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SÉRIE




        Estudo    de modelos de gestão de serviços de
     abastecimento de água no meio rural no        Brasil
                  Parte I: Relatório   principal

Juliana Garrido
 Wilson Rocha
Martin Gambrill
 Heitor Collet
A Série Água Brasil do Banco Mundial apresenta, até o momento, as seguintes publicações:

      1. “Estratégias de Gerenciamento de Recursos Hídricos no Brasil: Áreas de Cooperação com o Banco Mundial”
      Autor: Francisco Lobato da Costa
      2. “Sistemas de Suporte à Decisão para a Outorga de Direitos de Uso da Água no Brasil”
      Autores: Alexandre M. Baltar, Luiz Gabriel Todt de Azevedo, Manuel Rêgo e Rubem La Laina Porto
      3. “Recursos Hídricos e Saneamento na Região Metropolitana de São Paulo: um Desafio do Tamanho da Cidade”
      Autora: Mônica Porto
      4. “Água, Redução de Pobreza e Desenvolvimento Sustentável”
      Autores: Abel Mejia, Luiz Gabriel Todt de Azevedo, Martin P. Gambrill, Alexandre M. Baltar e Thelma Triche
      5. “Impactos e Externalidades Sociais da Irrigação no Semi-Árido Brasileiro”
      Autores: Alberto Valdes, Elmar Wagner, Ivo Marzall, José Simas, Juan Morelli, LilianPena Pereira e Luiz Gabriel
      Todt de Azevedo
      6. “Modelos de Gerenciamento de Recursos Hídricos: Análises e Proposta de Aperfeiçoamento do Sistema do
      Ceará”
      Autor: Francisco José Coelho Teixeira
      7. “Transferência de Água entre Bacias Hidrográficas”
      Autores: Luiz Gabriel Todt de Azevedo, Rubem La Laina Porto, Arisvaldo Vieira MélloJúnior, Juliana Garrido
      Pereira, Daniele La Porta Arrobas, Luiz Correa Noronha e Lilian Pena Pereira
      8. “Impacto das Mudanças do Clima e Projeções de Demanda Sobre o Processo de Alocação de Água em Duas
      Bacias do Nordeste Semiárido”
      Autores: Eduardo Sávio P. R. Martins, Cybelle Frazão Costa Braga, Erwin De Nys, Francisco de Assis de Souza
      Filho e Marcos Airton de Souza Freitas
      9. “Desafios da gestão social dos perímetros públicos de irrigação: uma avaliação de experiências no Nordeste
      do Brasil”
      Autores: Octavio Damiani e Erwin De Nys
      10. “Monitor de Secas do Nordeste, em busca de um novo paradigma para a gestão de secas”
      Autores: Eduardo Sávio P.R. Martins, Erwin De Nys, Carmen Molejón, Bruno Biazeto, Robson Franklin Vieira
      Silva e Nathan Engle
      11. “Segurança de barragens: engenharia a serviço da sociedade”
      Autores: Maria Inês Muanis Persechini, Paula Freitas, Erwin De Nys e Carlos Motta Nunes
      12. “Plano de Gestão do Hidrossistema Cruzeta: A modernização do Perímetro irrigado como exemplo de
      pequenos perímetros irrigados no Nordeste do Brasil”
      Autores: Luis Nicolás, Loyola, Erwin De Nys, Paula Freitas, Celia López Quintian e Carlos Nobre
      13. “Estudo de modelos de gestão de serviços de abastecimento de água no meio rural no Brasil”
      Autores: Juliana Garrido, Wilson Rocha, Martin Gambrill, e Heitor Collet


Para acesso às publicações, visite o site: http://www.worldbank.org/pt/country/brazil/brief/brazil-publications-agua-
brasil-series-water
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        Estudo    de modelos de gestão de serviços de
     abastecimento de água no meio rural no        Brasil
                  Parte I: Relatório   principal

Juliana Garrido
 Wilson Rocha
Martin Gambrill
 Heitor Collet
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        Estudo   de modelos de gestão de serviços de
    abastecimento de água no meio rural no        Brasil
                 Parte I: Relatório   principal


                         Juliana Garrido
                          Wilson Rocha
                         Martin Gambrill
                          Heitor Collet




                          Brasília, DF
                          Maio de 2016
                      BIRD – Banco Mundial
                                           © Banco Mundial - Brasília, 2016

As opiniões, interpretações e conclusões aqui apresentadas são dos autores e não devem ser atribuídas, de modo
algum, ao Banco Mundial, às suas instituições afiliadas, ao seu Conselho Diretor, ou aos países por eles representados.
O Banco Mundial não garante a precisão da informação incluída nesta publicação e não aceita responsabilidade
alguma por qualquer consequência de seu uso.

É permitida a reprodução total ou parcial do texto deste documento desde que citada a fonte.


             Banco Mundial
             Estudo de modelos de gestão de serviços de abastecimento de água no meio rural no Brasil
             – 1ª Edição – Parte I
             Brasília – 2016
             112p.
             ISBN: 978-85-88192-24-9
             I - Autores: Garrido, Juliana; Rocha, Wilson; Gambrill, Martin ; Collet, Heitor


                                        Coordenação da Série Água Brasil 13
                                                     Juliana Garrido

                                                        Impressão
                                                 Qualytá Gráfica Editor

                                            Criação de Identidade Visual
                                       Marcos Rebouças - TDA Desenho & Arte

                                            Projeto Gráfico Série Água 13
               Carlos Eduardo Peliceli da Silva - Vértice Sociedade Civil de Profissionais Associados

                                                     Fotos da Capa

                                             Wilson Rocha e Heitor Collet

                                                    Banco Mundial
                                                 SCN Quadra 2 Lote A
                                       Ed. Corporate Financial Center, 7º andar
                                             70712-900 - Brasília - DF, Brasil
                                                  Fone: (61) 3329-1000
                                               www.bancomundial.org.br
                         Comentários e sugestões, favor enviar para: jgarrido@worldbank.org
                                                                                                 13




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                             Agradecimentos


O
        s autores gostariam de agradecer o apoio financeiro oferecido pelo Programa de Parceria
        pela Água (Water Partnership Program — WPP) e seus três principais doadores — os
        governos dos Países Baixos, do Reino Unido e da Dinamarca — sem o qual a realização
do estudo não teria sido possível.

Os autores agradecem aos colegas do Banco Mundial pelas suas contribuições à preparação desta
publicação, em especial aos revisores: Oscar Alvarado (durante a preparação), Glenn Pearce-Oroz,
Peter Kolsky e Miguel Vargas (durante a finalização); e aos colegas que tiveram ativa participação
durante as discussões sobre o estudo: Maria Angelica Sotomayor, Thadeu Abicalil, Lizmara
Kirchner, Lilian Pena, Fatima Amazonas, Ignacio Urrutia, Catherine Lynch, Edward Bresnyan,
Diego Arias, Paula Freitas, Willow Latham, Elisabeth L. Kleemeier, Tesfaye Bekalu, Nicholas J.
Pilgrim, Smita Misra, Pierre Francois-Xavier Boulenger, Ella Lazarte, Oscar Castillo, Mercedes
Zevallos, Jean-Martin Brault, Erwin De Nys, Sylvestre Bea, Josses Mugabi e Sameh Wahba.
Agradecemos também as contribuições relevantes da revisora Monica Bicalho (Coordenadora
da Câmera Técnica de Saneamento Rural da ABES) e da Carmen Molejón, pelo grande apoio e
incentivo na finalização do documento.

Os autores agradecem pela gentil colaboração dos técnicos entrevistados, pelas pesquisas de campo
realizadas e pelos participantes da oficina de discussão representando as seguintes entidades: na
Bahia: SEDUR, CERB, CAR/Produzir/PCPR, CENTRAL/Seabra e Associações de Lagoa de
Santa Rita, Pau D’Alho e Jaraguá; no Ceará: GESAR/CAGECE, SDA, SISAR/Acopiara, Programa
São José/PCPR, Associações de Morada Nova e Transual; em Minas Gerais: DVSR/COPASA,
COPANOR e Associações de São José de Almeida e Silva Campos; no Paraná: ASR/SANEPAR e
Associações de São João da Graciosa, Mundo Novo de Saquarema e Saltinho; em Pernambuco:
SRHE, SEDAR, PROMATA e PRORURAL, Associações de Vila Conceição, Borracha, Saue e Sítio
do Souza; no Piauí: SISAR/Picos, PROSAR-PI, PCPR e Associações de Roque, Nova Esperança,
Barriga e Bom Princípio; no Rio Grande do Norte: SEMARH, CAERN, CONISA, Associações
de Caatinga Grande e Lagoa da Onça; em São Paulo: SABESP e ABES-SP; no Governo Federal:
FUNASA, Ministério da Saúde, Ministério da Integração Nacional e ANA.

Por fim, agradecemos a Michele Martins, Renata Franco, Carolina Abreu, Adriana Moraes e
Wanessa Matos pelo apoio logístico; Barbara Farinelli e Abdoulaye Sy, pelo apoio na elaboração do
questionário de satisfação; Vinicius Rego, pelo apoio no levantamento de algumas das informações
de 2013 e 2014; a Carlos Eduardo Peliceli da Silva, pelo trabalho de qualidade no design gráfico;
e à Qualytá Gráfica Editor, pela cuidadosa impressão dessa série.


	v
Vice-Presidente, Região da América Latina e Caribe
Jorge Familiar Calderón

Diretor para o Brasil
Martin Raiser

Diretora Senior, Departamento de Água
Jennifer Sara (interina)

Gerente, Departamento de Água para a Região da América Latina e Caribe
Wambui Gichuri

Coordenador de Operações de Infraestrutura
Paul Procee

Equipe de Água do Banco Mundial com atuação no Brasil
Antonio Rodríguez Serrano, Carmen Molejón, Jean-Martin Brault, Juliana Garrido, Lizmara
Kirchner, Oscar E. Alvarado, Paula Freitas, Thadeu Abicalil, e Thierry Davy




vi 	
                                                                                                  13




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                                 Apresentação


O
        Brasil abriga o maior reservatório de água doce do planeta, com cerca de 20% do total.
        Tal abundância de recursos hídricos, no entanto, convive com uma desigualdade na
        distribuição espacial e temporal de água, acarretando impactos negativos para o
desenvolvimento econômico, a utilização sustentável dos ecossistemas e a qualidade de vida da
população, especialmente na zona rural.

Para os gestores de recursos hídricos e saneamento, assim como para os formuladores de políticas
públicas, garantir o abastecimento de água e serviços de saneamento básico de qualidade no meio
rural é um desafio recorrente. Para milhões de famílias brasileiras que vivem nas zonas rurais, ter
água encanada e serviços de esgotamento sanitário em casa é uma realidade distante.

Nesse cenário, diversos estados brasileiros criaram modelos inovadores de serviços de abastecimento
de água para atender às comunidades rurais e isoladas nas últimas décadas. Esses modelos têm
alcançado resultados importantes, porém, até então, não eram tema de um estudo específico que
buscasse documentá-los e disseminá-los.

Esta nova publicação da Série Água Brasil pesquisou modelos de gestão multicomunitária e
unicomunitária de serviços de abastecimento de água no meio rural em sete estados brasileiros,
identificando quais as características por trás das experiências bem-sucedidas e comparando os
resultados obtidos. Fez ainda sugestões para replicar tais modelos no país.

A Série Água Brasil é resultado do trabalho conjunto realizado pelo Banco Mundial e seus parceiros
nacionais ao longo dos anos. Nela são levantadas e discutidas questões centrais para a solução de
alguns dos principais problemas da agenda de recursos hídricos e de saneamento básico no Brasil.

Desde o lançamento do primeiro volume, em 2003, a Série Água Brasil vem abordando tópicos
relevantes e atuais, promovendo reflexões e propondo alternativas na busca por soluções para
os grandes desafios ao desenvolvimento nacional relacionados ao setor de água. Dessa forma,
esperamos que as informações apresentadas neste novo volume ajudem a fomentar novos
conhecimentos, estimular a troca de experiências e aperfeiçoar a gestão dos recursos hídricos e do
saneamento básico no Brasil.


                                                         Martin Raiser
                                                         Diretor do Banco Mundial para o Brasil



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                                                                                                                                                                                                        13




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                                                                                 Sumário

Agradecimentos................................................................................................................................................................................v
Apresentação...................................................................................................................................................................................vii
Lista de Tabelas................................................................................................................................................................................xi
Lista de Figuras..............................................................................................................................................................................xiii
Lista de siglas e abreviações.......................................................................................................................................................xv
Prefácio..................................................................................................................................................................................................1
Introdução...........................................................................................................................................................................................3
1 RESUMO EXECUTIVO....................................................................................................................................................5
2 AVALIAÇÃO DOS MODELOS.................................................................................................................................13
      2.1. Resumo da metodologia............................................................................................................................................13
      2.2. Características gerais dos sistemas analisados..................................................................................................15
      2.3. Resumo da avaliação dos parâmetros...................................................................................................................28
      2.4. Avaliação dos modelos de gestão multicomunitária....................................................................................31
      2.5. Avaliação dos modelos de gestão unicomunitária.........................................................................................47
3 RESULTADOS, RECOMENDAÇÕES E CONCLUSÃO.....................................................................57
      3.1. Resultados gerais dos pontos positivos................................................................................................................57
      3.2. Recomendações para melhoria dos modelos .................................................................................................62
      3.3. Conclusão..........................................................................................................................................................................66
ANEXO 1 - METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO............................................................................................67
1. Introdução...................................................................................................................................................................................67
2. O universo da pesquisa realizada......................................................................................................................................67


	ix
Sumário



3. Roteiro metodológico...........................................................................................................................................................71
4. Análise final dos modelos....................................................................................................................................................88
ANEXO 2 - CONTEXTO DOS SERVIÇOS DE ÁGUA NO BRASIL..............................................89
1. Serviços de água e esgoto no Brasil..................................................................................................................................89
2. O serviço de abastecimento de água no meio rural.................................................................................................92




x	
                                                                                                                                                                                     13




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                                                          Lista de Tabelas

Tabela 1. Quantidade de exemplos visitados por modelo. .............................................................................................14
Tabela 2. Número de parâmetros estudados nos modelos multicomunitários.......................................................14
Tabela 3. Número de parâmetros estudados nos modelos unicomunitários...........................................................14
Tabela 4. Características técnicas dos sistemas avaliados de modelos multicomunitários..................................15
Tabela 5. Características técnicas dos sistemas avaliados de modelos unicomunitários......................................16
Tabela 6. Características de eficiência operacional dos sistemas avaliados de modelos multicomunitários....19
Tabela 7. Características de eficiência operacional dos sistemas avaliados de modelos unicomunitários..........20
Tabela 8. Custos de operação e manutenção dos modelos multicomunitários (2014).......................................21
Tabela 9. Custos de operação e manutenção dos modelos unicomunitários.	.........................................................22
Tabela 10. Tarifa e receita dos modelos multicomunitários..............................................................................................23
Tabela 11. Tarifa e receita dos modelos unicomunitários..................................................................................................24
Tabela 12. Evolução anual do número de ligações dos modelos multicomunitários............................................25
Tabela 13. Evolução anual de inadimplência dos modelos multicomunitários.......................................................27
Tabela 14. Avaliação geral dos modelos....................................................................................................................................29
Tabela 15. Avaliação geral dos modelos multicomunitários............................................................................................33
Tabela 16. Desempenho institucional.....................................................................................................................................34
Tabela 17. Avaliação do desempenho institucional dos modelos multicomunitários conforme os
parâmetros analisados e suas classificações.............................................................................................................................35
Tabela 18. Eficiência operacional...............................................................................................................................................38
Tabela 19. Avaliação de eficiência operacional dos modelos multicomunitários conforme os parâmetros
analisados e suas classificações.....................................................................................................................................................39
Tabela 20. Eficiência comercial e financeira.............................................................................................................................43
Tabela 21. Avaliação de eficiência financeira dos modelos multicomunitários conforme os parâmetros
analisados e suas classificações.....................................................................................................................................................44
	xi
Tabela 22. Avaliação geral dos modelos unicomunitários................................................................................................48
Tabela 23. Desempenho institucional......................................................................................................................................50
Tabela 24. Eficiência operacional................................................................................................................................................51
Tabela 25. Eficiência comercial e financeira..............................................................................................................................53
Tabela 26. Comunidades visitadas em cada estado por tipologia de modelo de gestão......................................69
Tabela 27. Número de parâmetros avaliado nos modelos multicomunitários. .....................................................74
Tabela 28. Número de parâmetros avaliado nos modelos unicomunitários.............................................................74
Tabela 29. Exemplo de classificação descritiva de parâmetro..........................................................................................75
Tabela 30. Exemplo de pontuação dos parâmetros.............................................................................................................75
Tabela 31. Exemplo de classificação descritiva de parâmetro..........................................................................................75
Tabela 32. Ficha resumo dos modelos multicomunitários com as informações descritivas do ente regional
levantadas............................................................................................................................................................................................77
Tabela 33. Ficha resumo dos modelos multicomunitários com as informações descritivas do ente local
levantadas............................................................................................................................................................................................78
Tabela 34. Parâmetros avaliados no nível do ente regional dos modelos multicomunitários incluindo
critérios de avaliação e classificações.........................................................................................................................................79
Tabela 35. Parâmetros avaliados no nível do ente local dos modelos multicomunitários incluindo critérios
de avaliação e classificações..........................................................................................................................................................81
Tabela 36. Resumo de avaliação dos modelos multicomunitários por tipologia de parâmetro...........................82
Tabela 37. Resumo de avaliação dos modelos multicomunitários no nível regional, local e total......................82
Tabela 38. Ficha resumo dos modelos de gestão unicomunitária com as informações descritivas
levantadas. ..........................................................................................................................................................................................83
Tabela 39. Parâmetros avaliados dos modelos de gestão unicomunitária incluindo critérios de avaliação e
classificações ......................................................................................................................................................................................85
Tabela 40. Exemplo de resumo de avaliação dos modelos de gestão unicomunitária...........................................86
Tabela 41. Número de núcleos isolados atendidos com serviços de abastecimento de água por tipo de
modelo multicomunitário...........................................................................................................................................................96
                                                                                                                                                                                                                                                  13




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                                                                              Lista de Figuras

Figura 1. Tipologias de manancial do universo pesquisado (multicomunitário e unicomunitário)......................... 17
Figura 2. Tipologias de tratamento do universo pesquisado (multicomunitário e unicomunitário)...................... 17
Figura 3. Evolução do número de comunidades dos modelos multicomunitários.............................................................. 25
Figura 4. Evolução do custo (R$/ligação/mês) dos modelos multicomunitários................................................................. 26
Figura 5. Evolução da receita (R$/ligação/mês) dos modelos multicomunitários............................................................... 27
Figura 6. Evolução da receita/custo dos modelos multicomunitários............................................................................................. 28
Figura 7. Avaliação geral dos modelos multicomunitários (número de parâmetros por classificação)................. 30
Figura 8. Avaliação geral dos modelos unicomunitários (número de parâmetros por classificação)....................... 30
Figura 9. Avaliação geral dos modelos multicomunitários (número de parâmetros por classificação)................. 33
Figura 10. Avaliação do desempenho institucional dos modelos multicomunitários (número de parâmetros
por classificação)......................................................................................................................................................................................................................... 34
Figura 11. Avaliação da eficiência operacional dos modelos multicomunitários (número de parâmetros por
classificação)................................................................................................................................................................................................................................... 39
Figura 12. Avaliação da eficiência financeira dos modelos multicomunitários (número de parâmetros por
classificação)............................................................................................................................................................................................44
Figura 13. Avaliação geral dos modelos unicomunitários (número de parâmetros por classificação).....................49
Figura 14. Avaliação do desempenho institucional dos modelos unicomunitários (número de parâmetros por
classificação)........................................................................................................................................................................................50
Figura 15. Avaliação da eficiência operacional dos modelos unicomunitários (número de parâmetros por
classificação)........................................................................................................................................................................................52
Figura 16. Avaliação da eficiência financeira dos modelos unicomunitários (número de parâmetros por
classificação)........................................................................................................................................................................................54
Figura 17. Atendimento em água no meio rural: percentual de domicílios rurais conectados à rede de água......93
Figura 18. Número de núcleos isolados atendidos com serviços de abastecimento de água por tipo de
prestador formal................................................................................................................................................................................96
	xiii
                                                                                    13




                                                                     SÉRIE
           Lista de siglas e abreviações

ANA	         Agência Nacional de Águas
ABES	        Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental
ASR	         Assessoria de Saneamento Rural da SANEPAR (Companhia de Saneamento
	            do Paraná)
BA	Bahia
BAJ	         Bacia do Alto Jaguaribe
BID	         Banco Interamericano de Desenvolvimento
BIRD	        Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Banco Mundial)
CAERN	       Companhia de Água e Esgoto do Estado do Rio Grande do Norte
CAGECE	      Companhia de Água e Esgoto do Ceará
CAR	         Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional do Estado da Bahia
CENTRAL	     Central das Associações Comunitárias para Manutenção de Sistemas de
	            Abastecimento de Água e Esgotos Sanitários
CE	Ceará
CF	          Constituição Federal
CERB	        Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos do Estado da Bahia
CONISA	      Consórcio Intermunicipal de Saneamento de Serra de Santana
COPANOR	     Serviços de Saneamento Integrado do Norte e Nordeste de Minas Gerais S.A
COPASA	      Companhia de Saneamento de Minas Gerais
DNERu	       Departamento Nacional de Endemias Rurais
EAB	         Estação de Elevação de Água Bruta
ETA	         Estação de Tratamento de Água
FUNASA	      Fundação Nacional de Saúde, ente vinculado ao Ministério da Saúde
GESAR	       Gerência de Saneamento Rural da CAGECE
IBGE	        Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPA	         Instituto Agronômico de Pernambuco
IPCA	        Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
LP 	         Ligações prediais
KfW	         Kreditanstalt für Wiederaufbau – Fundo de Cooperação Alemã



	xv
Lista de Siglas e Abreviações



MG	                             Minas Gerais
N/A	                            Não aplicável
O&M 	                           Operação e Manutenção
PAC	                            Programa de Aceleração do Crescimento
PCPR	                           Projeto de Combate à Pobreza Rural
PE	Pernambuco
PI	                             Piauí
PIB	                            Produto Interno Bruto
PLANASA	                        Plano Nacional de Saneamento
PNAD	                           Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
PPNSR	                          Programa Piloto Nacional de Saneamento Rural
PR	Paraná
PRO-MATA	                       Programa de Desenvolvimento da Zona da Mata Pernambucana
PRO-RURAL	                      Programa que elabora projetos e realiza obras de saneamento rural no
	                               estado de Pernambuco
PROSAR	                         Programa de Saúde e Saneamento Básico na Área Rural do Piauí
R/C	                            Receita / Custo
RN	                             Rio Grande do Norte
SAAE	                           Serviço Autônomo de Água e Esgoto
SANEPAR	                        Companhia de Saneamento do Paraná S.A
SDA	                            Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Estado do Ceará
SEDUR	                          Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia
SEMARH	                         Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado do Rio
	                               Grande do Norte
SESP	                           Serviço Especial de Saúde Pública para as áreas urbanas
SISAR	                          Sistema Integrado de Saneamento Rural
SNIS	                           Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
SRHE	                           Secretaria de Recursos Hídricos e Energia do Estado de Pernambuco
SIHS	                           Secretaria de Infraestrutura Hídrica do Estado da Bahia
SUCAM	                          Órgão que resultou da fusão do Departamento Nacional de Endemias
	                               Rurais (DENERu), da Campanha de Erradicação da Malária (CEM) e da
	                               Campanha de Erradicação da Varíola (CEV)




xvi 	
                                                                                                  13




                                                                                  SÉRIE
                                      Prefácio


O
          Brasil tem investido, durante várias décadas, recursos de diversas fontes nacionais
          e internacionais para melhorar a cobertura de abastecimento de água e esgotamento
          sanitário nas zonas urbana e rural. Contudo, observa-se que apenas a execução de obras
de infraestrutura não é suficiente para garantir a provisão do serviço à população. Em vários
casos, a infraestrutura é implementada, porém usada incorretamente ou se deteriora sem a devida
manutenção — e, o mais grave, sem atender às necessidades dos usuários.

Legalmente, os municípios brasileiros são responsáveis por prover serviços de abastecimento
de água e esgotamento sanitário aos seus habitantes. Nas zonas urbanas dos municípios, essa
responsabilidade é, geralmente, repassada às companhias estaduais de abastecimento de água e
esgoto ou realizada diretamente pelos governos municipais, por meio de serviços autônomos de
água e esgoto (SAAEs) ou departamentos.

As zonas rurais, na maioria dos casos, não são atendidas pelas companhias estaduais e são deixadas
em segundo plano pelos departamentos ou companhias municipais. A provisão de serviços de
água e esgoto nessas zonas rurais acaba sendo deixada de lado, com a população rural sofrendo
as consequências. Em alguns casos, programas de desenvolvimento rural fazem investimentos em
sistemas de água para serem gerenciados pela própria comunidade. No longo prazo, contudo,
é comum que os gestores comunitários enfrentem muitas dificuldades em manter o sistema
funcionando sem um apoio técnico profissional externo.

Nesse cenário, algumas experiências interessantes para a provisão de serviços de abastecimento
de água em escala para as zonas rurais foram desenvolvidas no Brasil e tornaram-se alternativas
institucionais, sociais, técnicas e financeiras sustentáveis que merecem destaque e disseminação no
país e no mundo.

Visto que a provisão de serviços sustentáveis de abastecimento de água na zona rural é um desafio
recorrente em vários lugares no Brasil e em outros países, o presente estudo teve como objetivo
registrar algumas dessas experiências alternativas, identificando parâmetros e indicadores para
uma análise comparativa entre os modelos. O estudo também destaca as principais características
das experiências bem-sucedidas.




	1
Prefácio



O trabalho foi iniciado em 2010 e concluído em 2015. As informações e avaliações aqui apresentadas
referem-se às situações encontradas no levantamento realizado em 2010, incluindo atualizações dos
dados dos modelos multicomunitários nos anos de 2013 e 2014. É possível que algumas realidades
testemunhadas na época já tenham sofrido alteração, mas os autores entendem que as conclusões
e recomendações do estudo permanecem válidas. Com as informações disponíveis neste estudo,
espera-se que técnicos e tomadores de decisão do setor de recursos hídricos e saneamento básico
possam usá-las como ferramenta de consulta para elaborar, replicar ou ajustar modelos similares
à sua realidade local, melhorando assim o atendimento e o fornecimento de água a milhares de
brasileiros que vivem na zona rural do país.

 
Juliana Garrido                                          Martin Gambrill
Especialista Sênior de Saneamento                        Especialista Líder de Saneamento
Departamento de Água                                     Departamento de Água
Banco Mundial                                            Banco Mundial




2	
                                                                                                                     13




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                                                  Introdução


O
         aumento da cobertura e, principal-                             no Meio Rural do Brasil” buscou avaliar
         mente, o fornecimento sustentável de                           a experiência de gestão de abastecimento
         serviços de abastecimento de água no                           de água na zona rural brasileira, por meio
meio rural são assuntos recorrentes nos debates                         de uma amostra de modelos de gestão e de
sobre recursos hídricos e saneamento. Há uma                            comunidades visitadas em sete estados nas
busca por modelos em escala para projetar,                              regiões Nordeste, Sudeste e Sul do país. Esse
construir, operar e manter as estruturas desses                         relatório objetivou também documentar, com
serviços para multicomunidades1. Embora                                 parâmetros e indicadores, as características
exista alguma documentação sobre modelos                                de alguns desses modelos, identificando os
unicomunitários2 e/ou de larga escala, há pouco                         principais fatores que os tornam bem ou
material disponível sobre modelos direcionados                          malsucedidos. Ao destacar os pontos positivos
para multicomunidades de pequena e média                                e negativos de cada modelo, a avaliação
escalas. No entanto, observa-se que tipos                               elaborou um conjunto de referência para uma
de solução com agregação de comunidades                                 gestão sustentável de serviços de água no meio
têm crescido devido à restrição hídrica local,                          rural, que inclui um apoio institucional aos
à necessidade de apoio técnico e/ou pelas                               gestores para maximizar a possibilidade de
oportunidades financeiras para ganhos de escala.                        continuidade das situações de prestação de
                                                                        serviços desejadas.
Exemplos interessantes de modelos de
gestão, aqui definidos como alternativas                                O público-alvo deste estudo é formado por
institucionais, sociais, técnicas e/ou financeiras                      técnicos e dirigentes dos organismos estaduais
que viabilizam o fornecimento de serviços em                            e federais brasileiros que administram
zonas rurais, têm sido registrados no Brasil                            programas de implantação de obras de água
desde a década de 1990, mas só recentemente                             no meio rural ou elaboram mecanismos
ganharam destaque em fóruns setoriais.                                  de gestão desse serviço. No entanto, para
                                                                        ampliar o debate sobre o tema e compartilhar
O presente “Estudo de Modelos de Gestão                                 internacionalmente a experiência brasileira,
de Serviços de Abastecimento de Água                                    o trabalho também fornecerá subsídios para
                                                                        análises conduzidas pelo Banco Mundial
1   Modelo de gestão multicomunitário, entende-se como aquele           sobre o tema em outros países.
arranjo de gestão para operação e manutenção dos diversos sistemas de
abastecimento de água, envolvendo várias comunidades.
2   Modelo de gestão unicomunitário, entende-se como aquele
arranjo de gestão para operação e manutenção dos sistemas de
abastecimento de água de uma única comunidade.
	3
Introdução



É importante esclarecer que o estudo se           todos os aspectos avaliados, comparando os
limitou a avaliar apenas a gestão do serviço      resultados de cada modelo. E a terceira, e última
de abastecimento de água. Dentro do amplo         seção, identifica as principais conclusões e
universo de exemplos avaliados, a amostra         recomendações do estudo. Finalmente, esta
de comunidades com operação formal de             primeira parte apresenta dois anexos. O
serviços de esgotamento sanitário foi muito       primeiro, explica com detalhes a metodologia
pequena, o que não permitiu o mínimo de           aplicada no desenvolvimento do estudo, e o
avaliação comparativa. No caso dos serviços de    segundo anexo descreve o setor de serviço de
abastecimento água, o objetivo do estudo não      água no Brasil, contextualizando as questões
foi obter uma amostra estatística ou mesmo        institucionais e legais e a situação do setor no
apontar, de forma simplista e definitiva, qual    meio rural para o leitor pouco familiarizado
seria o modelo de maior sucesso no país. Com      com o assunto ou com o país.
base em diversos parâmetros de avaliação,
consolidados em uma matriz que classifica a       A segunda parte apresenta informações sobre
situação encontrada entre a desejável e a ser     os principais programas e órgãos vinculados
evitada, o trabalho destaca quais componentes     ao tema de saneamento rural em cada um
devem fazer parte da construção de modelos        dos sete estados estudados à época do estudo;
de gestão sustentáveis bem-sucedidos e que        um catálogo detalhado com todos os dados
possam ser replicados.                            coletados para cada um dos modelos visitados;
                                                  e a consequente análise dos aspectos dos
O presente estudo está organizado em duas         modelos segundo os parâmetros constantes da
partes. A primeira parte, com o relatório         metodologia apresentada na primeira parte.
principal do estudo, está dividida em três        Em complementação aos dados técnicos, na
seções. A primeira resume as atividades           última seção desta parte, são apresentados
desenvolvidas durante a pesquisa, os principais   os resultados da pesquisa de satisfação de
resultados e suas recomendações. A segunda        usuários sobre os serviços de abastecimento de
seção desenvolve uma análise detalhada de         água em uma parte das comunidades visitadas. 




