       Para                    Verificar e incluir   Outras ameaças
                             contexto                  manter/clarificar       contexto.             à integridade da
                             socioeconômico            links entre             Não há definição      floresta
                             ameaças: pesca            ameaças, cadeia de      consenso para o       amazônica foram
                             predatória, falta de      resultado e teoria      termo Paisagem.       incluídas no
                             ordenamento               da mudança.                                   texto.
                             territorial (grilagem),
                             pecuária convencional
                             grande e pequena
                             escala. - Todos os
                             documentos: Incluir
                             definição de
                             "paisagem".
MGSA        3.1; p.6         Repensar a divisão dos                            * verificar grupos-   Texto modificado
                             grupos, pois na                                   alvo como             para incorporar o
                             Amazônia os                                       beneficiários, e      comentário.
                             moradores de UC                                   tornar redação
                             podem não se                                      mais geral.
                             enquadrar somente
                             em um grupo
MGSA        3.1; p.5         Refletir sobre como       Para                    Relacionado com       Um parágrafo foi
                             incluir ordenamento       manter/clarificar       conceito do termo     acrescentado
                             territorial;              links entre             Paisagens             indicando como
                                                       ameaças, cadeia de                            o projeto
                                                       resultado e teoria                            pretende
                                                       da mudança.                                   coordenar os
                                                                                                     seus esforços
                                                                                                     com as outras
                                                                                                     políticas públicas
                                                                                                     para o meio
                                                                                                     ambiente.

                                                       101
MGSA        1.; p.3     Refletir sobre os 4        Para manter/           Relacionado com      Uma definição do
                        pilares da paisagem        clarificar links       conceito do termo    termo paisagem
                        (governança, bem-          entre ameaças,         Paisagens            foi incluída nos
                        estar, conservação,        cadeia de resultado                         três documentos.
                        necessidades dos           e teoria da
                        setores econômicos) e      mudança.
                        revisar detalhamento
                        das "ações"
MGSA                    Em caso de criação de
                        UCs que tenham
                        populações em seu
                        território, decretar a
                        criação de Ucs de uso
                        sustentável
                        prioritariamente. Isso
                        deve estar explícito nas
                        salvaguardas.
Matriz de   3.5; p.9    Quais são os               A métrica,             Verificar se o       O texto foi
Processo                indicadores de             metodologia e          documento            modificado para
                        desempenho e               periodicidade de       contempla os         incluir as equipes
                        resultados?                coleta e análise são   pontos elencados.    responsáveis
                                                   cruciais para testar                        pelo
                                                   performance e                               monitoramento e
                                                   aportar melhorias                           avaliação.
Matriz de   3.6; p.10   Incluir 0800                A exclusão do         Incluir endereço     Uma tabela foi
Processo                Incluir meios não-         amazônida              de                   incluída com os
                        eletrônicos: cartas e      prejudica a            correspondência,     contatos para
                        reuniões in loco.          comunicação,           além de telefone e   MMA e Funbio:
                                                   principalmente         email da             endereço de
                                                   com comunidades        UCP/MMA e das        correio;
                                                   isoladas;              agências             telefones; fax;
                                                   Baseada na             executoras.          endereço
                                                   experiencia do         Avaliar custo de     eletrônico
                                                   Bolsa Floresta,        manter uma linha
                                                   incluir mais meios     0800 para o
                                                   e formas de            Projeto em 6 anos,
                                                   comunicação com        vis-à-vis o número
                                                   os beneficiários       de queixas que se
                                                                          espera receber.
Matriz de   pg. 4       "Tenham de modificar
Processo                algumas de suas
                        práticas e técnicas
                        tradicionais ou de
                        subsistência" - isso
                        deve estar casado com
                        os planos de gestão
                        territorial e ambiental
                        das TIs quando houver
                        esse instrumento.
MPPI                    Recomendo um                                      Não é impacto do     Sem relação com
                        diálogo, forte, franco,                           Projeto. Pode ser    os documentos
                        com as organizações                               avaliado como        em consulta.
                        indígenas e as                                    ação a ser
                        organizações de                                   desenvolvida pelo
                        populações                                        Projeto.
                        tradicionais
MPPI                    Alterar de "Marco de                                                   O título do
                        Políticas para Povos                                                   documento foi
                        Indígenas" para                                                        alterado para
                        "Marco de Políticas                                                    Marco de
                        com Povos Indígenas"                                                   Políticas com
                                                                                               Povos Indígenas