4	
                                                                                                                      13




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                           1
                   RESUMO EXECUTIVO


E
       xistem, atualmente, cerca de 30 milhões                         institucionais no mundo, sejam modelos
       de pessoas vivendo na zona rural                                unicomunitários, sejam de larga escala, no
       do Brasil, das quais apenas 30,3%3                              entanto, existe escassez de avaliação e registro
contam com abastecimento de água em suas                               sobre modelos multicomunitários em pequena
casas e 31,3% possuem alguma solução para                              e média escalas.
esgotamento sanitário. Da população total em
extrema pobreza no Brasil (16,2 milhões de                             Além disso, o pouco interesse das companhias
habitantes), praticamente a metade encontra-se                         estaduais de saneamento e dos departamentos
no meio rural, representando 7,6 milhões de                            e serviços municipais (quando existentes)
habitantes, ou seja, 25% do total da população                         em atender às comunidades isoladas e
rural do Brasil4.                                                      rurais no Brasil, somado à escassez de água,
                                                                       principalmente na Região Nordeste do
Essa população rural vive em pequenos                                  país e no norte do estado de Minas Gerais,
vilarejos, comunidades ou distritos nos 5.570                          levou alguns estados a criarem modelos
municípios brasileiros, mas os detalhes de                             inovadores de serviços de abastecimento de
tamanho, as características e a cultura desse                          água multicomunitários nas décadas de 90 e
universo rural, assim como seus sistemas                               2000. Esses modelos, que atualmente atendem
de abastecimento de água e soluções de                                 a 1.631 localidades, têm obtido resultados
esgotamento sanitário, são pouco estudados e                           relevantes nos últimos anos, mas necessitavam
registrados no país.                                                   de um estudo específico para documentá-los
                                                                       e disseminá-los, possibilitando assim, sua
Há muito, o fornecimento de água para                                  replicação no país. Como há também um
consumo humano e a garantia da prestação                               número relevante de experiências no Brasil
de serviço de qualidade sustentável na zona                            com o modelo de gestão unicomunitária
rural são grandes desafios para os gestores de                         (isolada), aproveitou-se a oportunidade para
serviços de abastecimento de água. Há registros                        fazer o registro de algumas dessas experiências.
de alguns arranjos técnicos, financeiros e
                                                                       Dessa forma, o presente “Estudo de Modelos de
3   PNAD/2015.                                                         Gestão de Serviços de Abastecimento de Água
4   Plano Brasil sem Miséria (instituído pelo Decreto nº 7.492/2011)
e o Censo IBGE/2010.                                                   no Meio Rural no Brasil” pesquisou exemplos



	5
1 - Resumo Executivo



de gestão multicomunitária e unicomunitária       sucedidos mostraram que a presença de
nos estados de Bahia, Ceará, Minas Gerais,        capacidade de gestão da associação local é um
Paraná, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do         fator decisivo para o sucesso do modelo.
Norte a partir de 2010. O estudo aplicou um
questionário amplo e consistente para analisar    A análise das principais características de sucesso
e comparar os diferentes exemplos de modelo       dos modelos pesquisados indicou que, qualquer
multicomunitário e alguns modelos de gestão       que seja o modelo de gestão a ser adotado, se
unicomunitária (isolada), com o objetivo de       multicomunitário ou unicomunitário, alguns
identificar os componentes necessários para       aspectos demonstraram ser chave para o
a construção de modelos de sucesso e fazer        sucesso e deveriam estar sempre presentes
recomendações para a melhoria e sua possível      no modelo adotado, sendo eles: a provisão
replicação no país.                               de serviço universal, regular e contínuo;
                                                  a escolha de tecnologia de tratamento da
As análises dos modelos levaram às seguintes      água adequada ao manancial; o controle de
                                                  qualidade apropriada ao custo de um serviço
principais conclusões:
                                                  rural; o estabelecimento de regras mínimas
O modelo de gestão multicomunitário,              de conservação antes da entrega dos ativos às
como o do Sistema Integrado de Saneamento         comunidades; o estabelecimento de cobrança
Rural (SISAR) no Ceará (SISAR/CE) e no            pelos serviços; a capacitação contínua dos
Piauí (SISAR/PI) e o da COPASA Serviços de        envolvidos na prestação dos serviços; e, por
Saneamento Integrado do Norte e Nordeste de       fim, assistência técnica contínua5, seja de
Minas Gerais S.A (COPANOR) nesse estado,          empresa estadual, seja de órgão estadual de
demonstrou ser uma solução eficaz e que           coordenação.
poderia ser ampliada para diversas regiões
do país. O ganho de escala desse modelo
permite o cumprimento de parâmetros de            Principais resultados da avaliação
qualidade na prestação dos serviços, no padrão
de serviço e de tecnologia adequados. Além        A avaliação dos modelos de gestão
disso, os modelos de federações de associações,   multicomunitários resultou na definição dos
como o SISAR, conferem uma dinâmica de            modelos SISAR/CE, SISAR/PI e COPANOR
capacitação contínua e de associativismo          como boas práticas.         Esses modelos
(promovendo a união da comunidade em              apresentam universalidade da cobertura6,
torno de interesses comuns).                      regularidade de abastecimento, adequação do
Considerando os fatores negativos                 tratamento de água, micromedição efetiva e,
avaliados em diversos exemplos de                 na maioria deles, ocorre o funcionamento
insucesso dos modelos de gestão                   automático de bombas com controle de nível
unicomunitária, pode-se afirmar que é
grande o risco que ameaça a maioria desta         5   Assistência técnica contínua com relação a aspectos
tipologia, particularmente nas comunidades        como: inovação tecnológica, estímulo a eficiência, integração das
                                                  comunidades, avaliação de desempenho e apoio laboratorial para o
de pequeno porte. Os poucos casos bem-            monitoramento de qualidade da água.
                                                  6   Cobertura entendida como sistema com conexão domiciliar.




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                                                                                           13




                                                                            SÉRIE
de reservatórios. O sistema de faturamento é     manutenção, na sustentação da qualidade
informatizado, e os agentes arrecadadores são    dos serviços, no fluxo financeiro, no
externos às comunidades. A inadimplência,        suporte para a operação local (que é
por sua vez, está bem controlada. A tarifa       realizada pelas associações filiadas e seus
de água média cobre os custos de operação        respectivos operadores) e na capacitação
e manutenção esperados para o padrão de          contínua de todos os envolvidos. O nível
serviço oferecido. Algumas características       de participação e comando comunitário
diferenciadas importantes dos modelos são:       é grande, e os modelos apresentam baixo
                                                 risco de interferência política. A diferença
     •	 Os modelos do SISAR/CE e SISAR/PI        básica entre os dois exemplos é o apoio
     apresentam características institucionais   institucional do estado do Ceará (por
     bastante semelhantes, sendo ambas as        meio da Companhia de Água e Esgoto
     federações de associações que criam         do Ceará - CAGECE), dotando o SISAR/
     escala para maximizar a eficiência na       CE de um conjunto de parâmetros de


  SISAR /CEARÁ



                                                      Modelo: Gestão multicomunitária
                                                      dirigida por federações de
                                                      associações.

                                                      Início: O SISAR/CE foi criado
                                                      em 1995 na região de Sobral
                                                      e ampliado, em 2001, sendo
                                                      atualmente 8 regionais cobrindo
                                                      todo o estado. O SISAR presta
                                                      serviços em localidades com
                                                      população entre 25 e 500
                                                      famílias.

                                                      Cobertura: Em 2014, atendia
                                                      a uma população de 435 mil
                                                      pessoas em 1.124 localidades de
                                                      137 municípios com 115 mil
                                                      ligações de água.




	7
1 - Resumo Executivo




     Caraterísticas do modelo: o SISAR constitui-se de uma federação de associações que
     tem como objetivo principal a gestão compartilhada com as associações comunitárias para
     garantir a operação e a manutenção de sistemas de abastecimento de água.

     Responsabilidades: Ao SISAR cabe a execução de ações mais complexas de manutenção,
     controle da qualidade da água, fornecimento de insumos em geral, faturamento e cobrança,
     realização de pequenas obras de expansão, o trabalho social, educativo e de mobilização; e à
     Associação, por meio do operador escolhido pela comunidade, a supervisão da operação das
     unidades, a manutenção mais simples, a leitura de medidores, entrega das contas. A diretoria
     da associação supervisiona todo o serviço local.

     Características técnicas: O modelo apresenta universalidade de cobertura, regularidade de
     abastecimento e adequação do tratamento de água, micromedição efetiva e funcionamento
     automático de bombas, com controle do nível de reservatórios; e custos ajustados à realidade
     rural que pagam os custos locais e do SISAR.

     Participação comunitária: Os níveis de participação e de comando comunitário são
     grandes, o que, em muitos casos, resultam em baixo risco de interferência política. O poder
     decisório das comunidades é expresso por meio da Assembleia, formada pelas associações
     filiadas; enquanto a participação do Estado é mais latente no conselho administrativo. O
     SISAR/CE é o único modelo pesquisado que realizada pesquisa de satisfação dos usuários
     como parte da rotina de monitoramento dos serviços.

     Apoio do Estado: O sucesso do Sistema Integrado de Saneamento Rural (SISAR) no
     Ceará deve-se em muito ao apoio do governo estadual e ao incentivo à adesão ao modelo. A
     sustentabilidade e a eficiência financeira do modelo são, em parte, asseguradas pelo apoio
     tecnológico da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CAGECE) por meio de capacitação
     técnica, inovação tecnológica, manutenção de equipamentos, análise laboratorial, gestão de
     perdas e, principalmente, da avaliação de desempenho dos serviços na busca pela eficiência.

     Tarifa: A tarifa média praticada em 2014 era em torno de R$ 2,01/m3 e a conta média de
     R$ 13,76 por ligação/mês, o que representa aproximadamente 2-3% da renda familiar (estes
     dados referem-se apenas ao SISAR da Bacia do Alto Jaguaribe (SISAR/BAJ)).

        melhor gestão operacional que tem                 SISAR/CE, existe controle de qualidade
        um sistema de metas de desempenho                 da água com análises completas e
        como indutor. Esse apoio nasceu de                periódicas; e práticas de conservação dos
        uma decisão estratégica do governo do             ativos, manutenção preventiva de forma
        estado que permitiu ampliar a escala              sistemática e um incipiente programa de
        e a sustentabilidade do modelo. No                gestão de perdas.



8	
                                                                                                 13




                                                                                SÉRIE
     •	A COPANOR é uma empresa subsidiária        se aspectos tais como: abrangência estadual
     da Companhia de Água e Esgoto de Minas       do modelo, o que permite que qualquer
     Gerais, COPASA, cujo padrão de serviço e     obra/ação de saneamento rural possa ter
     gestão operacional é garantido pelo apoio    um encaminhamento eficiente de gestão; e
     institucional dessa empresa, inclusive com   apoio tecnológico da Companhia de Água e
     controle de qualidade da água. Não existe    Esgoto do Ceará (CAGECE) para capacitação,
     qualquer grau de participação comunitária    manutenção de equipamentos de grande
     no modelo COPANOR.                           porte (por exemplo, macromedidores), análise
                                                  laboratorial, e, principalmente, a avaliação
A avaliação dos aspectos institucionais           de desempenho dos serviços na busca da
dos estados pesquisados revelou que o Ceará       eficiência. Nos demais estados pesquisados,
reuniu a maioria das condições de um quadro       os modelos e a dinâmica institucional do
institucional que assegura a sustentabilidade     saneamento rural são ainda incipientes e/ou
de seu modelo, o SISAR/CE, considerando-          apenas focados em uma área do estado.


  COPANOR / MINAS GERAIS

                                                            Modelo: Gestão multicomunitária
                                                            dirigida por ente público.

                                                            Início: A COPANOR começou
                                                            a funcionar em 2007, por meio
                                                            de um programa financiado
                                                            com recursos estaduais e
                                                            investimentos em infraestrutura
                                                            pelo Governo Federal e pelo
                                                            Banco Mundial, por meio do
                                                            PROAGUA. A COPANOR
                                                            presta serviços de abastecimento
                                                            de água e esgoto nas regiões norte
                                                            e nordeste de Minas Gerais, em
                                                            localidades com 200 a 5.000
                                                            habitantes, incluindo as sedes
                                                            municipais.

                                                            Cobertura: Em 2014, atendia
                                                            a uma população de 301 mil
                                                            pessoas em 228 localidades com
                                                            89 mil ligações de água.




	9
1 - Resumo Executivo




       Características do modelo: A COPASA Serviços de Saneamento Integrado no Norte
       e Nordeste de Minas Gerais (COPANOR) é uma subsidiária da COPASA/MG e tem o
       governo estadual como seu maior acionista. Os custos de operação e a tarifa praticada
       foram ajustadoss à realidade do meio rural.

       Características técnicas: O padrão de serviço de abastecimento de água inclui cobertura
       universal, micromedição, tratamento de água adequado, faturamento e cobrança, corte e
       controle de inadimplência. O controle da qualidade de água e a gestão operacional são
       realizados conforme o padrão de exigência da COPASA. A capacitação é permanente e
       voltada para os técnicos e operadores do prestador do serviço.

       Participação comunitária: Não existe participação das comunidades beneficiadas no
       modelo.

       Apoio do Estado: O apoio tecnológico da COPASA/MG é sistemático e efetivo, o que
       confere modernidade e eficiência operacional ao modelo.

       Tarifa: A tarifa média praticada em 2014 era em torno de R$ 2,65/m3 e a conta média de
       R$ 20,45 por ligação/mês, o que representa aproximadamente 2-3,5% da renda familiar.


A avaliação dos modelos de gestão                        consolidação do associativismo minimiza
unicomunitária        identificou   algumas              sobremaneira o risco de interferência
características importantes nas comunidades              política e de quebra da sustentabilidade.
com as melhores práticas:
                                                         • O padrão de serviço incluía cobertura
         • O tamanho da localidade e a organização       universal, abastecimento contínuo e
         social dos exemplos avaliados demonstraram      regular, sistemas micromedidos e, na
         serem fatores determinantes para o sucesso      maioria dos exemplos, o tratamento da
         e a possibilidade de replicação dos modelos,    água estava condizente com o manancial.
         como pode ser observado em comunidades          Ainda assim, havia pouco controle e
         de porte razoável (acima de 250 ligações)       monitoramento de qualidade da água.
         ou que tinham influência de fatores             A macromedição, o automatismo e o
         singulares, como, por exemplo, direção          controle de nível nos reservatórios estavam
         exclusiva por mulheres ou assentamento          presentes em poucos casos apenas. Nos
         de trabalhadores rurais. Observou-se            quatro exemplos encontrados como
         também que a boa prática do serviço torna       melhores práticas, havia cobrança pelos
         a associação, a partir do fator de agregação    serviços e a inadimplência era baixa.
         da água, uma empreendedora de diversos          Nesses exemplos, não havia subsídio e o
         projetos produtivos e sociais. Além disso, a    superávit ocorria em três deles.




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                                                                                                    13




                                                                                    SÉRIE
Recomendações                                      sucesso dos modelos pesquisados e a experiência
                                                   dos autores com o tema indicaram que,
As análises dos modelos levaram às seguintes       qualquer que seja o modelo a ser adotado, seja
principais recomendações:                          multicomunitário, seja isolado, alguns aspectos
                                                   importantes deveriam ser considerados
O modelo de gestão multicomunitário                como parte de qualquer um deles:
poderia incorporar melhorias nas seguintes
áreas: a expansão do modelo para todo o                  • O serviço na comunidade deveria
estado, com planejamento e diretrizes efetivas           ser universal, regular e contínuo. Toda
de apoio; a resolução de problemas comuns                comunidade deveria ser atendida e o
criando escala no suporte tecnológico, apoio             sistema ser capaz de oferecer um serviço
laboratorial, manutenção robusta e avanço na             regular. A distribuição deveria ser contínua,
gestão com base no desempenho. Além disso,               contudo podem-se estabelecer regras para o
recomenda-se a implantação de um ambiente                mínimo de abastecimento diário, conforme
regulatório, em etapas: (i) a curto prazo, um            as condições e demandas de reservação
sistema de metas e estímulo ao desempenho,               domiciliar;
coordenado por um ente estadual; e (ii) a
médio prazo, atuação de um ente regulador                • A tecnologia de tratamento da água
com regras apropriadas aos serviços rurais               deveria ser adequada às condições do
com adoção da sistemática de divulgação das              manancial. O controle de qualidade deve
regras e dos resultados da ação regulatória.             ter frequência e padrões mais apropriados a
                                                         um serviço rural, consistente com os custos
Um programa estadual, se assentado no                    acessíveis;
modelo de gestão unicomunitária,
necessitaria definir, pelo menos, diretrizes nas         •	O sistema deveria incorporar melhorias
seguintes áreas: o padrão mínimo de serviço; o           tecnológicas, como o controle do nível
apoio e a assistência técnica imprescindíveis do         dos reservatórios (importante para evitar
organismo coordenador da política estadual               desperdício), associado ao controle
à gestão dos serviços; e, principalmente, a              automático de liga-desliga nos sistemas
sistemática de cobrança; controle de eficácia;           de bombeamento;
e cuidado da comunidade na utilização e
na manutenção dos bens necessários para a                •	A entrega dos ativos deveria incluir um
prestação dos serviços. Metas de desempenho              compromisso da comunidade para a sua
e premiação por eficiência poderiam ser                  adequada conservação;
estipuladas, e caberia aos organismos estaduais
estabelecerem um sistema de monitoramento,               •	A operação do sistema deveria priorizar a
antecedido do devido apoio para capacitação              manutenção preventiva dos equipamentos-
das comunidades e modernização tecnológica.              chave e a agilidade na substituição de
                                                         bombas e equipamentos danificados para
A análise das principais características de              diminuir o risco de paralisação do sistema;



	11
1 - Resumo Executivo



       •	 Os sistemas deveriam incluir: (i)             que usado, mantendo o nível de reserva
       micromedição (fundamental para evitar            inicial (considerada nesse caso a reposição
       desperdício), devendo, contudo, sua              inflacionária).
       adoção ser avaliada de acordo com
       as definições de subsídio, cobrança e       Considera-se que nenhum dos procedimentos
       tarifa; e (ii) macromedição, permitindo     sugeridos pode ser eficaz se não houver
       conhecer a vazão captada (importante        capacitação inicial e contínua dos envolvidos.
       para o controle do manancial), e fazer,     A capacitação deveria:
       com a hidrometração, a gestão de perdas
       do sistema;                                      •	Transmitir aos dirigentes da associação
                                                        conhecimento de regras do serviço, padrão
       •	 A cobrança dos serviços com tarifa            de qualidade, faturamento e cobrança,
       deveria ser condizente com a realidade           registro contábil e sustentabilidade
       local e incluir métodos modernos de              financeira. E mostrar a oportunidade
       faturamento e cobrança. Havendo                  que o associativismo pode trazer como
       necessidade de subsídio financeiro, que          desenvolvimento para a comunidade; e
       fosse implementado um sistema de
       desempenho e incentivos com premiação            •	Treinar os operadores sobre o conhecimento
       à eficiência;                                    do padrão de serviço a ser oferecido e
                                                        principalmente os mecanismos de controle
       • Deveria ser criado um regulamento              operacional e de manutenção.
       para prestação do serviço, com
       definição dos direitos e deveres das        Por fim, a avaliação demonstrou que a
       partes, incorporando nele princípios        assistência técnica por um organismo
       de transparência e, sempre que possível,    coordenador em um nível estadual é
       realizar pesquisas de satisfação; e         imprescindível para o sucesso dos modelos,
                                                   devido ao ganho de escala, capacidade
       •	 Seria recomendável a criação de um       técnica, continuidade de recursos técnicos e
       fundo de reserva a ser transferido no       financeiros; e sua capilaridade no estado. 
       início da operação e integralizado sempre




12 	
                                                                                          13




                                                                           SÉRIE
              2
   AVALIAÇÃO DOS MODELOS


E
       ste capítulo explica um pouco da            comunitária na prestação dos serviços.
       metodologia aplicada no estudo (para        Os cinco exemplos pesquisados foram:
       mais detalhes, ver Anexo 1), apresenta os   Central das Associações Comunitárias
principais resultados obtidos e desenvolve uma     para Manutenção de Sistemas de
análise dos dados obtidos.                         Abastecimento de Água e Esgotos
                                                   Sanitários (CENTRAL) na Bahia;
                                                   Sistema Integrado de Saneamento
2.1. Resumo da                                     Rural (SISAR) no Ceará; Serviços de
                                                   Saneamento Integrado do Norte de
metodologia                                        Minas (COPANOR), em Minas Gerais;
                                                   Sistema Integrado de Saneamento
A metodologia desenvolvida neste estudo            Rural (SISAR) no Piauí; e Consórcio
realizou a avaliação de diferentes modelos de      Intermunicipal de Saneamento de Serra
gestão de serviços de abastecimento de água        do Santana (CONISA) no Rio Grande do
no meio rural.                                     Norte. Além da sede do modelo, foram
                                                   realizadas visitas a duas comunidades de
Para efeito desse estudo, definiu-se “modelo”      cada um dos modelos avaliados.
como a forma de organização da gestão dos
serviços. No universo da pesquisa realizada,       • Modelo de gestão unicomunitária
duas formas distintas foram identificadas:         (isolada): Nesse modelo, a comunidade
multicomunitária e unicomunitária.                 exerce uma gestão isolada, apenas para
                                                   si. Em geral, trata-se de uma gestão
      • Modelo de gestão multicomunitária          administrativa e financeira exercida
      (regional). Nesse modelo, a gestão           pela associação comunitária local e por
      é realizada de forma comum para              um operador contratado para assegurar
      diversas comunidades dentro de uma           o funcionamento do sistema. Foram
      abrangência geográfica regional. Foram       realizadas visitas a 16 comunidades nos
      identificados cinco exemplos de modelo       estados de Bahia, Ceará, Minas Gerais,
      multicomunitário, que se diferenciam         Paraná, Pernambuco, Piauí e Rio Grande
      quando comparada a participação              do Norte.



	13
2 - Avaliação dos modelos



Tabela 1. Quantidade de exemplos visitados por modelo. No caso dos modelos multicomunitários, foram visitadas
duas comunidades por modelo.

           Estado                      Modelo multicomunitário   Modelo de gestão unicomunitária
           Bahia                                             1                                      1
           Ceará                                             1                                      2
           Minas Gerais                                      1                                      2
           Paraná                                            0                                      3
           Pernambuco                                        0                                      4
           Piauí                                             1                                      2
           Rio Grande do Norte                               1                                      2
           Total                                             5                                     16


A metodologia de avaliação de cada modelo                 um com três classificações que vão da melhor
está descrita detalhadamente no Anexo 1 e                 situação (classificação A) até a pior (C). Os
baseia-se na observação direta dos autores e em           aspectos avaliados e o número de parâmetros
entrevistas com os dirigentes e operadores dos            utilizados na análise estão resumidos nas
modelos visitados. Os dados registrados foram             tabelas a seguir.
traduzidos em parâmetros de avaliação, cada

Tabela 2. Número de parâmetros estudados nos modelos multicomunitários.

           Aspecto                                                 Nª de parâmetros
           Aspectos da entidade
           Desempenho institucional – regional                                                      8
           Eficiência operacional – regional                                                        8
           Eficiência comercial e financeira                                                        8
           Subtotal dos aspectos gerais                                                            24
           Aspectos das comunidades operadas
           Desempenho institucional – local                                                         2
           Eficiência operacional – local                                                          10
           Subtotal dos aspectos locais                                                            12
           Total - avaliação de modelo multicomunitário                                            36


Tabela 3. Número de parâmetros estudados nos modelos unicomunitários.

           Aspecto                                                 Nª de parâmetros
           Desempenho institucional                                                                 5
           Eficiência operacional                                                                  11
           Eficiência comercial financeira                                                          8
           Total - avaliação da gestão unicomunitária                                              24




14 	
                                                                                                                                 13




                                                                                                             SÉRIE
As visitas de campo foram realizadas em                            A seguir, são apresentadas as características
2010, e os dados disponíveis dos modelos                           principais dos sistemas analisados, incluindo
multicomunitários foram também atualizados                         características técnicas, de desempenho
em 2013 e 2014.                                                    operacional, de custos de operação e
                                                                   manutenção e de receita.
Com base na metodologia indicada, chegou-se
aos resultados e às análises indicados a seguir.
                                                                   2.2.1. Características técnicas
2.2. Características                                               A seguir, apresentam-se as principais
                                                                   características técnicas dos sistemas avaliados
gerais dos sistemas                                                em cada comunidade, incluindo tipo de
                                                                   manancial e de tratamento adotados, assim
analisados                                                         como o número de ligações e a abrangência
                                                                   da rede.

Tabela 4. Características técnicas dos sistemas avaliados de modelos multicomunitários.

 Entidade          Localidade          Tipo de manancial          Tipo de tratamento      Nª de ligações Cobertura da rede
                   Lagoa Santa Rita    Poço profundo              Desinfecção                         428                   100%
 CENTRAL/BA
                   Pau D’Alho          Poço profundo              Desinfecção                         170                   100%
                   São Paulinho        Poço Amazonas              Desinfecção                         406                   100%
 SISAR/CE                                                         Filtração com produ-
                   Bom Lugar           Açude                                                            49                  100%
                                                                  to químico (*2)

 COPANOR/          Guinda              Poço profundo              Desinfecção                         240                   100%
 MG                Extração            Açude                      ETA completa                        143                   100%
                   Nova Esperança      Poço profundo              Desinfecção                         159                   100%
 SISAR/PI
                   Roque               Poço profundo              Desinfecção                         155                   100%
                   Mar Vermelho        Sistema integrado   (*1)
                                                                  ETA completa                         44                   100%
 CONISA/RN
                   Santana             Sistema integrado   (*1)
                                                                  ETA completa                         56                   100%


Observações: (*1) Sistema Integrado: compra de água tratada de sistema produtor regional; e (*2) Filtração com aplicação de produto
químico (ascendente com coagulante e microfloculação).




	15
2 - Avaliação dos modelos



Tabela 5. Características técnicas dos sistemas avaliados de modelos unicomunitários.

 Estado               Localidade          Tipo de manancial Tipo de tratamento         Nª de ligações       Cobertura da rede

 Bahia                Jaraguá             Poço profundo        Inoperante                            33                     100%

                                                               Filtração sem produto
                      Morada Nova         Açude                                                     250                     100%
 Ceará                                                         químico (*1)

                      Transual            Açude                Não há                                27                      67%

                      São José de Al-
                                          Poço profundo        Desinfecção                        2.000                     100%
 Minas Gerais meida
                      Silva Campos        Poço profundo        Desinfecção                          250                     100%

                      Saltinho            Poço profundo        Desinfecção                         276                      100%

                      São João Graciosa   Nascente             Desinfecção                         110                      100%
 Paraná
                      Mundo Novo de
                                          Nascente             Desinfecção                           68                     100%
                      Saquarema

                      Sítio do Souza      Poço amazonas        Desinfecção                           49                     100%

                      Vila Conceição      Poço amazonas        Desinfecção                         210                      100%
 Pernambuco                                                    Filtração com produto
                      Borracha            Açude                                                    700                      100%
                                                               químico

                      Sauê                Poço profundo        Inoperante                            33                     100%

                      Bom Princípio       Poço profundo        Não há                              130                      100%
 Piauí
                      Barriga             Poço profundo        Não há                                76                     100%

 Rio Grande           Caatinga Grande     Poço profundo        Dessalinização (*2)                   70                      N/A
 do Norte             Lagoa da Onça       Sistema Integrado    ETA completa                          64                     100%


Observações:   (*1)
                      Filtração sem aplicação de produto químico (descendente sem uso de coagulante); e   (*2)
                                                                                                                 Dessalinização com
distribuição por chafariz.




16 	
                                                                                                               13




                                                                                                 SÉRIE
Figura 1. Tipologias de manancial do universo pesquisado (multicomunitário e unicomunitário).

                3
               12%                                      5
                                                       19%




                                                                                         Açude
                                                                      2
                                                                     8%                  Nascente
                                                                                         Poço amazonas
                                                                                         Poço profundo
                                                                                         Sistema integrado

                                                                3
                                                               11%

       13
      50%


Figura 2. Tipologias de tratamento do universo pesquisado (multicomunitário e unicomunitário).


                               1
              3               4%
             11%



       2                                                                       Desinfecção
      8%
                                                                               ETA completa
                                                                               Filtração com produto químico
  1                                                               13
 4%                                                              50%           Filtração sem produto químico
                                                                               Inoperante
                                                                               Não há
       2
      8%                                                                       Dessalinização



               4
              15%




	17
2 - Avaliação dos modelos



A média de quantidade de ligações existentes                 maior, desenhado para abastecer vários
do universo pesquisado foi de 185 ligações                   municípios, operado pela CAERN;
(aproximadamente 650 pessoas) nos modelos
multicomunitários (variando de 44 a 428                      • Três mananciais são poços rasos escavados,
ligações); enquanto que nos unicomunitários,                 tipo amazonas, com tratamento por
foi de 270 ligações (variando de 33 a 2.000                  desinfecção; e, por fim,
ligações) com aproximadamente 950 pessoas.
                                                             • Dois mananciais são nascentes, todos
Com relação às tipologias de mananciais, dos                 no Paraná, onde ocorre a situação de
26 sistemas pesquisados, os dados das tabelas                “manancial de serra”, com adução por
acima mostram os seguintes aspectos:                         gravidade e tratamento por simples
                                                             desinfecção.
       • Um total de 13 mananciais (50% da amostra)
       é do tipo poços tubulares profundos, que         Com relação à cobertura da rede de
       ocorrem de forma difusa em regiões brasileiras   abastecimento de água, à exceção de apenas
       pesquisadas (Nordeste, Sudeste e Sul). Quando    uma comunidade, todas as demais possuem
       existente, o tratamento predominante nesta       atendimento universal, isto é, 100% dos
       tipologia é a simples desinfecção, e, apenas     domicílios do sistema estão ligados à rede de
       em um caso, a dessalinização;                    água.

       • Cinco mananciais (19% da amostra) são
       açudes, sendo a maioria desses exemplos          2.2.2. Eficiência operacional
       pesquisados no Ceará. O tratamento
       mais comum é a filtração com produtos            A seguir, apresentam-se as principais
       químicos, mas há também o tratamento             características de eficiência operacional dos
       completo em uma estação de tratamento            sistemas avaliados em cada comunidade,
       de água -ETA;                                    incluindo controle de qualidade de
                                                        água, automatização, macromedição e
       • Três sistemas (11%), todos localizados         micromedição, assim como regularidade do
       no Rio Grande do Norte, recebem                  abastecimento.
       água tratada de um sistema integrado




18 	
                                                                                                                                      13




                                                                                                               SÉRIE
Tabela 6. Características de eficiência operacional dos sistemas avaliados de modelos multicomunitários.

                                       Controle de        Automatização e                              Regularidade
                                                                                 Macrome- Micromedição
 Entidade           Localidade         qualidade da       controle de nível                            do abasteci-
                                                                                 dição    (*1)
                                       água               do reservatório                              mento (*2)

                    Lagoa Santa
                                       Parcial            Sim                    Sim            Efetiva                Regular
 CENTRAL/BA         Rita

                    Pau D’Alho         Parcial            Sim                    Sim            Efetiva                Regular

                    São Paulinho       Satisfatório       Sim                    Não            Efetiva                Regular
 SISAR/CE
                    Bom Lugar          Parcial            Sim                    Sim            Efetiva                Regular

 COPANOR/           Guinda             Satisfatório       Sim                    Não            Efetiva                Regular
 MG                 Extração           Satisfatório       Sim                    Sim            Efetiva                Regular

                    Nova Esperança Parcial                Sim                    Sim            Efetiva                Regular
 SISAR/PI
                    Roque              Parcial            Sim                    Sim            Efetiva                Regular

                    Mar Vermelho       Parcial            Não há                 Sim            Efetiva                Intermitente
 CONISA/RN
                    Santana            Parcial            Não há                 Sim            Efetiva                Intermitente


Observações: (*1) A micromedição foi considerada efetiva quando a hidrometração estava em uso; e (*2) a regularidade do abastecimento
foi considerada regular quando era contínua e não havia registros de desabastecimento.




	19
2 - Avaliação dos modelos



Tabela 7. Características de eficiência operacional dos sistemas avaliados de modelos unicomunitários.

                                                       Automatiza-
                                    Controle de                                                                   Regularidade
                                                       ção e controle                          Micromedição
 Estado          Localidade         qualidade da                          Macromedição                            do abasteci-
                                                       nível do                                (1*)
                                    água                                                                          mento (2*)
                                                       reservatório

 Bahia           Jaraguá            Não há             Não há             Não                  Não há             Regular

                 Morada Nova        Não há             Não há             Não                  Efetiva            Regular
 Ceará
                 Transual           Não há             Não há             Não                  Sem uso            Intermitente

                 São José Al-
                                    Satisfatório       Sim                Não                  Efetiva            Regular
 Minas Gerais meida
                 Silva Campos       Satisfatório       Não há             Não                  Efetiva            Regular

                 Saltinho           Parcial            Sim                Sim                  Efetiva            Regular

                 São João Gra-
                                    Satisfatório       Sim                Não                  Não há             Regular
 Paraná          ciosa

                  Mundo Novo
                                    Satisfatório       Sim                Não                  Não há             Regular
                 de Saquarema

                 Sítio do Souza     Não há             Não há             Não                  Efetiva            Regular

                 Vila Conceição     Não há             Não há             Não                  Efetiva            Intermitente
 Pernambuco
                 Borracha           Não há             Não há             Não                  Efetiva            Intermitente

                 Sauê               Não há             Não há             Não                  Sem uso            Intermitente

                 Bom Princípio      Não há             Não há             Não                  Não há             Intermitente
 Piauí
                 Barriga            Não há             Não há             Não                  Não há             Intermitente

                 Caatinga
 Rio Grande                         Não há             Não há             Não                   N/A                N/A
                 Grande
 do Norte
                 Lagoa da Onça      Parcial            Não há             Sim                  Efetiva            Regular


Observações: (1*) A micromedição foi considerada efetiva quando a hidrometração estava em uso; e (2*) a regularidade do abastecimento
foi considerada regular quando era contínua e não havia registros de desabastecimento.




20 	
                                                                                                                                      13




                                                                                                            SÉRIE
Avaliando os dados operacionais dos 26                                     mas não são usados e em outras cinco
sistemas visitados, pode-se concluir que:                                  localidades (19%) não há hidrômetros; e

           • O controle de qualidade da água é                             •	 Por fim, a regularidade do abastecimento
           satisfatório em sete localidades (27%), não                     acontece em 17 localidades (65%).
           é realizado em 10 localidades (38%) e é
           parcialmente realizado em nove (35%);                   Em uma análise das características operacionais
                                                                   apontadas pelas tabelas 6 e 7, percebe-se que o
           • 12 sistemas (46%) têm controle liga-                  modelo de gestão multicomunitário apresenta
           desliga automático de bomba e controle de               mais aspectos satisfatórios do que o de gestão
           nível de reservatório, sendo que todos os               unicomunitária.
           multicomunitários (à exceção do CONISA)
           usam esses controles; e os unicomunitários
           concentrados mais nos exemplos do Paraná;               2.2.3. Custos de operação e manutenção
           • 10 sistemas (38%) têm macromedição.                   As tabelas a seguir apresentam os custos de operação
           Quanto à micromedição, em 18 localidades                e manutenção (O&M) dos sistemas avaliados.
           (69%) ela é efetiva (em uso) – todos os                 Foram incluídas nos custos de O&M as despesas
           exemplos multicomunitários usam; em dois                com pessoal, energia e outros, tais como materiais
           exemplos (8%) existem os micromedidores,                para o tratamento da água e de manutenção,
                                                                   serviços de terceiros e despesas gerais. 7


Tabela 8. Custos de operação e manutenção dos modelos multicomunitários (2014).

                                     Custo de operação e manutenção –
                                                                               Parcela do custo - %
                                     2014
  Entidade
                                                   Nª de        R$/ligação/                              Materiais         Gerais e
                                     R$/ano (1)                                Pessoal      Energia
                                                   ligações     mês                                      e serviços        outras

  CENTRAL/BA                           2.124.943        9.149          19,35         39,6         22,3              17,4        20,7

  SISAR/CE (2)                         2.114.864       13.590          12,97         40,3          7,4              29,1        23,2

  COPANOR/MG                         19.577.949        88.712          18,39         40,7         22,1              25,1        12,1

  SISAR/PI                             1.423.461        7.800          15,21         40,7         13,8               9,3        36,2

  CONISA/RN                             845.327         5.241          13,44         13,3          0,0              25,6        61,1

Observações: Dados atualizados em 2014. No CONISA, no entanto, o dado de custo foi informado em 2010 apenas. Os autores
ajustaram monetariamente o valor (usando o IPCA, 27,7%) para permitir a comparação, conforme dado atualizado de receita, e
mantendo-se a relação receita/custo verificada em 2010.
(1)
      A taxa de câmbio em dezembro/2014, segundo o Banco Central do Brasil, era de R$ 2,66 = USD 1,00 ;(2) os dados do SISAR/
CE apresentados nesta tabela referem-se apenas ao SISAR da Bacia do Alto Jaguaribe (SISAR/BAJ).


                                                                   7   O estudo não conseguiu obter informações sobre os custos de
                                                                   implementação dos sistemas.
	21
2 - Avaliação dos modelos



Os dados da Tabela 8 mostram que, em termos                      composição de custos difere dos demais
de custos de operação e manutenção mensal                        exemplos, pois o maior custo (incluído nas
por ligação, os valores são bem variáveis: de                    despesas gerais) se refere à compra de água
R$ 12,97/mês/ligação no SISAR/CE a R$ 19,35/                     tratada em atacado, que vem de um sistema
mês/ligação na CENTRAL/BA. Percebe-se que                        integrado operado pela CAERN. A razão do
há grande relação entre o custo de O&M e os                      baixo custo do serviço nesse caso, de R$13,44/
pagamentos com energia.                                          mês/ligação, se dá pelo forte subsídio
                                                                 financeiro na compra desta água tratada.
No caso do CONISA/RN, vê-se que a

Tabela 9. Custos de operação e manutenção dos modelos unicomunitários.

                                                   Custo de operação e manutenção           Parcela do custo - %
 Estado                    Exemplo
                                                   R$/ano             R$/ligação/mês        Pessoal         Energia    Outros

 Bahia                     Jaraguá                              46                   0,12        100,0           0,0       0,0

                           Morada Nova                       15.324                  5,11         50,0          37,5      12,5
 Ceará
                           Transual                           1.609                  4,97         46,7          51,2       2,1

                           São José Almeida                 415.280                 17,30         48,0          40,6      11,4
 Minas Gerais
                           Silva Campos                      86.887                 26,62         52,9          21,1      26,0

                           Saltinho                          24.518                  8,17         70,0          20,0      10,0

                           São João Graciosa                  5.670                  4,30         67,6           0,0      32,4
 Paraná
                           Mundo Novo de
                                                              7.662                  9,39         64,0           0,0      36,0
                           Saquarema

                           Sítio do Souza                     4.444                  7,56         51,8          48,2       0,0

                           Vila Conceição                     3.831                  1,52             0,0        0,0     100,0
 Pernambuco
                           Borracha                          84.282                 10,03         32,8         59,00       8,2

                           Sauê                    Não informado

                           Bom Princípio           Não informado
 Piauí
                           Barriga                 Não informado

                           Caatinga Grande                    1.532                  1,82             0,0        100       0,0
 Rio Grande do Norte
                           Lagoa da Onça                      6.589                  8,58         28,0           0,0      72,0

Observações: Valores de custos reajustados monetariamente de 2010 (dado inicial) para 2014 pelo IPCA (27,7%); parcelas do custo
mantidas no mesmo percentual informado em 2010.




22 	
                                                                                                                         13




                                                                                                      SÉRIE
O custo específico de O&M nos sistemas de                    cuida do sistema e fica isenta, naquela ocasião,
gestão unicomunitária, em termos de R$/                      do pagamento da tarifa fixa.
mês por ligação, são bastante variáveis, visto a
diversidade de situações locais, partindo de R$              No entanto, veem-se sistemas de maior porte,
0,12 mês/ligação em Jaraguá/BA para R$ 26,62                 como São José de Almeida/MG (R$17,30) e
mês/ligação em Silva Campos/MG. Os casos                     Silva Campos/MG (R$26,62), os quais não só
de Jaraguá/BA - R$ 0,12) e Vila Conceição/PE                 apresentam serviços de excelente qualidade,
(R$ 1,52), os custos são muito baixos, dado                  como custeiam, com a arrecadação de água,
que a energia costuma ser paga pela Prefeitura               outros benefícios para a comunidade.
e não há gasto com produtos químicos. No
caso de Vila Conceição/PE, a Prefeitura paga
ainda os custos de pessoal; e em Jaraguá/BA,                 2.2.4. Dados de tarifa e receita -
um assentamento de sem terra, há um sistema
peculiar de gasto de pessoal: a operação é em                2014
rodízio, em que, a cada mês, uma família

Tabela 10. Tarifa e receita dos modelos multicomunitários.


                    Receita total                            Tarifa             Inadimplência          Receita / Custo
 Entidade                                Nª de ligações
                    (R$)                                     R$/ligação/mês     (%)                    (R/C)

 CENTRAL/BA                  2.005.769               9.149              18,27                   2,8                 0,94

 SISAR/CE                    2.243.534              13.590              13,76                   1,9                 1,06

 COPANOR/MG                21.770.783               88.712              20,45                   6,7                 1,11

 SISAR/PI                    1.640.189               7.800              17,52                   4,0                 1,15

 CONISA/RN                   1.001.526               5.241              15,92               10,1                    1,18



O SISAR/CE tem a menor tarifa mensal                         os demais exemplos apresentam superávit
por ligação (R$ 13,76), o que decorre,                       operacional.
principalmente, pelo baixo custo do serviço
aliado à baixa relação de superávit — receita                A inadimplência está dentro de grau de
versus custo (R/C=1,06). No caso do CONISA/                  eficiência (<5%) em vários casos, como do
RN, o elevado superávit (R/C=1,18) decorre                   SISAR/CE, CENTRAL/BA, SISAR/PI, e ainda
do subsídio financeiro, que torna baixo o                    com valor relativamente baixo no caso da
custo do seu serviço. No caso ainda dessa                    COPANOR/MG. Já o CONISA/RN mostra
relação de receita versus custo, a tabela mostra             preocupante situação de descontrole, com
situação crítica apenas na CENTRAL/BA, que                   inadimplência da ordem de 10,1%.
opera com déficit de 6% (R/C=0,94). Todos



	23
2 - Avaliação dos modelos



Tabela 11. Tarifa e receita dos modelos unicomunitários.

                                           Receita total           Tarifa           Inadimplência          Receita / Custo
 Estado               Exemplo
                                           (R$)                    (R$/ligação/mês) (%)                    (R/C)

 Bahia                Jaraguá                              1.471               3,71                  0,0                32,00

                      Morada Nova                      17.929                  5,98                  0,0                 1,17
 Ceará
                      Transual                             1.747               5,39                 16,0                 1,09

                      São José Almeida                493.433                 20,56                  8,0                 1,19
 Minas Gerais
                      Silva Campos                     72.023                 22,07                 10,0                 0,82

                      Saltinho                         50.569                 16,86                  6,0                 2,06

                      São João Graciosa                11.033                  8,33                 35,0                 1,95
 Paraná
                      Mundo Novo de
                                                       12.106                 14,84                  2,5                 1,58
                      Saquarema

                      Sítio do Souza                       9.654              16,42                  6,0                 2,17

                      Vila Conceição                   10.880                  4,32                 15,0                 2,84
 Pernambuco
                      Borracha                         68.958                  8,21                 30,0                 0,82

                      Sauê                 Não informado

                      Bom Princípio        Não informado
 Piauí
                      Barriga              Não informado

 Rio Grande do        Caatinga Grande                      3.371               4,01                  0,0                 2,20
 Norte                Lagoa da Onça                        8.888              11,57                 20,0                 1,35


Observações: Valores de receita e tarifa reajustados de 2010 para 2014 pelo IPCA (27,7%); inadimplência e relação R/C mantidas
nos mesmos índices informados em 2010.


A tarifa nos exemplos de gestão unicomunitária                     subsídio direto dado a cada sistema. A
é variável e reflete a diversidade dos custos,                     inadimplência também é bastante variável,
muito influenciada pela quantidade de                              mas predominam os baixos índices.




24 	
                                                                                                           13




                                                                                             SÉRIE
2.2.5. Dados de evolução do modelo                        RN, que não forneceu dados financeiros
                                                          atuais, sendo que, para efeito do estudo e para
multicomunitário (2010, 2013 e 2014)                      permitir comparações, os autores reajustaram
                                                          os valores com base no índice IPCA para o
Os dados iniciais desse estudo foram levantados           período.
em campo em 2010. No caso do modelo
multicomunitário, foi possível atualizar esses            Com essa atualização, pode-se trabalhar com a
dados, diretamente com as fontes, nos anos                evolução dos principais indicadores, como são
de 2013 e 2014. A exceção feita ao CONISA/                vistos nas tabelas e figuras adiante.


Tabela 12. Evolução anual do número de ligações dos modelos multicomunitários.

                            Nª de ligações
 Entidade
                            2010                          2013                        2014

 CENTRAL/BA                                      7.921                        8.776                    9.149

 SISAR/CE                                        7.980                       12.707                   13.590

 COPANOR/MG                                     39.178                       81.936                   88.712

 SISAR/PI                                        6.000                        7.803                    7.800

 CONISA/RN                                       3.430                        5.165                    5.241


Figura 3. Evolução do número de comunidades dos modelos multicomunitários.
250



200



150



100



 50



  0
            CENTRAL/BA          SISAR/CE          COPANOR/MG              SISAR/PI             CONISA/RN

                                               2010      2013    2014



	25
2 - Avaliação dos modelos



A evolução do atendimento é marcante                        de 2010 a 2013 e aumentando a seguir - se
nos estados do Ceará e de Minas Gerais,                     deu pela falta de apoio e incentivo à adesão
onde seus respectivos exemplos de modelo                    pelos programas do Estado entre 2010 e
multicomunitário (SISAR e COPANOR) têm                      2013, situação que se reverte a partir de 2014,
tido expressivos programas de investimento                  principalmente com o apoio do Programa
na expansão dos sistemas, com crescimento,                  Água para Todos. O número de ligações
respectivamente, de 70% e 126% no número                    existente na COPANOR/MG é muito superior
de ligações desde 2010 até 2014. No caso da                 ao dos demais exemplos estudados, inclusive
CENTRAL/BA, a flutuação no atendimento                      pelo fato de que a COPANOR atende às sedes
do número de comunidades – diminuindo                       municipais da região, além do meio rural.
Figura 4. Evolução do custo (R$/ligação/mês) dos modelos multicomunitários.


25

                                                   21,13
                   19,35
20                                                                18,39
               16,66                                    16,14                              15,21
15                                                                                                          13,44
                                         12,97                                     12,81               12,44
                                    12,28
       11,16                                                                                       10,59
10                           8,39                                           8,89



  5



  0
         CENTRAL/BA            SISAR/CE            COPANOR/MG                 SISAR/PI              CONISA/RN

                                                 2010      2013      2014


O aumento dos custos da maioria dos exemplos                da qualidade da água, gastos em controle de
multicomunitários se dá pelo aprimoramento                  perdas e automatização. Além disso, houve
do padrão de serviço e busca de maior                       um aumento significativo do custo de energia
eficiência operacional. Alguns encargos foram               e a valorização salarial em faixas menores, o
surgindo desde a criação do modelo, entre os                que impactou sobremaneira essas entidades.
quais: necessidade de controle laboratorial




26 	
                                                                                                                               13




                                                                                                          SÉRIE
Figura 5. Evolução da receita (R$/ligação/mês) dos modelos multicomunitários.

25

                                                                          20,45
20                 18,27
                                                                                           17,48 17,52
                                                                   16,17                                               15,92
              15,57
                                                           14,36                                                  14,74
15                                              13,76
                                         12,3                                                             12,54
         11,84

10                                8,89
                                                                                    7,75


 5



 0
         CENTRAL/BA                 SISAR/CE               COPANOR/MG                 SISAR/PI               CONISA/RN

                                                         2010      2013      2014

Tabela 13. Evolução anual de inadimplência dos modelos multicomunitários.

                                Inadimplência
 Exemplo
                                2010                                2013                           2014

 CENTRAL/BA                                                2,7%                             3,0%                          2,8%

 SISAR/CE                                                  6,6%                             3,4%                          1,9%

 COPANOR/MG                                              -8,0% *                           17,5%                          6,7%

 SISAR/PI                                                  9,1%                             9,9%                          4,0%

 CONISA/RN                                                15,5%                            19,9%                         10,1%


* A COPANOR fez um esforço de recuperação de inadimplentes que resultou em número alto de usuários reestabelecidos no ano
de 2010 com grande recuperação de créditos anteriores.




	27
2 - Avaliação dos modelos



Figura 6. Evolução da receita/custo dos modelos multicomunitários.

1,4
                                                                                                  1,18 1,18 1,18
1,2                                                                  1,11             1,13 1,15
         1,06                 1,06       1,06
                                     1                        1,02
   1            0,92 0,94
                                                                               0,87

0,8                                                    0,73

0,6

0,4

0,2

   0
        CENTRAL/BA              SISAR/CE           COPANOR/MG                   SISAR/PI           CONISA/RN

                                                2010      2013          2014


A evolução de receita dos exemplos
multicomunitários não apresenta modificações                   2.3. Resumo da
expressivas, segue apenas os índices inflacionários
encontrados para o período. Já pelo lado de                    avaliação dos
indicadores, vê-se que a relação da receita dividida
pelo custo (R/C) se inverteu em três casos: (i)                parâmetros
na CENTRAL/BA para pior (R/C de 1,06 para
0,94); e (ii) no SISAR/PI e na COPANOR/MG                      Após a aplicação dos questionários e da
para melhor (R/C de 0,87 para 1,15 no primeiro                 avaliação dos modelos visitados, os resultados
caso; e de 0,73 para 1,11 no segundo). No tocante              gerais foram tabulados de maneira a identificar
à inadimplência, houve melhora geral: (i) com                  a quantidade de parâmetros em cada modelo
situações gradativas de redução, como no SISAR/                segundo a seguinte classificação: A para
CE (6,6% em 2010 para 1,9% em 2014) e no                       melhor situação, B para situação intermediária
SISAR/PI (9,1% para 4,0% no mesmo período);                    e C para a pior. Quando o parâmetro não se
e (ii) e situações bruscas, como na COPANOR/                   aplica ao exemplo avaliado ou não se tem
MG, onde houve maior reversão (de 17,5% em                     a informação de base, utiliza-se N/A (não
2013 para 6,7% em 2014), e ainda no CONISA/                    aplicável).
RN, de 19,9% para 10,1% no mesmo período.




28 	
                                                                                                       13




                                                                                         SÉRIE
Tabela 14. Avaliação geral dos modelos.

                         Número de parâmetros por classificação

 Estado                  Modelo multicomunitário      Modelo de gestão unicomunitária

                         A      B         C    N/A    Localidade             A      B       C    N/A

 Bahia                   11     18        7    0      Jaraguá                9      9       6    0

                                                      Morada Nova            12     8       4    0
 Ceará                   23     12        1    0
                                                      Transual               0      3       21   0

                                                      São José de Almeida    18     5       1    0
 Minas Gerais            19     13        4    0
                                                      Silva Campos           12     7       5    0

                                                      Saltinho               18     5       1    0

                                                      Mundo Novo de Saqua-
 Paraná                  ---                                                 11     8       4    1
                                                      rema

                                                      São João da Graciosa   10     8       5    1

                                                      Sítio do Souza         6      8       9    1

                                                      Borracha               5      7       12   0
 Pernambuco              ---
                                                      Vila Conceição         4      9       11   0

                                                      Sauê                   2      4       18   0

                                                      Bom Princípio          2      5       17   0
 Piauí                   20     10        6    0
                                                      Barriga                2      3       19   0

                                                      Caatinga Grande        7      7       6    4
 Rio Grande do Norte     7      13        14   2
                                                      Lagoa da Onça          6      11      5    2




	29
2 - Avaliação dos modelos



Figura 7. Avaliação geral dos modelos multicomunitários (número de parâmetros por classificação).

25


20


15


10


  5


  0
              CENTRAL/BA        SISAR/CE           COPANOR/MG               SISAR/PI              CONISA/RN

                                                   A       B   C   N/A



Figura 8. Avaliação geral dos modelos unicomunitários (número de parâmetros por classificação).

  20
  18
  16
  14
  12
  10
   8
   6
   4
   2
   0
                                                             R
                                                             E
                                                             E




                                                             E
                                                           PR
                                                            G




                                                            PI
                                                           PE
        BA




                                                            N

                                                          RN
                                                             I
                                                           PE




                                                            E
                                                         l/C




                                                          /P




                                                          /P
                    C




                                                           G




                                                           R




                                                          /P
                                                        /M




                                                         /P




                                                        /R
                                                         a/
                                                        a/
                                                        a/
                 a/




                                                       /P

                                                       a/
                                                       M
       á/




                                                      ho




                                                       io
                                                      uê




                                                      a/
                                                     rig
                                                     ão
                                                     ua




                                                    de
                                                    ch
                                                    m
              ov




                                                    os




                                                   uz
                                                    a/




                                                    sa
  gu




                                                  cíp




                                                  nç
                                                  Sa
                                                    n




                                                eiç
                         s




                                                 ar
                                                   e




                                                an
                                                  p




                                                 io




                                                 ra
              N




                                              eid




                                                lti




                                               So
                      an
 ra




                                               ar




                                            aO
                                              in
                                              m




                                              B
                                               r
                                            ac




                                            nc




                                           Gr
                                            Sa
Ja




                                            u
         da




                                          Bo
                  Tr

                                           m

                                          Ca




                                           Pr
                                          do
                                         aq

                                         Gr




                                        Co




                                       ad
          a




                                        Al




                                        ga
       or




                                       m
                                      eS




                                     tio
                                     lva




                                     da




                                     in

                                    go
                        de




                                   Bo
                                    la
   M




                                   d




                                  Sí
                                  Si




                                  at
                                 Vi




                                 La
                                ão
                                 o
                    sé




                               Ca
                              ov

                              Jo
                  Jo




                            N

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               Sã




                        do
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                   M




                                               A       B   C   N/A




30 	
                                                                                           13




                                                                            SÉRIE
Nota-se, pela análise da tabela, que o exemplo     começaram por volta de 1995. Em 2001,
multicomunitário com maior número de               o estado do Ceará expandiu o modelo
parâmetros classificados como A está no            SISAR para todo o estado, criando mais
Ceará (23) e o de menor número está no Rio         sete unidades que correspondem às áreas
Grande do Norte (7). Nos casos de modelos de       de negócios da CAGECE, organizadas
gestão unicomunitária, o mais bem avaliado         por bacia hidrográfica. Já no Piauí, o
é Saltinho, no estado do Paraná, com 19            SISAR começou a funcionar na região
parâmetros classificados como A e o pior é         de Picos, em 2005. A Bahia expandiu o
Transual, no estado do Ceará, com nenhum           modelo CENTRAL apenas para a região
parâmetro nessa classificação.                     de Jacobina.