                                                   102
MPPI   pag. 11 - Item    Depois de tais como                                   O benefício de
       3.7 - parágrafo   inserir "fortalecimento                               fortalecimento
       1°                de intercâmbios entre                                 de intercâmbios
                         povos indígenas e                                     foi acrescentado
                         comunidades do
                         entorno...".
MPPI   pag. 8            Acrescentar a seguinte                                Uma nova
                         diretriz: "Incluir e                                  diretriz foi
                         considerar os atores                                  acrescentada ao
                         locais indígenas da                                   documento
                         categoria dos Agentes
                         Ambientais Indígenas
                         que está em
                         desenvolvimento em
                         outros estados (no
                         caso do Acre, os
                         Agentes Agroflorestais
                         Indígenas)".
MPPI                     Implementar                                           Uma ação de
                         condições de recursos                                 apoio técnico ou
                         para elaborar os planos                               financeiro à
                         de gestão em Terras                                   elaboração de
                         Indígenas que ainda                                   PPIs foi incluída
                         não fez ou não tem.
MPPI                     Colher as ações já                                    Sem relação com
                         realizadas ou em                                      os documentos
                         andamento das Terras                                  em consulta.
                         Indígenas e povos dos
                         estados do Acre, em
                         parceria com a CPI/AC.
PAD                       Incluir na parte               Já existe MR de       Sem relação com
                         financeira, um                  pesquisa no           os documentos
                         componente específico           Programa ARPA.        em consulta.
                         para pesquisas nas UC.
                         Resultado; Auxiliar
                         tecnicamente as
                         tomadas de decisões
                         pelos órgãos gestores.

PAD                      Expandir acesso de              O Programa ARPA       Sem relação com
                         comunicação; Exemplo            já apoioa a           os documentos
                         do voip (IcmBio),               aquisição de          em consulta.
                         ampliar para todas as           manutenção de
                         UC apoiadas pelo                equipamentos e
                         ARPA.                           infraestrutura
                                                         básica para as UCS.
                                                         As necessidades
                                                         de comunicação
                                                         são avaliadas e
                                                         endereçadas por
                                                         cada UC, em
                                                         alinhamento com
                                                         as diretrizes de
                                                         cada órgão gestor.




                                                   103
PAD   Geral - No Plano                 * as ações do         Sem relação com
      Nacional de                      projeto serão         os documentos
      Agroecologia e                   planejadas e          em consulta.
      Produção organica                monitoradas em
      (PLANAPO) há os eixos:           linha com diversas
      conservação de                   políticas públicas,
      recursos naturais,               tais como a
      conhecimento, terra e            PLANAPO.
      território,
      comercialização e
      consumo. Neste plano
      de paisagens terá que
      ter municípios
      agroecológicos.
PAD   Criar dentro das UC de                                 Sem relação com
      conservação da                                         os documentos
      Amazônia áreas livres                                  em consulta.
      de transferência, pois
      nesta UC se encontra
      recursos genéticos, da
      agrobiodiversidade por
      exemplo variedades
      tradicionais de milho.
      O uso de tecnologia
      agroecológica deve ser
      incentivado.
PAD   Cuidar das áreas de                                    Sem relação com
      entorno das UC, com                                    os documentos
      uso de práticas e                                      em consulta.
      processos que cortem
      o uso de agrotóxicos,
      de irrigação excessiva
      de adubação química
      excessivo, a fim de
      proteger as áreas de
      intersecção entre UC´s
      e os produtores rurais.
PAD    Elaborar uma agenda                                   Sem relação com
      com instituições de                                    os documentos
      ensino de pesquisa                                     em consulta.
      para se levar as
      tecnologias
      apropriadas para as
      UC´s;
      Dialogo com o comitê
      gestor do arranjo
      agricultor sem queima
      da Amazônia da
      EMBRAPA.
PAD   É preciso integrar a             Não é impacto do      Sem relação com
      proposta ao conjunto             Projeto. Pode ser     os documentos
      de esforços de                   avaliado como         em consulta.
      implementação do                 ação a ser
      TIRFFA no Brasil. Para           desenvolvida pelo
      proteger as variedades           Projeto.
      tradicionais e o direito
      do agricultor




                                 104
PAD    Incluir item para         Mapear possíveis     Tais ações serão     Sem relação com
      mapeamento de             sombreamentos e       incluídas no plano   os documentos
      políticas públicas,       sinergias dentro do   de ação para         em consulta.
      financiamento e           território.           coordenação e
      subsídios na                                    monitoramento do
      determinada UC.                                 Projeto.
       Incluir item para
      mapeamento de
      atividade e projetos de
      organizações parceiras
      (ONG).
PAD   Fortalecer conceito de    Para                  Relacionado com      Sem relação com
      governança                manter/clarificar     conceito do termo    os documentos
                                links entre           Paisagens            em consulta.
                                ameaças, cadeia de
                                resultado e teoria
                                da mudança.




                                105