                                                   Quanto ao formato institucional e ao
                                                   modelo operacional, os três exemplos são
                                                   similares: consistem em uma federação
2.4. Avaliação dos                                 de associações que, por meio de uma
                                                   equipe executiva de caráter técnico, cria
modelos de gestão                                  escala regional para a manutenção, para
                                                   assegurar a qualidade dos serviços e
multicomunitária                                   buscar um fluxo financeiro sustentável.
                                                   Estas ações regionais garantem suporte
Nesse item, discutem-se com maiores detalhes       à operação local, que é feita pelas
os modelos multicomunitários em relação a          associações filiadas e seus operadores
seus aspectos institucionais, organizacionais e    voluntários.
de resultados quanto aos parâmetros avaliados
no estudo.                                         b) Modelo de ente público

                                                   A COPASA Serviços de Saneamento
2.4.1. Características institucionais              Integrado do Norte e Nordeste de
                                                   Minas Gerais S.A. (COPANOR) é uma
A seguir, é apresentada a evolução das             empresa subsidiária da COPASA/MG —
características institucionais e organizacionais   Companhia de Saneamento de Minas
dos modelos multicomunitários analisados.          Gerais S.A. A COPANOR iniciou suas
                                                   atividades em 2007, por meio de um
      a) Modelo associativo                        programa financiado com recursos
                                                   estaduais. A COPANOR presta serviços
      O modelo de associação federativa para       nas regiões norte e nordeste de Minas
      gestão multicomunitária e regional de        Gerais em localidades com população
      serviços surgiu no meio rural do Nordeste    entre 200 e 5.000 habitantes, incluindo
      do Brasil. As primeiras unidades desse       sedes municipais.
      modelo foram a CENTRAL em Seabra, na
      Bahia, e o SISAR em Sobral, no Ceará, que



	31
2 - Avaliação dos modelos



       No Rio Grande do Norte, o Consórcio              •	 O SISAR/PI é um exemplo em
       Intermunicipal de Saneamento de Serra            processo de desenvolvimento, restrito
       do Santana (CONISA) foi implantado em            a uma região do estado. Vive um
       2007 na região da serra homônima, que é          momento de expansão impulsionado por
       formada pelos municípios de Bodó, Cerro          um programa de investimento e pode-se
       Corá, Florânia, Lagoa Nova, Santana do           dizer que seu sucesso parece instável no
       Matos, São Vicente e Tenente Laurentino          longo prazo, pois dependerá do apoio
       Cruz. Trata-se de um consórcio público           institucional ainda incerto por parte do
       com caráter autárquico e os prefeitos            estado.
       dessas sete cidades formam a Assembleia
       Geral. O modelo originou-se de um          Os dois exemplos de modelo multicomunitário
       financiamento do Banco Mundial ao          de ente público não têm similaridade do ponto
       governo do estado para a implantação de    de vista institucional. A excelência como boa
       um sistema produtor integrado, operado     prática aparece apenas na COPANOR:
       pela Companhia de Água e Esgoto do
       Estado do Rio Grande do Norte (CAERN),           •	 A COPANOR é a única que tem o
       que vende água tratada ao CONISA, que,           potencial de manter um nível tarifário
       por sua vez, a distribui.                        compatível com a realidade financeira do
                                                        meio rural, cujo valor cobrado é menor
                                                        do que o praticado na zona urbana, que é
2.4.2. Avaliação comparativa geral                      gerido pela empresa estadual (COPASA);

Em termos gerais, os exemplos associativos são          •	 A COPANOR apresenta risco
idênticos, a diferença baseia-se no seguinte:           trabalhista incipiente, em função da
                                                        formalização da mão de obra na empresa.
       • O SISAR/CE vive uma expansão                   Seu desafio é continuar a se equilibrar
       permanente. Pode-se afirmar que seu              financeiramente com o nível tarifário
       sucesso é sólido e tende a ser perene            atual, mantendo a qualidade do padrão
       no longo prazo, pois está baseado no             de serviço e o custo atual da mão de obra
       apoio estadual, inclusive da CAGECE,             local.
       no incentivo à adesão ao modelo e no
       investimento contínuo no setor.            Com base na aplicação dos questionários
                                                  do estudo, os modelos foram classificados
       •	 A estagnação e o pouco sucesso da       segundo demonstrado na Tabela 15 e na Figura
       CENTRAL estão relacionados à falta de      9. Nessa tabela, os exemplos são apresentados
       apoio institucional do estado. Observa-    em ordem decrescente do número de melhor
       se pouco esforço na expansão do            situação (classificação A). Em caso de empate
       modelo, visto que os diversos órgãos não   nessa classe, segue a ordem da classificação B. A
       incentivam a adesão das comunidades ao     classificação N/A significa que os parâmetros
       modelo.                                    não são aplicáveis.




32 	
                                                                                                            13




                                                                                                SÉRIE
Tabela 15. Avaliação geral dos modelos multicomunitários.

                        Número de parâmetros por classificação
 Entidade
                        A                     B                        C                    N/A

 Associativo

 SISAR/CE               23                    12                       1                    0

 SISAR/PI               20                    10                       6                    0

 CENTRAL/BA             11                    18                       7                    0

 Ente público

 COPANOR/MG             19                    13                       4                    0

 CONISA/RN              7                     13                       14                   2


Figura 9. Avaliação geral dos modelos multicomunitários (número de parâmetros por classificação).

25


20


15


10


  5


  0
          SISAR/CE             SISAR/PI            CENTRAL/BA          COPANOR/MG               CONISA/RN
                                                   A   B    C    N/A


Os     modelos     multicomunitários que                    predominantes.      Os próximos itens do
apresentaram maior número de parâmetros                     estudo apresentarão em detalhes a análise dos
com classificação “A” foram SISAR/CE,                       resultados obtidos.
SISAR/PI e COPANOR/MG. Os demais
tiveram classificação “B” ou “C” como




	33
2 - Avaliação dos modelos



2.4.3. Avaliação do desempenho                              em consideração os aspectos indicados na
                                                            Tabela 16; e os resultados obtidos para cada
institucional                                               modelo multicomunitário estão resumidos na
                                                            Figura 10 a seguir.
A análise de desempenho institucional levou
a) Parâmetros considerados

Tabela 16. Desempenho institucional.

                            Nª             Parâmetro de avaliação
                            1              Potencial de replicação

                            2              Apoio para gestão/capacitação

                            3              Avaliação de desempenho
                            4              Indução para adesão ao modelo
                            5              Expansão do número de localidades
                            6              Poder decisório das associações
                            7              Risco de interferência política
                            8              Risco trabalhista com operadores locais
                            9              Poder de iniciativa da associação
                            10             Capacitação - dirigentes comunitários



b) Resumo do resultado

Figura 10. Avaliação do desempenho institucional dos modelos multicomunitários (número de parâmetros por
classificação).

10
  9
  8
  7
  6
  5
  4
  3
  2
  1
  0
          SISAR/CE              SISAR/PI           CENTRAL/BA                COPANOR/MG   CONISA/RN

34 	                                       A   B    C     N/A
                                                                                                              13




                                                                                               SÉRIE
Tabela 17. Avaliação do desempenho institucional dos modelos multicomunitários conforme os parâmetros analisados
e suas classificações.

 Nª       Parâmetro                           A                  B                  C

                                              SISAR/CE           CENTRAL/BA
 1        Potencial de replicação                                                   CONISA
                                              SISAR/PI           COPANOR/MG

                                                                 CENTRAL/BA
                                              SISAR/CE
 2        Apoio para gestão/capacitação                          SISAR/PI
                                              COPANOR/MG
                                                                 CONISA/RN

                                                                                    CENTRAL/BA

 3        Avaliação de desempenho             SISAR/CE           COPANOR/MG         SISAR/PI

                                                                                    CONISA/RN

                                                                                    CENTRAL/BA
                                              SISAR/CE
 4        Indução para adesão ao modelo                                             SISAR/PI
                                              COPANOR/MG
                                                                                    CONISA/RN

                                              SISAR/CE
          Expansão do número de locali-
 5                                            COPANOR/MG         CENTRAL/BA         CONISA/RN
          dades
                                              SISAR/PI

                                              CENTRAL/BA
                                                                                    COPANOR/MG
 6        Poder decisório das associações     SISAR/CE
                                                                                    CONISA/RN
                                              SISAR/PI

                                              CENTRAL/BA

 7        Risco de interferência política     SISAR/CE           COPANOR/MG         CONISA/RN

                                              SISAR/PI

                                                                 CENTRAL/BA
          Risco trabalhista com operadores
 8                                            COPANOR/MG         SISAR/CE           CONISA/RN
          locais
                                                                 SISAR/PI

                                              SISAR/CE                              COPANOR/MG
 9        Poder de iniciativa da associação                      CENTRAL/BA
                                              SISAR/PI                              CONISA/RN

          Capacitação - dirigentes comuni-    SISAR/CE                              COPANOR/MG
 10                                                              CENTRAL/BA
          tários                              SISAR/PI                              CONISA/RN




	35
2 - Avaliação dos modelos



c) Avaliação comparativa específica                            sustentabilidade no longo prazo. Por
                                                               sua vez, a CENTRAL caracteriza-se
i. Replicação, apoio institucional e expansão                  pela estagnação — apesar do esforço da
                                                               equipe executiva de Seabra — , decorre da
Dadas as suas eficiências, três exemplos                       falta de estímulo do estado. O exemplo
apresentaram potencial de replicação, sendo                    da CONISA mostra um baixo apoio
dois associativos, o SISAR/CE e SISAR/PI,                      institucional e ausência de perspectiva de
e um ente público, a COPANOR. Dentre os                        expansão.
três, dois destacam-se em termos de apoio
institucional e potencial de expansão:                  ii. Riscos

       • O SISAR/CE apresenta uma                       Os três exemplos associativos apresentam o
       situação sólida que se dá: (i) pelo              mesmo grau de risco. O risco de interferência
       apoio tecnológico da CAGECE,                     política é bastante minimizado pela força
       conferindo eficiência operacional; (ii)          associativa do modelo. Já o risco trabalhista
       pelas metas de desempenho a cumprir;             referente à ação contratualmente informal
       e (iii) pelo estímulo do governo do              (voluntária) do operador local, considera-
       estado para adesão ao modelo, assim              se como risco real tendo em vista que há
       proporcionando uma elevada expansão.             participação de entes públicos no arranjo
       Ressalta-se que o apoio da CAGECE se             geral da gestão do modelo, sobre os quais pode
       dá por instrumentos contratuais entre            recair o ônus final de demandas judiciais. Essa
       a empresa e cada unidade do SISAR. O             informalidade, contudo, é um dos fatores que
       apoio técnico e operacional da CAGECE            permite o baixo custo operacional do modelo.
       caracteriza-se como um subsídio dado             Apesar de algumas poucas reclamações
       ao SISAR. Outros apoios (laboratoriais           trabalhistas ocorridas ainda não terem
       e de manutenção de equipamentos),                provocado impacto, o risco existe e só será
       também fornecidos pela CAGECE, são               resolvido quando houver uma jurisprudência
       remunerados pelo SISAR;                          clara a respeito.

       •	 A COPANOR apresenta uma evolução              A COPANOR destaca-se por apresentar o
       crescente que se assenta: (i) na existência de   menor risco trabalhista, dado o modelo
       um programa de governo do estado para            convencional de operação, tendo operadores
       expansão do modelo, dando elevado ganho          locais como funcionários. Já o risco de
       de escala; e (ii) no apoio tecnológico da        interferência política é passível já que a
       COPASA, conferindo ganho operacional             COPANOR é uma entidade pública e por isso
       e busca de eficiência; e                         sujeita a efeitos políticos. Contudo, esse risco
                                                        parece pequeno, dada a tradição empresarial
       •	 A expansão do SISAR/PI ainda não              da COPASA.
       se configura como política permanente
       do estado, o que torna incerta a sua             No caso do CONISA, o risco trabalhista




36 	
                                                                                                    13




                                                                                    SÉRIE
é bastante preocupante, visto não haver              treinamento do operador para suas funções
formalização da relação contratual, o que            locais; (ii) pela formação dos dirigentes locais
se acentua pelo caráter público e autárquico         no trato administrativo de sua entidade; e,
do consórcio contratador. Esse exemplo               (iii) por fim, destaca-se a ação de educação
também é o que apresenta o maior risco de            sanitária e ambiental, levadas a efeito não
interferência política, visto que os prefeitos têm   só junto dos dirigentes e operadores como
interferido, sobretudo, nas questões referentes      a toda população usuária. No caso da
a cobrança e inadimplência. Os Conselhos             COPANOR, a capacitação restringe-se aos
Fiscal e de Administração do CONISA não              técnicos e operadores do prestador, que é
tinham sido instalados, apesar de terem a sua        permanentemente atualizado. No CONISA, é
implementação prevista.                              realizado apenas um treinamento no início do
                                                     processo das obras.
iii. Participação comunitária e capacitação
                                                     Um fator relevante observado em diversas
Por terem estruturas e formatos institucionais       comunidades é o fato de o serviço de água
semelhantes, os três modelos associativos            se tornar um forte agregador, estimulando
apresentam o mesmo grau de poder decisório           as associações a desenvolverem projetos
das comunidades expressado pela Assembleia           produtivos e sociais para as suas comunidades.
(conjunto de associações filiadas). O SISAR/
CE, porém, tem mais presença do poder
estadual no Conselho Administrativo, visto           2.4.4. Avaliação da eficiência
como um aspecto positivo do modelo, no
intuito de garantir transparência e eficiência       operacional
à gestão. Nos exemplos de ente público
(COPASA e CONISA), não existe mecanismo              A análise da eficiência operacional levou em
de participação das comunidades, já que são          consideração os aspectos indicados na Tabela
organismos públicos formais.                         18; e os resultados obtidos para cada modelo
                                                     multicomunitário estão resumidos na Figura
O processo de capacitação também é comum             11 a seguir.
aos três modelos associativos e se dá: (i) pelo




	37
2 - Avaliação dos modelos



a) Parâmetros considerados

Tabela 18. Eficiência operacional.

                              Nª     Parâmetro de avaliação

                              1      Cobertura da rede

                              2      Condição do abastecimento

                              3      Adequação do tratamento da água

                              4      Controle da qualidade da água

                              5      Capacitação dos técnicos e operadores

                              6      Gestão de perdas

                              7      Rotina de conservação dos ativos

                              8      Manutenção preventiva de equipamentos

                              9      Domínio da tecnologia do sistema

                              10     Uso da micromedição

                              11     Uso da macromedição

                              12     Controle de nível do reservatório

                              13     Agilidade no reparo de bomba

                              14     Segurança hídrica do manancial

                              15     Amplitude do regulamento dos serviços

                              16     Publicidade do registro de atendimento

                              17     Acesso a novas conexões

                              18     Pesquisa de satisfação dos usuários




38 	
                                                                                                                    13




                                                                                                  SÉRIE
b) Resumo do resultado

Figura 11. Avaliação da eficiência operacional dos modelos multicomunitários (número de parâmetros por classificação).

12
                               Associativo                                         Ente público
10


  8


  6


  4


  2


  0
            SISAR/CE               SISAR/PI              CENTRAL/BA        COPANOR/MG               CONISA/RN

                                                     A    B   C   N/A



Tabela 19. Avaliação de eficiência operacional dos modelos multicomunitários conforme os parâmetros analisados e
suas classificações.

 Nª    Parâmetro                          A                   B                   C                       N/A

                                          CENTRAL/BA

                                          SISAR/CE

 1     Cobertura da rede                  COPANOR/MG

                                          SISAR/PI

                                          CONISA/RN

                                          CENTRAL/BA

                                          SISAR/CE
 2     Condição do abastecimento                              CONISA/RN
                                          COPANOR/MG

                                          SISAR/PI




	39
2 - Avaliação dos modelos

Continuação da tabela

 Nª      Parâmetro                           A            B            C            N/A

                                             SISAR/CE

                                             COPANOR/MG
 3       Adequação do tratamento da água                  CENTRAL/BA
                                             SISAR/PI

                                             CONISA/RN

                                                          CENTRAL/BA

                                                          SISAR/CE
 4       Controle da qualidade da água       COPANOR/MG
                                                          SISAR/PI

                                                          CONISAR/RN

                                             SISAR/CE
         Capacitação dos técnicos e opera-                CENTRAL/BA
 5                                           COPANOR/MG
         dores                                            CONISA/RN
                                             SISAR/PI

                                                                       CENTRAL/BA
                                                          SISAR/CE
 6       Gestão de perdas                                              SISAR/PI
                                                          COPANOR/MG
                                                                       CONISA/RN

                                                                       CENTRAL/BA
                                                          SISAR/CE
 7       Rotina de conservação dos ativos                              SISAR/PI
                                                          COPANOR/MG
                                                                       CONISA/RN

         Manutenção preventiva de equipa-                              CENTRAL/BA
 8                                           SISAR/CE     COPANOR/MG                CONISA/RN
         mentos                                                        SISAR/PI

                                                          CENTRAL/BA
                                             COPANOR/MG
 9       Domínio da tecnologia do sistema                 SISAR/CE
                                             SISAR/PI
                                                          CONISA/RN

                                             CENTRAL/BA

                                             SISAR/CE

 10      Uso da micromedição                 SISAR/PI

                                             COPANOR/MG

                                             CONISA/RN




40 	
                                                                                                        13




                                                                                    SÉRIE
Continuação da tabela

 Nª      Parâmetro                            A            B            C                   N/A

                                                           CENTRAL/BA

                                                           SISAR/CE

 11      Uso da macromedição                               COPANOR/MG

                                                           SISAR/PI

                                                           CONISA/RN

                                              CENTRAL/BA

                                              SISAR/CE
 12      Controle de nível do reservatório                              CONISA/RN
                                              COPANOR/MG

                                              SISAR/PI

                                              SISAR/CE

 13      Agilidade no reparo de bomba         COPANOR/MG   CENTRAL/BA                       CONISA/RN

                                              SISAR/PI

                                              CENTRAL/BA

                                              COPANOR/MG
 14      Segurança hídrica do manancial                                 SISAR/CE
                                              SISAR/PI

                                              CONISA/RN

                                                           CENTRAL/BA

                                                           SISAR/CE
         Amplitude do regulamento dos
 15                                                        COPANOR/MG
         serviços
                                                           SISAR/PI

                                                           CONISA/RN

                                                           CENTRAL/BA

                                                           SISAR/CE
         Publicidade do registro de atendi-
 16                                                        COPANOR/MG
         mento
                                                           SISAR/PI

                                                           CONISA/RN




	41
2 - Avaliação dos modelos

Continuação da tabela

 Nª      Parâmetro                             A             B                C             N/A

                                               CENTRAL/BA

                                               SISAR/CE
 17      Acesso a novas conexões                                              CONISA/RN
                                               COPANOR/MG

                                               SISAR/PI

                                                                              CENTRAL/BA

                                                                              COPANOR/MG
 18      Pesquisa de satisfação dos usuários   SISAR/CE
                                                                              SISAR/PI

                                                                              CONISA/RN




c) Avaliação comparativa específica                         O cumprimento das normas legais (Portaria
                                                            2.914/2011 do Ministério da Saúde) ainda
i. Padrão de serviço                                        está longe de ser atendido nos exemplos
                                                            avaliados, tanto no número de parâmetros
Nos cinco exemplos acima, a cobertura é                     avaliados, quanto na frequência exigida pela
universal e o abastecimento é contínuo e                    análise. Os dois exemplos que se aproximam
regular em todas as localidades avaliadas. A                mais do cumprimento às normas são
tecnologia de tratamento de água mostrou-                   SISAR/CE e COPANOR. No entanto, os
se adequada ao manancial em todos os                        autores entendem que os serviços rurais
exemplos avaliados. O controle da qualidade                 deveriam ter normas mais flexíveis e mais
da água é mais satisfatório no SISAR/CE e                   apropriadas aos custos locais, sem perder a
na COPANOR, que realizam controle local                     qualidade da água ofertada ao cidadão.
de cloro e turbidez, além da análise completa
periódica.                                                  ii. Controle operacional

No SISAR/PI e na CENTRAL, o controle                        Na maioria dos exemplos, os operadores locais
de qualidade da água não segue uma rotina                   conhecem bem a tecnologia dos sistemas e
definida. No CONISA, não há verificação                     exercem suas funções de forma satisfatória.
de cloro na rede. A gravidade dessa falta de                A maioria dos sistemas tem automatismo
controle é acentuada pela enorme extensão de                no funcionamento de bombas e controle
adutora a partir da ETA no sistema integrado                de nível em reservatórios. No CONISA, no
até a rede que abastece a comunidade, o que                 entanto, os extravasamentos que ocorrem nos
aumenta o risco de contaminação ao longo do                 reservatórios, de responsabilidade da CAERN,
caminho.                                                    acarretam impacto no custo de compra de
                                                            água tratada.



42 	
                                                                                                    13




                                                                                            SÉRIE
A micromedição existe e é efetiva em todos        nos cinco exemplos avaliados. Com exceção
os exemplos, enquanto a macromedição não          do CONISA, que não possui equipamentos,
está completa, embora em processo de avanço       todos os demais exemplos contam com
em todos os exemplos. Já a gestão de perdas       equipes de manutenção corretiva ágeis para
é praticada com maior ênfase no SISAR/CE          o reparo de bombas, dando segurança à
e está em início na COPANOR, mas ainda            continuidade do abastecimento. Contudo,
não se tem a macromedição em diversos             apenas os exemplos do SISAR/CE e SISAR/PI
sistemas, o que permitiria conter as perdas. Na   possuem equipamentos de reserva para ações
CENTRAL, SISAR/PI e CONISA o tema de              emergenciais.
perdas ainda não é praticado.

A segurança hídrica dos mananciais ocorre de      2.4.5. Avaliação da eficiência
forma satisfatória no sistema de poços presente
no SISAR/PI, CENTRAL e COPANOR,                   comercial e financeira
porém é crítica nos sistemas do SISAR/CE,
cujos açudes e poços têm capacidade limitada      A análise da eficiência comercial e financeira
e pouco manejo de proteção e uso. Os sistemas     levou em consideração os aspectos indicados
do CONISA são abastecidos por açude de            na Tabela 20; e os resultados obtidos para cada
grande volume, bastante seguro.                   modelo multicomunitário estão resumidos na
                                                  Figura 12, a seguir.
O acesso a novas conexões é rápido e a preço
facilitado em quatro dos exemplos avaliados.
A exceção à regra é o CONISA, que possui
                                                  a) Parâmetros considerados
dificuldade em realizar novas ligações, pois
                                                  Tabela 20. Eficiência comercial e financeira.
o preço para uma nova ligação é muito
elevado. Com relação às regulamentações            Nª      Parâmetro de avaliação
cotidianas dos serviços e à publicidade dos
                                                   1       Informatização do faturamento
dados de reclamações e presteza nos serviços,
nenhum dos cinco exemplos atende de forma          2       Profissionalização da cobrança
satisfatória.                                      3       Controle da inadimplência

A conservação dos ativos é mais sistemática no     4       Relação consumo e tarifa mínima

SISAR/CE, mas mostra-se bastante precária na       5       Relação tarifa/padrão do serviço
CENTRAL/BA. Os sistemas do SISAR/PI e da
                                                   6       Suficiência de caixa
COPANOR são obras mais recentes e ainda
não se pode identificar um procedimento            7       Status do superávit operacional
sistemático para a conservação. O CONISA           8       Fundo reserva
mostra precariedade na conservação dos ativos.
A manutenção preventiva de equipamentos
ainda não foi estabelecida de forma sistemática




	43
2 - Avaliação dos modelos



b) Resumo do resultado

Figura 12. Avaliação da eficiência financeira dos modelos multicomunitários (número de parâmetros por classificação).


                              Associativo                                         Ente público
5


4


3


2


1


0
           SISAR/CE                SISAR/PI            CENTRAL/BA          COPANOR/MG             CONISA/RN
                                                   A     B   C   N/A

Tabela 21. Avaliação de eficiência financeira dos modelos multicomunitários conforme os parâmetros analisados e
suas classificações.

 Nª    Parâmetro                              A                        B                          C

                                                                       CENTRAL/BA
                                                                       SISAR/CE
 1     Informatização do faturamento                                   COPANOR/MG
                                                                       SISAR/PI
                                                                       CONISA/RN

                                              CENTRAL/BA
                                              SISAR/CE
 2     Profissionalização da cobrança         COPANOR/MG
                                              SISAR/PI
                                              CONISA/RN




44 	
                                                                                   13




                                                                     SÉRIE
Continuação da tabela

 Nª     Parâmetro                          A            B             C

                                           CENTRAL/BA   COPANOR/MG
 3      Controle da inadimplência          SISAR/CE
                                           SISAR/PI     CONISA/RN

                                           CENTRAL/BA
                                           SISAR/CE
 4      Relação consumo e tarifa mínima    COPANOR/MG
                                           SISAR/PI
                                           CONISA/RN

                                           SISAR/CE     CENTRAL/BA
 5      Relação tarifa/padrão do serviço   COPANOR/MG
                                           SISAR/PI     CONISA/RN

                                                        SISAR/CE
 6      Suficiência de caixa               CONISA/RN    COPANOR/MG    CENTRAL/BA
                                                        SISAR/PI

                                                        CENTRAL/BA
                                                        SISAR/CE
 7      Status do superávit operacional    COPANOR/MG
                                                        SISAR/PI
                                                        CONISA/RN

                                                        CENTRAL/BA
                                                        SISAR/CE
 8      Fundo reserva                                   COPANOR/MG
                                                        SISAR/PI
                                                        CONISA/RN




	45
2 - Avaliação dos modelos



c) Avaliação comparativa                          consumo médio é de 7,72 m3/LP/mês; e, (iv)
                                                  por fim, no CONISA, o mínimo é de 5m3 e o
i. Gestão tarifária e comercial                   consumo médio é 7,32 m3/LP/mês.

Todos os exemplos possuem sistemas                O valor médio da conta (apenas para água) e
informatizados de faturamento, embora             da tarifa média têm os seguintes valores: (i)
nenhum use leitura com coletor de dados.          no SISAR/CE, de R$ 13,76/mês e valor de
A cobrança, por sua vez, está migrando da         R$ 2,01m3; (ii) na COPANOR, de R$ 20,45/
prática de recebimento manual na localidade       mês e R$ 2,65/m3 respectivamente; (iii) na
para cobrança por agente arrecadador.             CENTRAL, R$ 18,27/mês e R$ 1,95/m3; e
                                                  (iv) no SISAR/PI, de R$ 19,18/mês e R$ 2,25/
O controle da inadimplência apresenta aspecto     m3; e CONISA, de R$ 15,92/mês e tarifa de
satisfatório em quatro dos cinco exemplos         R$ 2,2/m3.
avaliados, em que o percentual médio anual
de não arrecadação é de 2,8% na CENTRAL,          ii. Capacidade financeira
de 1,9% no SISAR/CE, de 4,0% no SISAR/PI
e de 6,7% na COPANOR. O CONISA está em            A relação receita/custo mostra-se positiva (isto
situação difícil com índice de inadimplência      é, com superávit): no CONISA, tem superávit
que chega a 10,1%. Acredita-se que no CONISA,     de 1,18; no SISAR/PI, tem 1,15; na COPANOR,
isso é resultante da interferência política de    tem 1,11; e SISAR/CE, tem 1,06. Contudo, no
prefeitos (os “donos” do Consórcio). O índice     caso da CENTRAL/BA, o superávit é negativo
um pouco maior da COPANOR origina-se em           (R/C=0,94). Todos os exemplos recebem em
dois fatos: (i) na falta de pessoal suficiente;   maior ou menor grau algum tipo de subsídio,
e (ii) no distanciamento físico do público        mas apenas o do SISAR/CE tem um subsídio
atendido pela COPANOR com relação à sua           explícito. De qualquer forma, o superávit
sede, além de a maioria das localidades não ter   obtido só é suficiente para a expansão de
operador local presente.                          rede nas comunidades atendidas, não sendo
                                                  possível investir na expansão de produção
O estudo considerou que a relação entre           ou em adequação de sistemas existentes não
consumo mínimo e o valor tarifário mínimo         filiados.
é adequada quando o consumo mínimo é
baseado no consumo real dos usuários, o que
                                                  d) Os subsídios nos modelos
ocorre em todos os exemplos: (i) na CENTRAL/
BA e SISAR/CE, não há indicação de consumo        multicomunitários
mínimo, mas a CENTRAL possui consumo
médio de 9,39m3/LP/mês e SISAR/CE de              Em geral, os subsídios observados nos
6,83m3/LP/mês; (ii) no SISAR/PI, o valor          modelos de gestão multicomunitários se
mínimo refere-se a 2m3 quando o consumo           dão de três maneiras: (i) direto, por meio de
médio é de 8,52m3/LP/mês; (iii) na                aporte financeiro para custeio, como ocorre
COPANOR, o valor mínimo é de 3m3 e o              no SISAR/CE e na COPANOR; (ii) indireto,




46 	
                                                                                                 13




                                                                                 SÉRIE
por meio de assistência técnica, como nos        pouco apoio técnico do Estado ao longo dos
exemplos anteriores e também no SISAR/           anos impactou no desempenho do modelo
PI e na CENTRAL; e (iii) no CONISA com           e na sua capacidade de se tornar sustentável.
subsídio na compra de água tratada.              Concluiu-se que esse subsídio deve se manter
                                                 contínuo e permanente.
i. Subsídio direto: No caso do Ceará, esse
subsídio — que se dá na disponibilização
de técnicos e veículos — vem sendo
gradativamente diminuído à medida que cada
unidade do SISAR/CE tem conseguido atingir       2.5. Avaliação dos
um nível de balanço financeiro positivo e
estável. Do total de oito unidades do SISAR/     modelos de gestão
CE, duas já têm esse status. O mesmo ocorre
na COPANOR, com disponibilização de              unicomunitária
técnicos, mas também caminha para eliminar
a necessidade do seu subsídio direto. Entende-   Nesse item, discutiram-se com mais detalhes os
se, portanto, que esse subsídio é temporário e   modelos de gestão unicomunitária quanto aos
será diminuído na medida em que os modelos       resultados obtidos nos parâmetros avaliados
vão se tornando sustentáveis.                    no estudo.

ii. Necessidade do subsídio indireto:
Verificou-se que os aportes da CAGECE ao         2.5.1. Avaliação geral
SISAR/CE e da COPASA à COPANOR — que
se dão em capacitação, assistência técnica,      Com base na aplicação dos questionários
modernização e monitoramento da gestão (ou       do estudo, os modelos foram classificados
mesmo por meio de consultoria especializada,     segundo demonstrado na Tabela 22 e na Figura
contratada pelo financiamento do KfW,            13. Nessa tabela, os exemplos são apresentados
como o caso do SISAR/PI) — são essenciais        em ordem decrescente do número de melhor
ao sucesso dos respectivos modelos; e, em        situação (classificação A). Em caso de empate
geral, apresentam um elevado benefício para a    nesta classe, segue a ordem da classificação B. A
sustentabilidade dos modelos. Acredita-se que,   classificação N/A significa que os parâmetros
no caso da CENTRAL/BA, por ter exemplo, o        não são aplicáveis.




	47
2 - Avaliação dos modelos



Tabela 22. Avaliação geral dos modelos unicomunitários.

                                           Número de parâmetros por classificação
 Localidade
                                           A                 B                 C    N/A

 Saltinho/PR                               18                5                 1    0

 São José de Almeida/MG                    18                5                 1    0

 Morada Nova/CE                            12                8                 4    0

 Silva Campos/MG                           12                7                 5    0

 Mundo Novo de Saquarema/PR                11                8                 4    1

 São João da Graciosa/PR                   10                8                 5    1

 Jaraguá/BA                                9                 9                 6    0

 Caatinga Grande/RN                        7                 7                 6    4

 Lagoa da Onça/RN                          6                 11                5    2

 Sítio do Souza/PE                         6                 8                 9    1

 Borracha/PE                               5                 7                 12   0

 Vila Conceição/PE                         4                 9                 11   0

 Bom Princípio/PI                          2                 5                 17   0

 Sauê/PE                                   2                 4                 18   0

 Barriga/PI                                2                 3                 19   0

 Transual/CE                               0                 3                 21   0




48 	
                                                                                                           13




                                                                                               SÉRIE
Figura 13. Avaliação geral dos modelos unicomunitários (número de parâmetros por classificação).


     20
     18
     16
     14
     12
     10
      8
      6
      4
      2
      0




                                                   A   B    C   N/A




Dentre as dezesseis localidades avaliadas,                 ocorrem diversos portes, variando: (i) de grande,
quatro exemplos são consideradas boas                      Borracha/PE (700 ligações); (ii) a médio, Vila
práticas por terem no mínimo 12 classificações             Conceição/PE (210 ligações) e Bom Princípio/
A (alcançando positivamente uma metade ou                  PI (130 ligações); e (iii) a pequeno, Barriga/PI
mais dos 24 parâmetros de avaliação). Nesses               (76 ligações), Transual/CE (27 ligações) e Sauê/
exemplos, o parâmetro de ‘porte da localidade’             PE (33 ligações). Concluiu-se, assim, que o
é o traço comum: São José de Almeida/MG,                   porte não influenciou nas piores práticas.
com 2.000 ligações prediais, Silva Campos/
MG com 276 ligações, e Saltinho/PR e                       Os próximos itens do estudo apresentarão em
Morada Nova/CE com 250 ligações cada, o                    detalhes a análise dos resultados obtidos.
que confirma o fator de escala como chave da
sustentabilidade na gestão.
                                                           2.5.2. Avaliação do desempenho
Existem ainda seis localidades com práticas
medianas e porte variado: (i) de médio porte,              institucional
como São João da Graciosa/PR (110 ligações);
e (ii) de pequeno, como Mundo Novo de                      A análise de desempenho institucional levou
Saquarema/PR (68 ligações), Caatinga Grande/               em consideração os aspectos indicados na
RN (70 ligações), Lagoa do Onça/RN (64 ligações),          Tabela 23; e os resultados obtidos para cada
Sítio do Souza/PE (49 ligações) e Jaraguá/BA               modelo de gestão unicomunitária estão
(33 ligações). Nos seis casos de piores práticas,          resumidos na Figura 14, a seguir.



	49
2 - Avaliação dos modelos



a) Parâmetros considerados

Tabela 23. Desempenho institucional.

 Nª            Parâmetro de avaliação

 1             Potencial de replicação

 2             Poder de iniciativa da associação

 3             Capacitação de dirigentes e do operador

 4             Risco de interferência política

 5             Risco trabalhista com operador local



b) Resumo do resultado

Figura 14. Avaliação do desempenho institucional dos modelos unicomunitários (número de parâmetros por
classificação).

          5

          4

          3

          2

          1

          0
              PR

                      G


                                 N

                                        CE


                                                   G

                                                           BA

                                                                     PR


                                                                               R

                                                                                    RN


                                                                                               PE


                                                                                                         E


                                                                                                                    I

                                                                                                                         PE


                                                                                                                                  E

                                                                                                                                        CE


                                                                                                                                                   I
                                                                                                                 /P




                                                                                                                                               /P
                                                                                                       /P




                                                                                                                              /P
                                                                           /P
                     M




                                                 M
                             /R




                                                                                             a/




                                                                                                                        a/
              o/




                                                                 a/
                                                         á/
                                        a/




                                                                                                                                       al/
                                                                                                               io




                                                                                                                                              ga
                                                                                    a/




                                                                                                    ão




                                                                                                                              uê
                                                                          sa
                   a/




                                                 s/
                            de




                                                                                             ch




                                                                                                                      uz
                                                                em




                                                                                                            cíp
                                                       gu
        nh




                                     ov




                                                                                                                                             rri
                                                                                   nç
                                                                          io
                                             po




                                                                                                                                   su
                                                                                                                             Sa
               eid




                                                                                                   eiç
                            an




                                                                                         rra




                                                                                                                    So
                                                      ra
                                    N




                                                                                                                                         Ba
                                                                      ac
       lti




                                                            ar




                                                                               aO




                                                                                                                                   an
                                                                                                          in
                                            am




                                                                                                  nc
              m

                        Gr




                                                   Ja




                                                                     Gr
                                                           qu




                                                                                        Bo
     Sa




                                                                                                         Pr
                                 da




                                                                                                                 do




                                                                                                                                  Tr
              Al




                                                                                              Co
                                        aC




                                                                           ad
                                                         Sa
                                a
                       ga




                                                                                                      m
                                                                 da




                                                                                                              tio
                             or
        de




                                                                          go
                     in




                                                                                             la
                                       lv




                                                                                                   Bo
                                                      de
                            M




                                                                ão




                                                                                                            Sí
                                                                                         Vi
                                    Si
                   at
       sé




                                                                      La
                                                     o

                                                            Jo
               Ca
     Jo




                                                   ov

                                                            o
   o




                                                 N

                                                         Sã
Sã




                                              do
                                            un
                                        M




                                                                          A     B   C        N/A




50 	
                                                                                                       13




                                                                                             SÉRIE
c) Avaliação comparativa                            reclamações trabalhista está presente pela falta
                                                    de um vínculo empregatício claro, porém
i. Replicação e capacidade associativa              acredita-se na probabilidade baixa, visto que
                                                    o trabalho voluntário é culturalmente comum
Seis exemplos têm melhor classificação              na região.
(A>=3) e apresentam potencial de replicação.
Todos apresentaram eficácia na prestação dos
serviços e uma associação com boa capacidade.       2.5.3. Avaliação de eficiência
Quatro deles são de porte maior (São José de
Almeida/MG, Saltinho/PR, Morada Nova/               operacional
CE e Silva Campos/MG), acima de 250
domicílios. Os dois que apresentam pequeno          A análise da eficiência operacional levou em
porte possuem características atípicas: (i)         consideração os aspectos indicados na Tabela
de gênero — associação de predomínio de             24; e os resultados obtidos para cada modelo
mulheres, como Caatinga Grande/RN (como             unicomunitário estão resumidos na Figura 15,
ocorre ainda em Morada Nova/CE); ou (ii)            a seguir.
de organização social específica, como o
assentamento de reforma agrária de Jaraguá,
                                                    a) Parâmetros considerados
na Bahia. Outro aspecto relevante observado
foi o efeito agregador do serviço de água, cuja     Tabela 24. Eficiência operacional.
sustentabilidade fortalece o associativismo
e impulsiona a implantação de projetos               Nª            Parâmetro de avaliação
produtivos e sociais, como acontece nos seis
                                                     1             Cobertura da rede de água
exemplos.
                                                     2             Condição do abastecimento
ii. Capacitação e riscos                             3             Acesso a novas conexões

Todos os exemplos de gestão unicomunitária           4             Adequação do tratamento da água

ressentem-se da falta de apoio à gestão e            5             Controle da qualidade da água
principalmente de um processo de treinamento
                                                     6             Domínio da tecnologia do sistema
permanente que aprimore a gestão local. Em
todos os seis exemplos de melhor classificação, a    7             Uso da micromedição
força do associativismo reforça a minimização        8             Uso da macromedição
do risco de interferência política. O risco de
                                                     9             Controle de nível do reservatório
reclamações trabalhistas pelos operadores não
existe em São José de Almeida/MG, Saltinho/          10            Agilidade no reparo de bomba
PR e Silva Campos/MG, que têm operadores             11            Segurança hídrica do manancial
com vínculo trabalhista definido, portanto,
atendendo à legislação trabalhista. Em Morada
Nova/CE e Caatinga Grande/RN, o risco de




	51
2 - Avaliação dos modelos



b) Resumo do resultado

Figura 15. Avaliação da eficiência operacional dos modelos unicomunitários (número de parâmetros por classificação).

       10
        9
        8
        7
        6
        5
        4
        3
        2
        1
        0
             PR




                                                                                                                                                  CE
                                                                 CE




                                                                                            E




                                                                                                                                I
                               G




                                                                                                     PE
                                                                                    BA




                                                                                                                                         N
                                                                                                                       I
                                                                          RN
                                                           PE




                                                                                                             E




                                                                                                                               /P
                                                                                                                     /P
                      G




                                                                                          /P
                                                  R
                                        PR
                            M




                                                                                                            /P




                                                                                                                                     /R
            o/




                                                                                                  a/




                                                                                                                                              al/
                                                                 a/
                                              /P

                                                       a/
                  M




                                                                                                                            ga
                                                                                   á/




                                                                                                                     io
                                                                                         uê
                                                                          a/
                            s/




                                                                                                          ão
                                    a/
        nh




                                                                                                                                    de
                                                                                                  ch
                                                                ov
                                                       uz




                                                                                                                          rri
                 a/




                                             sa




                                                                                   gu




                                                                                                                 cíp




                                                                                                                                             su
                          po




                                                                      nç




                                                                                        Sa
                                   em




                                                                                                       eiç




                                                                                                                                    an
                                             io




                                                                                               rra
                                                            aN
             eid
       lti




                                                    So




                                                                               ra




                                                                                                                          Ba




                                                                                                                                         an
                                                                     aO




                                                                                                                in
                        m




                                         ac




                                                                                                       nc




                                                                                                                                Gr
                               ar
   Sa




                                                                           Ja




                                                                                             Bo




                                                                                                                                         Tr
             m

                      Ca




                                                                                                             Pr
                                                  do

                                                           ad
                                        Gr
                            qu




                                                                                                   Co
                                                                 ad
            Al




                                                                                                                               ga
                                                                                                            m
                                                       or
                            Sa




                                              tio
                  lva




                                    da




                                                                                                                           in
                                                                go
        de




                                                                                                        Bo
                                                                                                  la
                                                       M
                                             Sí
                 Si

                          de




                                                                                                                          at
                                                                                               Vi
                                                            La
                                   ão
       sé




                                                                                                                       Ca
                        o

                               Jo
   Jo




                      ov

                               o
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                  N

                            Sã
Sã




                 do
             un
             M




                                                                      A        B    C    N/A




c) Avaliação comparativa                                                           Em seis exemplos classificados como
                                                                                   medianos, ocorre a maioria dos requisitos
i. Padrão de serviço                                                               de universalidade, regularidade e acesso a
                                                                                   novas conexões. O diferencial, contudo, está
Os cinco exemplos de melhor classificação                                          na pouca adequação do tratamento de água
(A>= 6) têm um bom padrão de serviço, a                                            e na falta de controle de qualidade, devido a:
saber: (i) todos têm universalidade (cobertura                                     (i) uma menor escala de sustentabilidade; (ii)
da rede), regularidade do abastecimento, acesso                                    pouca presença de vigilâncias municipais; e
rápido e facilitado a novas conexões; (ii) o                                       (iii) falta de apoio técnico.
tratamento adequado ao manancial ocorre
em três deles, com exceção de São João da                                          Já os três exemplos de pior avaliação
Graciosa/PR e Mundo Novo de Saquarema/                                             (excetuando Caatinga Grande/RN, onde boa
PR; e (iii) o controle de qualidade da água é                                      parte dos parâmetros não se aplica) apresentam
satisfatório, graças à firme ação das vigilâncias                                  as seguintes características: (i) a universalidade
municipais e ao apoio técnico da COPASA/                                           não ocorre em Transual/CE; (ii) a regularidade
MG e da SANEPAR/PR.                                                                dos serviços não ocorre em nenhum deles; (iii)
                                                                                   o tratamento é pouco adequado ou inexistente;
                                                                                   e (iv) não há controle de qualidade da água.




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                                                                                                        13




                                                                                                SÉRIE
ii. Controle operacional                              funciona com controle de nível. Quanto à
                                                      segurança hídrica, a situação crítica ocorre
Os cinco melhores exemplos têm padrão                 no sistema de Vila Conceição/PE (poços
operacional satisfatório, isto é: (i) os operadores   freáticos) e Transual/CE (açude de pequeno
possuem razoável conhecimento da tecnologia;          volume situado em região semiárida).
(ii) a micromedição existe e é efetiva em quatro
delas, com exceção de São João da Graciosa/
PR; (iii) o automatismo liga-desliga e controle
de nível em reservatório existe em quatro,
com exceção de Silva Campos/MG; (iv) em               2.5.4. Avaliação de eficiência
todos existe agilidade no reparo de bomba,
embora apenas São José Almeida/MG tenha               comercial e financeira
equipamento reserva; e (v) a segurança hídrica
ocorre em todos os cinco exemplos. Nota-se            A análise da eficiência comercial e financeira
também, que a macromedição só existe em               levou em consideração os aspectos indicados
Saltinho/PR e em nenhuma delas existe gestão          na Tabela 25 e os resultados obtidos para cada
de perdas.                                            modelo unicomunitário estão resumidos na
                                                      Figura 16 a seguir.
Nos sete exemplos medianos, todos têm
micromedição efetiva, contudo: (i) o
                                                      a) Parâmetros considerados
conhecimento da tecnologia pelos operadores
é mediano; (ii) o liga-desliga de bomba é
                                                      Tabela 25. Eficiência comercial e financeira.
manual e o controle de nível do reservatório é
visual; e (iii) a agilidade no reparo de bomba         Nª     Parâmetro de avaliação
é mediana, sendo que apenas Morada Nova/
                                                       1      Informatização do faturamento
CE tem equipamento reserva. Em nenhum
desses exemplos há macromedição. Porém,                2      Profissionalização da cobrança
a segurança hídrica do manancial ocorre em             3      Controle da inadimplência
seis casos citados, com a exceção de Morada
                                                       4      Relação consumo e tarifa mínima
Nova/CE, que está localizada em uma região
semiárida e cujo açude é de pequena capacidade         5      Relação tarifa/padrão do serviço
de armazenamento.
                                                       6      Suficiência de caixa

Já os três exemplos de pior avaliação não              7      Status do superávit operacional
atendem a vários aspectos operacionais, com            8      Fundo reserva
o agravante de a hidrometração existente não
estar em uso, como ocorre em Transual/CE,
Bom Princípio/PI e Barriga/PI. Ainda nesse
conjunto, em nenhum exemplo existe bomba
reserva e, somente em Barriga, o sistema




	53
2 - Avaliação dos modelos



b) Resumo do resultado

Figura 16. Avaliação da eficiência financeira dos modelos unicomunitários (número de parâmetros por classificação).

        8
        7
        6
        5
        4
        3
        2
        1
        0
             PR




                                                                                                                       CE
                               CE




                                                                                                                                 E




                                                                                                                                                 I
                                                                                        G




                                                                                                                 PE
                                                                           BA
                                                                   N




                                                                                                                                        I
                                                                                                      RN
                                                           PE




                                                                                                 E




                                                                                                                                                /P
                                                                                                                                      /P
                      G




                                                                                                                             /P
                                                  R
                                        PR




                                                                                    M

                                                                                              /P
                                                                 /R
            o/




                                                                                                             a/

                                                                                                                      al/
                           a/




                                               /P
                  M




                                                                                                                                            ga
                                                         a/




                                                                          á/




                                                                                                                                      io
                                                                                                                            uê
                                                                                                      a/
                                                                                    s/

                                                                                            ão
                                     a/
        nh




                                                                de




                                                                                                             ch
                           ov




                                                                                                                                           rri
                                                       uz




                                                                       gu
                 a/




                                             sa




                                                                                                                                  cíp
                                                                                                                  su
                                                                                po




                                                                                                                            Sa
                                                                                                   nç
                                   em




                                                                                         eiç
                                                              an
                                             io




                                                                                                           rra
                      aN
             eid
       lti




                                                    So




                                                                                                                                           Ba
                                                                      ra




                                                                                                                  an
                                                                                                 aO




                                                                                                                                 in
                                                                                m
                                          ac




                                                                                        nc
                                                            Gr
                                ar
   Sa




                                                                     Ja




                                                                                                        Bo

                                                                                                                 Tr
             m




                                                                                                                                 Pr
                                                                           Ca
                                                  do
                     ad




                                        Gr
                            qu




                                                                                    Co

                                                                                             ad
            Al




                                                         ga




                                                                                                                             m
                  or

                           Sa




                                                                          lva
                                              tio
                                     da




                                                       in




                                                                                            go




                                                                                                                            Bo
                                                                                la
        de

                 M




                                             Sí




                                                                      Si
                          de




                                                      at




                                                                                Vi

                                                                                         La
                                   ão
       sé




                                                    Ca
                      o

                                Jo
   Jo




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                               o
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                  N

                           Sã
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                 do




                                                                      A     B       C       N/A
             un
             M




c) Avaliação comparativa                                                        a conta tem o valor fixo de R$ 12,80/mês.8

i. Gestão tarifária e comercial                                                 A gestão comercial desses exemplos mostra
                                                                                que o faturamento é informatizado em
Nos quatro exemplos de melhor classificação                                     Saltinho/PR e em São José de Almeida/MG; e
(A>=4), a gestão tarifária apresenta o seguinte:                                é manual em Morada Nova/CE e em Mundo
(i) três exemplos têm tarifa mínima inferior/                                   Novo de Saquarema/PR. A profissionalização
igual ao consumo praticado – São José de                                        da cobrança existe apenas em São José de
Almeida/MG (tarifa mínima de 6m3 para                                           Almeida/MG e Saltinho/PR, que utilizam
um consumo médio de 10m3) Saltinho/PR                                           agente arrecadador externo. O controle
(tarifa mínima de 10m 3 para um consumo                                         da inadimplência é eficiente em todos os
médio de 12m 3) e Morada Nova/CE (sem                                           exemplos com índices baixos de inadimplência
tarifa mínima, mas consumo médio de                                             — Morada Nova/CE (0%), Mundo Novo de
5m3); e (ii) em Mundo Novo de Saquarema/                                        Saquarema/PR (2,5%); Saltinho/PR (6%); e
PR existe tarifa fixa. Todos mantêm tarifa                                      São José de Almeida/MG (8%).
média adequada ao padrão de serviço de
água oferecido — Morada Nova=R$ 1,56/m 3,
São José de Almeida=R$ 1,91/m3, Saltinho=
R$1,56/m 3. Em Mundo Novo de Saquarema,                                         8   Os valores foram atualizados monetariamente desde 2010 até
                                                                                2014, usando o IPCA (27,7%).




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                                                                                                  13




                                                                                  SÉRIE
No tocante à gestão comercial dos oito           Saltinho/PR e Morada Nova/CE.
exemplos medianos, tem-se que: (i) a maioria
não    tem    faturamento    informatizado,      No conjunto intermediário de oito exemplos,
com exceção de Silva Campos/MG, Vila             a maioria tem situação superavitária, com
Conceição/PE e Borracha/PE; (ii) nenhum          exceção de Borracha/PE e Silva Campos/MG. Já
tem cobrança por agente arrecadador; e (iii)     a situação de Sítio do Souza/PE é considerada
o controle da inadimplência varia de 0% em       preocupante, pois não há transparência no uso
Caatinga Grande/RN e Jaraguá/BA, 6% em           do superávit do serviço e a operação do serviço é
Sítio do Souza/PE, 10% em Silva Campos/          realizada por uma associação que não é formada
MG, 15% em Vila Conceição/PE chegando            pela comunidade abastecida.
a 30% em Borracha/PE. Ressalta-se que, os
exemplos de inadimplência zero, referem-se a     Entre esses oito exemplos, Jaraguá/BA, Vila
assentamentos de reforma agrária.                Conceição/PE e Lagoa do Onça/RN têm elevado
                                                 subsídio direto da Prefeitura local (nos dois
Já entre os quatro piores exemplos, em Sauê/     primeiros exemplos) ou da CAERN. São João
PE, Barriga/PI e Bom Princípio/PI, não           da Graciosa/PR conta com pequeno subsídio
existe cobrança e é feita de forma precária em   indireto para apoio na análise da qualidade da
Transual/CE.                                     água; e, nos casos de Silva Campos/MG, Caatinga
                                                 Grande/RN, Borracha/PE e Sítio do Souza/PE,
ii. Capacidade financeira                        não há recebimento de qualquer subsídio.

Dos quatro exemplos de boas práticas —           Já entre os quatro exemplos com pior classificação:
Saltinho/PR, São José de Almeida/MG,             (i) Sauê/PE, Bom Princípio/PI e Barriga/PI são
Morada Nova/CE e Mundo Novo de                   localidades em que não há cobrança pelo serviço
Saquarema/PR —, todos apresentam superávit       e que dependem diretamente da Prefeitura, que
em seus serviços. Existe um pequeno subsídio     subsidia todo o custo de operação e manutenção;
indireto (apoio técnico da SANEPAR) nos          e (ii) em Transual/CE, não há superávit nem
casos de Saltinho/PR e Mundo Novo de             subsídio.
Saquarema/PR. Um fundo de reserva existe
de forma explícita em São José Almeida/MG,




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                                                                                                 13




                                                                                SÉRIE
                      3
                 RESULTADOS,
              RECOMENDAÇÕES E
                 CONCLUSÃO

E
      sse capítulo apresenta a conclusão do         • O controle de qualidade da água é
      estudo que se baseia na sistematização        realizada de forma satisfatória em apenas
      dos pontos positivos das boas práticas        uma pequena parcela da amostra, tendo
encontradas e nas análises realizadas ao longo do   as outras apresentado deficiências quanto
estudo. Aproveita-se também para sugerir ações      ao atendimento à vigilância sanitária;
necessárias para desenvolver e/ou aperfeiçoar
os programas de provisão de serviços de água        • Metade da amostra, mais concentrada
no meio rural de forma a atingir o sucesso dos      nos     modelos       multicomunitários,
melhores exemplos. Por fim, conclui-se com os       apresenta automatismo do sistema com
principais aprendizados deste estudo.               controle de liga-desliga de bomba e de
                                                    nível nos reservatórios;

3.1. Resultados gerais                              • Poucos têm macromedição, também
                                                    concentrado nos modelos multicomunitários;
dos pontos positivos                                e a maioria efetivamente utiliza a micromedição
                                                    (nesse ponto, todo o universo dos modelos
Esse item identifica as principais conclusões       multicomunitários possui hidrometração);
das análises realizadas e apresenta os potenciais
para replicação e os incentivos para a adesão a     • A cobertura da rede de abastecimento
cada tipologia de modelo.                           de água é universal na grande maioria da
                                                    amostra, e as tipologias de mananciais
                                                    são bem variadas: poços tubulares
3.1.1. Eficiência operacional                       (maioria), açudes, sistema integrado,
                                                    poços amazonas ou nascentes.
A análise dos pontos sobre desempenho
operacional demonstrados no capítulo                • A divulgação do regulamento do
anterior indica que:                                serviço e a presteza no atendimento



	57
3 Resultados, recomendações e conclusão



        foram consideradas insuficientes nos                             R$ 26,62/mês/ligação em Silva Campos/
        exemplos do modelo multicomunitário                              MG. Vários aspectos impactam os custos
        observados, visto que não há, por                                de cada exemplo: (i) subsídio, como
        exemplo, a prática de registrar e divulgar                       ocorre em Jaraguá/BA, Vila Conceição/
        o atendimento aos usuários (apenas no                            PE (R$ 1,52), e Caatinga Grande/RN (R$
        SISAR/CE foi verificada a realização de                          1,82); (ii) tipologia do sistema, como a
        pesquisa de satisfação). Nos modelos de                          nascente por gravidade de São João da
        gestão unicomunitária, não há realização                         Graciosa/PR (R$ 4,30); (iii) padrão de
        de nenhuma atividade nesse sentido.                              serviço, como Morada Nova/CE (R$
                                                                         5,11, sem subsídio); e (iv) cobertura de
Em geral, conclui-se que os exemplos dos                                 custo de outras ações da associação, como
modelos multicomunitários apresentaram                                   em São José de Almeida/MG (R$17,30) e
melhores    desempenhos    nos   aspectos                                Silva Campos/MG (R$ 26,62).
operacionais do que os modelos de gestão
unicomunitária.                                                    A análise das tarifas e da receita indicou que:

                                                                         •	 Os exemplos multicomunitários
3.1.2. Aspectos financeiros dos                                          têm tarifas que variam de R$ 13,76/
                                                                         mês/ligação no SISAR/CE a R$ 20,45/
modelos                                                                  mês/ligação na COPANOR, muito
                                                                         influenciadas pelo custo e pela relação
A análise dos custos operacionais per capita                             de receita versus custo. A inadimplência
mensal por conexão mostra que9:                                          é baixa na maioria dos casos (à exceção
                                                                         do CONISA) e o superávit é superior a 1
        • Os exemplos de gestão multicomunitária                         também na maioria dos casos (à exceção
        têm custo mensal por ligação com variação                        da CENTRAL/BA); e
        razoável: de R$ 12,97/mês/ligação no SISAR/
        CE a R$ 19,35/mês/ligação na CENTRAL/                            •	 Os exemplos unicomunitários têm
        BA. O custo de energia tem um impacto                            tarifas que variam muito, desde R$
        significativo na variação desses custos, além                    3,71/mês/ligação em Jaraguá/BA e
        do subsídio direto dado ao CONISA. Apesar                        até RS 22,07/mês/ligação em Silva
        dos custos variados, ao longo da avaliação, o                    Campos/MG. As tarifas são muito
        padrão de serviço e a eficiência operacional                     influenciadas pelos subsídios diretos.
        mostraram-se bastante homogêneos na                              A inadimplência é muito variável (de
        maioria dos exemplos desse modelo;                               0 a 35%), independentemente do porte
                                                                         ou da qualidade do serviço; e a relação
        •	Os exemplos de gestão unicomunitária                           receita e custo é, na sua grande maioria,
        têm uma variação ainda maior de custo:                           maior que 1.
        de R$ 0,12/mês/ligação em Jaraguá/BA a


9   O estudo não conseguiu realizar uma comparação entre os
modelos multicomunitários e unicomunitários devido ao impacto do
tamanho das comunidades e ao padrão de qualidade dos serviços no
custo de operação e manutenção.
58 	
                                                                                                  13




                                                                                   SÉRIE
3.1.3. Evolução dos modelos                             contudo viabilizados de forma mais
                                                        fácil e em menor custo nos modelos
multicomunitários de 2010 a 2014                        regionais de escala – por isso, observou-
                                                        se uma frequência maior de controle de
Os modelos multicomunitários tiveram                    qualidade e de tratamento nos modelos
aumento de comunidades atendidas e número               multicomunitários;
de ligações no período de 2010 a 2014, sendo
os casos mais expressivos no SISAR/CE e                 • Poder de compra de insumos:
COPANOR. Os custos e as receitas evoluíram              a aquisição de produtos químicos
acompanhando, principalmente, os índices de             e materiais de manutenção quando
inflação para o período. Mas, as análises de            comprados em maior volume permite
superávit indicaram uma alteração negativa              a negociação de preços, o que acontece
acentuada para a CENTRAL/BA e positiva                  nos modelos regionais e não na gestão
para o SISAR/PI; sem justificativas claras que          unicomunitária;
pudessem ser identificadas pelo estudo. Houve
                                                        • Rotina de faturamento e cobrança:
uma redução da inadimplência para todos os
                                                        a possibilidade de modernização
exemplos no período.
                                                        e, principalmente, o controle de
                                                        inadimplência feito por pessoa “externa”
3.1.4. Comparação entre os modelos                      ao convívio da comunidade dão maior
                                                        imparcialidade ao processo e apoiam no
múlti e de gestão unicomunitária                        alcance à sustentabilidade financeira; o
                                                        que, nos casos de gestão unicomunitária,
A análise dos modelos permitiu identificar              notou-se apenas nas localidades de maior
que, comparando-se os modelos, o                        porte ou com especificidade associativa; e
multicomunitário apresenta um ganho de
escala interessante e importante para auxiliar          • Subsídio cruzado: o modelo
na gestão e na manutenção dos serviços em               multicomunitário cria um ambiente de
vários aspectos, sendo os principais:                   grande incentivo ao subsídio “cruzado” entre
                                                        comunidades de pequeno e maior porte,
     • Manutenção de maior complexidade                 permitindo o atendimento mais amplo
     (eletromecânica, química da água): em              de comunidades. Na condição natural, o
     termos do interior do país, e em particular        subsídio “cruzado” não é possível na gestão
     do meio rural e pequenos municípios,               unicomunitária.
     o acesso à mão de obra especializada é
     difícil e caro; por isso mesmo, os itens de   A pesquisa de satisfação demonstrou grande
     manutenção eletromecânica e os ajustes        similaridade entre as respostas obtidas
     de tratamento e controle de qualidade         para os modelos multicomunitários e os
     da água são os de maior fragilidade na        unicomunitários. Apesar disso, alguns aspectos
     operação dos sistemas isolados, sendo         divergem substancialmente, entre eles:




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3 Resultados, recomendações e conclusão



       • Há muita insatisfação nas comunidades            •	O modelo associativo é de replicação
       isoladas pela constância da falta de               mais ampla e fácil, e pode ser adotado
       água; enquanto que a maior reclamação              para qualquer região do país. O exemplo
       do modelo multicomunitário reside                  do SISAR/CE destaca-se entre os dois
       no excesso de cloro na água ou pouca               exemplos, dado os suportes institucional e
       qualidade; e,                                      financeiro perene do estado do Ceará com
                                                          apoio da CAGECE. Em mais de 10 anos
       • A percepção das mudanças de vida na              de funcionamento, o Estado logrou que as
       comunidade devido à implantação do                 duas unidades do SISAR não necessitassem
       sistema, em geral, é mais acentuada nos            mais do subsídio financeiro direto. Isso
       modelos unicomunitários (com foco                  deveu-se, principalmente, pelo incentivo à
       grande na melhoria da saúde) que nos               busca da eficiência associada à expansão
       multicomunitários (com maior ênfase                do número de comunidades ao modelo.
       na comodidade).                                    Nesse modelo, os riscos demonstram-se
                                                          baixos; a participação da comunidade é
                                                          intensa; e a capacitação dos envolvidos é
3.1.5. Replicação                                         contínua.

Considerando os exemplos multicomunitários                • Por sua vez, o modelo de ente público
de sucesso, entende-se que os exemplos                    da COPANOR tem limitações à sua
do SISAR/CE, SISAR/PI e a COPANOR                         replicação em outros estados, devido à sua
poderiam ser replicados em outros estados do              dependência na qualidade e capacidade das
país, desde que adaptados às realidades locais.           empresas de saneamento estaduais. Mas,
                                                          uma vez implementado esse modelo, os
Para tanto, conforme observado pela análise               riscos demonstram-se baixos; não existe
de desempenho institucional do modelo, é                  participação comunitária; e a capacitação é
necessária: (i) a decisão política do estado; (ii)        contínua, focando apenas em operadores e
adoção de escala mínima de abrangência para               técnicos.
permitir ganhos na escala e, a depender disso,
de possível subsídio inicial; e (iii) a definição    Com base nos sucessos de exemplos dos
de apoio tecnológico por entidade estadual           modelos de gestão unicomunitária, como
com capacidade técnica apropriada.                   os de Saltinho/PR, São José de Almeida/
                                                     MG, Morada Nova/CE e Silva Campos/MG,
Os    dois     primeiros     exemplos      são       admite-se haver a possibilidade de replicação
multicomunitários associativos (SISAR/               desse modelo. Conforme observado na análise
CE e SISAR/PI), enquanto o terceiro                  do capítulo anterior, contudo, acredita-se
é multicomunitário de ente público                   que a replicação seria limitada por algumas
(COPANOR). Por isso, há diferenciações no            condicionantes: (i) o tamanho da localidade
potencial de replicação de cada um desses.           e respectiva escala do serviço (quanto maior,
                                                     melhor); (ii) a dinâmica social e associativa




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específica da comunidade (bons exemplos foram      permite o cumprimento de parâmetros de
identificados em associações comandadas por        qualidade na prestação dos serviços. Além isso,
mulheres ou assentamento de reforma agrária);      o modelo de federação de associações confere
e (iii) precisaria de apoio técnico estadual e     uma dinâmica de associativismo e capacitação
contínuo para estimular a eficiência e a correta   obtida na integração e no convívio com outras
manutenção dos sistemas (exemplos de sucesso       associações.
tinham apoio da SANEPAR/PR ou COPASA/
MG). Também influenciou, nos casos de              Nas regiões atendidas pelos exemplos de
sucesso, a ação externa da vigilância sanitária,   sucesso, a adesão tem sido incentivada pelos
apoiando e exigindo o tratamento e o controle      organismos públicos, independentemente da
da qualidade de água eficazes (algo que não é      origem do investimento, seja federal, estadual,
comum a todos os estados brasileiros).             seja municipal. Em geral, os exemplos
                                                   do modelo de gestão multicomunitário
Considerando-se os fatores negativos avaliados     apresentaram um padrão de serviço e tecnologia
nos exemplos de insucesso do modelo                que é julgado adequado e sua sustentabilidade
unicomunitário, pode-se afirmar que o risco        financeira parece possível de ser atingida em
que ameaça a maioria dessa tipologia é alto,       um médio prazo.
particularmente nas comunidades de pequeno
porte, onde a avaliação mostrou a precariedade     Acredita-se  que      o    incentivo      para
do padrão de serviço, e principalmente             uma comunidade aderir ao modelo
a dificuldade de cobrança e sustentação            multicomunitário se dá pelos seguintes fatores:
financeira. Outro ponto fraco, que aparece na
maioria dos exemplos, é a falta de capacitação           • O padrão do serviço oferecido,
da associação local.                                     particularmente pela qualidade da água
                                                         distribuída (tratamento e controle) e
Assim, o incentivo à replicação da gestão                pela garantia de continuidade (não
unicomunitária deveria ser baseado em                    interrupção) do abastecimento;
um programa de apoio estadual contínuo,
considerando a importância da sustentabilidade           • A segurança do sistema, devido à
dos sistemas no longo prazo e a necessidade de           agilidade de reparos, a manutenção e a
capacitação contínua das comunidades.                    conservação dos ativos; e a garantia de
                                                         recursos para a reposição da infraestrutura
                                                         e pequenas expansões;
3.1.6. Incentivos para adesão
                                                         • Pela observação realizada em campo e o
A análise do modelo de gestão multicomunitário           resultado da pesquisa de satisfação, a tarifa
demonstrou que esse modelo é uma solução                 praticada pareceu adequada à capacidade
eficaz com vários exemplos de sucesso. O                 de pagamento; e condizente com o
modelo multicomunitário reproduz o sistema               padrão, a qualidade e a confiabilidade do
de subsídio cruzado e o ganho de escala                  serviço.




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3 Resultados, recomendações e conclusão



Já na adesão ao modelo de gestão                          • Planejamento e diretrizes firmes de
unicomunitária, destacam-se os seguintes                  apoio à expansão do modelo para todo
incentivos:                                               o estado;

       • A perspectiva de menor gasto com a               • Identificação de entidade estadual
       aquisição da água;                                 com capacidade e/ou criação de escala
                                                          na resolução de problemas comuns com
       • A percepção, em alguns casos, de que             suporte tecnológico permanente, apoio
       o serviço possa ter independência, dada a          laboratorial, manutenção robusta e
       sua escala ou, ainda, a organização social         avanço na gestão eficiente e empresarial;
       específica da comunidade; e                        e

       • Nos casos em que dificilmente a                  • Implantação de ambiente regulatório
       escala do serviço permitirá atingir a              nos seguintes passos: (i) no curto
       sustentabilidade, o incentivo ocorre               prazo, um sistema de metas e estímulo
       quando o governo municipal se                      ao desempenho, coordenado por ente
       compromete a fornecer um subsídio                  estadual; (ii) no médio prazo, atuação de
       direto para o custeio.                             um ente regulador com regras apropriadas
                                                          ao serviço rural e adoção da sistemática
                                                          de divulgação das regras e dos resultados
3.2. Recomendações                                        da ação regulatória.

para melhoria dos
                                                    3.2.2. Fortalecimento do modelo de
modelos
                                                    gestão unicomunitária
Neste item são apresentadas sugestões de
melhorias para os modelos existentes de forma       Um programa estadual assentado no modelo de
que possam atingir os mesmos patamares dos          gestão unicomunitária necessitará de diretrizes
exemplos de sucesso encontrados no estudo.          que considerem os seguintes aspectos:

                                                          • Definição do padrão de serviço,
3.2.1. Fortalecimento do modelo                           qualquer que seja a origem dos recursos
                                                          aplicados;
multicomunitário associativo
                                                          • Apoio imprescindível do organismo
As sugestões para fortalecimento do modelo                coordenador da política estadual à gestão
multicomunitário podem ser trabalhadas no                 dos serviços, na resolução de problemas
âmbito do planejamento estadual, no qual se               comuns, na capacitação contínua das
recomenda o desenvolvimento de:                           comunidades e no apoio à modernização
                                                          tecnológica;



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      • Cobrança de eficácia na utilização        A tecnologia de tratamento da água deve
      dos bens utilizados no serviço, cujos       ser adequada às condições do manancial.
      custos são arcados pela sociedade e         O controle de qualidade deve compreender
      que não deveriam ser desperdiçados          padrões mínimos e a frequência mais
      pela má operação e manutenção. Com          apropriada ao custo de um serviço rural
      esse objetivo, metas de desempenho e        (entendendo que o atendimento à Portaria do
      premiação poderiam ser estipuladas e        MS pode ser inviável na maioria dos casos).
      monitoradas pelos organismos estaduais,     Observou-se que muitos serviços que têm
      por exemplo, com a definição de um          fonte superficial não usam filtração adequada
      programa de incentivos à melhoria ou        nem fazem controle da qualidade, passando
      bom padrão de serviço, com subsídio         uma falsa impressão de serviço adequado.
      direto no custeio operacional às
      localidades ganhadoras, com ênfase nas      Considerando a importância da qualidade da
      menores (que, possivelmente, teriam         água e do papel que as vigilâncias sanitárias
      mais dificuldades para atingir as metas).   demonstraram nos exemplos visitados,
                                                  sugere-se que os estados, em parceria com os
                                                  municípios, possam desenvolver programas
3.2.3. A exigência no padrão de                   específicos para:

serviço, tecnologia, sustentabilidade e                 • Implantar ou adequar as unidades de
                                                        tratamento de água;
regras
                                                        • Garantir o compromisso das vigilâncias
Para qualquer um dos dois modelos, sugerimos            sanitárias municipais de apoiarem as
alguns aspectos mínimos a serem considerados            comunidades no controle da qualidade
para um adequado programa de água rural                 da água, em conformidade com o “padrão
sustentável:                                            mínimo” regulamentado; e

                                                        • Usar laboratório móvel, quando essa
i) Padrão de serviço                                    opção for a mais viável economicamente;
                                                        ou identificar alguma forma mais
O serviço de água na comunidade deve ser                sustentável e viável para realizar as
universal, regular e contínuo. A universalidade         análises de qualidade da água.
é o aspecto mais presente nos exemplos de
sucesso, visto que é mínima a possibilidade de
exclusão de qualquer moradia que esteja dentro    ii) Segurança do sistema, controle
do perímetro reconhecido pela população local
como sendo “sua comunidade”. A garantia
                                                  operacional e conservação dos ativos
de pressão na rede é fator importante, visto
                                                  Entende-se que os mecanismos de controle da
que a democratização do uso exige que todos
                                                  operação de um sistema simples de abastecimento
tenham regularidade de abastecimento.
                                                  de água no meio rural não precisam ser


	63
3 Resultados, recomendações e conclusão



sofisticados. No entanto, os exemplos de sucesso            para resolução de casos simples, o que
demonstraram que alguns aspectos poderiam ser               pode resolver problemas que afetam a
melhorados:                                                 segurança e a economia do sistema de
                                                            forma mais rápida.
       • Uso de controle do nível dos reservatórios,
       seja para sistemas com bomba, sejapor
       gravidade, e controle automático do             iii) Sustentabilidade e eficiência
       sistema liga-desliga de bombas, para evitar     financeira
       desperdício e racionalizar o consumo
       e tempo de funcionamento, e, por                A entrega do sistema à comunidade deve
       consequência, o custo da água;                  estar acompanhada do mínimo de regras de
                                                       sustentabilidade financeira, entre as quais:
       • Instalação de macromedição para
       permitir: (i) em um primeiro momento,                •	 Cobrança pelos serviços: estabelecer um
       conhecer a vazão captada, o que é                    custo mínimo, mesmo que a comunidade
       positivo para o controle da fonte                    busque a concessão de subsídio (em geral,
       (particularmente de poços); e (ii), em               com as prefeituras), para que a comunidade
       um estágio mais desenvolvido, fazer a                possa compreender a importância do
       gestão de perdas do sistema.                         serviço e de sua manutenção. A forma de
                                                            cobrança e a regra tarifária deveriam seguir,
       • Estabelecimento de regras mínimas de               evidentemente, a realidade local;
       conservação dos ativos. Investimentos
       originados com recursos de toda a                    • Instalação de micromedição: a hidrometração
       sociedade não deveriam ser entregues à               deve ser avaliada de acordo com as definições
       comunidade sem a definição de regras                 de subsídio, cobrança e tarifa. Por exemplo, em
       mínimas de conservação, incluindo a                  alguns casos de gestão unicomunitária, como
       manutenção preventiva dos equipamentos               de Saltinho/PR, Silva Campos/MG e outros,
       e a definição de procedimento, rotina e              a necessidade do uso de hidrômetro surgiu
       periodicidade dessas ações.                          da própria comunidade, já que não era um
                                                            requisito do programa de implantação. Nesses
       •	 Arranjo para apoio à substituição de              locais, com o uso intenso de bomba/energia,
       bombas e equipamentos danificados                    foi acordado que o rateio desse insumo seria
       (seja por contrato de terceiros, seja por            baseado no consumo de água de cada família.
       equipe própria) deve ser estimulado,                 Em outros casos, onde havia abundância de
       pois representa menor risco de o sistema             água e com sistema por gravidade, como em
       ficar paralisado por longos períodos,                Mundo Novo de Saquarema/PR, definiu-se
       prejudicando assim a comunidade; e                   que a cobrança por um valor fixo, mesmo
                                                            que elevado (R$ 12,00/mês), seria preferível à
       •	 Treinamento de mão de obra local                  medição individualizada. Já nas comunidades
       (exemplo, eletricista ou operador)                   de Sauê/PE, Bom Princípio/PI e Barriga/



64 	
                                                                                                13




                                                                                SÉRIE
PI, a obra foi implantada com instalação            caso é um caso e deve ser avaliado no seu
de hidrômetros, mas como as respectivas             impacto na escala; e,
prefeituras assumiram os custos de energia
(mesmo quando a comunidade paga o                   • Por fim, a criação de fundo reserva:
operador), o rateio pelo consumo não foi            seria importante um fundo de reserva
considerado necessário, e os hidrômetros            a ser transferido à associação no início
foram abandonados;                                  da operação que permitisse a rápida
                                                    manutenção dos ativos; e que pudesse ser
•	 Modernização do faturamento e                    cobrada a sua integralização sempre que
cobrança: na maioria dos exemplos em                ele fosse usado, mantendo o nível mínimo
que havia cobrança, principalmente                  de reserva necessário.
baseada na medição hidrometrada,
constatou-se a precariedade do sistema
manual de faturamento e de controle dos
                                              iv) Regras do serviço e sua divulgação
pagamentos. Por isso, seria importante
                                              A identificação dos direitos e deveres das
que todos os modelos pudessem treinar
                                              comunidades é muito importante para a
as comunidades com ferramentas básicas
                                              sustentabilidade dos modelos. É relevante
para informatização com uso de algum
                                              a conscientização da comunidade para a
sistema simplificado;
                                              boa prestação de serviços, por meio de mais
                                              transparência das informações aos usuários.
•	Uso proativo do subsídio direto: quando
                                              Por isso, são importantes a definição e,
o custo da água superar a capacidade de
                                              principalmente, a divulgação dos regulamentos
pagamento local, sugerimos que qualquer
                                              do serviço, além da identificação dos direitos
que seja o subsídio a ser implementado
                                              e deveres das partes, incluindo prazos a serem
tenha como base um sistema de estímulo ao
                                              cumpridos pelos envolvidos.
desempenho e funcione como premiação
aos serviços de melhor eficiência;
                                              A prática de usar livros de registros de reclamações
                                              e a divulgação dos números de atendimentos
• Importância do fator escala e subsídio
                                              realizados (por tipologia de conformidades)
cruzado: qualquer programa estadual de
                                              ajudam na melhoria do serviço e no
saneamento rural deve cuidar da definição
                                              direcionamento dos treinamentos. No caso dos
da escala dos modelos, evitando limites
                                              modelos multicomunitários, seria recomendável
arbitrários de tamanho de localidades para
                                              a realização de pesquisa de satisfação, como
se inserir em cada modelo, incluso aqui o
                                              realizado pelo SISAR/CE.
universo rural que ficaria para empresas
estaduais de atendimento urbano. É
importante lembrar que, se o fator de         v) Capacitação e educação
escala e o subsídio cruzado são vitais para
o modelo estadual de serviço urbano,          Por fim, consideramos que nenhum dos
também o são para o serviço rural. Cada       procedimentos sugeridos pode ser eficaz se não




	65
3 Resultados, recomendações e conclusão



houver capacitação dos envolvidos na prestação         O surgimento de modelos multicomunitários
dos serviços. Ao contrário dos exemplos                foi um marco na perspectiva de dotar o serviço
multicomunitários que possuem capacitação              de água potável rural de sustentabilidade e
contínua, este estudo mostrou que apenas em            eficiência em escala. A análise dos exemplos
poucos exemplos de gestão unicomunitária ocorre        de sucesso desse modelo indica que os serviços
algum treinamento no início da operação, não           estão sendo oferecidos de forma satisfatória
havendo atualização periódica. Essa capacitação        tecnicamente, financeiramente e socialmente;
é importante para:                                     mostrando-se como uma resposta adequada para
                                                       um planejamento que vise à universalização
       • Transmitir conhecimento aos dirigentes        sustentável dos serviços.
       da associação sobre os serviços (regras,
       padrões de qualidade e sustentabilidade         O estudo também aponta que o modelo de gestão
       financeira) e estimular o poder de iniciativa   unicomunitária do serviço poderia almejar-se
       associativa em prol do desenvolvimento de       como modelo sustentável, mas não como uma
       projetos para a comunidade;                     ação isolada da comunidade. É preciso o aporte de
                                                       capacitação, apoio tecnológico e monitoramento
       • Treinar comunidade, técnicos e operadores     da eficiência e eficácia dos serviços de forma
       sobre a importância do pagamento, a             contínua por parte de órgão estadual qualificado
       modernização do faturamento, da cobrança        para buscar a sustentabilidade no longo prazo.
       e sobre os registros financeiros; e
                                                       Esse estudo identificou as boas práticas dos
       •	 Treinar os operadores sobre o padrão de      sucessos encontrados dos dois modelos de forma
       serviço, e, principalmente, os mecanismos       a sugerir aspectos que facilitem, incentivem e
       de controle operacional.                        permitam replicá-los.

                                                       Por fim, qualquer que seja a formulação de
3.3. Conclusão                                         política pública a ser desenhada para a gestão
                                                       sustentável dos serviços de água no meio rural
A principal motivação deste estudo assenta-            deve sempre se avaliar a alternativa de menor
se na busca pela universalização dos serviços          esforço institucional, menor custo/subsídio
de abastecimento de água no meio rural e no            de implementação e operação e manutenção,
histórico de insucesso de obras realizadas no          para que o modelo seja sustentável no longo
meio rural e que, deixadas sob a gestão isolada        prazo e seja adequado a cada realidade local,
da comunidade, exigem novos investimentos              estadual ou regional.
em curto prazo devido ao sucateamento e à
obsolescência precoce dos sistemas.                     




66 	
                                                                                              13




                                                                               SÉRIE
                   ANEXO 1
                METODOLOGIA DE
                  AVALIAÇÃO
1. Introdução                                     uma abrangência geográfica regional. Foram
                                                  identificados cinco exemplos de modelo
                                                  multicomunitário, que se diferenciam quando
Neste anexo, é apresentada, de forma detalhada,   comparada a inserção do associativismo na
a metodologia de avaliação, incluindo uma         prestação dos serviços.
descrição de como foi selecionado o universo
pesquisado; sobre o roteiro metodológico          Dos cinco exemplos, três são de gestão
empregado; e uma descrição de como são            associativa, na qual os “donos” são as
divulgados os resultados da avaliação.            associações, como, por exemplo, na
                                                  Central das Associações Comunitárias para

2. O universo da                                  Manutenção de Sistemas de Abastecimento
                                                  de Água e Esgotos Sanitários (CENTRAL), na

pesquisa realizada                                Bahia; e no Sistema Integrado de Saneamento
                                                  Rural (SISAR), no Ceará e no Piauí. Essas são
                                                  associações civis que funcionam como uma
                                                  federação de outras filiadas.
2.1. A distinção dos modelos
                                                  Os outros dois exemplos identificados são
Para efeito deste estudo, constitui um            de gestão exclusiva de entes públicos, com
“modelo” a forma como a gestão dos serviços é     uma empresa — como a COPASA Serviços de
organizada. No universo da pesquisa realizada,    Saneamento Integrado do Norte de Minas
duas formas distintas foram identificadas,        (COPANOR), subsidiária da COPASA/
conforme explicado abaixo:                        Minas Gerais, ou seja, de caráter autárquico,
                                                  e o Consórcio Intermunicipal de Saneamento
2.1.1. Modelo de gestão                           de Serra do Santana (CONISA), que é um
                                                  consórcio público interfederativo entre
multicomunitária (regional)                       municípios consorciados e o estado.

Neste modelo, a gestão é realizada de forma       Foram realizadas visitas a duas comunidades
comum para diversas comunidades dentro de         de cada um dos modelos avaliados.



	67
Anexo 1 - Metodologia de avaliação



2.1.2. Modelo de gestão                                  •	 Ceará: por existir um processo de
                                                         organização da gestão multicomunitária
unicomunitária (isolada)                                 que cobre todo o território estadual;

Neste modelo, a comunidade exerce uma                    •	 Bahia, Minas Gerais, Piauí e Rio
gestão isolada, apenas para si. Em geral, trata-         Grande do Norte: pela ação de gestão
se de uma gestão administrativa e financeira             multicomunitária em região específica de
exercida pela associação comunitária local e             cada estado; e
por um operador contratado para assegurar o
funcionamento do sistema.                                •	 Paraná e Pernambuco: pelo fato de
                                                         incluírem o tema da gestão na formulação
                                                         de modelos futuros.
2.2. A escolha do universo
                                                   2.2.2. A escolha das comunidades
2.2.1. Os estados escolhidos
                                                   As comunidades foram escolhidas por
O universo de comunidades visitadas reflete o      indicação dos estados, e o critério determinante
que há de mais relevante em termos de modelos      foi a facilidade de logística de acesso. No caso
específicos de serviço de abastecimento de         dos exemplos de gestão isolada, buscou-se
água no meio rural do Brasil. Isso se explicita    mesclar comunidades de diferentes portes.
não apenas por meio dos programas de               Distribuídas segundo o tipo de modelo
obras amplamente realizados nos estados            de gestão, foram visitadas as comunidades
considerados, mas, principalmente, por ações       listadas a seguir, indicadas na Tabela 26.
de gestão desenvolvidas. Segundo o critério
de gestão, os estados foram escolhidos pelas
seguintes razões:




68 	
                                                                                                  13




                                                                                          SÉRIE
Tabela 26. Comunidades visitadas em cada estado por tipologia de modelo de gestão.

            Modelo                         Estado               Comunidade

                                                                Lagoa de Santa Rita
                                           BA
                                                                Pau D’Alho

                                                                São Paulinho
                                           CE
                                                                Bom Lugar
                        Multicomunitário




                                                                Guinda
                                           MG
                                                                Extração

                                                                Nova Esperança
                                           PI
                                                                Roque

                                                                Mar Vermelho
                                           RN
                                                                Santana

                                           BA                   Jaraguá

                                                                Morada Nova
                                           CE
                                                                Transual

                                                                São José de Almeida
                                           MG
                                                                Silva Campos

                                                                Vila Conceição

                                                                Sauê
                        Unicomunitária




                                           PE
                                                                Borracha

                                                                Sítio de Souza

                                                                Barriga
                                           PI
                                                                Bom Princípio

                                                                São João da Graciosa

                                           PR                   Mundo Novo de Saquarema

                                                                Saltinho

                                                                Caatinga Grande
                                           RN
                                                                Lagoa de Onça




	69
Anexo 1 - Metodologia de avaliação



Modelo de gestão multicomunitária              Acopiara. Em Pernambuco, por sua vez, foram
                                               visitadas as comunidades de Vila Conceição,
No Nordeste, começando pela Bahia, foram       no município de Rio Formoso, Sauê, em
visitadas as comunidades da Central das        Tamandaré, Borracha, em Vicência, e de
Associações Comunitárias para Manutenção       Sítio do Souza, no município de São Vicente
de Sistemas de Abastecimento de Água e         Ferrer. No estado do Piauí, foram visitadas
Esgotos Sanitários (CENTRAL) e, associadas     as comunidades de Barriga e Bom Princípio,
a esse modelo, as comunidades de Lagoa de      ambas no município de Tanque do Piauí. Já
Santa Rita e Pau D’Alho, ambas no município    no Rio Grande do Norte, foram visitadas
de Iraquara. No Ceará, foram visitadas         as comunidades de Assentamento Caatinga
as comunidades do Sistema Integrado de         Grande, no município de São José do Seridó,
Saneamento Rural (SISAR), na Bacia do          e de Lagoa da Onça, em Boa Saúde.
Alto Jaguaribe (BAJ), todas no município de
Acopiara e associadas ao SISAR. No Piauí,      Já na Região Sudeste, em Minas Gerais,
foram visitadas as comunidades do SISAR e,     foram visitadas as comunidades de São José
associadas a esse, as de Fumal, no município   de Almeida, no município de Jaboticatubas, e
de Valença, e de Roque, no município de        de Silva Campos, no município de Pompéu.
Inhumas. No Rio Grande do Norte, foram         Por fim, e no Paraná, o estudo visitou as
visitadas as comunidades atendidas pelo        comunidades de São João da Graciosa e Mundo
Consórcio Intermunicipal de Saneamento de      Novo de Saquarema, ambas no município de
Serra do Santana (CONISA) e, operadas por      Morretes, e de Saltinho, em Tijucas do Sul.
esse, as de Mar Vermelho e Assentamento
Santana, ambas no município de Lagoa Nova.
                                               2.2.3. A exclusão de modelos
Já na Região Sudeste, mais precisamente em     de autarquia municipal e de
Minas Gerais, foram visitadas as comunidades
atendidas pela empresa COPASA Serviços         companhia estadual
de Saneamento Integrado do Norte de
Minas (COPANOR) e, operadas por essa, as       Considerando que um dos objetivos do
comunidades de Guinda e Extração, ambas no     presente estudo é avaliar o potencial de
município de Diamantina.                       replicação de modelos que possam ser
                                               universalizados para todo o país, a pesquisa
Modelo de gestão unicomunitária                não abrangeu os modelos de autarquias
                                               municipais (serviço autônomo de água e
Para análise do modelo de gestão isolada,      esgoto — SAAE) nem os de companhias
no Nordeste, o estudo visitou, na Bahia,       estaduais, pelas seguintes razões:
a comunidade do Assentamento Jaraguá,
no município de Wagner. No Ceará, as                 Ambos os modelos reproduzem, nos
                                                    •	
comunidades de Morada Nova, no município            núcleos isolados, todos os aspectos
de Mombaça, e de Transual, no município de          da prestação de serviços do ambiente
                                                    urbano (sede municipal), não havendo



70 	
                                                                                                      13




                                                                                       SÉRIE
       diferenciação nem vínculo com as
       comunidades locais;
                                                       3.1. Considerações iniciais: Foco em
       • As companhias estaduais respondem
                                                       água
       pela maioria das municipalidades e sua          A pesquisa decidiu avaliar apenas a gestão do
       ação é mais centrada nas sedes. Quanto aos      serviço de água. Optou-se pela não avaliação
       núcleos isolados, elas são bastante seletivas   dos serviços de esgotos, dado que:
       (assumem, em geral, os maiores distritos),
       onde também reproduzem o serviço                     •	No meio rural brasileiro, particularmente
       urbano sem diferenciação e participação              no semiárido, em seis dos sete estados
       comunitária. A conduta dessas empresas               visitados, predomina o uso do sistema
       não indica a perspectiva de que sua ação             individual estático (fossa séptica). Além de
       possa ser replicada para todo o meio rural           haver uma cobertura limitada desse tipo de
       do país; e                                           tecnologia, não existe tradição de operação
                                                            coletiva desse serviço e, na maioria das
       •	 As autarquias municipais, apesar de               vezes, os usuários são os responsáveis pela
       terem forte presença nos núcleos rurais,             manutenção; e
       representam um universo restrito - 26%10
       dos municípios brasileiros. Como o                   • Na amostra de modelos multicomunitários
       espaço para crescimento desse tipo de                escolhidos e comunidades visitadas,
       prestador é restrito devido à forte presença         a operação do serviço de esgoto pelos
       das companhias estaduais, o modelo de                prestadores é restrita. Nos cinco exemplos
       autarquia municipal apresenta pouco                  multicomunitários, o SISAR/PI tem
       potencial de replicação.                             operação de fossas em todas as comunidades
                                                            atendidas e, na COPANOR/MG, os sistemas

3. Roteiro                                                  operados são pouco representativos do
                                                            universo atendido pelo prestador. Já entre

metodológico                                                os 16 exemplos de gestão isolada, apenas
                                                            três têm sistema de esgoto operado pelo
                                                            prestador de água (um em Pernambuco e
Apresentam-se a seguir as considerações que
                                                            dois em Minas Gerais).
basearam o desenvolvimento do estudo; indica-
se o passo a passo de como o questionário foi          Considerando o contexto descrito e levando-
elaborado; quais os parâmetros selecionados;           se em consideração que a avaliação de gestão
e como foi realizada a pesquisa de satisfação.         teria como base indicadores comparativos, a
Por fim, esse item detalha de que maneira as           amostra de serviços de esgoto operados era
análises foram realizadas e apresentadas.              pouco representativa para que se tivesse uma
                                                       comparação conclusiva.


10   Fonte: SNIS, 2014.




	71
Anexo 1 - Metodologia de avaliação



3.2. Sistemática da avaliação                       de escala no âmbito dos Estados, o estudo
                                                    buscou identificar também os principais
                                                    órgãos atuantes no setor de saneamento rural
3.2.1. Avaliação dos modelos                        em cada estado, tentando compreender os
                                                    seus respectivos papéis, e os programas de
A avaliação dos modelos adotou o seguinte           investimento relevantes em andamento. Com
roteiro:                                            base nessas informações, foi realizada uma
                                                    análise institucional do estado avaliando-se
Passo 1: formulação de parâmetros de avaliação e    parâmetros de política estadual de saneamento
de informações gerais a serem levantadas.           rural; e ação estadual no apoio e controle dos
                                                    serviços de abastecimento de água.
A premissa determinante para avaliar os
modelos e seus diversos exemplos foi a definição    Passo 3: avaliação subjetiva dos parâmetros.
da amplitude de um conjunto de parâmetros
de modo a se obter o máximo de informação           Uma vez obtidos os dados de campo, a
que permitisse a comparação entre os diversos       avaliação dos parâmetros foi feita de forma
modelos. Já foram identificadas uma série           subjetiva, de acordo com a experiência do
de informações gerais sobre os modelos              autor. No estágio atual de pouco conhecimento
necessárias para realizar a avaliação de cada       técnico e limitada sistematização de dados,
modelo. O questionário foi preparado para a         particularmente nos casos de serviços de gestão
coleta das informações gerais dos modelos que       unicomunitária, não seria possível aplicar uma
permitisse a análise dos parâmetros definidos.      avaliação que fosse respondida diretamente
                                                    pelos prestadores. Na Parte II, se consolidam
Passo 2: aplicação de questionário na visita aos    as informações coletadas, os parâmetros de
modelos e comunidades.                              cada estado e os exemplos avaliados.

A primeira versão do questionário foi aplicada em   Passo 4: minutas dos questionários, do relatório,
caráter de teste em duas comunidades no estado      consultas internas e debate.
do Ceará. Após ajustes finais, o questionário foi
aplicado para toda a amostra selecionada. As        A metodologia e os resultados da avaliação
informações (dados de base) para preenchimento      foram submetidos a diversas consultas internas
de cada questionário foram fornecidas pelos         com equipes técnicas e gerenciais no Banco
responsáveis pelos modelos, técnicos, operadores    Mundial. Além disso, em dezembro de 2010,
e dirigentes associativos (no caso dos exemplos     uma oficina foi realizada no escritório do
de gestões multicomunitárias); e por operadores     Banco Mundial em Brasília com a participação
e dirigentes (no caso de gestão unicomunitária).    de representantes dos estados selecionados para
As visitas de campo para a coleta de dados foram    a pesquisa e de entidades atuantes no setor
realizadas em 2010.                                 de saneamento rural no âmbito do governo
                                                    federal (ex. FUNASA e ANA);,e associações de
Para melhor entender a capacidade de                classe (ex. ABES).
replicação de modelo e potencial para ganho



72 	
                                                                                                   13




                                                                                    SÉRIE
Para a finalização do relatório, alguns dos dados   água nos núcleos.
disponíveis dos modelos multicomunitários
foram também levantados em 2013 e 2014.             A pesquisa de satisfação foi aplicada em 2010
                                                    a um conjunto de nove comunidades dos
                                                    modelos multicomunitários (das 10 visitadas)
3.2.2. Pesquisa de satisfação                       e de 10 comunidades dos modelos de gestão
                                                    isolada (das 16 visitadas) para avaliar a
Em complementação ao questionário técnico,
                                                    satisfação da população sobre a qualidade do
foi realizada uma pesquisa de satisfação
                                                    serviço, totalizando 775 domicílios visitados,
dos beneficiários dos sistemas. O objetivo
                                                    que representam 27% do universo pesquisado.
foi identificar a tendência de satisfação da
população com serviços de abastecimento de          Passo 3: sistematização dos dados e apresentação
água para possibilitar uma análise comparativa      dos resultados.
entre os resultados da análise técnica e a visão
da comunidade. O roteiro da pesquisa foi o          A sistematização e a análise dos dados estão
seguinte:                                           apresentadas na Parte II, capítulo 8.

Passo 1: formulação do questionário de
satisfação.                                         3.3. Parâmetros de avaliação dos
O questionário foi preparado com base em
questionários similares de satisfação com
                                                    modelos
serviços de abastecimento de água no meio
rural, como, por exemplo, o aplicado pelo           3.3.1. A quantidade de parâmetros
SISAR/CE. O mesmo questionário foi utilizado
para serviços multicomunitário e de gestão          A avaliação foi formulada de forma distinta
isolada, e perguntava temas como satisfação do      para o modelo de gestão multicomunitário
usuário com os serviços de água: uso, qualidade,    e para o modelo de gestão isolada, tendo,
manutenção, sabor, entre outras.                    contudo, diversos parâmetros em comum, de
                                                    forma a permitir a comparação. A avaliação
Passo 2: aplicação de questionário em parte das     dos exemplos de cada modelo foi realizada
comunidades avaliadas.                              com base em um conjunto de parâmetros e
                                                    critérios convergentes para um quadro de
As entidades estaduais participantes dos            referência de uma situação de exemplo de
programas de desenvolvimento rural,                 sucesso.
financiados pelo Banco Mundial, apoiaram
a aplicação dos questionários diretamente           Modelo multicomunitário.
nas comunidades visitadas. A amostra não
teve a intenção de ser estatística, mas apenas      O modelo multicomunitário foi avaliado com
permitir uma análise superficial da satisfação      base em 36 parâmetros em duas fases distintas:
da população com a prestação dos serviços de        (i) uma, de aspectos gerais da gestão no âmbito



	73
Anexo 1 - Metodologia de avaliação



regional, com aplicação de questionário para           Modelo de gestão unicomunitária.
os técnicos do exemplo multicomunitário,
abrangendo um total de 24 parâmetros; e                O modelo de gestão unicomunitária foi
(ii) outra, de aspectos locais da comunidade           avaliado com base em 24 parâmetros, com
visitada, com aplicação de questionário para           aplicação de questionário para os dirigentes
os dirigentes de associação e para o operador,         de associação e o operador (ver Tabela 28).
abrangendo um total de 12 parâmetros. Na
Tabela 27, se resume o número de parâmetros            Tabela 28. Número de parâmetros avaliado nos modelos
avaliados nos modelos multicomunitários.               unicomunitários.


Tabela 27. Número de parâmetros avaliado nos modelos
                                                        Aspecto                            Nª de parâmetros
multicomunitários.                                      Desempenho institucional           5

                                                        Eficiência operacional             11
                                          Nª de
 Aspecto
                                          parâmetros    Eficiência comercial financeira    8

 Aspectos gerais da entidade (regional)                 Total - avaliação da gestão uni-
                                                                                           24
                                                        comunitária
 Desempenho institucional                 8

 Eficiência operacional                   8

 Eficiência comercial e financeira        8            3.3.2. A classificação dos parâmetros
 Subtotal dos aspectos gerais             24
                                                       O método de avaliação baseia-se na análise
 Aspectos das comunidades operadas                     subjetiva do consultor do estudo, a partir
                                                       das informações fornecidas pelas associações
 Desempenho institucional                 2
                                                       e pelos prestadores de serviços. Apesar de
 Eficiência operacional                   10           subjetiva, essa classificação seguiu uma
 Subtotal dos aspectos locais             12           parametrização na qual cada item avaliado
                                                       recebeu três classificações de contorno e que
 Total - avaliação de modelo multicomu-
                                          36           representam situações distintas, da melhor
 nitário
                                                       (ideal) para a pior, passando pela mediana,
                                                       como se vê na Tabela 29.




74 	
                                                                                                                               13




                                                                                                       SÉRIE
Tabela 29. Exemplo de classificação descritiva de parâmetro.

 Parâmetro                    Critérios de avaliação

                              Se o atendimento da comunidade por rede tem cobertura:
 Cobertura da rede
                              Critérios: a) universal (total); b) parcial; c) sem rede (inexistente)

                              Se a continuidade e a regularidade do abastecimento se dão de forma:
 Condição do abastecimento
                              Critérios: a) contínuo/regular; b) por manobra (intermitente); c) racionado




Como há três opções de classificação, a pontuação foi identificada por LETRAS: A para
melhor situação, B para situação intermediária e C para a pior. Quando o parâmetro não
se aplica ao exemplo avaliado ou não se tem a informação de base, utiliza-se N/A (não
aplicável). Ver exemplo na Tabela 30.

Tabela 30. Exemplo de pontuação dos parâmetros.

 Classificação          Melhor situação          Situação mediana         Pior situação              Não aplicável

 Pontuação              A                        B                        C                          N/A




De acordo com essa parametrização, e usando Tabela 31 mostra a forma final de classificação.

Tabela 31. Exemplo de classificação descritiva de parâmetro.

 Parâmetro                    Critérios de avaliação

                              Se o atendimento da comunidade por rede tem cobertura:

 Cobertura da rede            Universal           Parcial                          Sem rede (inexistente)      Não aplicável

                              A                   B                                C                           N/A

                              Se a continuidade e a regularidade do abastecimento se dão de forma:

 Condição do abastecimento    Contínua/regular Por manobra (intermitente)          Racionado                   Não aplicável

                              A                   B                                C                           N/A




	75
Anexo 1 - Metodologia de avaliação



Nas seções 3.4.1. e 3.4.2., são apresentados            Fichas resumo dos modelos
critérios de avaliação e classificação desses.
                                                        Uma série de informações foram levantadas
                                                        durante as visitas de campo para viabilizar a
3.3.3. Ponderação uniforme para a
                                                        avaliação dos modelos. No caso dos modelos
avaliação resumo dos modelos                            multicomunitários,      foram     levantadas
                                                        informações no nível do ente regional, e
Para a avaliação resumo dos modelos, foi                informações específicas no nível das duas
empregada uma ponderação uniforme de todos os           comunidades visitadas.
parâmetros avaliados de cada tipologia de modelo
na busca por simplificar a análise dos dados, o seu     No nível do ente regional, foram recopilados
entendimento e areplicação futura. É importante         os dados a seguir:
ressaltar que este talvez seja um trabalho pioneiro          • As características principais do modelo,
na abrangência de avaliação de modelos de serviço            incluindo: o nome do modelo, o status,
rural no Brasil e que um sistema de ponderação               como é formado, qual é a composição
deve preceder um debate mais amplo com técnicos              da entidade, a região de atuação, assim
envolvidos nesse tipo de pesquisa ou mesmo na                como a evolução dele;
prestação desse serviço específico, o que poderia ser
realizado em um estudo subsequente.                          • O funcionamento operacional, incluindo
                                                             a distribuição de atividades administrativas,
                                                             de comercialização, de capacitação e de
3.4. Tipologia de dados coletados e                          operação e manutenção entre os diferentes
                                                             atores do modelo;
parâmetros avaliados                                         •O modelo tarifário, incluindo: a
                                                             descrição de custos e tarifa coberta
3.4.1. Modelos de gestão                                     no nível local e do modelo, assim
                                                             como os valores médios de tarifa e sua
multicomunitária.                                            desagregação;

A seguir, são apresentados: (i) as fichas resumo              O levantamento de custos, receitas,
                                                             •	
com os dados dos modelos levantadas, (ii) os                 e volumes produzidos, faturados e
parâmetros avaliados, incluindo os critérios e               consumidos; e
a matriz de avaliação, e (iii) as tabelas resumo              Uma série de indicadores relacionados
                                                             •	
com a consolidação da avaliação realizada. Para              com os percentuais de inadimplência
todos os modelos, na Parte II, são apresentadas              no pagamento do serviço de água e de
as tabelas com as fichas resumo (do ente regional            perdas de água no sistema, assim como
e do ente local), a matriz de avaliação (do ente             de suficiência (relação da receita e custo).
regional e dos entes locais), assim como as tabelas
resumo da avaliação.                                    Na Tabela 32, é apresentado um exemplo da
                                                        ficha resumo com as informações descritivas
                                                        do ente regional levantadas.


76 	
                                                                                                               13




                                                                                                 SÉRIE
Tabela 32. Ficha resumo dos modelos comunitários com as informações descritivas do ente regional levantadas.

 Características gerais do modelo
 Nome
 Status
 Formação
 Composição da
 entidade
 A região
 Atuação
 Evolução
 Modelo operacional
                      Atividades SISAR
                      Administração
                      Comercialização
                      Manutenção
                      Capacitação
 Divisão de tarefas   Atividades da associação
                      Administração
                      Atividades do operador local
                      Operação
                      Manutenção
                      Comercialização
 Modelo tarifário - 2014
                      Custo local
 Divisão de custos
                      Custo CENTRAL
                      Tarifa local
 Tarifa composta
                      Tarifa CENTRAL
                                          Operador                           Tarifa SISAR (R$/mês)
                      Tarifa local (R$/   Energia                            Tarifa total (R$/mês)
 Valor médio/mês
                      mês)                Associação
                                          Total
 Custos e receitas - 2014

                      Pessoal                        Resul-   Investimento                        Produzido
                                                     tado
                                                                                       Volumes
 Custo CENTRAL        Manutenção                     finan-   Faturamento                         Faturado
                                                                                       (m3)
                                                     ceiro
                                                              Arrecadação
                      Administração                  (R$)                                         Consumido
                                                              Custo
 Indicadores - 2014
 Suficiência Receita/Custo
 Inadimplência (%)
 Perdas (%)




	77
Anexo 1 - Metodologia de avaliação



No nível do ente local e comunidade, foram                       •	Descrição do padrão de serviço e
recopiladas as informações a seguir:                             elementos de controle em termos de:
                                                                 universalidade do sistema de água (% de
       •	Caraterísticas gerais da comunidade,                    atendimento dos domicílios), capacidade
       incluindo: localização e tipologia da                     de aumentar a rede, qualidade da
       comunidade, descrição da economia                         água, regularidade do abastecimento,
       local, breve histórico do serviço, descrição              mecanismos de automatização das
       do padrão habitacional e de como é                        bombas (liga-desliga) e de medição
       realizado o manejo da água e esgoto;                      (macro e micro medição); e

       •	Descrição do sistema de água, em                         Descrição de fragilidades e facilidades
                                                                 •	
       termos das características do manancial,                  do sistema.
       da captação e estação de água bruta
       (EAB), do tipo de tratamento da água,              Na Tabela 33, é apresentado um exemplo da
       do reservatório, e da rede, assim como o           ficha resumo com as informações descritivas
       número de ligações do sistema de água;             do ente local levantadas.
Tabela 33. Ficha resumo dos modelos comunitários com as informações descritivas do ente local levantadas.

 Características gerais da comunidade
 Localização
 Tipologia urbana
 Economia local
 Histórico do serviço
 Padrão habitacional
 Manejo da água
 Manejo do esgoto
 Descrição do sistema de água
 Origem
 Manancial
 Captação / EAB
 Tratamento
 Reservatório
 Rede/ligações
 Padrão de serviço e elementos de controle
 Universalidade
 Novas conexões
 Qualidade
 Regularidade
 Liga-desliga
 Medição
 Fragilidades
 Facilidades


78 	
                                                                                                                                 13




                                                                                                            SÉRIE
Parâmetros avaliados                                            operacional,          a eficiência comercial e                   a
                                                                financeira.
Com base nas informações resumidas na seção
anterior, um conjunto de parâmetros foram                       Na Tabela 34, são apresentados os parâmetros
avaliados, alguns deles em nível regional e                     avaliados no nível do ente regional, incluindo
outros em nível local. Os parâmetros foram                      os critérios de avaliação e as classificações nas
organizados em três tipologias relacionadas                     tipologias A, B e C mencionadas na seção
com o desempenho institucional: a eficiência                    3.2.2.



Tabela 34. Parâmetros avaliados no nível do ente regional dos modelos multicomunitários incluindo critérios de
avaliação e classificações.

 Desempenho institucional

                                             Se o modelo reúne as condições de sucesso e pode ser replicado de forma: Cri-
 1    Potencial de replicação
                                             térios: a) ampla (incondicional); b) restrita (sob condições; c) não replicável

                                             O suporte para gestão e capacitação dos modelos atua de forma: Parâmetro: a)
 2    Apoio para gestão/capacitação
                                             sistemática; b) eventual; c) pouco eventual

                                             O sistema de avaliação de desempenho dos modelos apoiados atua de forma:
 3    Avaliação de desempenho
                                             Parâmetro: a) sistemática; b) eventual; c) não existe

                                             A indução estadual de adesão ao modelo é: Parâmetro: a) efetiva; b) restrita; c)
 4    Indução à adesão
                                             não existe

                                             O crescimento do número de localidades atendidas se deu de forma: Critérios:
 5    Expansão do número de localidades
                                             a) expressiva (>=5% a.a.); b) limitada (<5% a.a.); c) nunca cresceu

                                             O poder de decisão das comunidades dentro do modelo é: Critérios: a) total; b)
 6    Poder decisório das associações
                                             restrito; c) não tem poder

                                             O risco de interferência política na ação do modelo é: Critérios: a) baixo; b)
 7    Risco de interferência política
                                             mediano; c) alto

                                             O risco de ação trabalhista do operador local é: Critérios: a) baixo; b) mediano;
 8    Risco trabalhista com operador local
                                             c) alto




	79
Anexo 1 - Metodologia de avaliação



 Eficiência operacional regional
                                             A capacitação é feita de forma: Critérios: a) sistemática; b) inicial/eventual; c)
 9     Capacitação dos técnicos regionais
                                             nunca foi feita

                                             O cumprimento de rotinas/metas para diminuição de perdas se faz de forma:-
 10    Gestão de perdas
                                             Critérios: a) efetiva; b) parcial; c) não há rotina/meta

                                             A rotina de conservação de estruturas e limpeza das instalações é: Critérios: a)
 11    Rotina de conservação dos ativos
                                             sistemática e ampla; b) eventual e restrita; c) não é feita

                                             A manutenção preventiva de equipamentos é feita de forma: Critérios: a) siste-
 12    Manutenção preventiva
                                             mática e eficaz; b) eventual; c) não há

                                             O conteúdo do regulamento e sua divulgação ocorrem de forma: Critérios: a)
 13    Amplitude do regulamento do serviço
                                             ampla; b) restrita; c) não há regulamento

       Publicidade do registro de atendi-    A divulgação dos dados de atendimento/reclamações dos usuários ocorre de
 14
       mento                                 forma: Critérios: a) ampla; b) restrita; c) não há sistema de registro

                                             As novas ligações na rede existente são acessadas de forma: Parâmetros: a) facili-
 15    Acesso a novas conexões
                                             tada (ágil e parcelado); b) razoável; c) custosa

                                             A pesquisa de satisfação e seus resultados acontecem de forma: Critérios: a)
 16    Pesquisa de satisfação dos usuários
                                             sistemática e satisfatória; b) eventual e neutra; c) não existe

 Eficiência comercial e financeira
                                             A informatização do faturamento (desde a leitura até a emissão) ocorre de
 17    Informatização do faturamento         forma: Critérios: a) completa (emissão in loco); b) parcial; c) manual ou inexis-
                                             tente

                                             A cobrança (indo do agente arrecadador ao sistema manual confiável) se dá
 18    Profissionalização da cobrança        de forma: Critérios: a) profissional com agente; b) satisfatória sem agente; c)
                                             precária

                                             O controle de não pagamento (%) é: Critérios: a) eficiente <5%); b) mediano
 19    Controle da inadimplência
                                             (<15%); c) precário

                                             Se o consumo mínimo cobrado em relação ao consumo praticado é estipula-
 20    Relação consumo e tarifa mínima       do de forma: Critérios: a) adequada (<= consumo); b) razoável (próximo); c)
                                             inadequada (superior)

                                             Se a tarifa média está ajustada ao serviço oferecido: Critérios: a) ajustada; b)
 21    Relação tarifa/padrão do serviço
                                             mediana; c) desajustada

                                             A relação receita/custo apresenta valor: Critérios: a) elevada (>1,5); b) suficiente
 22    Suficiência de caixa
                                             (>1,1); c) não há

                                             Se o superávit receita/custo ocorre com folga e da seguinte forma: Critérios: a)
 23    Status do superávit operacional       elevado (>1,5); b) suficiente (>1,1); c) não há Critérios: a) sem subsídio; b) com
                                             subsídio; c) não há superávit

                                             Se existe um fundo reserva para eventualidades e em que grau de apoio finan-
 24    Fundo reserva
                                             ceiro: Critérios: a) substantivo; b) incipiente; c) não há

80 	
                                                                                                                               13




                                                                                                          SÉRIE
Na Tabela 35, são apresentados os parâmetros                   critérios de avaliação e as classificações nas
avaliados no nível do ente local, incluindo os                 tipologias A, B e C mencionadas na seção
                                                               3.2.2.

Tabela 35. Parâmetros avaliados no nível do ente local dos modelos multicomunitários incluindo critérios de avaliação
e classificações.

 Desempenho institucional

                                               Ação da associação em projetos (sociais, produtivos) indica que sua iniciati-
 1       Poder de iniciativa da associação
                                               va é: Critérios: a) alta; b) limitada; c) baixa (não tem outros projetos)

                                               A capacitação do dirigente comunitário é feita de forma: Critérios: a)
 2       Capacitação - dirigente comunitário
                                               constante/atual; b) inicial/eventual; c) nunca foi feita

 Eficiência operacional

                                               Se o atendimento da comunidade por rede tem cobertura: Critérios: a)
 3       Cobertura da rede
                                               universal (total); b) parcial; c) sem rede (inexistente)

                                               Se a continuidade e a regularidade do abastecimento se dão de forma: Cri-
 4       Condição do abastecimento
                                               térios: a) contínua/regular; b) por manobra (intermitente); c) racionada

                                               Pela condição do manancial, se a tecnologia e a eficiência do tratamento
 5       Adequação do tratamento da água       são: Critérios: a) adequadas; b) pouco adequadas; c) não há tratamento
                                               (inexistente)

                                               Existindo tratamento, se o controle de qualidade é: Critérios: a) satisfató-
 6       Controle da qualidade da água
                                               rio; b) parcial; c) não há controle (inexistente)

                                               Se a operação local domina a tecnologia do sistema de forma: Critérios: a)
 7       Domínio da tecnologia do sistema
                                               suficiente; b) parcial; c) inexistente

                                               Os hidrômetros instalados estão na condição seguinte: Critérios: a) em uso;
 8       Uso da micromedição
                                               b) sem uso; c) não há hidrômetro (inexistente)

                                               Os macromedidores instalados estão na condição seguinte: Critérios: a) em
 9       Uso da macromedição
                                               uso com calibragem; b) sem calibragem; c) não há (inexistente)

                                               O bombeamento para reservatório tem o controle: Critérios: a) automático;
 10      Controle de nível do reservatório
                                               b) manual com eficiência; c) precário

                                               O reparo de bombas se dá de forma: Critérios: a) ágil; b) mediana; c) demo-
 11      Agilidade na substituição de bomba
                                               rada

                                               A segurança do volume/vazão do manancial para atender à demanda é:
 12      Segurança hídrica do manancial
                                               Critérios: a) elevada; b) mediana; c) baixa




	81
Anexo 1 - Metodologia de avaliação



Consolidação da avaliação                                  dos sistemas locais é obtido pela média dos
                                                           totais alcançados nas classificações sobre
Por fim, é a realizada a totalização dos números           desempenho institucional – local e eficiência
de classificações A, B, C ou N/A dos parâmetros            operacional – local das duas comunidades
avaliados para o modelo multicomunitário. O                pesquisadas. Os resultados são apresentados
total de classificações dos parâmetros da gestão           em duas tabelas resumo, uma apresentando
regional refere-se aos aspectos de desempenho              o resumo por tipologia de parâmetro (Tabela
institucional, eficiência operacional –                    36), e outra com o resumo da avaliação em
regional e eficiência comercial e financeira.              nível regional, local e total (Tabela 37)
Já o total de classificações dos parâmetros


Tabela 36. Resumo de avaliação dos modelos multicomunitários por tipologia de parâmetro.

                                                              Quantidade de parâmetros por tipo de classificação

                                                              A            B             C           N/A

 Desempenho institucional

 Eficiência operacional

 Eficiência comercial e financeira

 Total de parâmetros


Tabela 37. Resumo de avaliação dos modelos multicomunitários no nível regional, local e total.

                                                              Quantidade de parâmetros por tipo de classificação

                                                              A            B             C           N/A

 Gestão regional

 Sistemas locais

 Total de parâmetros




3.4.2. Modelos de gestão                                   critérios e a matriz de avaliação, e (iii) a tabela
                                                           resumo da avaliação realizada. Para todas
unicomunitária                                             as comunidades visitadas, na Parte II, são
                                                           apresentadas as tabelas com a ficha resumo,
A seguir, são apresentados: (i) as fichas resumo           a matriz de avaliação, assim como a tabela
com os dados das comunidades visitadas,                    resumo da avaliação.
(ii) os parâmetros avaliados, incluindo os




82 	
                                                                                                           13




                                                                                              SÉRIE
Fichas resumo dos modelos                                        no pagamento do serviço de água e de
                                                                 perdas de água no sistema, assim como
Uma série de informações foram levantadas                        de suficiência (relação da receita e custo),
durante as visitas de campo para viabilizar a                    e percentual do valor da conta da água
avaliação dos modelos. No caso dos modelos                       em relação à renda mensal; e
de gestão isolada ou unicomunitários, foram
levantadas informações junto dos dirigentes                       Descrição de fragilidades e facilidades
                                                                 •	
associativos e do operador local. Muitos                         do sistema.
parâmetros e dados são similares aos do
modelo multicomunitários, a exceção de:                   Na Tabela 38, é apresentada a ficha resumo
                                                          com as informações descritivas dos modelos
        Uma série de indicadores relacionados
       •	                                                 de gestão unicomunitária.
       com os percentuais de inadimplência


Tabela 38. Ficha resumo dos modelos de gestão unicomunitária com as informações descritivas levantadas.

 Características gerais da comunidade

 Localização

 Tipologia urbana

 Economia local

 Histórico do serviço

 Padrão habitacional

 Manejo da água

 Manejo do esgoto

 Descrição do sistema de água

 Origem

 Manancial

 Captação / EAB

 Tratamento

 Reservatório

 Rede/ligações




	83
Anexo 1 - Metodologia de avaliação




 Padrão de serviço e elementos de controle

 Universalidade

 Novas conexões

 Qualidade

 Regularidade

 Liga-desliga

 Medição

 Tarifa e sustentabilidade

 Tarifa simples

                  Operador                        Faturamento                                 Produzido

 Custo            Energia            Resultado    Arrecadação                                 Faturado
                                                                               Volumes
 mensal           Produtos           financeiro
                                                  Custo                        médios (m3) Consumido
 médio (R$)       químicos           médio (R$)

                  Outros                          Reserva                                     Consumo / mês

 Indicadores e avaliação

 Suficiência Receita/Custo
                                                                  Conta mensal de água (R$)
                                                  Valor da
 Inadimplência (%)
                                                  conta / renda
                                                                  % da renda
 Perdas (%)

 Fragilidades

 Facilidades


Parâmetros avaliados

Com base nas informações resumidas na                        Na Tabela 39, são apresentados os parâmetros
seção anterior, um conjunto de parâmetros foi                avaliados, incluindo os critérios de avaliação
avaliado. Os parâmetros foram organizados em                 e as classificações nas tipologias A, B e C
três tipologias relacionadas com o desempenho                mencionadas na seção 3.2.2.
institucional, a eficiência operacional e a
eficiência comercial e financeira.




84 	
                                                                                                                                13




                                                                                                            SÉRIE
Tabela 39. Parâmetros avaliados dos modelos de gestão unicomunitária incluindo critérios de avaliação e classificações.

 Desempenho institucional
                                                 Se o modelo reúne as condições de sucesso e pode ser replicado de forma:
 1       Potencial de replicação                 Critérios: a) ampla (incondicional); b) restrita (sob condições; c) não
                                                 replicável

                                                 Ação da associação em projetos (sociais, produtivos) indica que sua inicia-
 2       Poder de iniciativa da associação
                                                 tiva é: Critérios: a) alta; b) limitada; c) baixa (não tem outros projetos)

                                                 A capacitação do dirigente comunitário e do operador é feita de forma:
 3       Capacitação - dirigente e operador
                                                 Critérios: a) constante/atual; b) inicial/eventual; c) nunca foi feita

                                                 O risco de interferência política na ação do modelo é: Critérios: a) baixo;
 4       Risco de interferência política
                                                 b) mediano; c) alto

                                                 O risco de ação trabalhista do operador local é: Critérios: a) baixo; b)
 5       Risco trabalhista com operador local
                                                 mediano; c) alto

 Eficiência operacional
                                                 Se o atendimento da comunidade por rede tem cobertura: Critérios: a)
 6       Cobertura da rede
                                                 universal (total); b) parcial; c) sem rede (inexistente)

                                                 Se a continuidade e a regularidade do abastecimento se dão de forma: Cri-
 7       Condição do abastecimento
                                                 térios: a) contínua/regular; b) por manobra (intermitente); c) racionada

                                                 Pela condição do manancial, se a tecnologia e a eficiência do tratamento
 8       Adequação do tratamento da água         são: Critérios: a) adequadas; b) pouco adequadas; c) não há tratamento
                                                 (inexistente)

                                                 Existindo tratamento, se o controle de qualidade é: Critérios: a) satisfató-
 9       Controle da qualidade da água
                                                 rio; b) parcial; c) não há controle (inexistente)

                                                 As novas ligações na rede existente são acessadas de forma: Parâmetros: a)
 10      Acesso a novas conexões
                                                 facilitada (ágil e parcelado); b) razoável; c) custosa

                                                 Se a operação local domina a tecnologia do sistema de forma: Critérios: a)
 11      Domínio da tecnologia do sistema
                                                 suficiente; b) parcial; c) inexistente

                                                 Os hidrômetros instalados estão na condição seguinte: Critérios: a) em
 12      Uso da micromedição
                                                 uso; b) sem uso; c) não há hidrômetro (inexistente)

                                                 Os macromedidores instalados estão na condição seguinte: Critérios: a)
 13      Uso da macromedição
                                                 em uso com calibragem; b) sem calibragem; c) não há (inexistente)

                                                 O bombeamento para reservatório tem o controle: Critérios: a) automáti-
 14      Controle de nível do reservatório
                                                 co; b) manual com eficiência; c) precário

                                                 O reparo de bombas se dá de forma: Critérios: a) ágil; b) mediana; c)
 15      Agilidade na substituição de bomba
                                                 demorada

                                                 A segurança do volume/vazão do manancial para atender à demanda é:
 16      Segurança hídrica do manancial
                                                 Critérios: a) elevada; b) mediana; c) baixa


	85
Anexo 1 - Metodologia de avaliação



 Eficiência comercial e financeira
                                              A informatização do faturamento (desde a leitura até a emissão) ocorre de
 17       Informatização do faturamento       forma: Critérios: a) completa (emissão in loco); b) parcial; c) manual ou
                                              inexistente

                                              A cobrança (indo do agente arrecadador até o sistema manual confiável)
 18       Profissionalização da cobrança      se dá de forma: Critérios: a) profissional com agente; b) satisfatória sem
                                              agente; c) precária

                                              O controle de não pagamento (%) é: Critérios: a) eficiente <5%); b) me-
 19       Controle da inadimplência
                                              diano (<15%); c) precário

                                              Se o consumo mínimo cobrado em relação ao consumo praticado é
 20       Relação consumo e tarifa mínima     estipulado de forma: Critérios: a) adequada (<= consumo); b) razoável
                                              (próximo); c) inadequada (superior)

                                              Se a tarifa média está ajustada ao serviço oferecido: Critérios: a) ajustada;
 21       Relação tarifa/padrão do serviço
                                              b) mediana; c) desajustada

                                              A relação receita/custo apresenta valor: Critérios: a) elevado (>1,5); b)
 22       Suficiência de caixa
                                              suficiente (>1,1); c) não há

                                              Se o superávit receita/custo ocorre com folga e da seguinte forma: Crité-
 23       Status do superávit operacional
                                              rios: a) sem subsídio; b) com subsídio; c) não há superávit

                                              Se existe um fundo reserva para eventualidades e em que grau de apoio
 24       Fundo reserva
                                              financeiro: Critérios: a) substantivo; b) incipiente; c) não há


Consolidação da avaliação                                   pesquisado que inclui os aspectos de
                                                            desempenho         institucional,      eficiência
Por fim, totalizam-se os números de                         operacional e eficiência comercial e financeira.
classificações A, B, C ou N/A dos parâmetros                Ver exemplo na Tabela 40.
avaliados para o modelo unicomunitário
Tabela 40. Exemplo de resumo de avaliação dos modelos de gestão unicomunitária.

                                                               Quantidade de parâmetros por tipo de classificação

                                                               A               B               C                N/A

 Desempenho institucional

 Eficiência operacional

 Eficiência comercial e financeira

 Total de parâmetros




86 	
                                                                                                  13




                                                                                   SÉRIE
3.4.3. Comentários adicionais sobre                 A origem do investimento dos exemplos
                                                    avaliados é bastante diversa:
alguns parâmetros e abrangência do
estudo                                                    •	Os investimentos dos modelos
                                                          multicomunitários     originam-se   de
Sustentabilidade. Apesar de os modelos                    programas de organismos multilaterais,
buscarem a sustentabilidade, o estudo                     como os do Banco Mundial com o
não utilizou um parâmetro relacionado à                   estado do Ceará (o PCPR – Programa
sustentabilidade pelo conceito ser genérico e             de Combate à Pobreza Rural) e com o
amplo, de difícil definição e por se acreditar            governo federal (PROÁGUA-Ministério
que não traduzia bem o potencial dos modelos.             da Integração Nacional), no Rio Grande
                                                          do Norte, na Bahia e em Minas Gerais;
Micromedição. O estudo adotou um parâmetro                do KfW, com os governos federal e
sobre micromedição pelo significado que esse              estadual na Bahia e no Piauí (PROSAR);
instrumento adquiriu na “cultura” operacional             e alguns foram ampliados com apoio do
do setor. A evolução recente na gestão de                 Programa Água para Todos, do Governo
perdas no país mostra o extenso significado do            Federal;
hidrômetro como instrumento de controle de
desperdício, precisão na cobrança do serviço e            •	Os investimentos dos modelos de
eficiência do sistema.                                    gestão unicomunitária originam-se de
                                                          programas do Banco Mundial com os
No meio rural, os usuários entendem que                   estados de Bahia, Ceará, Pernambuco
há custos, como o de energia, que devem ser               e Piauí (os PCPRs), ou, BID, com o
rateados e medidos conforme o consumo.                    estado de Pernambuco (PROMATA); do
Apenas em sistemas por gravidade e com                    Governo Federal em Minas Gerais (o
vazão abundante, no qual o desperdício não                PPNSR – Programa Piloto Nacional de
tem impacto e é pouco representativo no país,             Saneamento Rural); de um programa
pode-se prescindir da hidrometração, como                 estadual do Paraná; além do Programa
visto em alguns exemplos no Paraná.                       Água para Todos, do Governo Federal.

Custo de capital. O estudo não se deteve em         É importante registrar que todos os
sistematizar o custo de capital de cada exemplo     financiamentos dos exemplos avaliados foram
avaliado, visto a dificuldade de obtenção e         assumidos pelos governos federal e estaduais,
a uniformização dos dados. Os exemplos              respectivamente, conforme cada caso acima
pesquisados têm fontes de financiamento de          descrito, e transferidos a fundo perdido para o
origens e períodos muito distintos, alguns          beneficiário final. Isso significa que, por não
começaram há mais de 20 anos, como o                necessitar ser amortizado pelo beneficiário,
Programa Piloto Nacional de Saneamento Rural        em nenhum caso, o custo de capital incidiu
(PPNSR), em Minas Gerais e no Paraná. Além          sobre o custo total dos serviços nem na sua
disso, os dados não estão facilmente disponíveis.   respectiva tarifa.




	87
Anexo 1 - Metodologia de avaliação



Eficiência do gasto público. O estudo não         3.4.5. Fases de elaboração do estudo
buscou fazer uma avaliação de eficiência
do gasto público entre investir em modelos        Esse estudo foi iniciado em 2010, com a
multicomunitários ou em modelos de                definição dos parâmetros e do questionário;
gestão isolada por ter algumas limitações,        realização da visita de campo para aplicação
considerando que: (i) os investimentos se dão     dos questionários e da pesquisa de satisfação;
em cenários distintos de oferta e qualidade       e dos eventos para discussão de resultado.
hídrica, que acarreta maior custo em algumas
regiões; (ii) que os investimentos atendem a      Nos anos seguintes, os dados gerais dos
comunidades com dispersão variada, o que          modelos multicomunitários foram atualizados
também impacta nos custos; e (iii) o padrão de    até 2014, o que permitiu a realização de uma
serviço e controle operacional é distinto entre   análise da evolução do modelos desde o início
o modelo multicomunitário e o de gestão           do estudo até a sua publicação final.
unicomunitária. Muitas vezes, não se aplicam
na gestão unicomunitária os custos associados
a tratamento de água, automatização,              4. Análise final dos
macromedição e micromedição, e, ainda, na
qualidade de materiais aplicados.                 modelos
                                                  Considerando todas as informações coletadas
                                                  e parâmetros analisados e consolidados, os
                                                  autores elaboraram as comparações, avaliações
                                                  e chegaram às conclusões apontadas nos
                                                  capítulos 2 e 3 indicadas na Parte I.

                                                   




88 	
                                                                                            13




                                                                             SÉRIE
           ANEXO 2
    CONTEXTO DOS SERVIÇOS
      DE ÁGUA NO BRASIL
1. Serviços de água e                           Como consequência, o setor de saneamento
                                                permanecia sem regras nacionais, e as tarifas

esgoto no Brasil                                eram definidas no plano municipal.

                                                Em 1970, o governo militar implantou o
                                                Plano Nacional de Saneamento (PLANASA),
1.1. Breve histórico                            concentrando os investimentos nas então
                                                crescentes empresas de capital público dos
Entre o início do século XX e a década de       governos estaduais. Embora mantendo a
1930, o setor de saneamento no Brasil           responsabilidade titular dos municípios,
não recebeu aportes significativos de           o plano buscou, de fato, fortalecer os
investimentos. O governo federal limitava-      governos estaduais, que até então tinham
se a incentivar a participação privada nos      pouca presença; e o governo federal passou
serviços de saneamento em apenas algumas        a comandar a política tarifária e a monitorar
capitais. Os contratos eram definidos por       a eficiência dessas empresas, exercendo assim
cada governo municipal, pois não havia          um poder regulatório. O período de 1970-80
diretrizes nacionais.                           foi marcado por um volume expressivo de
                                                investimentos no setor de saneamento, que
A partir da década de 40, o Governo Federal     atingiu, em média, 0,46% do PIB nacional.
começou a participar mais ativamente do         A cobertura de água nas áreas urbanas saltou
setor, com a criação de órgãos como o Serviço   de 52% para 75% e a de esgoto, de 20% para
Especial de Saúde Pública (SESP), voltado       35%. Ainda nesse período, a maioria dos
para as áreas urbanas, e o Departamento         municípios brasileiros passou a delegar a
Nacional de Endemias Rurais (DNERu), para       prestação dos serviços às empresas estaduais.
as zonas rurais. Uma vez que o planejamento
e os investimentos eram realizados por          A década de 1980 começou com uma crise
esses órgãos federais, cabia aos municípios     financeira mundial. Entre os anos de 1980-
unicamente a prestação dos serviços por         90, o investimento no setor de saneamento
meio das autarquias municipais, os chamados     foi em média 0,24% do PIB. Segundo o
serviços autônomos de água e esgotos (SAAE).    Censo de 1991, a cobertura de água totalizava



	89
Anexo 2 – Contexto dos Serviços de água no Brasil



88% e de esgoto, 43%. Em 1986, o nascente           especificamente em infraestrutura de água e
governo civil flexibilizou o uso dos recursos       esgoto somaram apenas 0,19% do PIB12.
(já limitados), permitindo apoio também aos
municípios autônomos, embora, a essa altura,
já preponderassem as companhias estaduais.          1.2. As tipologias da prestação dos
Em 1990, o governo federal extinguiu a sua
função “regulatória”, deixando a fixação das        serviços nas áreas urbanas
tarifas ao livre-arbítrio dos governos estaduais
ou dos municípios autônomos.                        Segundo a legislação brasileira, cabe ao
                                                    município o papel central na provisão dos
Na década 1991-2000, o incremento na                serviços de abastecimento de água e esgoto, e,
cobertura dos serviços de água foi inexpressivo,    em princípio, o fornecimento desses serviços
passou de 88% para 90%, e o de esgoto               à população deve corresponder a todo espaço
aumentou um pouco mais, de 43% a 56%.               geográfico municipal, incluindo a sede
O investimento representou apenas 0,16% do          e os núcleos isolados. Dessa forma, toda
PIB da década. Entre os anos de 1995 e 2001, o      informação disponível sobre os serviços de
governo federal tentou, sem sucesso, privatizar     saneamento deveria corresponder à totalidade
empresas estaduais, enquanto alguns poucos          da área do município, mesmo que o maior
municípios abriram suas concessões para             foco da prestação de serviço restrinja-se à área
empresas privadas. O Congresso Nacional             da sede municipal.
começou a discutir a primeira versão da
ordenação legal do setor (o marco regulatório),     Nesse contexto, a edição de 2014 do Sistema
em 1991, e o debate só foi encerrado com a          Nacional de Informações do Saneamento
aprovação da Lei 11.145, promulgada em              (SNIS), que apurou a realidade de 5.11413
janeiro de 2007 que versa sobre as diretrizes       municípios brasileiros (do universo de 5.570
nacionais para o saneamento básico.                 municípios existentes) e contemplou 168
                                                    milhões de habitantes (dos, aproximadamente,
Ao fim da primeira década do século XXI, as         202 milhões de brasileiros), apresenta as
zonas urbanas do país contavam com 91,9%            seguintes tipologias de prestação de serviços
de cobertura dos serviços de água e 75,3% de        no país:
esgoto, enquanto as zonas rurais apresentavam
27,8% de abastecimento de água e 17% de                     •	1.409 municípios (26%) contam com
serviços de esgoto, de acordo com dados do                  serviços de prestação direta, fornecidos
Censo 2010. No geral, o país contava com                    por SAAE, empresas e departamentos
82% de cobertura de abastecimento de água                   da administração direta municipal.
e 67,1% de serviços de esgoto11. De 2001 a                  Em geral, são municípios maiores que
2010, os investimentos público e privado em                 mantêm sua capacidade administrativa
infraestrutura geral totalizaram 2,16% do                   de gestão dos serviços;
PIB do período, enquanto os investimentos

11   IBGE, Censo Demográfico 2000/2010.             12   Castelar Pinheiro e Giambiagi (2012), Frischtak (2012), Credit
                                                    Suisse (2013).
                                                    13   Alguns municípios são atendidos por mais de um prestador
                                                    de serviço.

90 	
                                                                                            13




                                                                             SÉRIE
      •	4.020 municípios (73%) delegam              •	quando o município presta o serviços
      a provisão dos serviços a empresas            diretamente, faz uso dos artigos 30 e 175
      estaduais (na grande maioria empresas         da Constituição Federal (CF), por meio
      públicas de economia mista com capital        de organismos municipais autorizados
      preponderante do estado). Esse modelo é       (SAAE, departamentos ou empresas);
      o predominante no país; e
                                                    •	quando o município delega a prestação
       Apenas 68 municípios (1%) concedem a
      •	                                            do serviço a ente público do estado
      provisão dos serviços a empresas privadas.    (empresa ou autarquia estadual),
                                                    faz uso da Lei 11.107/2005 (lei dos
O SNIS não identifica as localidades operadas       consórcios, derivada do artigo 241/
por modelos multicomunitários.                      CF), que regulamenta a gestão associada
                                                    por convênio com o estado e permite
                                                    a realização direta de contrato (“de
1.3. A base legal atual dos serviços de             programa”) para prestação dos serviços,
                                                    sem necessidade de licitação prévia;
saneamento
                                                    •	quando o município o delega
Embora a recente Lei Federal 11.445/2007 seja       diretamente à associação ou cooperativa,
considerada o “marco regulatório do setor           vale-se do Inciso I-b do Parágrafo 1º do
de saneamento básico”, o arcabouço é mais           Artigo 10 da Lei 11.445/07 e restringe-
amplo e merece ser destacado. O setor de água       se a “localidades de pequeno porte
e esgotos no país baseia-se em três preceitos da    predominantemente        ocupada     por
Constituição Federal (CF) de 1988: (i) o artigo     população de baixa renda”;
30, que define a competência do município
em organizar os serviços de interesse local; (ii)   •	quando o município consorcia-se
o artigo 175, que incumbe o poder público           com outros municípios (consórcio
da prestação dos serviços públicos, podendo         intermunicipal) ou com o estado
exercê-los de forma direta ou sob concessão         (consórcio interfederativo), faz uso
ou permissão, estas sempre precedida de             também da Lei 11.107/2005, utilizando
licitação; e (iii) o artigo 241, que introduz a     para tal apenas o protocolo de intenções
possibilidade de gestão associada dos serviços      e o contrato de programa; e
públicos entre entes federados.
                                                    •	quando o município delega a ente
A partir desses preceitos constitucionais, e        público ou privado como concessão,
tendo sempre o município como titular dos           hoje restrita ao privado, faz uso da Lei
serviços, surge uma legislação derivada que         8.987/1995 (lei geral das concessões),
sustenta o desenho das tipologias distintas         derivada do Artigo 175 da CF.
de prestação dos serviços, ressaltando-se que
todas têm em comum os preceitos da Lei
11.445/2007:



	91
Anexo 2 – Contexto dos Serviços de água no Brasil



1.4. As inovações da lei geral do                   possibilidade de uma melhor organização
                                                    dos setores para obter o status já atingido
saneamento básico                                   pelos serviços de água e esgoto.

O conjunto de leis relativas aos serviços
públicos criado entre 1995 e 2005 não foi           2. O serviço de
suficiente para dotar o setor de água e esgoto
de um marco regulatório mais amplo. Isso            abastecimento de
só aconteceu em 2007 com a Lei 11.445, a
chamada lei geral do saneamento, que inovou         água no meio rural
o setor em diversos aspectos. O principal
deles foi mudar uma situação na qual o
prestador exercia os papéis de planejamento,
                                                    2.1. O universo dos “núcleos
de prestação de serviços e regulação. Com a
lei, tornou-se obrigatória a separação dessas
                                                    isolados”
atividades para serem realizadas por entes
                                                    Na geografia da maioria dos municípios
distintos, nos seguintes termos:
                                                    brasileiros, é comum a existência de núcleos
                                                    populacionais “isolados”, ou seja, que
       •	       o    planejamento,      como
                                                    estão fora dos limites da sede municipal.
       atividade indelegável, obriga o titular
                                                    Oficialmente, esses núcleos podem até ser
       (poder executivo concedente) a
                                                    denominados “urbanos”, se assim definir
       definir, por meio do plano municipal,
                                                    um ato do poder legislativo municipal. Nesse
       metas contratuais ao prestador,
                                                    caso, o IBGE passa a usar essa definição
       sempre respeitando as instâncias de
                                                    na elaboração dos censos e pesquisas de
       participação, informação e controle
                                                    amostras de domicílios.
       social;
                                                    No presente estudo, não se pretende fazer
       •	       a    regulação,    responsável
                                                    uma conceituação precisa do termo urbano
       pelo acompanhamento dessas metas,
                                                    ou rural, mas avaliar a prestação dos serviços
       agindo no sentido de proteger os
                                                    de água no universo específico dos núcleos
       interesses dos usuários e evitar o abuso
                                                    isolados (legalmente não urbanos), aqui
       econômico na prestação; e
                                                    definidos como serviços de “saneamento
       •	        a prestação de serviços.           rural”.

Outro aspecto relevante foi a definição da          Seguindo a trajetória da evolução dos serviços
abrangência do saneamento básico incluindo          de saneamento no país, o segmento de
os serviços de água, esgoto, resíduos sólidos       saneamento rural tem sido pouco atendido
e drenagem urbana; o que proporcionou,              pelas tipologias de prestação de serviços
principalmente a esses dois últimos, a              contempladas pelas sedes municipais.




92 	
                                                                                                                   13




                                                                                               SÉRIE
No desenvolvimento deste estudo, contudo,
o principal desafio detectado na sua
                                                          2.2. O atendimento de água no meio
elaboração foi o fato de que, no Brasil,
ainda não se conhece em detalhes o total
                                                          rural
de núcleos isolados, consequentemente,                    O IBGE, na sua Pesquisa por Amostra de
o número de habitantes que formam esse                    Domicílios, fez a tentativa de registrar a
universo nem as características dos serviços              evolução do acesso a redes de abastecimento
prestados. Conhecer o índice de atendimento               de água no meio rural entre os anos 2002 e
de água é uma tarefa ainda mais difícil,                  2015. Essa pesquisa demonstra um aumento
pois a maioria desses núcleos é pequena e                 de 12 pontos percentuais dos domicílios
espalhada geograficamente.                                rurais conectados à rede (ver Figura 17). Os
                                                          dados não conseguem, contudo, demonstrar
                                                          a quantidade de núcleos isolados abastecidos,
                                                          qual o tamanho da população em cada um
                                                          deles e como o serviço é realizado.
Figura 17. Atendimento em água no meio rural: percentual de domicílios rurais conectados à rede de água.

35,0%
                                                                                       29,6%               30,3%
                                                              28,7%            28,0%            28,7%
30,0%
                                                      26,4%
                                              23,9%
25,0%                                22,0%
                             21,3%
             20,0%   20,3%
20,0%

        18,3%
15,0%

10,0%

 5,0%

 0,0%
     2002    2003     2004   2005     2006    2007     2008    2009    2010     2011    2012     2013      2014

(Fonte: PNAD 2002 a 2015).




2.3. Breve histórico do serviço de                        rural foi alvo de atenção de um órgão federal
                                                          específico, o DNERu, entre as décadas de
água rural                                                1940-70. No entanto, a atuação do DNERu
                                                          restringia-se a regiões que apresentavam
O serviço de abastecimento de água no meio                doenças endêmicas, como a Amazônia e o
                                                          Semiárido nordestino, incluindo o norte e o



	93
Anexo 2 – Contexto dos Serviços de água no Brasil



nordeste mineiros. Nesse período, os serviços       já que: (i) os serviços municipais, que em geral
de água urbanos eram predominantemente              atendem apenas as suas sedes, e, em alguns casos
prestados por entes municipais, assim como          os núcleos isolados, tiveram a participação
os poucos serviços do meio rural.                   diminuída no setor ao longo dos anos; (ii) as
                                                    empresas estaduais, que atendem a 73% dos
Com a criação do PLANASA, as empresas               municípios14, priorizam a sede municipal e
estaduais passaram a dominar o mercado              distritos maiores; e (iii) o município, quando
de prestação dos serviços de água e esgoto.         concede o serviço à empresa estadual, costuma
Essas empresas sempre tiveram como                  perder sua capacidade de gestão.
prioridade o atendimento às sedes municipais,
inicialmente com o abastecimento de água
e, mais recentemente, com serviços de               2.4. Gestão do serviço de água rural
esgotamento sanitário por se demonstrarem
mais viáveis financeiramente. A atuação dessas      em escala
concessionárias no meio rural sempre foi
limitada, quando muito, atendendo a sedes           Em meio ao cenário citado anteriormente,
distritais maiores.                                 alguns modelos alternativos de gestão de
                                                    serviço de água em zonas rurais em escala
No fim dos anos 80, foi criado o primeiro           surgiram nas últimas décadas buscando apoiar
e único Programa Piloto Nacional de                 as comunidades de forma mais sustentável e
Saneamento Rural (PPNSR). Até hoje, alguns          perene, principalmente na região semiárida
poucos remanescentes desse programa são             brasileira, onde a demanda por água é mais
encontrados em Minas Gerais. No modelo              acentuada.
mineiro, que contava com investimento do
Governo Federal a fundo perdido (doação), a         O Semiárido nordestino é a região que
Companhia de Saneamento de Minas Gerais             abriga o maior número de concessões às
(COPASA) era responsável pela elaboração do         empresas estaduais e onde as municipalidades
projeto de engenharia, supervisão de obras e        apresentam maior fragilidade na gestão em
capacitação das associações; e, a operação era      saneamento. No meio rural dessa região, a
realizada pela associação local. Após a obra, a     obtenção de água é mais difícil e custosa, a
COPASA oferecia assistência técnica, de forma       dificuldade de cobrança para a manutenção
remunerada, para a comunidade.                      do sistema é maior e, por conseguinte, a
                                                    dependência financeira das comunidades para
Depois dos anos 90, há poucos dados                 com o poder público é mais intensa.
registrados sobre a evolução dos serviços
rurais no país. Acredita-se, contudo, que o         Nesse contexto, em meados da década de 90,
saneamento rural, quando existente, tem             o modelo de associação federativa para gestão
permanecido a cargo de gestões isoladas             multicomunitária e regional de serviços de água
dirigidas por associações locais. Acredita-se       surgiu no Nordeste brasileiro. As primeiras
que as comunidades buscaram suas soluções,
                                                    14     Fonte: SNIS 2014.




94 	
                                                                                             13




                                                                             SÉRIE
unidades desse modelo foram a Central das     Ainda em 2007, um outro modelo de gestão
Associações Comunitárias para Manutenção de   comunitária surgiu na região do semiárido
Sistemas de Abastecimento de Água e Esgotos   de Minas Gerais, a mais pobre do estado. A
Sanitários (CENTRAL), na Bahia, e o Sistema   decisão do governo mineiro de universalizar o
Integrado de Saneamento Rural (SISAR), no     abastecimento de água no meio rural obrigou
Ceará, que começaram a funcionar em 1995,     o estado a desenvolver um modelo de gestão
em projetos articulados por financiamento e   próprio, por meio de uma empresa subsidiária
assessoria do banco alemão KfW. O estado do   da COPASA com atuação regional e em
Piauí adotou esse mesmo modelo um pouco       pequenos sistemas, com a aplicação de uma
mais tarde, em 2004.                          tarifa mais apropriada à realidade local. Para
                                              a criação da COPASA Serviços de Saneamento
O SISAR/CE tem apoio institucional da         Integrado do Norte e Nordeste de Minas
Companhia de Água e Esgoto do Ceará           Gerais S.A. (COPANOR), consideraram-
(CAGECE), que, a partir de 2001, patrocinou   se os seguintes fatores: (i) o diagnóstico
a expansão do modelo para todo o estado. Já   inicial avaliou que os sistemas operados
a Bahia, quando da criação da CENTRAL,        por comunidades — muitos da época do
era o único estado a ter uma Companhia de     PPNSR— estavam bastante deteriorados; (ii)
Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos      as comunidades mostravam resistência em
(CERB), que deu apoio inicial ao modelo.      aceitar a tarifa cobrada pela COPASA/MG,
Mais recentemente, o apoio institucional      apesar de essa ser uma das baixas do país); e
à CENTRAL é fornecido de forma tênue          (iii) o subsídio necessário para a adoção de uma
pela Secretaria de Infraestrutura Hídrica e   tarifa menor poderia prejudicar os interesses
Saneamento (SIHS). No Piauí, por sua vez,     de acionistas privados da empresa, que tem
não há apoio direto do estado.                ações listadas em Bolsa. A COPANOR conta
                                              com forte apoio institucional da COPASA/
Em 2007, um modelo de gestão                  MG.
multicomunitária dirigido por um consórcio
público intermunicipal foi criado no Rio      A Tabela 41 sintetiza o total de comunidades
Grande do Norte: o Consórcio Intermunicipal   atendidas por serviços de água fornecidos
de Saneamento de Serra de Santana (CONISA).   por modelos multicomunitários existentes
A área de abrangência do CONISA é formada     no país.
por comunidades rurais ao longo de uma
adutora de sistema integrado, que é operado
pela Companhia de Água e Esgoto do Estado
do Rio Grande do Norte (CAERN), incluindo
sedes municipais. O CONISA não conta
com o apoio formal e oficial da CAERN,
mas com um suporte incipiente fornecido
pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos
Hídricos (SEMARH).




	95
Anexo 2 – Contexto dos Serviços de água no Brasil



Tabela 41. Número de núcleos isolados atendidos com            Contabilizando o universo de comunidades
serviços de abastecimento de água por tipo de modelo           atendidas por prestadores formais de serviços
multicomunitário.                                              de água no país (empresas estaduais, serviços
                                                               municipais e microrregionais, empresas
 Modelo multicomunitário
 CENTRAL/BA                      133
                                                               privadas e modelos multicomunitários), são
 SISAR/CE                        1.124
                                                               11.409 comunidades (ver Figura 18).
 COPANOR/MG                      228
 SISAR/PI                        34
 CONISA/RN                       112
 Total                           1.631


(Fonte: Pesquisa direta com o prestador. O dado do CONISA
refere-se a 2013 e os demais a 2014).

Figura 18. Número de núcleos isolados atendidos com serviços de abastecimento de água por tipo de prestador formal.

                 Empresas privadas
                        96                                                                 Companhias estaduais
                        1%                                                                       3.674
                                                  Modelo                                          32%
Serviços microrregionais                     multicomunitário
            60                                     1.631
           1%                                       14%




         Total: 11.409




              Serviços municipais
                      5.948
                       52%



(Fonte: Dados do SNIS, 2014, exceto do modelo multicomunitário que é de levantamento direto).

Mesmo com a evolução recente do modelo                         privadas no meio rural, estima-se que os
multicomunitário, e somado a isso o universo                   sistemas rurais operados por associações locais
de atuação das empresas estaduais e de serviços                e de forma isolada, sem qualquer apoio, ainda
municipais/microrregionais     e     empresas                  são os mais numerosos no Brasil.


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                                       13
    SÉRIE




            Estudo   de modelos de gestão de serviços de
       abastecimento de água no meio rural no       Brasil
                     Parte I: Relatório Principal




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